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Rafaela Pires Kuwer MANUTENÇÃO DA VIDA (metabolismo intermediário reações para prover energia, formação tecidual e síntese de secreções) NUTRIENTES ESSENCIAIS (açúcares, aminoácidos, ácidos graxos) PROCESSOS CORPÓREOS Alimentação: necessidade básica para a manutenção da vida Falta de comida por um período de tempo leva a um desdobramento e metabolização dos tecidos orgânicos, e por fim, leva a morte Tubo digestivo: canal que se estende da boca ao ânus Introdução Alimento ingerido em um estado apropriado para o aproveitamento dos nutrientes DIGESTÃO processo de quebra de nutrientes complexos em moléculas simples ABSORÇÃO processo de transportar as moléculas simples através do epitélio intestinal para a corrente sanguínea Assimilação dos nutrientes: (digestão + absorção) – Absorção não ocorre se o alimento não for digerido Digestão é inútil se os nutrientes digeridos não puderem ser absorvidos Tipos de digestão: Mecânica (mastigação ou trituração) o Aves (Moela) Enzimática (início na boca e término no intest. delgado) o Aves (Papo) Microbiana (cecos) Estrutura do sistema digestório Classificação dos animais (dieta) o Carnívoros: matéria animal o Herbívoros: matéria vegetal o Onívoros: matéria animal e vegetal Diversidade da dieta desenvolvimento diferenciado do sistema digestório Boca Dentes Língua Faringe Esôfago Estômago Intestino Delgado Intestino Grosso Órgãos acessórios: glândulas salivares Fígado Pâncreas Classificação do sistema digestório quanto a fisiologia Monogástricos: estômago simples, não-ruminante: suíno,cão, gato, equino, coelho, aves. o Fermentador caudal (pós-gástrico): grande e complexo intestino grosso adaptado para fermentação o Grande órgão de fermentação trânsito retardado tempo necessário para fermentação (celulose) Ruminante: estômago com multi-compartimentos (fermentação); bovino, ovino, caprino, veado – (Retículo, Rúmen, Omaso e Abomaso) Digestão Processos físicos e químicos, de forma que as unidades estruturais e componentes químicos simples possam atravessar a barreira intestinal. Absorção: processo de cruzar o epitélio intestinal e penetrar a corrente sanguínea. Trato digestivo Os animais são classificados de acordo com a sua dieta em: carnívoros, herbívoros e onívoros. A diversidade da dieta provocou o desenvolvimento diferenciado de várias partes do sistema digestivo. Ex.: Cão – possui ceco insignificante, pois necessita de uma mínima fermentação microbiana Cavalo – ceco volumoso para facilitar a digestão de material vegetal por fermentação microbiana Porco – onívoro, possui não somente um intestino delgado relativamente longo para digestão e absorção de materiais que não necessitam de fermentação, como também um ceco desenvolvido onde a fermentação da porção fibrosa da dieta ocorre Porções do trato: boca, língua, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus Fígado, pâncreas e glândulas salivares são considerados órgãos acessórios ao trato digestivo. Geralmente o trato digestivo das diferentes espécies tem as mesmas porções mas o tamanho e a função das porções difere de uma espécie para a outra de acordo com a sua dieta. Sistema digestório das aves Funções motoras: secreção, digestão e absorção Não possuem dentes: moela e bico (quebra mecânica) Esôfago (diâmetro mais largo): Comida não mastigada Glândulas mucosas abundantes Boca Porção mais cranial do T.D. Denominada cavidade oral Inicia o processo de redução das partículas e faz a mistura nas mesmas com a saliva. Cavidade oral Preensão: lábio superior altamente móvel - grãos em cochos. Pastejo direcionam os lábios para trás. Os dentes incisivos cortam as gramíneas Bovinos: língua (órgão preensor) Cães e gatos: líquido - língua - extremidade final é contraída para formar uma concha Aves: preenche o bico com água e ergue a cabeça -> gravidade Mastigação Redução no tamanho das partículas o Herbívoros = dieta fibrosa = requer mais mastigação o Aumento da área de superfície do alimento para a degradação química e microbiológica o Aves = moela Saliva (facilitar a deglutição) Movimento do alimento para dentro do esôfago (língua) Deglutição: inicia-se como uma atividade voluntária e é seguida por atividade reflexa Papilas gustativas Reconhecimento do sabor das diferentes substâncias Discriminação = alimento natural = distinção entre alimentos danosos e adequados Dentes Reduzem mecanicamente o tamanho das partículas alimentares 4 tipos de dentes são classificados de acordo com a posição e função: o Incisivos: usados para cortar, são chamados de pinças. o Caninos: também conhecidos como presas. São usados para rasgar e separar as massas alimentares. o Pré-molares: localizados caudalmente aos caninos, função principal de triturar. o Molares: caudalmente aos pré-molares, função também de triturar. Língua Usada para movimentar o alimento dentro da boca. Possui fibras musculares orientadas em três direções, o que confere a extrema mobilidade Serve para ceifar os alimentos e introduzi- Superfície rugosa da língua é provida de inúmeras papilas que ajudam na tração e paladar Faringe Porção comum ao trato respiratório e digestivo Localizada caudal a boca. Abre-se para as cavidades nasais Durante a passagem do alimento através da faringe, o alimento é impedido de penetrar na traqueia pelo fechamento da epiglote Esôfago Tubo muscular que se estende da faringe ao estômago Alimento e água são transportados da faringe ao esôfago através de ondas de contração da parede muscular Estômago de não-ruminantes A função do estômago é processar o alimento, dando-lhe uma consistência líquida e liberá-lo para o intestino em velocidade controlada Atua como triturador e peneira, reduzindo o tamanho das partículas e liberando-as quando estão com tamanho compatível com a absorção no intestino. Dividido em duas regiões fisiológicas: o Região proximal, na extremidade esofágica do estômago, funciona como local de estocagem do estômago, possui capacidade de relaxamento sem aumento da pressão intra-luminal. Ocorre pouca mistura de alimentos ali, à medida que o estômago se esvazia, a tensão da parede da parte proximal aumenta ligeiramente, empurrando o alimento para o antro gástrico para então ser processado. o Região distal: conhecida como antro funciona como triturador e peneira, quebrando os alimentos em partículas pequenas o suficiente para entrar no intestino. Fortes ondas de peristalse começam na parte medial do estômago e migram em direção ao piloro. A medida que as ondas se aproximam do estômago, este se fecha, impedindo a saída de tudo, exceto das menores partículas (com menos de 2mm de diâmetro). As partículas muito grandes para passar pelo piloro são esmagadas e ejetadas para trás no antro, pela passagem da onda peristáltica Possui glândulas responsáveis pela secreção de muco, ácidos e enzimas É designado como estômago verdadeiro ou estômago não ruminante. A área glandular do estômago é dividida em: mucosa cárdica, mucosa parietal e mucosa pilórica. Tais áreas possuem glândulas com estruturas semelhantes mas com diferentes tipos de secreções As glândulas da mucosa parietal secretam muco, ácido clorídrico (HCL) e pepsinogênio (céls. principais) As glândulas cárdicas só secretam muco, têm a função de proteger a mucosa do esôfago adjacente As glândulas da região pilórica não produzem HCL Tais glândulas possuem células G na região da base da glândula (no mesmo local das células principais da glândula parietal) As glândulas da mucosa pilórica produzem gastrina,pelas céls. G, e muco. Durante períodos de estimulação gástrica intensa e grande produção de HCL, há grande produção também de íons bicarbonato no sangue (maré alcalina) Tais íons são consumidos quando a secreção gástrica adentra no intestino Doenças que impedem que a secreção gástrica entre no intestino levam a um aumento do pH (alcalose). P.ex.: vômito HCL e pepsinogênio iniciam a digestão de proteínas O pepsinogênio é secretado pelas Células Principais e fica armazenado em grânulos Após a liberação dos grânulos para o interior do estômago, o contato com o HCL quebra parte da molécula de pepsinogênio e transforma em pepsina HCL e pepsina iniciam a digestão das proteínas A secreção das células gástrica é estimulada pela expectativa de comer e posteriormente pela presença de alimentos no estômago. Face cefálica da secreção gástrica A fase cefálica da secreção gástrica é estimulada pela expectativa de comer Impulsos parassimpáticos estimulam a secreção de gastrina pelas células G das glândulas pilóricas Face gástrica da secreção gástrica A fase gástrica da secreção gástrica é estimulada pela presença do alimento no estômago A distensão do estômago causada pelo alimento provoca estímulos nervosos nas células G e aumentam a produção de gastrina Além de distensão da parede do estômago, a presença de alimentos aumenta o pH do estômago. A gastrina normalmente tem a sua secreção inibida em pH menor ou igual a 2, portanto o aumento do pH provocado pelo alimento também leva a um aumento da secreção de gastrina À medida que o conteúdo gástrico atinge o intestino, a diminuição do pH do duodeno inibe a secreção gástrica A secretina e a colecistoquinina (CCK) são hormônios liberados pelas células intestinais em resposta à diminuição do pH intestinal, pela presença da secreção gástrica, e atuam inibindo a secreção de HCL pelas células estomacais A dieta rica em carboidratos separou os cães dos lobos. A invenção da agricultura e da pecuária também "transformou" lobos selvagens em cachorros domésticos Cão X lobo Cão (Canis lupus familiaris), descende do lobo cinzento (Canis lupus lupus) e pertencem a mesma espécie Nutrição e Genes: diferenças genéticas entre lobos e cães para digestão – convivência entre cães e agricultores primitivos Intestino delgado Compreende 3 partes: duodeno, jejuno e íleo Duodeno está intimamente relacionado com o pâncreas, recebendo as secreções pancreáticas envolvidas na digestão através do ducto pancreático Recebe também bile formada no fígado através do ducto biliar comum, que transporta a bile do fígado ou da vesícula para o intestino A maior parte da digestão e absorção ocorre no ID O lúmen do intestino delgado fornece uma grande área de absorção pelo comprimento do intestino e pela superfície mucosa característica A superfície intestinal é coberta por pregas ou dobras, que são cobertos por vilos As células epiteliais que formam a mucosa têm seus próprios microvilos (borda em escova) Intestino grosso Consiste de ceco e cólon Todos os animais apresentam alguma fermentação em alguma parte do intestino grosso O desenvolvimento varia entre os animais de acordo com a sua dieta Consiste de ceco e cólon A gastrina é um hormônio que quando secretado cai na corrente circulatória, dirige-se às células parietais e às células principais das glândulas da mucosa parietal do estômago e estimulam a produção de HC e pepsinogênio. Todos os animais apresentam alguma fermentação em alguma parte do intestino grosso O desenvolvimento varia entre os animais de acordo com a sua dieta Secreções do sistema digestivo GLÂNDULAS SALIVARES A saliva umedece, lubrifica e digere parcialmente o alimento A saliva pode ter ação antibacteriana através da ação da lisozima, enzima que auxilia na manutenção da população bacteriana da boca sob controle Onívoros (suínos e ratos) a saliva contém uma enzima digestiva do amido amilase salivar, que costuma estar ausente na saliva dos cães e gatos Lípase lingual, enzima digestiva de gordura, presente na saliva de animais jovens, quando ainda estão sob dieta láctea A enzima desaparece à medida que se tornam adultos As enzimas salivares têm seu principal efeito no estômago proximal, pois o alimento não fica tempo suficiente na boca para sofrer digestão extensa A falta de atividade de mistura no estômago proximal pode ser essencial para função de digestão do amido da saliva, porque a amilase é funcional em pH ligeiramente básico ou normal, como ocorre na saliva e o pH do estômago inativaria esta enzima. A maioria dos mamíferos possui ao menos 3 pares de glândulas salivares: o Parótidas (localizadas atrás da orelha) o Mandibulares (no espaço intramandibular) o Linguais (na base da língua) Além dessas glândulas principais, existem glândulas menores na língua e na mucosa oral A concentração de muco é diferente nas secreções das diversas glândulas salivares A parótida secreta uma saliva aquosa, ou serosa, as glândulas menores secretam saliva intensamente mucosa, algumas glândulas secretam saliva contendo material tanto mucoso quanto seroso A composição da saliva dos ruminantes possui alta quantidade de bicarbonato e fosfato e um pH elevado. Essa solução tamponada é necessária para neutralizar os ácidos formados pela fermentação no rúmen Sistema nervoso parassimpático estimula as células secretoras Secreção gástrica A maioria dos animais apresenta apenas mucosa gástrica glandular mas os equinos apresentam uma área não glandular na região proximal do estômago. Pâncreas O pâncreas se compõe de dois tipos funcionalmente separados de tecido glandular Uma porção pequena do tecido pancreático se arranja em ilhotas dentro do parênquima da glândula Essas células fazem parte do pâncreas endócrino porque secretam hormônios (insulina, glucagon, somatostatina e polipeptídeo pancreático) na corrente circulatória A grande maioria do tecido pancreático está envolvida na elaboração de secreções digestivas Esta porção do pâncreas é denominada de pâncreas exócrino porque suas secreções são liberadas no lúmen intestinal O pâncreas secreta todas as enzimas e precursores de enzimas (proenzimas) necessárias à digestão de proteínas, gorduras e carboidratos As proteases são secretadas na forma de proenzimas (inativadas) e incluem o tripsinogênio, quimiotripsinogênio, elastase e carboxipeptidades A e B O tripsinogênio é ativado pela enterocinase para formar tripsina somente após ter atingido o lúmen intestinal A enterocinase esta presente no epitélio intestinal e a reação ocorre membrana apical da célula intestinal A tripsina se torna então o agente ativador para as outras proenzimas no lúmen intestinal A lípase pancreática hidrolisa os triglicerídeos da dieta em substâncias que possam se absorvidas. Os sais biliares são necessários para ativar a lípase pancreática A amilase pancreática é secretada na forma ativa. Essa enzima de carboidrato hidrolisa o amido em maltose As secreções pancreáticas são controladas pelos hormônios gastrointestinais gastrina, CCK e secretina Além das enzimas digestivas o pâncreas secreta íon bicarbonato (HCO3-) A secreção de HCO3- é necessária para neutralizar a secreção de HCL do conteúdo do estômago que se dirige ao duodeno Secreção biliar A bile é uma solução composta de sais biliares, bilirrubina, colesterol, lecitina e eletrólitos (Na+, K+, Cl+, HCO3-). A bile é secretada continuamente pelos hepatócitos em todas as espécies e é estocado na vesícula biliar ou vai direto para o intestino. A duração do período de armazenamento da bile na vesícula biliar é proporcional ao grau de concentração da bile (quanto maior o período de armazenamento maiorserá a concentração de sais na bile) Em animais que se alimentam uma ou duas vezes ao dia, a bile é altamente concentrada, mas a sua concentração é baixa em ruminantes e em suínos porque se alimentam frequentemente e a bile é portanto liberada da vesícula frequentemente O cavalo não possui vesícula biliar e um grande fluxo de bile hepática atinge continuamente o duodeno. É o único animal doméstico que não possui vesícula biliar As contrações da vesícula biliar e o relaxamento do esfíncter são controlados pelo CCK em resposta a presença de secreção gástrica no duodeno A secreção rápida de bile no momento da digestão é estimulada pela secretina e pela reabsorção de sais biliares no íleo.
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