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Didatica de Linguas Bantu

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Prévia do material em texto

Módulo de Didáctica 
das Línguas Bantu 
 
Curso de Licenciatura em Ensino Básico 
Faculdade de Ciências de Educação e Psicologia (FACEP) 
Departamento de Ensino Básico 
 
Universidade Pedagógica 
Rua João Carlos Raposo Beirão nº 135, Maputo 
Telefone: (+258) 21-320860/2 ou 21 – 306720 
Fax: (+258) 21-322113 
 
Centro de Educação Aberta e à Distancia 
Programa de Formação à Distância 
Av. de Moçambique, Condomínio Vila Olímpica, bloco 22 edifício 4, R/C, Zimpeto 
Telefone: (+258) 84 20 26 759 
e-mail: cead@up.ac.mz / up.cead@gmail.com 
 
 
Ficha técnica 
 
Autoria: Lucério Gundane 
Revisão Científica: Ilídio Macaringue, Carlos Massango e Luís Eusébio 
Revisão da Engenharia de EAD e Desenho Instrucional: Malaquias Tsambe 
Revisão Linguistica: Salomão Massingue 
Edição técnica/Maquetização: Valdinácio Florêncio Paulo 
Layout da Capa: Valdinácio Florêncio Paulo 
Imagem base da Capa: Gaël Epiney 
 
 
 
 
 
 
 
 
Primeira Edição © 2017 
Impresso e Encadernado por 
 
 
 
 
© Todos os direitos reservados. Não pode ser publicado ou reproduzido em nenhuma forma ou meio – mecânico ou 
eletrónico- sem a permissão da Universidade Pedagógica. 
 
 
 
Agradecimentos 
 
 
Em primeiro lugar, agradeço a DEUS, pela VIDA e pelo seu SUBLIME AMOR que me acompanha dia após dia. 
Em segundo, ao Prof. Doutor Geraldo Macalane, meu Director do Curso, pela orientação durante a cadeira de 
Metodologia de Ensino Bilingue, integrada no Mestrado em Linguística, edição 2013-2015, na qual pude adquirir 
abordagens teórico-práticas atinentes ao ensino bilingue em Moçambique. 
Em terceiro, quero, igualmente, expressar a minha profunda gratidão à minha família por tudo o que tem feito 
por mim, bem como o reconhecimento a todos os que não só tornaram possível a elaboração deste manual, 
mas também, sob o ponto de vista moral, expressaram o seu valor em diversos momentos. 
Por último, exprimir os meus sinceros agradecimentos a todos os docentes, em especial aos da UP – Maxixe, 
aos colegas do CEAD – Maputo, principalmente pelos métodos e técnicas de iniciação e de inserção técnico-
científica a esta modalidade de ensino por eles proporcionados. 
 
 
 
 
Dedicatória 
 
À toda comunidade científica moçambicana, aos estudantes, pesquisadores de cursos de línguas, sobretudo, 
àqueles que se envolvem em pesquisas com vista à descrição e à sistematização de línguas moçambicanas 
do grupo bantu. 
 
 
 
 
 
Lista de abreviaturas 
 
 CEAD Centro de Educação Aberta e à Distância 
 CLG Curso de Linguística Geral 
 EBA Ensino Básico à Distância 
 EB Ensino Bilingue 
 INDE Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação 
 INE Instituto Nacional de Estatística 
 L1 Língua Materna 
 L2 Língua Segunda 
 LA Língua Alvo 
 LAD Dispositivo de Aquisição de Linguagem 
 LB Língua bantu 
 LE Língua estrangeira 
 LP Língua Portuguesa 
 LWC Língua de comunicação mais ampla 
 MINEDH Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano 
 PB Proto-Bantu 
 PEA Processo de ensino e aprendizagem 
 PEBIMO Programa Piloto de Ensino Bilingue em Moçambique 
 PM Português de Moçambique 
 SVO Sujeito-Verbo-Objecto 
 TIC Tecnologias de Informação e Comunicação 
 UniSaF Universidade Pedagógica/Sagrada Família 
 UP Universidade Pedagógica 
 
 
 
 
Índice 
Visão Geral do Módulo i 
Unidade 1: Aquisição e desenvolvimento da língua (gem): pressupostos teóricos 1 
Lição n° 1 3 
Didáctica: conceitualização ........................................................................................................................................................... 3 
1. Didáctica: conceitualização ............................................................................................................................... 4 
Lição n° 2 9 
Língua materna (L1), língua segunda (L2) e língua estrangeira (LE) .................................................................................... 9 
2. Língua materna (L1), língua segunda (L2) e língua estrangeira (LE) ................................................................ 10 
Lição n° 3 15 
O processo de aprendizagem de línguas: teorias de aprendizagem .................................................................................. 15 
3. O processo de aprendizagem de línguas ................................................................................................................ 16 
3.1. Teorias de aprendizagem ......................................................................................................................................... 17 
1.1.1. Teoria de aprendizagem mentalista .......................................................................................................... 18 
3.1.2. Perspectiva behaviorista ...................................................................................................................................... 19 
Lição n° 4 24 
Aquisição e aprendizagem da L1 em contexto escolar .......................................................................................................... 24 
4. Aquisição e aprendizagem da L1 ............................................................................................................................... 25 
4.1. Princípios metodológicos da didáctica da L1....................................................................................................... 27 
Unidade 2: Línguas bantu de Moçambique 33 
Lição n° 5 35 
Classificação das línguas bantu ................................................................................................................................................. 35 
5. Classificação das línguas bantu ............................................................................................................................... 36 
5.1. Situação linguística de Moçambique ..................................................................................................................... 38 
Lição n° 6 43 
Sistema fonético, fonológico e morfossintáctico das línguas bantu ................................................................................. 43 
6. Sistema fonético, fonológico, morfológico e sintáctico das línguas bantu .................................................... 44 
 
 
Unidade 3: O Currículo das línguas bantu no ensino primário em Moçambique 55 
Lição n° 7 57 
O Currículo das línguas bantu no ensino primário em Moçambique ................................................................................. 57 
Motivações da introdução das línguas bantu no ensino primário em Moçambique ......................................... 58 
7.1. Razões linguístico-pedagógicas ............................................................................................................................. 60 
7.2. Razões culturais e identitárias .............................................................................................................................. 61 
7.3. A língua como direito .............................................................................................................................................. 62 
Lição n° 8 66 
Educação bilingue: breve contextualização ............................................................................................................................. 66 
8. Educação bilingue: breve contextualização ................................................................................................. 67 
8.1. Modelos de educação bilingue ............................................................................................................................... 69 
8.1.1. Modelo transicional (assimilacionista) ............................................................................................................... 71 
8.1.2. Modelo de manutenção (pluralístico) ................................................................................................................73 
8.2. Uma reflexão sobre o modelo de educação bilingue adoptado em Moçambique ...................................... 74 
8.3. Noção de diglossia................................................................................................................................................... 79 
Unidade 4: Planificação, organização e avaliação do processo de ensino e aprendizagem 83 
Lição n° 9 85 
Planificação, organização e avaliação do processo de ensino e aprendizagem ............................................................. 85 
9. Planificação do processo de ensino e aprendizagem: definição dos objectivos educacionais ................. 86 
9.1. Planificação do processo de ensino e aprendizagem ....................................................................................... 88 
9.2. Avaliação do processo de ensino e aprendizagem ........................................................................................... 91 
9.3. Organização do processo de ensino e aprendizagem ..................................................................................... 95 
Unidade 5: Princípios metodológicos da didáctica de línguas: métodos 99 
Lição n° 10 101 
Princípios metodológicos da didáctica de línguas: método de ensino baseado em tarefas, em conteúdos e 
abordagem cooperativa ............................................................................................................................................................... 101 
10. Ensino de línguas baseado em tarefas ................................................................................................................ 102 
10.1. Aprendizagem cooperativa .................................................................................................................................. 105 
10.1.1. Vantagens do método de aprendizagem cooperativa ................................................................................. 106 
10.2. Método de ensino baseado em conteúdos ...................................................................................................... 108 
 
 
Unidade 6: Propostas didáctico-metodológicas no âmbito do processo de ensino e aprendizagem de línguas 
bantu em Moçambique 113 
Lição n° 11 115 
Propostas didáctico-metodológicas no âmbito do processo de ensino e aprendizagem de línguas bantu em 
Moçambique .................................................................................................................................................................................... 115 
11. Propostas didáctico-metodológicas no âmbito do processo de ensino e aprendizagem de línguas bantu 
em Moçambique ............................................................................................................................................................... 116 
Unidade 7: Aprendizagem da leitura e escrita no ensino básico: modelos, estratégias e técnicas 125 
Lição n° 12 127 
Aprendizagem da leitura e escrita no ensino básico: modelos, estratégias e técnicas .............................................. 127 
12. Aprendizagem da leitura e escrita: modelos, estratégias e técnicas ........................................................... 128 
Lição n° 13 136 
Ambiente linguístico familiar, escolar e dos pares ............................................................................................................. 136 
13. Ambiente linguístico familiar, escolar e dos pares ........................................................................................... 137 
Referências bibliográficas do Módulo 141 
 
 
 
i 
 
Visão Geral do Módulo 
 
Introdução 
SEJA BEM-VINDO AO MÓDULO DE DIDÁCTICA DAS 
LÍNGUAS BANTU 
 
Nota preliminar 
Actualmente, o ensino e aprendizagem têm sido um principal campo 
de investigação, não só, tradicionalmente, em ciências atinentes à 
educação e à pedagogia, como também, diversas áreas de inserção 
técnico-científica, como, p. e., administração escolar, supervisão 
escolar, orientação educacional, filosofia, história, linguística, 
psicologia, didáctica, etc., vêm demonstrando grande interesse no 
estudo da prática educacional (ensino), não como uma actividade 
isolada da aprendizagem, mas como ferramentas ou elementos 
imprescindíveis para a compreensão do quotidiano quer do aluno, 
quer do professor. 
Por um lado, o ensinar e o aprender constituem, hoje em dia, um 
tema bastante complexo no quadro da didáctica geral visto que 
ambos, larga e positivamente, contribuem para a formação do 
homem, se se considerar a escola não meramente como uma 
instituição, mas, principalmente, como uma entidade que se integra 
dentro de um determinado contexto sociocultural, e, naturalmente, 
conducente à construção do conhecimento. Por outro lado, ainda 
que, sob o ponto de vista didáctico-metodológico, se distinga ensino 
da aprendizagem, é, pois, fundamental, que se observe 
minuciosamente todo o conjunto de práticas educativas que 
acompanham ambos os processos. 
 
 
ii 
 
Assim, este módulo surge no contexto do plano curricular de 
Licenciatura para o Ensino Básico, vigente na Universidade 
Pedagógica de Moçambique e visa proporcionar aos estudantes a 
aquisição de conhecimentos que lhes permitam conduzir o processo 
de ensino-aprendizagem, envolvendo uma língua materna (língua 
bantu). 
O mesmo se justifica pelo facto de a aprendizagem em contexto 
escolar de uma L1 ser uma tarefa muito complexa, pois exige-se que 
o professor saiba desenvolver a competência e as habilidades 
linguísticas e comunicativas que o aluno já adquiriu em contextos 
familiar e social. 
Assim, o futuro professor do Ensino Básico deve saber empregar 
uma didáctica que possibilite, de entre várias habilidades, 
desenvolver a L1 (língua bantu) nas quatro modalidades do uso da 
língua1; treinar tarefas comunicativas; explicitar o conhecimento 
gramatical e o funcionamento da língua; e criar situações-problema 
de carácter linguístico. Pretende-se que este módulo proporcione 
conhecimentos teóricos e práticos aos futuros professores de Ensino 
Básico para uma melhor compreensão reflexiva da acção didáctica 
de uma L1 em contexto social, escolar e histórico. 
Independentemente da formação ou inserção académico-científica, 
o presente Módulo destina-se a todos os estudantes de Linguística, 
estudantes de línguas, em particular, ao futuro professor do Ensino 
Básico e a todos aqueles que militam na área de ensino bilingue. 
Contudo, tratando-se de primeira edição, na consciência de que não 
é possível esgotar todos os conteúdos aqui, fica o convite para que 
me ofereçam críticas e sugestões destinadas principalmente ao 
melhoramento do Manual. 
O autor 
Lucério Gundane 
Março de 2017 
 
1 Designadamente, compreensão (ouvir/ler) e produção (falar/escrever). 
 
 
iii 
 
 
Tome nota 
 
Competências do módulo 
 
Caro estudante, terminado o Módulo, você será capaz de 
desenvolver as seguintes competências: 
 Desenvolve habilidades linguísticas, extralinguísticas e 
comunicativas na L1 (língua bantu); 
 Conhece as condições históricas sociais e culturais que 
impulsionaram o surgimento das línguas bantu; 
 Descreve o sistema fonético, fonológico, morfossintáctico 
das línguas bantu, bem como o seu sistema ortográfico; 
 Desenvolve uma competência linguística, pragmática, 
comunicativa, discursiva e produtiva conforme a norma 
escolar; 
 Descreve o currículo de língua bantu no Ensino Básico em 
Moçambique; 
 Utiliza, com rigor, a L1, em conformidade com a norma 
escolar; 
 Emprega estratégias, técnicas e métodos adequados ao 
ensino e aprendizagem da L1; 
 Conduz o processo de ensino e aprendizagem num 
contexto multilingue. 
 
 
 
Objectivos do Módulo 
 
Caro estudante, quando terminar o estudo do Módulo de Didáctica 
das Línguas Bantu, você deve: 
 Adquirir conhecimentos e noções básicas para o ensinoe 
desenvolvimento das competências e habilidades 
envolvidas no uso de uma L1; 
 
 
iv 
 
 Usar métodos, estratégias, técnicas e materiais de ensino, 
aprendizagem e avaliação adequados para uma L1; 
 Adquirir capacidades de auto-formação e actualização 
contínuas, no âmbito da didáctica de uma L1; 
 Desenvolver capacidades científico-pedagógicas que 
visem à intervenção activa no ensino e aprendizagem de 
uma Língua Bantu em Moçambique. 
 
Objectivos específicos 
Caro estudante, especificamente, quando terminar o estudo do 
Módulo de Didáctica das Línguas Bantu, você deve ser capaz de: 
 Descrever as condições socioculturais, históricas que 
impulsionaram o surgimento das línguas bantu; 
 Descrever o sistema fonético, fonológico, 
morfossintáctico das línguas bantu, bem como o seu 
sistema ortográfico; 
 Desenvolver a competência linguística, pragmática e 
comunicativa da sua L1, conforme a norma escolar; 
 Explicar as razões que nortearam a introdução da 
educação bilingue em Moçambique; 
 Descrever o currículo de língua bantu no ensino básico 
em Moçambique e o respectivo modelo adoptado; 
 Diferenciar os processos de aquisição e da aprendizagem 
da língua materna; 
 Conduzir o processo de ensino e aprendizagem na sua L1; 
 Reflectir sobre diversas abordagens didáctico-
metodológicas no âmbito do ensino e aprendizagem de 
línguas bantu no ensino básico em Moçambique; 
 Produzir diversos materiais de apoio ao aluno a serem 
usados durante o ensino e aprendizagem. 
 
 
 
v 
 
 
Quem deve estudar este Módulo? 
Particularmente, este Módulo foi concebido para todos aqueles que 
estão inscritos no Curso de Licenciatura em Ensino Básico à 
Distância (EBA). Na eventualidade, o Módulo poderá interessar a 
todos os estudantes de Linguística, estudantes de cursos de línguas, 
em face dos seus objectivos que se cingem, na reflexão sobre os 
procedimentos didáctico-metodológicos atinentes ao ensino e 
aprendizagem de línguas bantu em Moçambique. 
 
 
Como está estruturado este Módulo? 
Este Módulo contém páginas introdutórias; uma lista completa de 
conteúdos; uma visão geral detalhada, que traz os aspectos-chave e 
contextualização da Didáctica das Línguas Bantu, principais 
objectivos, entre outras orientações de que o estudante precisa 
conhecer para completar o seu estudo. 
Em termos de conteúdos, o Módulo está estruturado em unidades. A 
unidade é constituída por um conjunto de lições. Note-se que cada 
unidade traz, inicialmente, uma introdução, objectivos e 
competências, seguindo-se as lições que a constituem. Por seu turno, 
cada lição inclui o tema de aula, os objectivos, o tempo necessário 
para a leitura da lição, a terminologia, um sumário e uma ou mais 
actividades para auto-avaliação e a bibliografia básica. 
 
Relativamente aos conteúdos, o Módulo comporta um total de sete 
unidades didácticas, divididas em 13 lições: a primeira unidade, 
além do quadro teórico sobre a didáctica, discute o processo de 
aprendizagem no contexto escolar; teorias de aprendizagem; 
princípios metodológicos da didáctica de L1; contradições e 
 
 
vi 
 
condições de ensino e aprendizagem da L1; a seguir, na segunda 
unidade, não só são classificadas e descritas as línguas bantu: seu 
aspecto fonético, fonológico, morfológico e sintáctico, assim como 
se faz alusão à situação linguística de Moçambique; a terceira 
unidade descreve o currículo de língua bantu no ensino básico em 
Moçambique: educação bilingue, o conceito ‘diglossia’; tipos de 
bilinguismo, motivações da introdução das línguas bantu em 
Moçambique; na quarta unidade propõem-se conteúdos atinentes 
à planificação, avaliação; organização do processo de ensino e 
aprendizagem e objectivos educacionais; A quinta unidade 
centra-se nalgumas abordagens sobre L1, L2, LE; e métodos e/ou 
técnicas no âmbito do processo de ensino e aprendizagem da L1; 
A sexta unidade está virada essencialmente a algumas propostas 
didáctico-metodológicas concernentes ao processo de ensino e 
aprendizagem em Moçambique; por fim, é na sétima unidade 
onde se discute o processo de aprendizagem de leitura e escrita no 
ensino básico, com enfoque às técnicas e estratégias, bem como ao 
desenvolvimento da língua em contexto familiar e social e aos 
pares. 
 
 
Habilidades de estudo 
Caro estudante! 
Para tirar maior proveito deste Módulo, você terá de buscar, através 
de uma leitura cuidadosa das fontes de consulta, a maior parte da 
informação ligada ao assunto abordado. 
Uma pergunta bem compreendida representa meia resposta, por isso, 
antes de resolver qualquer tarefa ou problema, você deve certificar 
se compreendeu a questão colocada. Deve fazer, sempre que 
possível, uma sistematização geral das ideias apresentadas na lição 
corrente. 
 
 
vii 
 
 
 
Precisa de apoio? 
Naturalmente, dúvidas são frequentes e comuns ao longo de 
qualquer outro tipo de estudo. Em face desta situação, você deverá 
consultar as obras e/ou manuais sugeridos no fim de cada lição pois, 
alguns, na eventualidade, podem estar disponíveis nos Centros de 
Ensino à Distância (centro de recursos) mais próximos. Caso 
enfrente dificuldades na resolução de exercícios, estude os exemplos 
semelhantes apresentados no Módulo. Caso a dúvida persistir, 
consulte a orientação que aparece no fim dos exercícios. Em caso de 
uma necessidade de explicação pormenorizada, recorra ao 
Departamento de Línguas, da Universidade Pedagógica, devendo, 
sempre que possível, contactar o autor do Módulo. 
 
 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
Caro estudante! 
Ao longo deste Módulo serão disponibilizadas várias tarefas e ou 
actividades que acompanharão o seu estudo. Tente, sempre que 
possível, com a juda dos seus colegas, bem como do tutor-local, 
solucioná-las. De lembrar que em situações de actividades e/ou 
trabalhos a serem realizados ou desenvolvidos, individual ou 
colectivamente em ambientes fora do Centro de Recursos, estas 
devem ser entregues ao Departamento que tutela o curso, através do 
tutor-geral. 
Chama-se, desde já, à atenção, o facto de você dever, 
obrigatoriamente, produzir trabalhos no âmbito das tarefas a serem 
realizadas, socorrendo-se sobretudo das TICs e, proceder ao seu 
devido envio, ao respectivo Departamento. 
 
 
vii
i 
As avaliações constam do calendário académico do CEAD e sempre 
são marcadas pelo Chefe do Departamento em consonância com as 
avaliações dos cursos regulares. 
Em caso de impossibilidade de participar no dia marcado para a 
avaliação, você terá o direito de realizá-la oportunamente, mediante 
uma justificação convincente e com a autorização do Chefe ou 
Coordenador do Departamento de Ensino à Distância da sua 
Delegação. 
Uma parte importante da realização deste Módulo relaciona-se com 
a avaliação, que pretende ser inovadora, procurando romper com 
práticas didácticas baseadas exclusivamente em (2) testes escritos. 
Para tal, além de, pelo menos um teste semestral, a avaliação desta 
disciplina será baseada em pesquisas, quer bibliográficas, quer 
científicas, de acordo com os diferentes temas subjacentes ao plano 
de estudo, entre outros julgados pertinentes. Haverá, também, 
seminários em que se apresentarão e se discutirão trabalhos 
(individuais/grupos) cujos relatórios escritos serão entregues para a 
avaliação. 
Resumidamente, a avaliação consistirá na verificação do seu nível 
de compreensão e assimilação das matérias leccionadas, referentes a 
cada unidade temática. A avaliação final consistirá na exposição de 
uma aula na sua L1, cujos temas constam do plano curricular do 
ensino básico. 
 
 
Ícones de Actividades 
 
Caro estudante, para lhe ajudar a orientar-se no estudo deste módulo e 
facilmente foram usados marcadores de texto do tipo ícones. Os ícones 
foram escolhidos pelo CEMEC (Centro de Estudos Moçambicanos e 
Etnociência) da Universidade Pedagógica. Tomou-se em consideraçãoa 
 
 
ix 
 
diversidade cultural Moçambicana. Encontre, a seguir, a lista de ícones, o 
que a figura representa e a descrição do que cada um deles indica no 
módulo: 
1. Exercício 
 
[enxada em actividade] 
2. Actividade 
 
[colher de pau com 
alimento para provar] 
3. Auto-Avaliação 
 
[peneira] 
4. Exemplo/estudo de 
caso 
 
[Jogo Ntxuva] 
5. Debate 
 
[fogueira] 
6. Trabalho em grupo 
 
[mãos unidas] 
7. Tome nota/Atenção 
[batuque soando] 
8. Objectivos 
 
[estrela cintilante] 
9. Leitura 
 
[livro aberto] 
 
10. Reflexão 
 
[embondeiro] 
11. Tempo 
 
[sol] 
12. Resumo 
 
[sentados à volta da fogueira] 
 
 
x 
 
13. Terminologia 
Glossário 
 
[Dicionário] 
14. Video/Plataforma 
 
[computador] 
15. Comentários 
 
 
 
[Balão de fala] 
 
1. Exercício (trabalho, exercitação) – A enxada relaciona-se com um 
tipo de trabalho, indica que é preciso trabalhar e pôr em prática ou 
aplicar o aprendido. 
2. Actividade - A colher com o alimento para provar indica que é 
momento de realizar uma actividade diferente da simples leitura, e 
verificar como está a ocorrer a aprendizagem. 
3. Auto-Avaliação – A peneira permite separar elementos, por isso 
indica que existe uma proposta para verificação do que foi ou não 
aprendido. 
4. Exemplo/Estudo de caso – Indica que há um caso a ser resolvido 
comparativamente ao jogo de Ntxuva em que cada jogo é um caso 
diferente. 
5. Debate – Indica a sugestão de se juntar a outros (presencialmente ou 
usando a plataforma digital) para troca de experiências, para novas 
aprendizagens, como é costume fazer-se à volta da fogueira. 
6. Trabalho em grupo – Para a sua realização há necessidade de 
entreajuda, que se apoiem uns aos outros 
7. Tome nota/Atenção – Chamada de atenção 
8. Objectivos – orientação para organização do seu estudo e daquilo 
que deverá aprender a fazer ou a fazer melhor 
9. Leitura adicional – O livro indica que é necessário obter 
informações adicionais através de livros ou outras fontes. 
10. Reflexão – O embondeiro é robusto e forte. Indica um momento para 
fortalecer as suas ideias, para construir o seu saber. 
http://www.freepik.com/index.php?goto=27&url_download=aHR0cDovL3d3dy5mbGF0aWNvbi5jb20vZnJlZS1pY29uL2ZpbGVfMTE4MDk4&opciondownload=318&id=aHR0cDovL3d3dy5mbGF0aWNvbi5jb20vZnJlZS1pY29uL2ZpbGVfMTE4MDk4&fileid=917606
http://www.freepik.com/index.php?goto=27&url_download=aHR0cDovL3d3dy5mbGF0aWNvbi5jb20vZnJlZS1pY29uL2NoYXQtY2lyY3VsYXItYnViYmxlLXdpdGgtbWVzc2FnZS10ZXh0LWxpbmVzXzUwMDEx&opciondownload=318&id=aHR0cDovL3d3dy5mbGF0aWNvbi5jb20vZnJlZS1pY29uL2NoYXQtY2lyY3VsYXItYnViYmxlLXdpdGgtbWVzc2FnZS10ZXh0LWxpbmVzXzUwMDEx&fileid=792302
 
 
xi 
 
11. Tempo – O sol indica o tempo aproximado que deve dedicar á 
realização de uma tarefa ou actividade, estudo de uma unidade ou 
lição. 
12. Resumo – Representado por pessoas sentadas à volta da fogueira 
como é costume fazer-se para se contar histórias. É o momento de 
sumarizar ou resumir aquilo que foi tratado na lição ou na unidade. 
13. Terminologia/Glossário – Representado por um livro de consulta, 
indica que se apresenta a terminologia importante nessa lição ou 
então que se apresenta um Glossário com os termos mais 
importantes. 
14. Vídeo/Plataforma – O computador indica que existe um vídeo para 
ser visto ou que existe uma actividade a ser realizada na plataforma 
digital de ensino e aprendizagem. 
15. Balão com texto – Indica que existem comentários para lhe ajudar a 
verificar as suas respostas às actividades, exercícios e questões de 
auto-avaliação. 
 
 
 
 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 1: Aquisição e desenvolvimento da língua (gem): pressupostos teóricos 
 
 
 
Pág. 2 - 32 
 
Conteúdos 
U
N
ID
A
D
E
 
1 
Lição n° 1 3 
Didáctica: conceitualização ......................................... 3 
1. Didáctica: conceitualização ............... 4 
Lição n° 2 9 
Língua materna (L1), língua segunda (L2) e língua 
estrangeira (LE) ............................................................... 9 
2. Língua materna (L1), língua segunda (L2) 
e língua estrangeira (LE) ............................... 10 
Lição n° 3 15 
O processo de aprendizagem de línguas: teorias 
de aprendizagem .............................................................15 
3. O processo de aprendizagem de 
línguas ................................................................... 16 
3.1. Teorias de aprendizagem ........................ 17 
1.1.1. Teoria de aprendizagem 
mentalista ............................................................ 18 
3.1.2. Perspectiva behaviorista ................... 19 
Lição n° 4 24 
Aquisição e aprendizagem da L1 em contexto 
escolar ...............................................................................24 
4. Aquisição e aprendizagem da L1 ............ 25 
4.1. Princípios metodológicos da didáctica 
da L1 ........................................................................ 27 
 
Aquisição e 
desenvolvimento da língua 
(gem): pressupostos 
teóricos 
 
 2 
 
 
Introdução 
Nesta unidade, espera-se que você reflicta sobre o conceito 
Didáctica, como arte e como ciência. Aqui você irá discutir e 
diferenciar os processos de aquisição e aprendizagem de línguas. 
Esta unidade apresenta também as principais diferenças entre estes 
dois processos. Ainda nesta unidade, você irá aprender algumas 
teorias que explicam os processos de aquisição e a aprendizagem 
de línguas, bem como alguns princípios metodológicos atinentes à 
didáctica da L1. 
 
 
Objectivos da unidade 
 
Assim, ao terminar esta unidade você será capaz de: 
 Definir Didáctica, como arte e/ou como ciência; 
 Explicar os condicionalismos que intervêm na aquisição e 
no desenvolvimento da linguagem; 
 Descrever os princípios metodológicos da didáctica de L1; 
 Explicar as duas teorias de aprendizagem de línguas 
(mentalista e behaviorista); 
 Explicar as diferenças entre aquisição e aprendizagem da 
língua (gem). 
 
 
Tome nota 
 
Terminada a unidade, você desenvolverá as seguintes 
competências: 
 Define Didáctica, como arte e/ou como ciência; 
 Descreve os processos de aquisição e o desenvolvimento da 
língua; 
 Explica as teorias de aprendizagem (mentalista e 
behaviorista); 
 Descreve os princípios metodológicos da Didáctica de L1. 
 
 
 3 
 
Lição n° 1 
Didáctica: conceitualização 
 
 
Introdução 
Nesta lição, você irá aprender os pressupostos teóricos da ‘didáctica’ 
– seu objecto de estudo, bem como os aspectos sobre os quais ela se 
interessa. Irá, também, relacionar o conceito didáctica com outras 
áreas, como, por exemplo, a pedagogia, assim como os seus vínculos 
com outras ciências. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 Conceitualizar didáctica na óptica de vários autores; 
 Definir o objecto de estudo da didáctica; 
 Relacionar didáctica e outras áreas científicas afins; 
 Distinguir a didáctica da pedagogia. 
 
Tempo 
 
Tempo de estudo da lição: 
Deverá reservar 40 minutos para a leitura compreensiva desta lição 
 
 
 
Terminologia 
 
 
Didáctica, pedagogia, didáctica de línguas. 
 
 4 
 
1. Didáctica: conceitualização 
Caro estudante, no âmbito da disciplina Didáctica Geral você 
definiu, na óptica de vários autores, didáctica e o seu objecto de 
estudo. Chamamos, desde já, a sua atenção à seguinte questão: 
 Didáctica é, para si, uma ciência ou arte de 
ensino? 
NB: Depois de ter reflectido sobre a questão, recorde-se que muitos 
autores são da opinião de que a didáctica, seja arte/técnica, seja 
ciência, integra-se nas ciências pedagógicas, cujo objecto de estudo 
é o processo de ensino e aprendizagem. A didáctica caracteriza-se 
como mediação entre “o que”, “como” e “para que” desse processo, 
com a intenção de promover o encontro formativo entre o aluno e a 
matéria de ensino. 
 
Parauma melhor compreensão desta lição, veja, a 
seguir, como os autores definem didáctica: 
 
1) Para Barba & Silva (s/d: 6/8) apud Masetto (1977: 32), 
enquanto a pedagogia2 é reconhecida tradicionalmente como 
arte e ciência de ensinar, a didáctica é o estudo do processo 
de ensino e aprendizagem em sala de aula e de seus 
resultados. Até ao final do século XIX, a didáctica 
encontrava seus fundamentos quase que exclusivamente na 
Filosofia. 
2) Em conformidade com Libâneo (2013: 67), a Didáctica, na 
pedagogia tradicional, é uma disciplina normativa, um 
 
2De acordo com Gil (1997, cit: 16), pedagogia provém do grego, paidós = criança 
e gogein = conduzir. A pedagogia referir-se-ia apenas à educação das crianças. Por 
essa razão, alguns autores preferem falar de androgogia, para se referir aos 
esforços sistemáticos destinados à formação de adultos. Para este autor, esta 
distinção não é necessária, pois, pedagogia é o conjunto de doutrinas, princípios e 
métodos de educação tanto para crianças quanto para adultos. 
 
 5 
 
conjunto de princípios e regras que regulam o ensino. A 
actividade de ensinar é centrada no professor, que expõe e 
interpreta a matéria. Na abordagem de Rodrigues et al. 
(2011: 1/2)3, como arte, a Didáctica não objectiva apenas o 
conhecimento pelo conhecimento, mas procura aplicar os 
seus próprios princípios à finalidade concreta que é a 
instrução educativa. Enquanto arte de ensinar, ela é tão antiga 
como o próprio ensino, pois, em todos os tempos houve 
exímios educadores que, guiados por uma fina observação e 
por um grande talento, conseguiram os melhores resultados 
no domínio do ensino e da educação 
3) Como ciência, ela é recente. Seus primeiros passos datam do 
século XVII, apresentando-se como um conjunto apreciável 
de verdades, de experiências, de factos e de técnicas, que 
impõem o seu estudo a todos quanto se pretendam dedicar ao 
nobre trabalho da educação e do ensino. Sublinha, ainda, Gil 
(op. cit: 22) que a didáctica de ensino superior envolve não 
apenas os conteúdos que se pretendem verdadeiros em 
função das evidências científicas, mas também a 
componentes intuitivos e valorativos. 
4) Na asserção de Libâneo (op. cit: 25/6), a Didáctica é o 
principal ramo de estudos da pedagogia. Ela investiga os 
fundamentos, condições e modos de realização da instrução 
e do ensino. A ela cabe converter objectivos sociopolíticos e 
pedagógicos em objectivos de ensino, seleccionar conteúdos 
e métodos em função desses objectivos. 
5) A Didáctica e as metodologias específicas das matérias de 
ensino formam uma unidade, mantendo, entre si, relações 
recíprocas. A Didáctica trata da teoria geral de ensino. As 
 
Cf. Rodrigues et al. (2011 : 1) apud Otão et al. (1965). In Revista Científica do 
ITPAC, Araguaína. V.4. N°.3. 2011. 
 
 6 
 
metodologias específicas, integrando o campo da didáctica, 
ocupam-se dos conteúdos e métodos próprios de cada 
matéria na sua relação com fins educacionais. A Didáctica, 
com base em seus vínculos com a pedagogia, generaliza 
processos e procedimentos obtidos na investigação das 
matérias específicas, das ciências que dão embasamento ao 
ensino e à aprendizagem e das situações concretas da prática 
corrente, (Libâneo, 2013, p. 25/6). 
 
Agora que você reviu algumas notas de autores sobre a 
conceitualização da didáctica, seja arte, seja ciência, veja também 
que há uma estreita ligação da Didáctica com os demais campos 
do conhecimento pedagógico. Trata-se de áreas como, p. e., 
Filosofia, História da Educação, Sociologia da Educação, 
Psicologia da Educação, etc. 
 
 
Resumo da lição 
 
A Didáctica é, pois, uma das disciplinas da Pedagogia que estuda 
o processo de ensino por meio dos seus componentes – conteúdos 
escolares, o ensino e aprendizagem, para, com o embasamento na 
teoria da educação, formular directrizes orientadoras da 
actividade profissional dos professores. O seu objecto de estudo é 
o processo de ensino, campo principal da educação escolar. A 
didáctica investiga as condições e formas que vigoram no ensino. 
 
 
 
Auto-avaliação 
 
 7 
 
 
Depois de ter aprendido esta lição, você deve resolver as seguintes 
actividades de auto-avaliação. Comece por ler atentamente todas 
as questões que lhe são apresentadas. Redija com clareza e 
objectividade, cingindo-se ao que lhe é solicitado. 
Responda pela ordem que mais lhe convier, identificando, 
correctamente, cada uma das respostas. 
1. Defina didáctica, primeiro como arte e depois como 
ciência. 
2. Quais são as relações entre a pedagogia e a Didáctica? 
3. Explique os vínculos entre a didáctica e outras ciências; 
4. Explique por que existe uma unidade entre a didáctica e 
as metodologias específicas das matérias de ensino. 
 
 
Bibliográfia Básica 
 
1. Althaus, Maiza T. Margraf. (2004). “Acção Didáctica no 
Ensino Superior: A Docência em Discussão”. In Revista 
Teoria e Prática da Educação. V.7. N.°1; (S/L); 
2. Barbosa, Jane R. (2011). A Didáctica do Ensino 
Superior. 2.ª Edição. Curitiba: IESDE Brasil; 
3. Gil, António. (1997). Metodologia do Ensino Superior. 
3ª Edição. São Paulo: Atlas; 
4. Libâneo, José. (2011). Didáctica. 2.ª Edição. Cortez: 
São Paulo; 
5. Rodrigues, Leude Pereira et al. (2011). “O Tradicional 
e o Moderno Quanto à Didáctica no Ensino Superior”. 
In Revista Científica do ITPAC. Araguaína. V.4. N.° 3; 
6. Santo, Eniel do Espírito & Luz, Luiz C. S. (2013). 
“Didáctica no Ensino Superior: Perspectivas e 
Desafios”. (s/l). In Revista Natal – RN. V. 1. N.º 8; 
 
 8 
 
7. Silva, Regina Nogueira da & Borba, Ernesto Oliveira. 
(s/d). A Importância da Didáctica no Ensino Superior. 
(s/l); 
8. Tochon, François V. (1995). A Língua como Projecto 
Didáctico. [Trad. Maria Vidal]. Porto: Porto Editor. 
 
 
 
 
 9 
 
Lição n° 2 
Língua materna (L1), língua segunda (L2) e língua 
estrangeira (LE) 
 
 
Introdução 
Depois de você ter cenceitualizado didáctica na óptica de alguns 
autores na lição anterior, tratando-se de um Módulo cujo foco é o 
processo de ensino e aprendizagem nas línguas bantu, que 
constituem L1 para a maior parte da população moçambicana, se lhe 
perguntássemos, por exemplo, qual é diferença entre L1 e L2, ou 
entre L2 e LE? Obviamente que enfrentaria algumas dificuldades. É 
nesta lição onde você vai poder distinguir estes conceitos, visto que, 
ao longo do Módulo, serão retomados em diversas unidades. 
 
Objectivos 
Ao completar esta lição, você deverá ser capaz de: 
 Distinguir L1 da L2 e da LE; 
 Descrever as características das L1, da L2 e da LE; 
 Estabelecer a relação entre a aprendizagem da L2 e a da LE. 
 
 
Tempo 
 
 
Tempo de estudo da lição: 
Deverá reservar 60 minutos para a leitura compreensiva desta lição 
 
 
Terminologia 
Língua materna, língua segunda, língua estrangeira. 
 
 
 10 
 
2. Língua materna (L1), língua segunda (L2) e língua 
estrangeira (LE) 
 
Reflexao 
Antes de você continuar com a leitura, tente reflectir sobre os 
conceitos: L1, L2 e LE. Será que a L1 é a língua da mãe? Ou língua 
do pai? A L2 é sempre o português? A língua inglesa pode ser L2? Ou 
é sempre LE? 
 
Normalmente usa se com o mesmo sentido de Língua Materna 
(LM) para designar aquela que a pessoa adquire em primeiro lugar 
em relação a outras línguas que vai adquirindo e/ou aprendendo ao 
longo da vida. Em Moçambique e em muitos países africanos, a 
língua primeira ou materna da maioria é, geralmente, uma língua 
Africana. Comummente, a L1 refere-se à língua materna da criança, 
isto é, a primeira língua por meio da qual a criança interage com o 
meio social. 
É importante sublinhar que qualquer falante adquire, ao longo da sua 
vida, pelo menos uma língua (a sua Língua Materna ou L1). Na 
óptica de Silva (s/d: 99), língua materna (L1) é a primeira línguaadquirida por uma pessoa na infância, não correspondendo, esta, 
necessariamente, à língua oficial do país onde vive, que podemos 
designar de “língua dominante”. A maioria das pessoas adquire 
ainda uma outra língua, sendo que a sua aquisição pode dar-se em 
simultâneo com a L1 (no caso do bilinguismo) ou numa fase 
posterior. As crianças bilingues aprendem o segundo sistema 
linguístico como L2 e não como LE. 
 
Qual seria a diferença entre a L2 e a LE? 
A diferença essencial entre os dois conceitos reside no grau de 
exposição às duas línguas (uma criança bilingue é exposta, desde os 
primeiros meses de vida e ao longo de todo ou grande parte do seu 
período de aquisição e desenvolvimento linguístico, a duas línguas, 
 
 11 
 
que adquire como línguas maternas), ao passo que uma língua 
estrangeira é aprendida sob as condições formais, geralmente em 
contexto escolar. 
 
Ainda sobre a L1, L2 e LE, veja algumas abordagens: 
Para Spinassé (2006: 4/5), o conceito língua materna é tratado, pela 
maioria dos autores, como uma denominação um tanto óbvia. Esse 
deve ser realmente de mais fácil denominação que os outros, porém 
pouco se encontram definições para o termo4. A L1 não é, 
necessariamente, a língua da mãe, nem a primeira língua que se 
aprende. Tão pouco se trata de apenas uma língua. Normalmente, é 
a língua que aprendemos primeiro e em casa, através dos pais e 
também, é frequentemente a língua da comunidade. Entretanto, 
muitos outros aspectos linguísticos e não-linguísticos estão ligados 
à definição. 
A caracterização de uma L1 como tal só se dá se combinarmos vários 
factores e se todos eles forem levados em consideração: a língua da 
mãe, a língua do pai, a língua dos outros familiares, a língua da 
comunidade, a língua adquirida em primeiro, a língua com a qual se 
estabelece uma relação afectiva, a língua do dia-a-dia, a língua 
predominante na sociedade, a de melhor status para o indivíduo, a 
que ele melhor domina, língua com a qual ele se sente mais à 
vontade, (Spinassé, 2006, p. 4/5). 
 
4 Uma descrição simples e directa, contudo antiga, encontrada nas pesquisas foi 
a de Mues (1970) no livro Sprache: Was ist das? (“Língua: o que é isso?”): 
“Muttersprache ist die Sprache, die jeder Mensch als erste lernt und die somit 
die Grundlage seines Menschwerdens ist”. Essa definição é antiga e, por isso, 
cheia de lacunas, mas apresenta dois factores importantes: a justaposição com o 
conceito “primeira língua” e o factor identitário que carrega – a pessoa 
identifica-se, de alguma forma, com a língua materna. A aquisição da L1 é uma 
parte integrante da formação do conhecimento de um mundo do indivíduo, pois, 
junto à competência linguística se adquirem também os valores pessoais e 
sociais. A L1 caracteriza, geralmente, a origem e é usada, na maioria das vezes, 
no dia-a-dia. 
 
 
 12 
 
 
Ainda na perspectiva de Spinassé (op. cit: 5), é sabido que uma 
segunda língua (L2) não é necessariamente uma segunda, no 
sentido de que haverá uma terceira, uma quarta, e assim por diante. 
“Segunda” está para “outra que não a primeira (a materna) ”, e a 
ordem de aquisição se torna irrelevante – desde que não se trate de 
mais uma L1. 
Dependendo de como a língua foi adquirida, ela pode ser classificada 
de uma forma ou de outra. Diferenciando, porém, do conceito de 
língua estrangeira; uma segunda língua é uma ‘não-primeira-língua’ 
que é adquirida sob a necessidade de comunicação e dentro de um 
processo de socialização. A aquisição de uma L2 e a aquisição de 
uma LE assemelham-se no facto de serem desenvolvidas por 
indivíduos que já possuem habilidades linguísticas de fala, isto é, por 
alguém que possui outros pressupostos cognitivos e de organização 
do pensamento que aqueles usados para a aquisição da L1. Do 
contrário, no processo de aprendizagem de uma LE não se estabelece 
um contacto tão grande ou tão intenso com a mesma. A grande 
diferença é que a LE não serve necessariamente à comunicação e, a 
partir disso, não é fundamental para a integração, enquanto a L2 
desempenha um papel até mesmo vital numa sociedade, (Spinassé, 
2006, p. 6). 
 
Ellis (1986) apud Spinassé (op. cit: 6) defende o ponto de vista de 
que a diferenciação entre a L2 e a LE não deve estar em factores 
psicolinguísticos, mas sim em sociolinguísticos. Numa segunda 
língua possui-se uma maior competência e uma maior performance, 
pois o meio ou a situação exige isso do falante – o aprendente de 
língua estrangeira dificilmente precisa de chegar a esse nível de 
conhecimento. Não existe, na verdade, uma “receita” para a 
diferenciação entre L1, L2 e LE. O status de uma língua também 
 
 13 
 
pode variar com o tempo, é necessário apenas estabelecer uma outra 
relação com ela. 
 
 
 
Resumo da lição 
 
L1, L2 e LE 
 
 
 
Auto-avaliação 
 
Para você poder testar o seu nível de leitura e compreensão dos 
conteúdos, deve resolver as actividades de auto-avaliação. Leia 
atentamente as questões que lhe são apresentadas. Redija com clareza 
e objectividade, cingindo-se ao que lhe é solicitado. Responda pela 
ordem que mais lhe convier, identificando, correctamente, cada uma 
das respostas. 
1. O que entente por L1? 
2. Estabeleça as principais diferenças entre L2 e LE. 
3. Será que a L1 é a língua da mãe? A L2 é sempre o português? 
A língua inglesa pode ser L2? Ou é sempre LE? 
 
 
 
 14 
 
 
 
Bibliográfia Básica 
 
1. Molina, G. T. et al. (s/d). Corrent approaches and 
teaching methods. Bilingual Progammes. Faculty of 
Humanities and Education. University of Jaen; 
2. Silva, Maria Cristina da (s/d). “A aquisição de uma 
Língua Segunda: muitas questões e algumas respostas”. 
In: Saber e Educar. Lisboa: Centro de Linguística da 
Universidade Nova de Lisboa; 
3. Spinassé, Karen Pupp. (2006). “Os conceitos Língua 
Materna, Segunda Língua e Língua Estrangeira e os 
falantes de línguas autóctones minoritárias no Sul do 
Brasil”. In: Revista Contingentia. UF do Rio Grande do 
Sul. Vol. 1. 
 
 
 
 15 
 
Lição n° 3 
O processo de aprendizagem de línguas: teorias de 
aprendizagem 
 
 
Introdução 
Esta lição aborda o processo de aprendizagem, com enfoque às 
teorias de aprendizagem (mentalista e behaviorista). Você terá a 
oportunidade de distinguir as duas teorias de aprendizagem de 
línguas, tentando relacioná-las com a lição que viu anteriormente. 
 
Objectivos 
Ao completar esta lição, você deverá ser capaz de: 
 Explicar o desencadeamento do processo de aprendizagem; 
 Descrever as teorias de aprendizagem; 
 Explicar o processo de aprendizagem e desenvolvimento da 
língua em contexto familiar e social com base nas teorias de 
aprendizagem; 
 Conhecer os precursores da teoria mentalista e behaviorista. 
 
 
Tempo 
 
 
Tempo de estudo da lição: 
Deverá reservar 60 minutos para a leitura compreensiva desta lição 
 
 
Terminologia 
Processo de aprendizagem, teorias de aprendizagem. 
 
 
 16 
 
3. O processo de aprendizagem de línguas 
 
Se se lembra, 
o que é Didáctica? 
 
 
Caro estudante, você na lição anterior falou sobre a didáctica e viu que 
o seu foco é o processo de ensino e aprendizagem. Nesta lição você 
terá mais abordagens teóricas para diferenciar estes dois processos. 
Mas antes disso, comecemos com a seguinte questão: 
 
Para si, o que seria um processo de aprendizagem? 
Recorde-se que a prática educativa escolar se insere em contextos 
mais abrangentes. O ensino e aprendizagem são conceitos que se 
encontram indissociavelmente ligados. Constituindo, em parte, 
objecto da didáctica, torna-se fundamental determinar acções 
atinentes a cada processo e, como nos lembra Gil (op. cit: 20), ao 
falar-se do ensino, invocam-se conceitos que indicam o professor 
como elemento principal do processo. Já, ao se tratar de 
aprendizagem, evidenciam-se conceitos como, p. e.,descoberta, 
apreensão, modificação de comportamentos e aquisição de 
conhecimentos que se referem directamente aos alunos. 
 
Contudo, de acordo com Ribeiro (2003: 32), estes processos de 
educação e socialização começam na fase de criança, no seio 
familiar, sob o signo da dependência, e prosseguem até à vida adulta, 
sob a forma de participação no trabalho e na construção da 
sociedade, segundo proporções variadas e modalidades de educação 
informal e formal. 
Tendo em conta essas perspectivas e/ou visões, como definiríamos a 
aprendizagem? Veja as seguintes definições: 
 A aprendizagem é o processo pelo qual as competências, 
habilidades, conhecimentos, comportamento ou valores são 
adquiridos ou modificados, como resultado de estudo, 
experiência, formação, raciocínio e observação. Este processo 
 
 17 
 
pode ser analisado a partir de diferentes perspectivas, de forma 
que há diferentes teorias de aprendizagem. 
 A aprendizagem é uma das funções mentais mais importantes 
em humanos e animais e também pode ser aplicada a sistemas 
artificiais. A aprendizagem humana está relacionada à 
educação e desenvolvimento pessoal. Deve ser devidamente 
orientada e é favorecida quando o indivíduo está motivado. O 
estudo da aprendizagem utiliza os conhecimentos e teorias da 
neuropsicologia, psicologia, educação e pedagogia. 
 A aprendizagem como um estabelecimento de novas relações 
entre o ser e o meio ambiente tem sido objecto de vários 
estudos empíricos em animais e seres humanos. O processo de 
aprendizagem pode ser medido através das curvas de 
aprendizagem, que mostram a importância da repetição de 
certas predisposições fisiológicas, de ‘tentativa e erro’ e de 
períodos de descanso, após o qual se pode acelerar o 
progresso5. 
NB: Caro estudante, aqui você pôde ver várias visões e abordagens 
em torno do conceito aprendizagem. Na Didáctica Geral, 
naturalmente, você estudou este conceito, caso queira aprofundar 
mais a sua definição, pode recorrer às páginas de internet ou mesmo 
consultar manuais ligados à didáctica, certamente que lá você 
encontre conteúdos que abordam o processo de aprendizagem. 
 
3.1. Teorias de aprendizagem 
Depois te ter falado sobre o processo de aprendizagem na lição 
anterior, agora você vai concentrar-se nas duas teorias de 
aprendizagem que se seguem. 
 
5 Cf. Velásquez, Freddy. (2001). Enfoques sobre el aprendizaje humano. (s/l). 
 
 18 
 
 
Tome nota 
 
As teorias de aprendizagem, de entre os vários objectivos, buscam 
reconhecer a dinâmica envolvida nos actos do processo de ensino e 
aprendizagem, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do 
Homem; o papel do professor na escola, etc. Trata-se, nomeadamente, 
da teoria comportamentalista (behaviorista), teoria cognitiva 
(mentalista) e teoria construtivista. Porém, nesta lição, serão 
aprendidas duas teorias (mentalista e behaviorista). 
 
1.1.1. Teoria de aprendizagem mentalista 
Caro estudante, ao ler este sub-tema, você deve concentrar-se nos 
seguintes pontos: 
 Quem é o mentor desta teoria? 
 Qual é a tese que o autor defende? 
 Qual é a funcionalidade da teoria no âmbito da aquisição e/ou 
aprendizagem de línguas? 
 
Piaget é o mentor desta teoria. A essência desta teoria é o 
desenvolvimento cognitivo linguístico da criança, ou seja, a 
linguagem faz parte de uma organização cognitiva mais vasta que 
obedece a mecanismos sensório-motores, que estão na base da 
função semiótica de que a linguagem é uma das manifestações. 
Piaget defende a existência de estágios para o desenvolvimento da 
linguagem. 
 
Apesar de não ser objecto de estudo nesta lição, a teoria inatista 
de Chomsky, sobre o desenvolvimento da linguagem, é 
interessante salientar que a teoria cognitivista/mentalista 
apresenta algumas semelhanças com a inatista. Veja os pontos 
em que estas duas teorias convergem e divergem: 
 
 
 19 
 
É o seguinte: 
Ambas postulam a existência do meio para a aquisição da 
linguagem. No entanto, por um lado, as duas teorias diferem-se, 
visto que os inatistas advogam a independência no 
desenvolvimento linguístico, ou seja, para os inatistas a aquisição 
da linguagem não tem a ver com as diferentes fases do 
desenvolvimento cognitivo do falante. Por outro lado, os 
cognitivistas refutam este posicionamento, considerando que a 
apropriação da linguagem pela criança avança com o respectivo 
nível de desenvolvimento global. Slobin (1973) apud Maciel 
(1998) defende que as estruturas linguísticas profundas se 
modificam com a idade, à medida que aumenta a capacidade de 
operatividade e o espaço de armazenamento; aumento da 
compreensão das intenções linguísticas leva a criança para o 
domínio de uma nova complexidade formal, ao mesmo tempo que 
as respectivas estruturas internas se reorganizam de acordo com os 
princípios gerais da organização cognitiva. 
 
Em forma de conclusão, 
Segundo a teoria mentalista, o desenvolvimento da cognição 
processa-se, gradualmente, desde o nível mais básico dos 
processos sensório-motores até ao nível das funções mentais 
superiores. Note-se que a cognição (inteligência na perspectiva 
piagetiana) aparece como uma forma específica (mental) da 
adaptação biológica indispensável às trocas entre o organismo e o 
meio. 
 
3.1.2. Perspectiva behaviorista 
Para finalizar esta lição, você agora irá focalizar a sua atenção na 
teoria behaviorista ou comportamentalista, tendo em conta as 
questões que se seguem: 
 
 20 
 
 Quem é o mentor desta teoria? 
 Qual é a tese que o autor defende? 
 Qual é a funcionalidade da teoria no âmbito da aquisição e/ou 
aprendizagem de línguas? 
 
 Os seus defensores postulam que a linguagem é um 
comportamento verbal. As crianças ganham mestria do 
comportamento verbal através da interacção com o ambiente, 
imitando o que observam à sua volta. Em todo o caso, os 
behavioristas destacam o papel do meio, particularmente dos pais 
na aquisição da linguagem, ao considerarem como determinante na 
estabilização do comportamento linguístico da criança, o que 
significa que para o desenvolvimento da L1 da criança, é muito 
importante se verificar as variáveis ambientais, sendo que esta 
aquisição é determinada pela prática ou exercícios e não pela 
programação genética. 
 Esta teoria refere, ainda, que são os estímulos do meio ambiente 
que condicionam as aprendizagens. Os behavioristas não se 
interessam pelo conhecimento linguístico do sujeito, mas da 
realização conseguida pelos indivíduos. O crescimento linguístico 
é visto como uma progressão que vai da produção aleatória de sons 
de comunicação verbal estruturada, que é atingida através dos 
processos gerais da aprendizagem que são: o condicionamento 
clássico, o condicionamento operante e a modelação por imitação. 
NB: Nos dois últimos parágrafos, o caro estudante pôde depreender 
a tese e os fundamentos da teoria Behaviorista. Então, recorde-nos o 
precursor da mesma. 
 
 
 21 
 
Skinner (1957), como um dos mentores desta teoria, refere que a 
criança possui capacidades gerais de aprendizagem, que não são 
apenas para a linguagem (comportamento de cariz verbal), 
modeladas e reforçadas pelos falantes adultos, que privam com a 
criança e a quem ela imita, neste caso, destaca-se a aprendizagem e 
a influência do meio empírico. 
 
Durante as aulas que teve na cadeira Introdução aos Estudos 
Linguísticos, você aprendeu sobre o pai e fundador da Linguística 
Moderna, Ferdinand de Saussure. No parágrafo seguinte, vamos 
relacionar as duas teorias com a perspectiva Saussureana em relação 
à linguagem: 
Na visão de Saussure (1999), a língua6 é um facto social, no sentido 
de que é um sistema convencional adquirido pelos indivíduos no 
convívio social. Neste sentido, Saussure aponta a linguagem como a 
faculdade natural que permite ao Homem constituir uma língua.Em 
consequência, a língua caracteriza-se por ser um produto social da 
faculdade da linguagem. 
 
 
6 Benveniste (1973) apud Mussalim & Bentes (2001.) observa que é dentro da 
língua, que o indivíduo e a sociedade se determinam mutuamente, pois, ambos 
só ganham existência pela língua. Este autor considera que a língua é 
manifestação concreta da faculdade humana da linguagem. Sendo assim, 
defende o exercício da linguagem pela utilização da língua, que o Homem 
constrói a sua relação com a natureza e com outros homens. A linguagem 
sempre se realiza dentro de uma língua, de uma estrutura linguística definida e 
particular, inseparável de uma sociedade definida e particular, logo, a língua e a 
sociedade não podem ser concebidas separadamente. 
 
 22 
 
 
Resumo da lição 
 
Se prestou atenção, concluirá que o processo de aprendizagem de uma 
língua é complexo, se se partir da asserção segundo a qual a língua 
(gem) é um facto puramente social e cultural. 
As teorias de aprendizagem, embora cada uma com as suas abordagens 
e particularidades, elas apresentam muitas visões sobre o processo de 
aprendizagem de uma língua. Note-se que estas teorias mostram e 
descrevem as circunstâncias em que a aprendizagem ocorre, bem como 
os seus resultados. 
 
 
Auto-avaliação 
 
Depois de ter aprendido esta lição, você deve resolver as seguintes 
actividades de auto-avaliação. Comece por ler atentamente todas as 
questões que lhe são apresentadas. Redija com clareza e objectividade, 
cingindo-se ao que lhe é solicitado. 
Responda pela ordem que mais lhe convier, identificando, 
correctamente, cada uma das respostas. 
1. Explique, em que consiste o processo de aprendizagem. 
2. O que entende por teorias de aprendizagem? 
3. Discuta as teorias de aprendizagem, não se esqueça de fazer 
menção aos seus precursores. 
 
 
 
 
 23 
 
 
 
Bibliográfia Básica 
 
1. Gonçalves, Perpétua & Uamusse, Luis. (1997). 
Proposta da Adequação de programas e métodos de 
Ensino e Aprendizagem da Leitura para a 1.ª Classe 
ao Contexto das Zonas suburbanas de Maputo. 
Maputo: UME; 
2. Krashen, Stephen. (s/d). Language acquisition and 
education, University Southern California; 
3. Maciel, Carla A. (1998). Texto de apoio. Maputo: 
UEM; 
4. Mussalim, Fernanda & Bentes, Anna Christina. 
(2001). Introdução à Linguística: domínios e 
fronteiras. São Paulo: Cortez; 
5. Stern, H. H. (1970). Perspectives on Second Language 
Teaching. Toronto: Ontario Institute for studies in 
education; 
6. Xavier, M.S. & Mateus, M.H. (1992). Dicionário de 
termos linguísticos. Vol.2. Lisboa: Edição Cosmos; 
7. Saussure, Ferdinand de. (1999). Curso de Linguística 
Geral. 2.ª Edição. [Trad: José Victor]. Lisboa: 
Publicações Dom Quixote. 
 
 
 
 24 
 
Lição n° 4 
Aquisição e aprendizagem da L1 em contexto escolar 
 
 
Introdução 
Depois de termos falado sobre o processo de aprendizagem e 
desenvolvimento da língua, bem como das teorias de aprendizagem 
na lição anterior, essencialmente, nesta, pretende-se que você 
discuta, de forma minuciosa, os dois processos, aquisição e 
aprendizagem da L1 em contexto escolar. Ainda nesta lição, além 
das teorias subjacentes a cada processo, você irá aprender alguns 
princípios metodológicos da didáctica da L1. 
 
Objectivos 
Ao completar esta lição, você deverá ser capaz de: 
 Distinguir aquisição da aprendizagem; 
 Descrever algumas teorias no âmbito do processo de 
aquisição e aprendizagem de uma L1; 
 Explicar alguns métodos usados na didáctica de L1; 
 
 
Tempo 
 
 
Tempo de estudo da lição: 
Deverá reservar 90 minutos para a leitura compreensiva desta lição 
 
 
Terminologia 
Aquisição e aprendizagem da L1, princípios metodológicos da 
didáctica da L1. 
 
 
 25 
 
4. Aquisição e aprendizagem da L1 
 
Caro estudante, você definiu o processo de aprendizagem na lição 
anterior. Ainda se lembra? Aqui irá estudar outro processo, a 
aquisição. Partindo do pressuposto de que a aquisição da L1 e 
aprendizagem da L1 e/ou da L2 são processos diferentes, depois de 
ver o que os autores abordam sobre esta matéria, tente relacionar os 
dois conceitos, com enfoque nas semelhanças e diferenças. 
 Para Xavier & Mateus (1992: 49), a aquisição da língua é um 
processo através do qual o indivíduo aprende a sua língua 
materna, adquirindo as regras de funcionamento dessa língua 
por simples exposição à sua utilização no contexto em que 
está inserido. 
 
NB: A partir desta perspectiva, entende-se que o termo 
aquisição só se aplica ao processo natural de interiorização de 
uma LM. 
 
Porém, este pensamento é contraposto por Dias et al. (2009: 82/3)7. 
Estes referem que, em Moçambique, por exemplo, a aquisição da L1 
como um processo inconsciente (como um desenvolvimento da 
 
7 Dias et al. (op. cit) levantam uma série de indeterminações, sobretudo face à 
imagem que muitos tinham da aquisição como um fenómeno exclusivo à L1. 
Numa tentativa de desmistificação desta ‘aparente ou efectiva’ indeterminação, 
sugere-se a análise das visões de outros estudiosos desta matéria. 
Com efeito, Krashen (s/d: 8), embora alguns teóricos usem estes dois conceitos 
de um modo afim, refere-se ao facto de estes processos serem antagónicos. Ao 
longo deste processo (aquisição), o aprendente da L2 não toma consciência do 
processo em curso, muito menos dos seus resultados. Contrariamente à 
perspectiva de Krashen (op. cit), que se serve dos binómios ‘consciente’ e 
‘inconsciente’ para distinguir a aquisição da L1 da aprendizagem da L2, 
Mclaughlin (1987: 56/7) recorre aos termos ‘formal’ e ‘informal’. Este autor 
defende que a expressão aquisição da L2 se refere ao processo em que se adquire 
uma nova língua, num ambiente natural sem instruções formais. O indivíduo, 
geralmente, está inserido na comunidade da LA (língua alvo), onde tem a 
oportunidade de interagir com os falantes nativos, com uma razoável frequência. 
 
 
 26 
 
língua que o indivíduo atinge num contexto social através da 
interacção) se difere da aquisição da L2 (que é um processo mais 
consciente da língua), particularmente em situação escolar, onde o 
ensino da língua é concebido como uma série de actividades, que 
visam levar a efeito uma aprendizagem, tendo em conta as 
capacidades, os interesses e as faculdades de atenção e assimilação 
do aprendente. 
 
Pronto! 
Aqui você vai encontrar a principal diferença entre aquisição e 
aprendizagem: Podemos notar que a aquisição da L1 resulta de 
um processo natural de interacção entre o indivíduo e o meio social 
em que está inserido, usando-se a língua em comunicação 
significativa, diferindo-se, assim, da aprendizagem, que é 
resultante da experiência na sala de aula (um processo guiado e 
orientado), no qual o aprendente é levado a voltar a sua atenção 
para a forma e aprender as regras gramaticais. 
 A aprendizagem da L2 implica uma situação de aprendizagem 
‘formal’, com aprendizagem de regras, correcção de ‘erros’, 
etc., num ambiente artificial (a sala de aula), no qual um 
aspecto da gramática é apresentado de cada vez. Em síntese, a 
hipótese de aquisição/aprendizagem de Krashen é criticada por 
certos teóricos, como é o caso de Mclaughlin (1987) apud 
Menezes (op. cit: 563), pelo facto de se colocar a distinção 
entre a aquisição e aprendizagem na dicotomia processo 
‘consciente’ e ‘inconsciente’, visto que nenhum destes 
processos pode ser verificado empiricamente a ponto de se 
saber com precisão que se está diante da aquisição 
‘inconsciente’ ou da aprendizagem ‘consciente’. 
NB: Veja as teorias: de (i) universais linguísticos e (ii) do 
discurso no âmbito da aprendizagem da L1! 
 
 27 
 
 
Entre as diferentes teorias que se podem destacar na aprendizagem 
da L1, pode se apontar a teoria dos universais linguísticos, tambémconhecida como teoria da gramática universal, segundo a qual existe 
um comportamento linguístico, biológico e inato, que é comum a 
todas as pessoas. Os defensores desta teoria refutam a tese da 
existência de um período crítico, que consiste no atrofiamento do 
LAD8 no período após a puberdade. Os proponentes desta teoria 
avançam igualmente que, se todas as pessoas utilizam estratégias 
universais no processo de aquisição de L1 e de L2, é de esperar que 
erros semelhantes ocorram nos dois processos. 
A par da teoria dos universais linguísticos, tem-se a teoria do 
discurso, que advoga que o indivíduo não só desenvolve a 
competência na L1 através de um input apropriado, mas também por 
meio de uma interacção entre falantes nativos e falantes não nativos. 
 
4.1. Princípios metodológicos da didáctica da L1 
Depois de ter falado sobre os processos de aquisição e aprendizagem 
de línguas no ponto anterior, agora você vai poder conhecer alguns 
procedimentos metodológicos concernentes à didáctica da L1. Mas 
antes disso, reflicta sobre a questão que se segue: Será que os 
métodos usados para a didáctica da L2 são os mesmos para o 
ensino e aprendizagem da L1? 
Para o ensino da L1 pode-se promover actividades orientadas em 
dois sentidos, a conhecer: ensino virado para a forma e ensino 
virado para o conteúdo. O ensino virado para a forma preocupa-se 
pela estrutura da frase, ou seja, uma boa produção textual, 
obedecendo às estruturas gramaticais, enquanto o ensino virado para 
o conteúdo se preocupa pela mensagem veiculada pelos enunciados. 
 
8 Do inglês: language acquisition divice, defendido por Noam Chomsky. 
 
 28 
 
 
Reflexão 
Agora reflicta: Qual desses métodos é mais ideal para o 
ensino e aprendizagem da L1? 
 
 
Tome nota! 
 Estudos recentes sobre a Metodologia de Ensino Bilingue em 
contextos cuja maioria linguística é tratada como minoria (veja-
se Patel, 2006; Almeida e Filhos 2007; Beker, 1993; Cavalcanti, 
1999; Cummins, 1980) defendem que se deve enveredar pelo 
ensino virado ao conteúdo, ou seja, pela abordagem 
comunicativa/competência comunicativa9, que envolve o 
conhecimento não apenas do sistema linguístico em si como 
também de outros elementos e/ou formas extralinguísticas, 
como, por exemplo, o comportamento gestual ou social do 
indivíduo guiado por aspectos culturais ou morais aceites pela 
comunidade onde se encontra. 
 Stern (1970: 64) afirma que a presença da L1 no indivíduo, 
aprendendo uma L2 é um factor que não pode ser ignorado. Este 
autor refere que as regras e hábitos de uma L1 interferem na 
aprendizagem da segunda língua. Contudo, o processo de 
aquisição da L1 pode apoiar-se nos princípios de aprendizagem 
da L2, se se partir do pressuposto segundo o qual a 
aprendizagem de uma língua, seja primeira, seja segunda, é 
sistemática. Neste sentido, a busca pela compreensão da 
aprendizagem da L1 no contexto escolar tem resultado numa 
pluralidade de hipóteses, não obstante, a convergência de muitos 
 
9 Assim, do ponto de vista de Metodologias de Ensino de Línguas Moçambicanas, 
o conceito de abordagem comunicativa emprega-se em situações onde o programa 
é organizado não somente em termos de elementos gramático-estruturais, mas 
também, e, talvez, prioritariamente, em termos de como esses elementos 
estruturais são utilizados para realizar funções comunicativas em eventos de fala, 
dependendo dos papéis sociais/psicológicos, cenários e tópicos que um grupo de 
alunos necessite para manusear a língua de maneira apropriada. 
 
 29 
 
teóricos no postulado segundo o qual, na aprendizagem da L2 
há uma interferência da L1. 
Veja agora os dois tipos de gramática para o ensino e 
aprendizagem da L1! 
 
Gramática implícita, em que a criança aprende no seu meio social, 
de uma forma assistemática, isto é, na ausência de um orientador. 
Esta aprendizagem apresenta algumas vantagens, tais como: 
privilégio à aprendizagem com o meio social, sobretudo com outras 
crianças, é uma aprendizagem espontânea em que a criança não se 
sente inibida. Contudo, o demérito desta aprendizagem consiste na 
fossilização de erros, na medida em que não existe nenhum 
orientador para sanar possíveis erros. 
Gramática explícita – consiste na presença de um orientador 
(professor), num meio apropriado (escola). Neste caso, a gramática 
explícita ocorre num contexto formal, a criança adquire a língua e as 
suas regras, tem um orientador. O ensino desta gramática anda 
paralelamente com o ensino virado para a forma, onde o professor 
providencia os materiais de consulta e, conscientemente, o 
aprendente da L1 adquire a língua na base de regras. A probabilidade 
de fossilizar estruturas agramaticais é relativamente menor. Porém, 
nesta aprendizagem, o falante fica limitado às regras, não 
desfrutando de uma liberdade na produção da linguagem (língua). 
 
 
 30 
 
 
Resumo da lição 
 
De forma resumida, depois de ter aprendido os conteúdos que 
fazem a lição, você pode concluir que: 
 A aquisição da língua é um processo através do qual o indivíduo 
adquire a sua língua materna; 
 Aprendizagem é resultante da experiência na sala de aula (um 
processo guiado e orientado), no qual o aprendente é levado a 
voltar a sua atenção para a forma e aprender as regras 
gramaticais. Entretanto, a aquisição de uma L1 e a de uma L2 
são processos diferentes. Para o ensino da L1, pode-se 
promover actividades orientadas em dois sentidos: ensino 
virado para a forma e ensino virado para o conteúdo. Ainda para 
o ensino de uma L1, pode-se recorrer a dois tipos de gramática: 
implícita e explícita. 
 
 
Auto-avaliação 
 
Depois de você ter aprendido os princípios metodológicos da didáctica 
da L1, bem como algumas teorias atinentes ao ensino e aprendizagem 
da L1, a seguir propomos algumas actividades para você avaliar as 
suas leituras. Lembre-se, comece por ler atentamente todas as questões 
que lhe são apresentadas. Redija com clareza e objectividade, 
cingindo-se ao que lhe é solicitado. Responda pela ordem que mais lhe 
convier, identificando, correctamente, cada uma das respostas. 
1. O que entende por aquisição de uma L1? 
2. Descreva algumas actividades e/ou princípios que podem ser 
desenvolvidos no âmbito do ensino e aprendizagem da L1. 
3. Apresente os pressupostos da teoria dos universais 
linguísticos, também conhecida como teoria da gramática 
universal. 
 
 31 
 
 
 
Bibliográfia Básica 
 
1. Krashen, Stephen. (s/d). Language acquisition and 
education. California: University Southern California; 
2. Maciel, Carla A. (1998). Texto de apoio. Maputo: 
UEM; 
3. Mussalim, Fernanda & BENTES, Anna Christina. 
(2001). Introdução à Linguística: domínios e 
fronteiras. São Paulo: Cortez. 
 
 
 
 33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 2: Línguas bantu de Moçambique 
 
 
 
Pág. 34 - 53 
 
Conteúdos 
U
N
ID
A
D
E
 
2 
 
Lição n° 5 35 
Classificação das línguas bantu .............................. 35 
5. Classificação das línguas bantu ............ 36 
5.1. Situação linguística de Moçambique . 38 
Lição n° 6 43 
Sistema fonético, fonológico e morfossintáctico 
das línguas bantu .......................................................... 43 
6. Sistema fonético, fonológico, 
morfológico e sintáctico das línguas 
bantu ..................................................................... 44 
 
Línguas bantu de 
Moçambique 
 
 34 
 
 
Introdução 
Continuamos a chamar a sua atenção, pois, nesta unidade, você irá 
encontrar conteúdos que abordam aspectos ligados às línguas bantu, 
concretamente as faladas em Moçambique. Nela, irá conhecer a 
estrutura e funcionamento destas línguas, facto que lhe irá permitir 
uma maior abordagem e descrição sobretudo da sua língua materna. 
Além destesconteúdos, no geral, você irá conhecer a situação 
linguística de Moçambique. 
 
 
Objectivos da unidade 
 
Ao terminar esta unidade, você deve ser capaz de: 
 Descrever as características das línguas bantu; 
 Classificar as línguas bantu faladas em Moçambique; 
 Descrever a situação linguística de Moçambique; 
 Descrever o sistema fonético, fonológico e morfossintáctico 
das línguas bantu, bem como o sistema ortográfico 
padronizado das línguas bantu. 
 
 
Tome nota 
Terminada a unidade, você desenvolverá as seguintes 
competências: 
 Descreve as características das línguas bantu; 
 Classifica, com base nalgumas perspectivas, as línguas 
bantu faladas em Moçambique; 
 Descreve o sistema fonético, fonológico e 
morfossintáctico das línguas bantu, bem como o sistema 
ortográfico padronizado das línguas bantu. 
 
 
 
 35 
 
Lição n° 5 
Classificação das línguas bantu 
 
 
Introdução 
Para você conduzir o processo de ensino e aprendizagem na sua L1 
precisa, antes de tudo, de conhecer o funcionamento da língua em 
questão. Tente, na medida do possível, concentra-se, uma vez que os 
conteúdos desta lição envolvem conhecimentos profundos da 
linguística teórica e africana, todos eles aprofundados em cursos de 
linguística. 
De forma resumida, nesta lição, você encontrará duas perspectivas 
no âmbito da classificação das línguas africanas, a genealógica e a 
tipológica e a situação linguística de Moçambique. 
 
 
Objectivos 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 Descrever bases teóricas que impulsionaram a expansão de 
línguas bantu; 
 Classificar as línguas bantu a partir de várias teorias; 
 Conhecer a situação linguística de Moçambique. 
 
 
Tempo 
 
 
Tempo de estudo da lição: 
Deverá reservar 60 minutos para o estudo desta lição. 
 
Terminologia 
Línguas bantu, classificação de línguas bantu, situação linguística 
de Moçambique. 
 
 
 36 
 
5. Classificação das línguas bantu 
Caro estudante! Antes de você ver a classificação das línguas 
africanas, veja o que alguns estudiosos sistematizaram no início do 
século XIX. 
No início do século XIX, vários estudiosos de Linguística Bantu 
(cf. Edwin Norris, Adrien Balbi, Liechtenstein, Lepsius, F. Muller, 
W. Bleek, D. F. Bleek, Westermann, C. Meinhof, A. Werner, A. 
Drexel, Sir Johnston, Doke) sistematizaram, em diversas 
publicações, as relações genéticas entre línguas africanas, 
classificando-as em famílias, sub-famílias, zonas, grupos, etc., e 
estabeleceram as suas bases estruturais, quer ao nível fonético-
fonológico, morfológico, quer ao nível morfosemântico de itens 
lexicais e gramaticais. 
 
Quais são os métodos usados para a classificação das línguas 
africanas? 
Quando se fala de classificação das línguas africanas, no quadro da 
linguística comparativa, destacam-se, sobretudo, dois métodos, 
nomeadamente, tipológico e genealógico, ou seja, as duas mais 
importantes classificações das línguas africanas são de Guthrie 
(1967/71) que é tipológica e a de Greenberg (1955) que é 
genealógica. 
a) Método genealógico: 
A hipótese básica para a classificação genealógica é que, no passado, 
diversas línguas tinham sua origem numa única proto-língua e, para 
determinar relações genealógicas, era preciso comparar a forma e o 
significado dos morfemas lexicais e gramaticais dessas línguas. É 
neste contexto que Greenberg (1955) estabelece (4) famílias10, sendo 
 
10Greenberg classifica e divide as línguas africanas em 4 principais famílias, sub-
famílias e grupos. Relativamente à família temos: (i) línguas afro-asiáticas, 
também designadas por camítico-semíticas, esta cobre toda a África do Norte, 
 
 37 
 
a família Níger-Kordofaniano a que o grupo Bantu pertence, que se 
estende desde a África Central l, Oriental até à Meridional. 
Em conformidade com a perspectiva de Greenberg (1955), as línguas 
bantu faladas em Moçambique pertencem à família Congo-
Kordofaniano, sub-família Níger-Congo. Em Moçambique, ainda 
que não haja consenso sobre o número exacto de línguas Bantu, 
dados de vários autores indicam cerca 20 línguas com ortografia 
padronizada que são faladas em todas as províncias. 
 
Agora vamos praticar! Você acaba de aprender a visão de Greenberg 
sobre a classificação das línguas africanas. Ora vejamos! Como 
poderíamos, por exemplo, classificar ou estabelecer a relação 
genética do dialecto Xikhambani, falado no Distrito de Panda na 
província de Inhambane? 
Veja o esquema que se segue: 
 Família Congo-Kordofaniana 
Sub-família Níger-Congo 
Grupo de línguas Bantu 
Língua Citshwa 
Dialecto Xikhambani 
 
b) Método tipológico: 
Guthrie (1967-71) classificou as línguas Bantu faladas em 
Moçambique em quatro zonas, nomeadamente: Zona G, P, N e S. 
segundo Ngunga (2004), de acordo com esta classificação, existem 
(8) grupos linguísticos (Swahili, Yao, Makhuwa-Lomwe, Nyanja, 
Nsenga-Sena, Shona, Copi e Tswa-Ronga e o número de línguas 
 
Etiópia, Somália e uma parte da Tanzânia. Esta família divide-se em 5 sub-
famílias, igualmente diferenciadas, designadamente, o berbere, o egípcio antigo, 
o cuxítico, o semítico e o chádico; (ii) Congo-Kordofaniano; (iii) família Nilo-
sahariana, e (iv) por fim, família khoi-san. 
 
 38 
 
varia de grupo para grupo, uma vez que nem todas línguas 
moçambicanas foram inventariadas por Guthrie. 
 
Observe alguns exemplos: De acordo com esta classificação, 
vamos codificar algumas línguas bantu faladas em Moçambique11: 
Citshwa (S.51) Cicopi (S/61) 
Emakhuwa (P.31) Xirhonga (S.54) 
Gitonga (S.62) Cindau (S.15) 
Ciwute (S.13b) Cinyanja (N.31) 
Shimakonde (P.23) Kimwani (G.45) 
Ciyaawo (P.21) Cisena (N.44) 
Xichangana (S.53) 
 
Depois de você ter visto os dois métodos usados na classificação 
das línguas africanas, com enfoque às línguas bantu faladas em 
Moçambique, chamamos, a seguir, a sua atenção, para uma 
análise detalhada da situação linguística de Moçambique. 
 
5.1. Situação linguística de Moçambique 
Moçambique é, tal como a maioria de países africanos, um país 
multilingue e multicultural. De acordo com Ngunga et al. (2011: 1), 
dados do Recenseamento Geral da População realizado em 2007 
indicam que as línguas africanas do grupo Bantu continuam a 
constituir o principal substracto linguístico de Moçambique por 
serem línguas maternas de mais de 80% de cidadãos de cinco anos 
de idade ou mais. 
Os mesmos dados indicam que cerca de quinze milhões de 
moçambicanos de cinco ou mais anos de idade (10.8%) falam 
português como língua materna e (0.23%) falam línguas estrangeiras 
 
11 (cf. Ngunga, 2004: 46/8) 
 
 39 
 
que não são especificadas. Porém, INE (2010)12 ilustra que além do 
Português, de línguas Bantu, de línguas de origem estrangeira, 
línguas ‘não conhecidas’, as línguas de Sinais são usadas como 
línguas maternas por pessoas de 5 ou mais anos de idade. Veja-se a 
tabela a seguir: 
 
Tabela 1: Distribuição de línguas faladas por população de 5 ou mais anos de idade 
Nº Língua Fala
ntes 
% Província onde se fala 
 
1 Makhuw
a 
4.097.788 26.
1 
Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Sofala 
Zambézia 
2 Portugu
ês 
1.693.024 10.
8 
Todas as províncias de Moçambique 
3 Changa
na 
1.660.319 10.
5 
Gaza, Maputo, Maputo Cidade, Inhambane, 
Niassa 
4 Sena 1.218.337 7.8 Manica, Sofala, Tete, Zambézia 
5 Lomwe 1.136.073 7.2 Nampula, Niassa, Zambézia 
6 Nyanja 903.857 5.8 Niassa, Tete, Zambézia 
7 Chuwab
o 
716.169 4.8 Zambézia, Nampula, Sofala 
8 Ndau 702.464 4.5 Manica, Sofala 
9 Tshwa 693.386 4.4 Inhambane, Gaza, Maputo, Sofala 
10 Nyungw
e 
457.292 2.9 Manica, Tete 
11 Yaawo 341.796 2.2 Niassa, Cabo Delgado 
12 Copi 303.740 1.9 Gaza, Inhambane, Maputo, Cidade de Maputo 
13 Makond
e 
268.910 1.7 Cabo Delgado 
14 Tewe

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