Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Maressa Borges @maressaaborges A Toxicologia Social é uma área da toxicologia que estuda os efeitos nocivos decorrentes do uso não médico e nem terapêutico de fármacos ou drogas, causando danos não somente ao indivíduo, mas também à sociedade. Os fármacos que causam dependência são classificados em: Opiáceos: heroína, morfina, codeína; Estimulantes: cocaína, anfetamina, cafeína: Depressores do SNC: barbitúricos, benzodiazepínicos, etanol e inalantes: Tabaco: nicotina: Cannabis: Δ9-THC: Psicodélicos (alucinógenos): LSD, psilocibina, mescalina. Os termos psicotrópicos e substâncias psicoativas, etimologicamente significam que agem no SNC; A característica em comum entre essas substâncias é o fato de todas apresentarem um potencial para induzir dependência. A abstinência não deve ser con fundida com o comportamento de dependência, pois são fenômenos independentes Os termos “dependência física” e “dependência psíquica” são inadequados para expressar o mecanismo envolvido É possível ser dependente sem haver síndrome de abstinência e vice-versa; O cérebro e outros tecidos adaptam –se à presença continuada da droga ou fármaco, mobilizando progressivamente processos fisiológicos opostos às alterações causadas por elas, de forma a contrabalançar o efeito contra adaptação às ações antagonistas de drogas ou fármacos Alterações que tendem a compensar o efeito do fármaco e produzir um estado funcional aparentemente normal durante a presença do mesmo; Quando um fármaco é retirado, essas alterações causam uma hiperexcitabilidade (de rebote), pois já não são mais equilibrad as pelo efeito do fármaco. Maressa Borges @maressaaborges A excitabilidade constitui uma síndrome de abstinência, que pode variar desde sonolência, tremores e irritabilidade até alucinações e convulsões tônico-clônicas As características particulares da síndrome de abstinência dependem das mudanças adaptativas induzidas pela droga ou fármaco A intensidade da reação de abstinência tem relação com o curso temporal da ação de droga ou fármaco; A tolerância e a síndrome de abstinência são fenômenos resultantes de adaptações fisiológicas reversíveis, ocorrendo como uma consequência natural da exposição a um fármaco/ droga e que não implicam dependência O termo “dependência” é definido como uma síndrome comportamental, caracterizada pela perda de controle (compulsão) sobre o consumo do fármaco/ droga Essa dependência produz alterações em sistemas neuronais específicos, porém, são mais persistentes e na maioria irreversíveis. Nem todo usuário de fármaco se torna dependente Quanto maior a disponibilidade, maior o grau de dependência do indivíduo Sistema mesolímbico dopaminérgico foi identificado como um componente chave para o circuito de recompensa; Essa via inclui neurônios dopaminérgicos na área tegmental ventral (ATV) com projeções especilamente no núcleo acubens (NAc ), mas também na amígdala, hipocampo, córtex frontal e pallidum ventral; As estruturas que se projetam ao NAc formam o núcleo central do sistema recompensa. Estimulação elétrica e recompenas naturais convergem para um circuito comum no sistema límbico cerebral, produzindo a li beração de dopamina (DA) no NAc; Devido à recompensa, os efeitos de drogas/fármacos pod em funcionar como reforçadores, ou seja, motivar por si mesmo um comportamento de autoadministração desses produtos; As drogas ou fármacos de abuso diferem dos reforçadores convencionais; Seus efeitos estimulantes sobre a liberação de DA n o NAc são significativamente maiores do que os reforçadores naturais. O sistema mesolímbico dopaminérgico reforça o comportamento e sinais associados com os estímuos cruciais para a sobrevivência (ex: alimentação e reprodução); Maressa Borges @maressaaborges O comportamento de consumir fármacos/drogas e o estímulos associados, ficam registrados no cérebro como importância crucial. A estimulação repetida e profunda da transmissão de dopamina induzida por drogas/fármacos de abuso reforçam anormalmente as associações estímulo- droga/fármaco; Estimulantes aumentam diretamente a transmissão dopaminérgica no NAc; A cocaína inibe a recaptura de DA, o que prolonga os efeitos da DA liberada e anfetamina, e aumenta s ua liberação no terminal sináptico; Opiáceos inibem os interneurônios GABérgicos na ATV, que expressam receptores opióides µ qu e, por sua vez, desinibem os neurônios dopaminérgicos na ATV Dessa forma, aumentam indiretamente a liberação de DA no NAc. Opiáceos também estimulam diretamente os receptores opióides expressos pelo NAc, produzindo recompensa de uma maneira independente de dopamina. A nicotina ativa diretamente os receptores colinérgicos nicotínicos na ATV, causando a liberação de dopamina. O etanol, estimulando a função do receptor GABAA, pode inibir os terminais GABAérgicos na ATV e, assim, desinibir os neurônios dopaminérgicos na ATV; Os mecanismos para os canabióides envolvem a ativação dos receptores CBI nas terminações GABAérgicas e glutamatérgicas no NAc e nos próprios neurônios do NAc; É a capacidade de um f ármaco g erar a auto-administração repetida sem a necessidade de outros mecanismos externos de indução; Os fármacos que produzem efeitos gratificantes de maneira mais rápida e intensa são maiores reforçadores, pois estimulam uma auto-administração repetida. Quanto maior a capacidade de reforço de um fármaco, maior a probabilidade dele ser auto administrativo e induzir a dependência. A heroína, cocaína, morfina e nicotina são os fármacos com maior potencial de reforço, seguido pela anfetamina, etanol, solventes e barbitúricos; Quanto mais rapidamente um fármaco produzir os seus efeitos reforçadores, maiores são as chances de originar um comportamento de consumo repetido comparado a um outro fármaco que apresente um início lento de ação; Maressa Borges @maressaaborges Potencial de ação secundário Fatores independentes da ação farmacológica que são observados exclusivamente na auto administração por seres humanos No reforço positivo, o organismo age para obter diretamente uma recompensa, ou seja, uma busca por sensações prazerosas. No reforço negativo, o organismo age para evitar um mal-estar ou estados desagradáveis. O comportamento de dependência é mantido pelo desejo de evitar a síndrome de abstinência. Fármacos administrados por via intravenosa, atinge o cérebro com mais Rapidez por ser injetado diretamente na circulação sanguinea. Fármacos administrados por via pulmonar são inalados diretamente para os pulmões, alcançando facilmente a circulação e o cérebro O efeito do fármaco quando administrado por via intranasal é menos intenso que as outras vias devido à etapa de absorção nas mucosas nasais antes de atingir a corrente sanguinea. A via oral é a mais lenta de todas, pois o fármaco começa a ser biotransformado pelas enzimas no estômago, intestinoe fígado antes de ser absorvido Tolerância inata ou natural: sensibilidade determinada geneticamente a um fármaco/droga que é observada a primeira vez que o mesmo é administrado; Tolerância farmacodinâmica: é a necessidade de doses maiores de fármacos/drogas no sítio de ação para obtenção de efeitos de mesma intensidade e duração que os obtidos originalmente devido às alterações adaptativas dos sistemas afetados por esses agentes Tolerância farmacodinâmica aguda ou taquifilaxia: é a que se desenvolve rapidament e com doses rep etidas em uma únic a ocasião; Tolerância metabólica, farmacocinética ou disposicional: resulta de alterações nas propriedades farmacocinéticas do agente, no organismo, após administração repetida, de forma que apenas concentrações reduzidas estão presentes no sangue e, subsequentemente, nos sítios de ação; Como consequência, torna-se necessário administrar uma dose maior para mantes a concentração eficaz de droga no sangue e cérebro pelo mesmo período de tempo Maressa Borges @maressaaborges Tolerância reversa ou sensibilização: é o aumento da resposta ao efeito de um fármaco/droga após administração repetida ao mesmo; A administração intermitente e repetida de substâncias estimulantes psicomotoras produz um incremento progressivo em seus e feitos ativadores psicomotores Tolerância cruzada: fenômeno em que um indivíduo tolerante a um determinado fármaco/droga exibe tolerância a outro; Pode ser farmacodinâmica ou metabólica: Se dois fármacos causam efeitos farmacológicos devido a mecanismos similares, as possíveis alterações adaptativas que surgem do uso de um deles, também irá conferir tolerância ao outro. Já a metabólica, a indução por um fármaco aumenta a velocidade de biotransformação de uma série de substâncias que nunca haviam sido Administradas. Tolerância condicionada ou ambiente-específica: mecanismo que se desenvolve se o fármaco/droga é sempre administrado na presença de um estímulo ambiental específico. Esses estímulos sinalizam a presença do fármaco/droga e as adaptações fisiológicas no organismo do usuário começam a ocorrer mesmo antes da substância alcaçar o seu sítio de ação Princípio de Pavlov: uma tolerância ao fármaco/droga nas circunstâncias onde a substância é esperada. Quando a mesma é recebida em uma situação “i nesperada”, a tolerância é r eduzida e os efeitos aumentados. As anormalidades caracterizadas pela dependência desenvolvem-se gradual e progressivamente durante o decurso de exposições repetidas a uma droga/fármaco de abuso, e podem persistir por meses ou anos após a descontinuação do uso; A exposição repetida de droga/fármaco de abuso altera a quantidade e mesmos tipos de genes expressos em determinadas regiões do cérebro, com consequentes mudanças nas proteínas sintetizadas; Quando essas proteínas afetam a função dos neurônios, essas modificações se manifestam em alterações de comportamento de um indivíduo. A transcrição e expressão de genes nos neurônios são regulados por muitos fatores de transcrição, que são proteínas nucleares que se ligam a regiões de certos genes para aumentar ou diminuir sua expressão; Os genes CREB e ΔFosB estão particularmente implicados na dependência. Maressa Borges @maressaaborges É um fator de transcrição que se liga a uma região CRE (elemento de resposta ao AMPc) no DNA, promovendo aumento ou diminuição na velocidade de algumas transcrições gênicas; célula; menssageiro (AMPc ou Ca+); proteína quinase; núcleo da célula, ond e ativa a proteína CREB por fosforilação; sítios CRE e interage com a proteína CBP; transcrição basal A administração de fármacos/drogas de abuso estimua a via do AMPc, que ativa a CREB no NAc; Os efeitos dessa estimulação são mediados parcialmente pelo peptídeo opióde dinorfina, que é expresso no NAc. A dinorfina diminui a liberação de dopamina no NAc, causando disforia; A ativação da CREB induzida pelo fármaco/droga no NAc representa uma adaptação homeostática negativa, onde há uma diminuição da sensibilidade individual a uma subsequente exposição à substância. A regulação da via do AMPc, CREB e dinorfina são relativamente de curta duração e revertem ao normal dentro de dias ou uma semana após a interrupção de uso do fármaco/droga; Essas alterações contribuem com o estado emocional negativo durante a primeira fase de abstinência. A administração aguda de alguns tipos de fármacos/drogas de abuso causam uma rápida indução de vários membros da família Fos no NAc; Essa indução é temporária (4 a 12h) após a administração da droga/fármaco, devido à instabilidade dessas proteínas e seus RNAsm. As isoformas de FosB começam a se acumular com repetidas exposições à droga/fármaco devido à sua alta estabilidade; A FosB persiste no cérebro por longo período de tempo.
Compartilhar