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Teoria da Literatura: Funções, Textos e Gêneros

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Gabarito das Autoatividades
TEORIA DA LITERATURA
(LETRAS)
2010/1
Módulo III
3UNIASSELVI
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GABARITO DAS AUTOATIVIDADES
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UNIDADE 1
TÓPICO 1 
1 O que significa linguagem carregada de significado?
R.: Neste caso, a linguagem carregada de significado caracteriza a linguagem 
literária, ou seja, define-se a literatura como uma arte da linguagem, 
que explora todas as potencialidades, todas as possibilidades do signo 
linguístico (das palavras), dando-lhes um valor singular e combinando-as 
criativamente. 
2 A literatura, assim como as demais manifestações artísticas, não é 
essencialmente útil. Qual é a contribuição da literatura neste sentido para o 
leitor?
R.: A literatura não é essencialmente útil, considerando-se que ela não 
transforma objetivamente o modo de vida das pessoas. Contudo, contribui 
fundamentalmente para a formação dos homens, dando-lhes modos de agir, 
retratando-os em seus desejos, angústias e prazeres, contribuindo assim 
para que o homem descubra o seu ser. 
3 Estabeleça uma relação entre o texto literário e o leitor, considerando as 
funções da literatura.
R.: Neste sentido, a literatura é um recurso que integra o imaginário de um 
imenso número de pessoas e circula por diversas manifestações culturais 
e ainda desempenha um papel importante no equilíbrio emocional do 
leitor. A literatura propicia uma reorganização das percepções do mundo 
e, desse modo, possibilita uma nova ordenação das experiências dos 
leitores. A convivência com textos literários provoca formação de novos 
padrões de desenvolvimento do senso crítico e cumpre, junto ao seu leitor, 
a representação de novas possibilidades existenciais, sociais, políticas e 
educacionais. É nessa dimensão que ela se constitui em meio emancipatório, 
que a escola e a família como instituições não podem oferecer.
TÓPICO 2 
1 A literatura se vale fundamentalmente da palavra escrita. Mas nem tudo que 
é escrito é sempre literatura!
Para a arte literária, importa a elaboração especial das palavras num texto. Por 
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isso, existe uma diferença enorme entre um texto de um manual de instruções 
e um texto literário; entre uma notícia de jornal e uma página de romance; 
entre uma receita de bolo e um poema. Leia os textos a seguir e classifique-
os como textos literários ou não literários. Justifique sua resposta. 
R.: Os dois textos são literários, pois tanto o primeiro quanto o segundo usam a 
linguagem de forma criativa. Exemplo: No texto I, “O Sorriso roubou a música 
e acabou preso no Beco da Felicidade”, as palavras são combinadas de 
forma criativa e provocam o estranhamento no leitor. No texto II, igualmente a 
linguagem é utilizada para expressar um pensamento de forma subjetiva, ou 
seja, pedra não significa um mineral, mas sim as dificuldades, os empecilhos 
da vida etc.
2 Diferencie texto literário de texto não literário.
R.: O texto literário utiliza os signos linguísticos, criando inter-relações que 
ultrapassam a materialidade do vocábulo; o texto literário é um objeto de 
linguagem ao qual se associa uma representação de realidades físicas, sociais 
e emocionais intermediadas pelas palavras da língua na configuração de um 
objeto estético; o texto literário explora fundamentalmente as potencialidades 
da palavra; o literário acontece na relação que o homem estabelece com 
o real, quando o homem dá significados ao real e manifesta realidades 
possíveis. Por outro lado, no texto não literário prevalece a objetividade, ou 
seja, a palavra é empregada no sentido denotativo, ou seja, no seu sentido 
primitivo, objetivo, aquele que o dicionário lhe dá, não corresponde ao seu 
sentido artístico.
3 Explique a ficcionalidade. 
R.: A ficcionalidade está relacionada ao fazer criativo. A ficção tem como 
característica fundamental o imaginar. O imaginar é o contraponto do formar. O 
contraponto indica a presença da tensão do limite e do ilimitado, do discurso e 
do imaginário, do homem ultrapassando as fronteiras das realidades dentro do 
real. O literário se realiza quando o imaginário irrompe em formas que o deixam 
se manifestar silenciosamente. É isto o que caracteriza fundamentalmente a 
ficção: a presença marcante e incondicional do imaginário. 
TÓPICO 3 
1 Caracterize, em poucas palavras, os gêneros épico/narrativo, lírico e 
dramático.
R.: O gênero épico/narrativo caracteriza-se pelo aspecto narrativo e pela sua 
vinculação aos fatos históricos ou às realizações humanas, revelados pelo 
artista como observador que transfigura em sua obra o mundo exterior. O 
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gênero lírico caracteriza-se basicamente por se tratar de uma manifestação do 
eu do artista (eu lírico), sendo, portanto, uma expressão da sua subjetividade, 
de seus sentimentos e emoções: o seu mundo interior. A musicalidade é uma 
característica importante do texto lírico (o que mais explora as sonoridades). 
O gênero dramático, que tem a sua manifestação mais viva no trágico e 
no cômico, procura representar o conflito dos homens e seu mundo. Ora 
apresenta heróis, seus feitos e a fatalidade que os conduz à queda; ora 
personalidades medíocres, tolas, mesquinhas, ambiciosas, cômicas ou 
ridículas: as manifestações da miséria humana.
2 Descreva o herói épico.
R.: Os heróis épicos são sempre seres excepcionais, que se destacam 
por sua nobreza ou por sua excelência nos combates, assim como por 
sua astúcia, religiosidade ou beleza. Eles representam os arquétipos da 
imaginação humana, daí serem idealizados e dotados de forças e de virtudes 
excepcionais. 
3 Considerando os gêneros literários, o que diferencia fundamentalmente um 
poema épico de um poema lírico?
R.: Primeiramente, poema épico e poema lírico não podem ser diferenciados 
pela forma, mas sim pelo conteúdo expresso. O poema épico se caracteriza 
pelo aspecto narrativo e pela sua vinculação aos fatos históricos ou às 
realizações humanas, revelados pelo artista como observador que transfigura 
em sua obra o mundo exterior. Já o poema lírico é uma manifestação do eu 
do artista (eu lírico), sendo, portanto, uma expressão da sua subjetividade, 
de seus sentimentos e emoções: o seu mundo interior.
UNIDADE 2
TÓPICO 1 
1 Diferencie e caracterize poesia, prosa, poema, prosa poética.
R.: Poesia é a qualidade particular de tudo o que toca o espírito, provocando 
emoção e prazer estético. Já o poema é a forma, caracterizado por sua métrica 
(número determinado de sílabas métricas), pelo seu ritmo (cadência) e pela 
rima (repetição de uma mesma sonoridade). Poesia vem do grego poíesis, 
o ato de fazer, criar alguma coisa, distingue-se da prosa tecnicamente pela 
forma, ou seja, pela disposição do texto no papel (em forma de poema) e pelo 
conteúdo intrínseco - apresenta um mundo interior ou subjetivo (o mundo 
exterior é apresentado pelos olhos do poeta), centrado em torno do “eu”, no 
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qual predomina a função emotiva da linguagem e fortemente marcada pela 
sonoridade. Prosa poética, por sua vez, é a consolidação do poema em prosa, 
com os recursos de linguagem poética, mas sem as técnicas tradicionais da 
versificação.
2 Considerando o conteúdo dos poemas a seguir, classifique os textos de 
acordo com os gêneros poéticos (lírico, dramático, épico, satírico, pastoral, 
didático, metalinguístico). Justifique sua resposta.
R.: O texto 01 é metalinguístico, pois trata do fazer poético. O texto 02 é 
lírico, pois o poeta fala de si próprio, exprimindo sentimentos íntimos. A poesia 
lírica tem como característica a subjetividade, expressa por um eu lírico, ou 
seja, manifestação do EU do artista, de seus sentimentos e emoções, o seu 
mundo interior. É o “eu” que fala na poesia.
TÓPICO 2 
1 Caracterize a principal forma poética do soneto.R.: O soneto é uma composição poética de forma fixa, com 14 versos divididos 
em duas estrofes de quatro versos (quartetos) e duas de três versos (tercetos). 
As primeiras duas estrofes apresentam o desenvolvimento do tema e as duas 
últimas, sua conclusão. Os clássicos deram preferência ao decassílabo, os 
parnasianos empregavam também o alexandrino. O último verso de um soneto 
(a “chave de ouro”) geralmente resume a impressão do conjunto ou destaca 
um detalhe de contraste, criando um efeito de surpresa.
2 Faça a escansão do poema de Vinicius de Moraes e determine o ritmo 
dos versos.
R.: 
Soneto do amor total
A /mo- /te/ tan/ to,/ meu/ a/ mor... /não/ can/ te 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
O hu/ ma/ no/ co/ ra/ ção/ com/ mais/ ver/ da/ de... 
A/ mo-/ te/ co/ mo a/ mi/ go e/ co/ mo a/ man/ te 
Nu/ ma/ sem/ pre/ di/ ver/ sa/ re a/ li/ da/ de. 
 
A/ mo-/ te a/ fim/, de um/ cal/ mo a/ mor/ pres/ tan/ te 
E/ te a/ mo a/ lém,/ pre/ sen/ te/ na/ sau/ da/ de 
A/ mo-/ te, en/ fim,/ com/ gran/ de/ li/ ber/ da/ de 
Den/ tro/ da e/ ter/ ni/ da/ de e a/ ca/ da ins/ tan/ te.
A/ mo-/ te/ co/ mo um/ bi/ cho,/ sim/ ples/ men/ te 
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De um/ a/ mor/ sem/ mis/ té/ rio e/ sem/ vir/ tu/ de 
Com um/ de/ se/ jo/ ma/ ci/ ço e/ per/ ma/ nen/ te. 
E/ de/ te a/ mar/ a/ ssim,/ mui/ to e a/ mi/ ú/ de 
É/ que um/ di/ a em/ teu/ cor/ po/ de/ re/ pen/ te 
Hei/ de/ mo/ rrer/ de a/ mar/ mais/ do/ que/ pu/ de. 
Todos os versos são decassílabos e o ritmo é 6-10 (a 6ª e a 10ª sílabas são 
acentuadas na entonação).
3 Determine o esquema de rimas do poema Soneto de separação, de Vinicius 
de Moraes, e classifique as rimas quanto à sua disposição.
R.: 
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto 
Silencioso e branco como a bruma 
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
A
B
B
A
Rimas opostas 
ou interpoladas 
De repente da calma fez-se o vento 
Que dos olhos desfez a última chama 
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
C
D
C
D
Rimas
alternadas
De repente, não mais que de repente 
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente. 
E
F
E
Rimas 
misturadas 
(Obs.: Neste 
caso, os dois 
tercetos são 
analisados em 
conjunto)
Fez-se do amigo próximo o distante 
Fez-se da vida uma aventura errante 
De repente, não mais que de repente.
F
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UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 Diferencie conto popular ou maravilhoso de conto literário ou erudito.
R.: O conto popular ou maravilhoso documenta usos, costumes, fórmulas 
jurídicas, folclore etc. Reflete as inclinações do ser humano para o 
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maravilhoso, visto como natural, para a bondade, a justiça, a verdade, 
a beleza física e espiritual, o amor romanticamente vivido. Expressão da 
psicologia coletiva, tem como disposição mental a moral natural: as coisas 
se passam como nós gostaríamos que se passassem, sempre com o triunfo 
do bem sobre o mal. O julgamento moral da massa popular é absoluto, porque 
é sentimental, em contraste com o mundo da realidade, que é trágico, porque 
o que deveria ser geralmente não é. Sob a denominação de conto popular, 
conto de fadas ou conto da carochinha, agrupam-se inúmeras narrativas 
de temas e motivos os mais variados e não têm autor conhecido. Por outro 
lado, o conto erudito é produzido por um autor historicamente conhecido e 
se refere a um episódio da vida real, não verdadeiro, porque é ficção, mas 
verossímil, ou seja, o fato narrado não aconteceu no mundo físico, mas 
poderia acontecer.
2 Quanto à estrutura, o que diferencia o romance do conto literário?
R.: Define-se romance como uma narrativa longa e complexa, que, 
geralmente, foca não só um acontecimento, como as personagens que o 
vivem, criando uma atmosfera densa, que aproxima a ficção do acontecer 
quotidiano. Com intriga extensa e complexa (várias ações relativamente 
simultâneas e que são mais ou menos importantes para o desenrolar da 
ação) e total liberdade de espaço (embora as diferentes ações possam 
requerer espaços mais ou menos restritos). Além disso, há total liberdade 
de tempo (tempo cronológico e psicológico). Apresenta um grande número 
de personagens, sendo que as principais apresentam uma caracterização 
complexa (profundidade e evolução psicológica). O diálogo, a narração e a 
descrição são igualmente importantes. 
Já o conto distingue-se do romance por ser uma narrativa curta. Ele possui 
todos os ingredientes do romance, mas em dose diminuta. O foco narrativo 
geralmente é único: centrado ou no narrador onisciente ou numa personagem. 
A ação é reduzida apenas a um episódio de vida. As personagens são 
pouquíssimas, três na maioria dos casos, constituindo o famoso triângulo 
amoroso. A categoria do espaço está reduzida a um ou dois ambientes. O 
tempo da ação também é muito limitado. As descrições e reflexões, quando 
existem, são muito rápidas. A diminuição dos elementos estruturais confere 
ao conto uma grande densidade dramática. Enquanto no romance o conteúdo 
textual encontra-se diluído na multiplicidade de ações, personagens, espaços, 
tempos, descrições, reflexões, no conto temos uma condensação do sentido 
que se revela ao leitor de uma forma mais rápida e surpreendente.
3 Diferencie romance e novela.
R.: O romance é uma narrativa de estrutura fechada: a história tem começo, 
meio e fim bem definidos e se passa ao redor de um protagonista, sendo que 
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as demais personagens vivem apenas em função da caracterização dessa 
personagem principal. Por outro lado, a ação da novela não está centrada 
sobre uma única história ficcional. Seu enredo é composto por uma pluralidade 
de histórias encaixadas. Trata-se de uma narrativa de estrutura aberta, na 
qual é sempre possível acrescentar mais um episódio, fazer intervir mais 
uma personagem, deslocar a ação num outro espaço e num outro tempo. 
Além disso, o romance está voltado mais para o real, a novela se refugia no 
mundo da fantasia, não levando em conta o princípio da verossimilhança. No 
universo novelístico, as ações acontecem em conformidade com a psicologia 
do inconsciente coletivo: a beleza triunfa sobre a feiura, o amor sobre o ódio, 
a verdade sobre a mentira, enfim, o bem sobre o mal. A vida é idealizada nos 
moldes da literatura de massa.
TÓPICO 2 
1 Determine as cinco fases fundamentais da intriga (estado inicial, intervenção 
de uma força transformadora, momento central da ação, intervenção de uma 
segunda força e desfecho) que podem ser localizadas no texto a seguir.
R.:
1 Estado inicial – nesta narrativa não há um estado inicial expresso, pois o 
conto inicia com uma ação já desequilibrada. Porém, esta situação pode ser 
imaginada como sendo anterior às ações descritas no texto.
2 Intervenção de uma força transformadora – é o momento em que 
a personagem (o homem), por ciúmes da mulher, faz com que esta se 
transforme.
3 Momento central da ação - é a aceitação, passiva, das condições impostas 
pelo homem (marido) à mulher (do início do texto até o final do terceiro 
parágrafo).
4 Intervenção de uma segunda força – caracteriza-se pela “fina saudade, 
porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas 
do desejo inflamado que tivera por ela” e a tentativa de reverter a situação. 
5 Estado final ou desfecho – neste caso, não se restabelece o equilíbrio 
e o dano causado recai em forma de castigo sobre o agressor, uma vez 
que a personagem mulher “tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem 
pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido numa gaveta, esqueceu o 
batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa 
desbotava sobre a cômoda”.
2 No texto da questão anterior, temos duas personagens centrais. Caracterize 
as personagens (indivíduo, tipo ou caricatural)e classifique-as quanto à sua 
evolução (planas ou esféricas). 
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R.: As duas personagens são personagens indivíduo, pois possuem 
características marcantes que acentuam a sua individualidade. Já em relação 
à evolução, o homem (marido) é esférico (evolui no decorrer da narrativa, 
surpreende, é imprevisível nas suas decisões). A mulher (esposa), por sua 
vez, é plana, pois suas características não se modificam no decorrer da 
narrativa.
3 Identifique e explique o foco narrativo (narrador interno, externo ou 
onisciente) do texto da questão 1.
R.: O narrador é externo (narração em 3ª pessoa) e onisciente (sabe, revela 
o interior das personagens, seus pensamentos e sentimentos).

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