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Luiz Felipe Alcantara Ferreira - Medicina Transtorno Depressivo Maior Definição É um transtorno de humor no qual o paciente apresenta episódios onde são percebidas alterações no afeto, na cognição e em funções neurovegetativas. Ela atinge cerca de 121 milhões de pessoas ao redor do mundo, com prevalência maior no sexo feminino na proporção de 3:1. O Brasil ocupa a quinta posição mundial de transtornos depressivos com prevalência de 9,3%. Fatores de Risco Fatores ambientais como situações estressoras na infância, abuso sexual e violência são fatores de risco para desenvolvimento de TDM. Além disso, a história familiar de depressão e presença de doença orgânica que cause dor crônica aumentam a possibilidade de TDM. Diagnóstico Um episódio depressivo é definido como uma alteração do estado basal do paciente por um período mínimo de 2 semanas, nas quais ele deve apresentar pelo menos 5 dos critérios abaixo, sendo obrigatório a presença do critério 1 ou do critério 2. Os sintomas devem causar sofrimento significativo e prejuízo funcional. Além de estarem presentes quase todos os dias, na maior parte do dia. 1. Humor deprimido. 2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer nas atividades. 3. Perda ou ganho significativo de peso sem dieta ou aumento/redução do apetite. 4. Insônia ou hipersonia. 5. Agitação ou retardo psicomotor. 6. Fadiga ou perda de energia. 7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva. 8. Capacidade diminuída de pensar ou se concentrar. 9. Pensamentos recorrentes de morte. Diagnóstico Diferencial ● Doenças psiquiátricas: Transtornos de ansiedade, personalidade, alimentares, psicóticos; ● Doenças não psiquiátricas: Endócrinas, neurológicas, infecciosas, neoplasias; ● Medicamentos: Reserpina, Metildopa, Cimetidina, Cinarizina; ● Substâncias de abuso: Estimulantes e cocaína. Tratamento O tratamento do TDM é biopsicossocial e abrange psicoterapia com terapia cognitivo-comportamental, prática regular de atividade física e escolha de hábitos de vida saudável. Com relação ao tratamento farmacológico, as principais classes de medicação utilizadas são os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) e os inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN). Os antidepressivos tricíclicos bastante usados antigamente são considerados de segunda linha e menos prescritos hoje em dia devido aos efeitos colaterais (principalmente anticolinérgicos, como boca seca, constipação intestinal e retenção urinária) e a grande interação medicamentosa. Os principais efeitos colaterais dos ISRS e IRSN são insônia, sedação, cefaléia, tremor e alterações gastrointestinais. ISRS IRSN Fluoxetina Venlafaxina Paroxetina Desvenlafaxina Citalopram Duloxetina Escitalopram Sertralina Fluvoxamina Luiz Felipe Alcantara Ferreira - Medicina Não existe evidência forte com relação a superioridade de uma droga inibidora de recaptação em relação a outra. Na prática clínica, a escolha da medicação é baseada nos efeitos colaterais, no custo, na tolerabilidade do paciente e na presença de comorbidades. E o cardio? Avanços na psiquiatria biológica permitiram a descoberta de numerosas alterações neuroquímicas, neuroendócrinas e neuroanatômicas na depressão. Essas alterações são importantes porque contribuem para aumentar a vulnerabilidade de um paciente deprimido a uma doença cardiovascular. Entre os fatores incluem alterações no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, hiperreatividade simpático-adrenal, alterações nos receptores plaquetários e aumento na secreção de citocinas pró-inflamatórias além da instabilidade e isquemia miocárdica relacionada ao estresse mental. Pacientes com transtorno depressivo maior exibem uma desregulação no sistema simpático adrenérgico. A hiper reatividade simpática-adrenérgica contribui para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares através dos efeitos das catecolaminas no coração, vasos sanguíneos e plaquetas. A ativação simpática modifica as funções das plaquetas induzindo mudanças hemodinâmicas. A inflamação e a secreção de citocinas pró-inflamatórias podem mediar a associação de depressão e a progressão aterosclerótica. A atividade do sistema límbico é regulada por muitos neurotransmissores envolvidos na fisiopatologia e possivelmente na etiologia dos estados afetivos. Os níveis séricos do hormônio cortisol estão aumentados no paciente deprimido, podendo participar na gênese. Os estudos recentes sugerem que a depressão é um fator de risco não somente para o desenvolvimento da doença coronariana (DAC), mas também para a mortalidade entre os pacientes que tiveram um infarto do miocárdio. https://www.passeidireto.com/perfil/luiz-felipe-ferreira/
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