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VITÓRIA DRESCH XAVIER DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER A principal distinção entre prevenção primária, secundária e terciária baseia-se no período de progressão da doença sobre o qual se deseja intervir: antes da instalação do processo patológico (prevenção primária), depois que a doença se iniciou e ainda não há sintomas (prevenção secundária) ou quando já há sintomas (prevenção terciária). Prevenção Primária: se refere às ações que evitam que o câncer ocorra e incluem as modificações de fatores relacionados ao estilo de vida. É evitar ou remover fatores de risco antes do desenvolvimento da doença; Medidas de promoção à saúde e proteção específica: ➔ Mudanças na dieta e hábitos de vida; ➔ Reduzir a exposição a produtos químicos / radiação; ➔ Vacinação; ➔ Educação; ➔ Sexo seguro; ➔ Evitar tabagismo e alcoolismo; ➔ Cirurgias preventivas. ➔ Impacto: ◆ 30-40% dos casos de câncer Prevenção Secundária: é o rastreamento (screening) do câncer. Detecção precoce do câncer em indivíduos presumivelmente doentes, mas ASSINTOMÁTICOS, e pode identificar condições de pré- malignidade. Tem por finalidade alterar o curso da doença, uma vez que seu início biológico já aconteceu, por meio de intervenções que permitam sua detecção precoce e seu tratamento oportuno. Apesar de não prevenir a causa inicial da doença, podem prevenir a progressão para o estágio sintomático. Testes positivos necessitam confirmação diagnóstica. “Rastreamento é a aplicação de um teste em uma população assintomática a fim de determinar quem provavelmente tem a doença e quem provavelmente não a tem”. Na prevenção secundária para o câncer encontra-se a realização anual dos exames preventivos, dentre eles a mamografia, sangue oculto nas fezes, colonoscopia, dermatoscopia, Papanicolau, dentre outros. Prevenção Terciária: visa dar agilidade ao processo de diagnóstico de câncer em pacientes que já apresentam os sintomas. A técnica escolhida depende da gravidade do quadro, podendo ser conservadora, radical ou ultra-radical. A radioterapia, a quimioterapia, e a hormonioterapia poderão ser procedimentos coadjuvantes da cirurgia, ou utilizados apenas em casos isolados. Assim como o uso de drogas alvo, quando indicado na tentativa de evitar a recidiva tumoral e melhorar a sobrevida dos pacientes. Doença: ➔ Se faz um rastreamento de uma doença que é um problema de saúde pública. Essa doença vai estar na fase assintomática, ou seja, na fase pré-clínica Tratamento: ➔ Só vamos rastrear uma doença se tiver tratamento, ou seja, se houver redução da morbimortalidade ➔ Eficaz e que altera a história natural da doença; ◆ Redução da morbimortalidade causa-específica. ➔ Mais eficaz na fase pré-clínica da doença; Características do teste: ➔ Fácil aplicabilidade, seguro e “não caro”; ➔ Boa acurácia ➔ Sensibilidade: capacidade de achar os doentes. É a probabilidade de um teste dar positivo em quem realmente está doente (verdadeiro positivo). Ter alta sensibilidade quer dizer que vai ter poucos falsos negativos, portanto o resultado é confiável -> bom para DESCARTAR o diagnóstico, pois se vier um negativo, provavelmente é um verdadeiro negativo. S = VP / VP +FN VITÓRIA DRESCH XAVIER ➔ Especificidade: capacidade de dizer que o paciente saudável é saudável. É a probabilidade de um teste dar negativo em quem realmente não possui a doença (verdadeiro negativo). Uma alta especificidade significa que pessoas sem a doença recebem o resultado negativo -> bom para CONFIRMAR o diagnóstico, pois se vier positivo, é bem provável que seja um verdadeiro positivo. E = VN / VN + FP *VPP: É mais provável que aquele exame que deu positivo naquela população seja de fato positivo do que em outra população. Por exemplo, é mais provável que o resultado seja positivo para câncer de pulmão em uma população de fumantes do que numa outra população. VPP = VP / VP + FP *VPN: chance de o resultado dar negativo VPN = VN / VN + FN Estratégia: ➔ População-alvo ➔ Idade início e intervalo ➔ Assegurar que exames alterados sejam esclarecidos Prós: ➔ Diagnóstico em estágios precoces; ➔ Redução morbidade relacionada a doença (e tratamento); ➔ Redução mortalidade -> AUMENTO DA POSSIBILIDADE DE CURA!!! Contra: ➔ Realização de procedimentos diagnósticos e tratamentos desnecessários, com possíveis complicações associadas; ➔ Ansiedade com diagnósticos falso-positivos; “Overdiagnosis” ou Sobrediagnóstico: ➔ Detecção de doença (câncer) que poderia não trazer consequências clínicas ao longo da vida; ➔ Quando diagnosticadas, não há como distinguir aquelas que se tornarão sintomáticas; ➔ Custos, riscos, procedimentos desnecessários. ➔ “Overtreating” Incidência: ➔ Infrequente antes dos 40 anos de idade, aumento ~3,7casos/1000 por ano até os 80 anos; ➔ Risco ao longo da vida: 5%; ➔ 90% dos casos após os 50 anos. Fase pré-clínica: Sequência Adenoma – Carcinoma ➔ Pólipo adenomatoso Displasia de baixo grau Alto grau Câncer ➔ Tempo: 10 anos!!! Por que rastrear?? ➔ Chance de cura da doença inicial: >90% ➔ Chance de cura doença avançada: <10% ➔ Estudo 1418 pctes, 1 ou mais pólipos ressecados, seguimento 6 anos: ◆ Incidência de Ca de 88-90% menor que naqueles pctes com pólipos não ressecados; Impacto: ➔ Estima-se redução de mortalidade câncer-específica de 53%. ➔ Entre 1987 e 2010, prevenção de 250 – 500 mil casos de Ca colorretal, além de diagnóstico de estágios precoces versus avançados. Como rastrear: preferência do paciente; garantir seguimento das anormalidades!! ➔ Stool based tests: sangue oculto nas fezes (FOBT) anual, FIT – cada 1-2a ➔ Retossigmoidoscopia: a cada 5 anos ➔ Colonoscopia: a cada 10 anos. ➔ Colonografia por TC (“colonoscopia virtual”):a cada 5 anos VITÓRIA DRESCH XAVIER Quando iniciar: ➔ População geral: 45 - 50 anos – 75-85 anos (até expectativa de vida não ultrapassar 10 anos), a cada 10 anos ➔ História familiar: ◆ Familiar 1o grau com diagnóstico de Ca ou pólipo adenomatoso AG> 60a: aos 45-50 anos; ➔ Familiar de 1o grau < 60 anos ou +2 familiares de 1o grau com adenoma AG ou Ca: ◆ aos 40 anos ou 10 anos antes que o caso mais jovem; ◆ colonoscopia a cada 5 anos. ➔ História pessoal: colonoscopia 1 ano após ressecção. ➔ PAF (polineuropatia amiloidótica familiar): sigmoidoscopia ou colonoscopia anualmente, a partir dos 10-12 anos. ➔ HNPCC (Síndrome de Lynch): colonoscopia cada 1-2 anos, iniciando aos 20-25 anos ou 10 anos antes que o caso mais jovem da família. ➔ Principal fator de risco: infecção pelo HPV (16 e 18). ◆ Vacinação ➔ Por que rastrear: ◆ Identificação de lesões pré-malignas (NIC) e em fases precoces -> maior chance de cura!! ◆ Redução incidência de Ca e da mortalidade específica; ◆ RR de até 70%!!! ➔ Público-alvo: 21-25anos a 60-65... ➔ Freqüência: 3/3 anos (após dois exames normais no período de um ano); ◆ Imunocomprometido: 1/1 ano ➔ Como: Papanicolau (Citologia); ➔ Co-Teste: Papanicolau + Identificação DNA viral (HPV) ◆ Público-alvo: >30 anos; ◆ Aumento sensibilidade, menor especificidade; ◆ A cada 5 anos; ◆ Diagnóstico + precoce ● Incidência cumulativa IGUAL!! Potenciais benefícios: ➔ Diagnóstico de lesões menores: ◆ < risco de metástases linfonodais e à distância (5mm – 3 vs 15%) ◆ Cirurgias menos invasivas; menor necessidade de tto sistêmico agressivo. ➔ Dúvida: ◆ Mortalidade e “Overdiagnosis” ◆ Ansiedade, biópsias repetidas ◆ Carcinoma ductal in-situ ● Aumento de 500% no diagnóstico; Discreta redução na incidência de câncer invasivo. ➔ Impacto: ◆ 720 mulheres, MMG a cada 2 anos, 50-69 anos, por 11 anos; ◆ 204 mulheres terão resultados falso positivo novos exames; ◆ 26 serão submetidas a biópsias; ◆ 4 terão suas mamas removidas desnecessariamente; ◆ 1 morte evitada. ➔ Como rastrear: ◆ Exame clínico -> isoladamente NÃO ! ◆ Auto-exame -> isoladamente NÃO ! ◆ Mamografia ◆ Ecografia mamária: ● Sem comprovação nos estudos, inclusive paciente mamas densas ◆ Ressonância magnética: ● Mais sensível, menos específica; VITÓRIA DRESCH XAVIER ● Reservada para pacientes de alto risco, em combinação com amamografia. ➔ Quando rastrear: ◆ < 40 anos: não!! ◆ 40 – 49 anos: discutir com a paciente ● 10000 – 10 anos – 3 mortes ◆ > 50 anos: recomendado ● Sensibilidade, incidência e VPP maiores. ◆ Ministério da Saúde: 50 anos ◆ Até 75 anos ou até 10 anos expectativa de vida. ◆ Paciente com história familiar 1o grau ● Estratégia usual ● Recomenda-se início precoce se diagnóstico na pré-menopausa. ◆ História familiar ou pessoal Ca ovário/peritôneo: ● Discutir individualmente; Calculadoras de risco; ● Recomenda-se início precoce se diagnóstico na pré-menopausa. ◆ BRCA 1 e BRCA 2 ● Aconselhamento genético ● MRI + MMG anualmente ➔ PSA: ◆ Prostate Specific Antigen ◆ Câncer, Hiperplasia Beninga, infecção urinária, trauma, toque retal, ejaculação; inibidores da 5-alfa redutase. ◆ 4 - 10 mg/mL ● Alta sensibilidade, baixa especificidade ➔ Toque retal ◆ Baixa sensibilidade e baixa especificidade ◆ Não recomendado ➔ Potenciais benefícios: ◆ Redução mortalidade câncer-específica discreta; ◆ Diagnóstico em fases iniciais; ◆ 1000 homens de 55-69 anos testados 13 anos evita-se: ● 1,3 mortes, 3 diagnósticos de doença metastática. ➔ Contra: ◆ Ansiedade resultado falso positivo ◆ Biópsia: desconforto, risco de infecção ◆ Overdiagnosis ● Autópsias: 30% (50 anos); 70% (70 anos) ◆ Complicações do tratamento: disfunção erétil, incontinência urinária, sintoma vesicais/intestinais. ◆ Prostatectomia ● 1 em 5 desenvolvem incontinência ● 2 em 3 disfunção erétil ◆ Acima dos 70 anos: maior chance de falso positivo, mais complicações da biópsia e do tratamento ➔ Decisão conjunta médico/paciente ◆ Maior chance é de morrer de outra causa ◆ Redução discreta de mortalidade por câncer de próstata ◆ Riscos inerentes aos procedimentos diagnósticos ◆ Riscos inerentes ao tratamento ◆ Maior chance de diagnóstico do câncer ◆ Não há como saber hoje, com certeza, qual paciente mais se beneficia do tratamento ou em qual paciente a doença causará sintomas. ● Gleason, PSA ➔ Quando e quem: ◆ 55-69 anos; ◆ Negros, HF 1o grau (<65 anos), BRCA 1 e 2 ◆ Avaliar comorbidades ➔ Frequência: ◆ Cada 1 – 2 anos. ➔ Biópsia excisional (remove todo o tumor) com 1 a 3 mm de margens ou incisional (remove parte parcial do tumor) VITÓRIA DRESCH XAVIER ➔ Biópsias de raspagem aceitáveis se a suspeita de malignidade é baixa, porém devem ser profundas e incluir gordura subcutânea. Evitar cauterização. ➔ Quando iniciar: ◆ Nas consultas de rotina. Alerta!!! ➔ Lesão nova ou antiga em crescimentos; ➔ Ferida sem cicatrização por mais de 3 meses. ➔ ABCDE (Assimetria, Bordas irregulares, Coloração (benignas são claras ou escuro uniforme), Diâmetro > 6mm, Evolução (alteração tamanho, forma, cor, elevação, dor, sangramento, espessamento e coceira). ➔ Quando iniciar e quem deverá realizar: ◆ Discutir com médico prós e contras, em centro com experiência no diagnóstico e tratamento; ◆ A partir dos 55 anos ◆ Tabagistas (30maços/ano) ou ex-tabagistas (cessado uso nos últimos 15anos) ➔ Como: Tomografia helicoidal de baixa dose ➔ “RX check-up” + citologia escarro NÃO! ➔ Futuro: Detecção de DNA tumoral circulante -> Biópsia líquida!! Os marcadores tumorais são proteínas ou outras substâncias produzidas tanto por células normais quanto por células cancerígenas, mas em quantidades maiores pelas células cancerígenas: - CEA: (Antígeno carcinoembrionário), câncer colorretal e alguns outros tipos de câncer. Uso: monitorar a resposta ao tratamento e verificar se a doença recidiva ou se disseminou. - BRCA1 e BRCA2. Mutações nos genes. câncer de ovário e câncer de mama. Uso: determinar se o tratamento com um tipo específico de terapia-alvo é indicado. - CA-125. Câncer de ovário. Uso: diagnóstico, monitorar a resposta ao tratamento e avaliação da recidiva. - PSA (Antígeno prostático específico). Tipo de câncer: câncer de próstata. Uso: diagnóstico, monitorar a resposta ao tratamento e avaliação da recidiva.
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