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Caso clínico: Hipotireoidismo secundário Paciente do sexo feminino, 78 anos, negra, viúva, procedente de Uberaba, MG, com história de progressivo emagrecimento (não quantificado), fraqueza, adinamia, hiporexia e confusão mental, de início há 1 ano, e acentuada piora há 3 meses. Apresentava, também, redução da acuidade visual, sobretudo à esquerda, e queda generalizada dos pêlos corporais. Antecedentes relevantes: HAS com retinopatia hipertensiva. Histerectomia realizada há 30 anos. Nega etilismo, tabagismo. Nega diabetes, tireoidopatia ou doenças semelhantes na família. Exames complementares: Sódio:117,0 mmol/L (valor de referência: 135,0–148,0) Potássio de 5,1 (VR: 3,5–5,1 mmol/L) Creatinina de 2,1 mg/dL (VR: 0,7–1,3) Uréia de 72,0 mg/dL (VR: 16,0–46,0) Glicose de 57,0 mg/dL (VR: 70,0–100,0). Estudos hormonais: Estudos hormonais basais mostraram: Prolactina de 75,7 ng/mL (VR: 3,3–20,0) TSH de 0,131 mUI/mL (VR: 0,38–4,5) T4 livre de 0,59 ng/mL (VR: 0,8–2,3) FSH de 3,19 mUI/mL (VR: maior que 20,0) LH de 0,79 mUI/mL (VR: maior que 15,0) Cortisol de 4,2 µg/dL (VR: 5,0–25,0). Exame de imagem Diagnóstico: Ficou, então, definido o diagnóstico de aneurisma de carótida interna esquerda, causando pan-hipopitutarismo. Foi iniciada reposição hormonal com glicocorticóide e levotiroxina, após a qual houve melhora acentuada do quadro clínico. No momento da alta hospitalar, apresentava-se em bom estado geral e com dosagens de sódio de 139,0 mmol/L; potássio de 4,3 mmol/L; creatinina de 1,6 mg/dL; uréia de 56,0 mg/dL e glicose de 69,0 mg/dL. Nesse corte axial, dá para ver que a artéria carótida interna e a sela turca são bem próximas e que o aneurisma gigante poderia comprimir facilmente a glândula hipófise Conceito de Hipotireoidismo: Redução da função hormônios tireoidianos Conceito de Hipotireoidismo Secundário: Redução da função hormônios tireoidianos, causado pela menor produção de TSH na hipófise - pequena prevalência, se comparado com hipotireoidismo primário. Hipotireoidismo secundário e terciário geralmente ocorrem juntos = HC (hipotireoidismo central) O HC pode ser a consequência de vários distúrbios que afetam a hipófise ou o hipotálamo, mas afeta mais freqüentemente ambos. Em contraste com o hipotireoidismo primário, o HC é mais frequentemente caracterizado por níveis baixos / normais de TSH, e a reposição adequada do hormônio tireoidiano está associada à supressão da secreção residual de TSH. Assim, o HC muitas vezes representa um desafio clínico porque os médicos não podem confiar no uso sistemático da "estratégia de TSH reflexo". O manejo clínico da HC é ainda mais complicado pela frequente combinação com outras deficiências hipofisárias e sua substituição. Fisiopatologia No hipotireoidismo secundário a causa consiste em um distúrbio exclusivamente hipofisário. Ocorre destruição dos tireotrofos hipofisários, devido a algumas causas q vamos citar posteriormente. Raramente ocorre mutação da subunidade beta-TSH ou receptores) . o TSH então fica baixo juntamente com os hormônios T3 e T4. A tireóide sofre atrofia devido à ausência de estímulo de TSH. Etiologias Tumoral: Adenoma hipofisário, craniofaringioma, maningioma, metástase. Trauma: Cirurgia, radioterapia, TCE. Infecciosa: Abscesso, tuberculose, sífilis e toxoplasmose. Inflamatória: Hipofisite linfocitária crônica. Vascular: Síndrome de Sheehan, apoplexia hipifisária, aneurisma de carótida interna. Medicamentosa: Corticóides. Congênita: Hipoplasia hipofisária, encefalocele basal. Exames laboratoriais O diagnóstico de hipotireoidismo é estabelecido com dados da história do paciente e exame físico, associado à avaliação hormonal (TSH e T4 livre), a qual é imprescindível para a confirmação do diagnóstico. Para diagnóstico de hipotireoidismo central, o nível do TSH não é confiável para avaliação da função tireoidiana. O T4 livre deve ser dosado, e um nível baixo ou normal pode confirmar o diagnóstico. O TSH nesses pacientes pode ser baixo, normal ou mesmo um pouco elevado. Tiroxina sérica (T4) Livre → baixo Hormônio estimulante da tireóide (TSH) → baixo ou normal O tratamento do hipotireoidismo central é feito por meio da reposição do hormônio tireoidiano (levotiroxina) Referências BORGES, Fabiano Zaidan et al . Aneurisma gigante de carótida interna simulando macroadenoma de hipófise. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo , v. 50, n. 3, p. 558- 563, Jun 2006 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004- 27302006000300020&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 23 Nov. 2020. https://doi.org/10.1590/S0004-27302006000300020. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Robbins & Cotran - Bases Patológicas das Doenças - 9ª edição, 2016. Fochesatto Filho L, Barros E. Medicina Interna na Prática Clínica. Porto Alegre: Artmed; 2013. PROTOCOLO DE HIPOTIREOIDISMO (NO ADULTO) - UFSC, 2015. https://doi.org/10.1590/S0004-27302006000300020
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