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Thalita Maria C. C. Garonci APG – CANCER DE PULMAO 1 ETIOLOGIA • A maioria dos cânceres pulmonares está associada ao tabagismo. • Exposições industriais como asbestos, arsênico, cromo, urânio, níquel, cloreto de vinila e gás mostarda podem levar ao desenvolvimento da doença. Qualquer um desses agentes associados ao tabaco pode aumentar o risco em 10x. • A poluição do ar é uma agravante para os fumantes; a exposição crônica causa irritação dos pulmões e inflamação. O principal gás associado a causa é o gás radônio. • As células epiteliais respiratórias necessitam de exposição prolongada às substâncias desencadeadoras de câncer e acúmulo de múltiplas mutações genéticas antes de se tornarem neoplásicas. • As mutações secundárias ou adicionais nos genes que estimulam o crescimento celular (K-ras, MYC) causam anormalidades na sinalização de receptores de fator de crescimento (EGFR, HER2/neu) e inibem a apoptose e podem contribuir para a proliferação descontrolada de células anormais. • Além disso, mutações que inibem os genes supressores de tumores (p. ex., p53, APC) podem provocar câncer. Outras mutações que podem ser responsáveis incluem a translocação EML-4-ALK e as mutações no ROS-1, BRAF e PI3KCA. 2 EPIDEMIOLOGIA • Estimativas de novos casos: 30.200, sendo 17.760 homens e 12.440 mulheres (2020 - INCA). • A última estimativa mundial (2012) apontou incidência de 1,8 milhão de casos novos, sendo 1,24 milhão em homens e 583 mil em mulheres. • O câncer de pulmão nas diversas regiões do Brasil apresenta incidência e mortalidade semelhantes, com exceção da Região Sul, onde são significativamente superiores. • A taxa de incidência vem diminuindo desde meados da década de 1980 entre homens e desde meados dos anos 2000 entre as mulheres. Essa diferença deve-se aos padrões de adesão e cessação do tabagismo constatados nos diferentes sexos. • A taxa de sobrevida relativa em cinco anos para câncer de pulmão é de 18% (15% para homens e 21% para mulheres). Apenas 16% dos cânceres são diagnosticados em estágio inicial (câncer localizado), para o qual a taxa de sobrevida de cinco anos é de 56%. Thalita Maria C. C. Garonci 3 CLASSIFICAÇÃO 3.1 CARCINOMA ESCAMOSO • são massas, trabéculas e pequenos aglomerados de células escamosas. • Normalmente são precedidos de metaplasia escamosa ou displasia do epitélio brônquico; as lesões são assintomáticas e não detectável em radiografias. • As células atípicas são identificadas em esfregaço citológicos do escarro. • O citoplasma é abundante e eosinófilo. • Os núcleos podem ser uniformes, polimorfos ou gigantes. • É critério essencial para a inclusão nesse grupo a presença de pérolas córneas, células queratinizadas isoladas, ou ainda pontes intercelulares. 3.2 CARCINOMA DE PEQUENAS CÉLULAS • mostra associação mais forte com o tabagismo e são altamente malignos. • Podem surgir nos brônquios principais ou na periferia dos pulmões; não há fase pré- invasiva conhecida. • formado por massas, ninhos, cordões e/ou infiltrados difusos de células pequenas. • Os núcleos são ovais, redondos ou fusiformes, em geral são pequenos e indistintos. • o citoplasma é escasso ou inaparente e os limites celulares são indistintos. • Para ser classificado como carcinoma de pequenas células combinado, um tumor deve conter pelo menos 10% de um dos carcinomas não de pequenas células. 3.3 ADENOCARCINOMA • é marcado por mutações com ganho de função oncogênica envolvendo componentes das vias de sinalização dos receptores do fator de crescimento. • As lesões desencadeantes, normalmente, estão localizadas mais perifericamente e tendem a ser menores. • focal ou difusamente, estrutura acinar e/ou papilar com ou sem presença de muco intra ou extracelular. • Incluem-se nessa categoria os tumores sólidos, sem estrutura glandular, mas que contem muco intracelular. • O carcinoma bronquioloalveolar é um subtipo peculiar de adenocarcinoma em que as células neoplásicas se proliferam recobrindo a estrutura alveolar preexistente (crescimento lipídico), sem Thalita Maria C. C. Garonci evidência de invasão do estroma, de vasos ou da pleura. • A variante mucinosa do carcinoma bronquioloalveolar é um tumor de baixo grau constituído por células colunares altas produtoras de mucina. • Já́ a variante não mucinosa, que pode ser bem ou moderadamente diferenciada, apresenta diferenciação como células de Clara e/ou pneumócitos do tipo II. Produz espessamento fibroelastótico de septos alveolares com maior frequência do que a mucinosa 3.4 CARCINOMA DE GRANDES CÉLULAS • É constituído por grandes células poligonais, com núcleos também grandes e/ou vesiculosos. • O citoplasma é moderadamente abundante. • As células não mostram sinais de diferenciação escamosa ou glandular. • É um diagnóstico de exclusão já que não expressa os marcadores associados ao adenocarcinoma e o carcinoma de células escamosas. • O carcinoma neuroendócrino é uma variante, pois apresenta características moleculares similares aquelas que caracterizam as de células pequenas, mas é composto por células tumorais grandes. 4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Cerca de 15% dos pacientes nos quais o câncer de pulmão é diagnosticado são inicialmente assintomáticos. • Sinais e sintomas inespecíficos incluem anorexia, perda de peso, fadiga, anemia e febre. • A maioria dos pacientes tem sinais e sintomas que são relacionados a: 4.1.1 Lesão pulmonar • Os sintomas resultantes do câncer de pulmão primário dependem da localização e do tamanho do câncer. • Podem ser secundários a crescimento brônquico ou a crescimento periférico do tumor primário. • O sintoma mais comum é a tosse e ocorre na maior parte dos casos, mas também inespecífica. • Pode haver hemoptise e dispneia. • Os tumores periféricos podem ser assintomáticos, mas são frequentemente associados a sintomas de tosse e dor, devido ao envolvimento da pleura e da parede torácica. 4.1.2 Disseminação intratorácica • Os sintomas associados podem estar relacionados com a extensão direta do tumor ou metástases para linfonodos regionais. Thalita Maria C. C. Garonci • A disfagia pode ocorrer secundariamente a compressão esofágica. • Tosse associada a deglutição ou pneumonia aspirativa devem apontar para a possibilidade de uma fistula traqueoesofágica. • Rouquidão está associada a paralisia do nervo laríngeo recorrente. • Tumores apicais podem causar a síndrome de Horner, dor secundaria a destruição das costelas, atrofia da musculatura da mão e dor na distribuição das raízes nervosas de C8 T1 e T2, devido a invasão do tumor no plexo braquial. • A compressão ou invasão do tumor na veia cava pode provocar um bloqueio no ramo superior, levando a dispneia. • Outras manifestações ainda incluem:derrame pleural, derrame pericárdico e extensão cardíaca do tumor causa insuficiência cardíaca, arritmia ou tamponamento e disseminação linfática pelos pulmões. 4.1.3 Disseminação extratorácica • Metástase óssea- envolve costelas e ossos pélvicos. • Metástase hepática pode provocar dor abdominal superior direito, bem como sintomas inespecíficos, como fadiga e perda de peso. • Metástases adrenais normalmente são assintomáticas. • Pode acontecer ainda metástase cerebral e epidural. 4.1.4 Síndromes neoplásicas • Síndrome endócrinas: hipercalcemia e secreção do hormônio antidiurético e adrenocorticotrófico de modo inapropriado. • As manifestações esqueléticas incluem baqueteamento digital e osteopatia pulmonarhipertrófica. 5 DIAGNÓSTICO • É realizado por exame citológico de amostras de biópsia tecidual, escarro, lavado brônquico, escovação brônquica de lesões suspeitas, fluido lavado broncoalveolar e aspirado transbrônquico. • A citologia do escarro pode ser somente 20% sensível para lesões periféricas de pulmão, mas pode ser 80% sensível para as lesões centrais. • Radiografia: detecta nódulos pulmonares muito pequenos. • Tomografia computadorizada: utilizada para verificar se o tumor está nos linfonodos do hilo ou mediastinais, fígado e glândulas adrenais. • Tomografia por emissão de pósitrons: pode identificar áreas de aumento de metabolismo da glicose. Acentua a detecção de metástase óssea, hepática e adrenal. 6 ESTADIAMENTO • O estadiamento oncológico inclui a aplicação de um conjunto de processos diagnósticos e de conhecimentos acerca de comportamento, grau de evolução da neoplasia e Thalita Maria C. C. Garonci experiência prévia acumulada sobre seu manejo. • Objetivando indicar a modalidade atual de tratamento que seja a mais adequada, devendo-se levar em conta sintomas, estado clínico- funcional e eventuais comorbidades presentes, porém mantendo-se como foco principal a probabilidade de cura do paciente. • Os critérios utilizados no estadiamento têm sofrido modificações com o tempo, evoluindo à medida que novos progressos diagnósticos e conquistas terapêuticas vão surgindo. • A classificação envolve o T (tamanho do tumor), N (envolvimento dos linfonodos regionais) e M (presença ou ausência de metástase a distância) – para carcinoma de não pequenas células. • Para os de pequena célula, utiliza doença limitada e doença extensa. 7 TRATAMENTO • O tratamento do câncer de pulmão deve, em primeiro lugar, visar à cura do paciente acometido e, em segundo, prolongar-lhe a vida com a melhor qualidade possível. • O conhecimento da doença e o domínio das intervenções a serem utilizadas (cirurgia, radioterapia e quimioterapia), com seus rendimentos e limitações – e emprego correto em cada caso – são premissas fundamentais no manejo dessa neoplasia de morbimortalidade tão elevada. • O estado clínico do paciente, suas condições funcionais, em especial cardiorrespiratórias, o tipo histológico e a extensão do tumor são os fatores mais importantes para a tomada da decisão terapêuticas. 8 RELAÇÃO COM O CIGARRO • O tabaco possui substâncias químicas carcinogêneas, como as aminas aromáticas, nitrosaminas específicas do tabaco e hidrocarbonetos voláteis. Acredita-se que os agentes tóxicos possuem um efeito irritante na mucosa traqueobrônquica, produzindo uma inflamação e gerando aumento na produção de muco. Além disso, leucócitos são recrutados para o local da lesão devido ao aumento na produção local de elastase e lesão do tecido elástico pulmonar, evidenciando um enfisema. Podem ocorrer, também, alterações nas células pulmonares em que o epitélio brônquico se transforma em um epitélio maligno devido a ligação covalente nas regiões nucleofílicas do DNA. Thalita Maria C. C. Garonci Thalita Maria C. C. Garonci Referência Pneumologia: princípios e prática / organizador, Luiz Carlos Corrêa da Silva ; coeditores, Jorge Lima Hetzel ... [et al.]. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2012.ISBN 978-85- 363-2675-7. GOLDMAN, Lee. Câncer de pulmão e outras neoplasias pulmonares. In: GOLDMAN, Lee et al. Goldamn - Cecil Medicina. 25. ed. rev. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. v. 1 e 2, cap. 191, p. 1451-1460. ISBN 978-85-352-8994-7. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.b r/#/books/9788595150706/cfi/6/8!/4/2/ 2@0:0. Acesso em: 3 jun. 2020. RABAHI, Marcelo Fouad. Sistema Respiratório. In: PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. v. 1, cap. 38, p. 307 - 347. ISBN 9788527734714.
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