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INTRODUÇÃO • Ortopedia → especialidade médica que utiliza métodos clínicos, físicos e cirúrgicos para tratar, corrigir enfermidades, lesões e deformidades ósseas, dos músculos, dos tendões, articulações e ligamentos, e tudo o que se relaciona ao aparelho locomotor, ao sistema esquelético e estruturas associadas • Traumatologia → é a parte da medicina que estuda e trata o conjunto de perturbações do organismo, provocadas por agentes ou ações contundentes. • Emergência → risco imediato de vida PRINCIPAIS LESÕES • Estiramento (distensão) • Contusão → trauma direto. pancada • Entorse → alteração traumática que ocorreu em uma articulação que sofreu uma hipermobilidade. Porém não existem lesões de estruturas ósseas e musculares. • Luxação → perda da congruência articular. Articulação desloca. • Fratura → perda da continuidade do tecido ósseo. • Síndrome compartimental → aumento da pressão dentro de um determinado compartimento do corpo. Quadro de URGÊNCIA. • Infecção osteo-articular → osteomielite e artrite séptica • OBS: Contusão e entorse não são considerados quadros de urgência. Luxação, infecção e fratura em alguns casos é quadro de urgência. • Lesões que merecem atenção o Fratura exposta o Trauma de pelve o Síndrome compartimental FRATURAS EXPOSTAS • São aquelas em que uma ruptura da pele e dos tecidos subjacentes se comunica diretamente com o osso fraturado e/ou seu hematoma • Considerada uma urgência, exigindo tratamento cirúrgico com uma limpeza cirúrgica nas primeiras 6h • Complicações: o Contaminação por bactérias do ambiente externo (PRINCIPAL) ▪ o Desvascularização tecidual o Perda de função por lesão tecidual CLASSIFICAÇÃO – GUSTILLO E ANDERSON (1984) o Importante para prognóstico, tratamento e linguagem universal o Leva em importância: ▪ Grau de lesão de partes moles ▪ Grau de contaminação ▪ Padrão da fratura • Tipo III A é um fratura que, embora grave, é possível realizar a cobertura cutânea, por meio de sutura. • Tipo III B é quando a lesão é grave e impossível de realizar o fechamento completo da ferida. • Tipo III C são as lesões que além de serem graves, tem algum tipo de lesão vascular que vai precisar de um reparo. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEMPO IDEAL DE ATENDIMENTO E TRATAMENTO • O ideal é que seja realizado em até 6h • Potencialmente contaminada → até 6h de exposição → ATB profilaxia 24h • Contaminada → de 6 a 12h → ATB por mais alguns dias • Infectada → mais que 12h → ATB por um tempo maior e de maior espectro • Essa classificação tem importância no tratamento com antibióticos ATLS • Controle das vias aéreas e a ressuscitação urgente • Imobilizar a extremidade lesionada e aplicar curativos estéreis • Administrar antibióticos intravenosos por pelo menos 24h • Desbridamento e irrigação do ferimento, deixar o ferimento aberto e estabilizar lesões instáveis • Repetir o desbridamento se necessário • Adiar o fechamento AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES GERAIS DO PACIENTE • Insuficiência ventilatória • Choque hipovolêmico • Lesão neurológica • Lesão vascular • Lesão visceral ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR • Controle das vias aéreas • Controle do sangramento caso exista cobertura da ferida • Alinhamento da fratura se possível • Imobilização provisória • Remoção para hospital ATENDIMENTO HOSPITALAR • Revisão do ATLS • Documentação visual e descritiva da lesão • Exame completo da extremidade → pulso, perfusão, temperatura, cor, sensibilidade, motricidade, deformidades • Exames de imagem e laboratoriais • Antibiótico-profilaxia e tetanoprofilaxia o O ANTIBIÓTICO NUNCA DEVERÁ SER UTILIZADO PARA SUBSTITUIR DESBRIDAMENTO E LAVAGEM DA LESÃO • Cirurgia → limpeza cirúrgica ampla, fixação provisória ou definitiva a depender do caso o Limpeza com soro fisiológico 0,9% cerca de 10 a 20L o Solução degermante (sabão próprio para limpeza de ferimentos) o Retirada de corpos estranhos o Tricotomia o Solução alcoólica e campos estéreis o Fase cirúrgica: ▪ Incisão • Ampliar a ferida para melhor exploração • Cuidado com lesões adicionais ▪ Desbridamento • Remover corpos estranhos • Remover tecidos desvitalizados • Reduzir a contaminação bacteriana • Criar uma ferida vascularizada ▪ Estabilização da fratura • Tração cutânea ou esquelética • Talas ou gesso • RAFI (redução aberta e fixação interna) → placas ou hastes • Fixadores externos lineares ou circulares o Existem casos em que a AMPUTAÇÃO é o tratamento indicado em lesões maiores ▪ Escala de MESS → pontuação de gravidade de extremidades mutiladas. Levando em conta lesões musculoesqueléticas, isquemia dos membros, choque e idade. • Soma de 7 → 100% de chances de amputação ANTIBIOTICOTERAPIA ENDOVENOSA (FASE HOSPITALAR) Tipo Antibiótico Opção I - II Cefalosporina 1ª geração - III A,B,C Cefalosporina 1ª geração + aminoglicosídeo Cefalosporina 3ª geração Área rural Cefalosporina 1ª geração + Aminoglicosídeo + Penicilina Cefalosporina 3ª geração • No IJF segue-se o seguinte esquema: o G I → cefalotina 2g ev 4/4h o G II → cefalotina 2g 4/4h e gentamicina 240mg 24/24h o G III → clindamicina 600mg 8/8h e Ciprofloxacino 400mg 12/12h o Em caso de fraturas expostas sujas e de área rural → mesmo esquema dos tipos I, II e III, associado a: ▪ Metronidazol 500mg ev de 6/6h ou clindamicina 600mg ev de 6/6h ▪ Gentamicina dosagem acima COMPLICAÇÕES • Tecido ósseo o Osteomielite o Infecções o Pseudoartrose o Perdas ósseas • Tecidos moles o Contraturas musculares o Perdas cutâneas o Deformidades TRAUMA DA PELVE EPIDEMIOLOGIA • Dilema tanto para o tratamento quanto para o diagnóstico • “Era da alta velocidade” o 65% são decorrentes de trânsito (carros, motos e atropelamento) o 25% quedas da própria altura, principalmente em idosos o 10% quedas de altura e acidentes industriais o Predomínio de pacientes do sexo masculino (67%) o Idade média – 37 anos • Anatomia o Local de passagem de estruturas importantes o Estrutura unida por importantes ligamentos que mantém a estabilização o Elevado risco HIPOVOLÊMICO • Lesões associadas o Urológicas (12%) o Neurológicas (8%) → principalmente dos nervos entre L1 e S2 MECANISMOS DAS LESÕES DO ANEL PÉLVICO • Força AP (anteroposterior) → a pelve se abre, fazendo uma dobradiça o Mecanismo de lesão → direção da força sobre os ligamentos posteriores • Força de compressão lateral → acidentes automobilísticos sobre articulação sacroilíaca • Trocanter maior → pode ser lesado por uma fratura transversa do acetábulo • Força de rotação externa e abdução → força ocorre através da diáfise e cabeça femoral quando o membro inferior é rodado medialmente e abduzido. Acidentes motociclíticos. EXAME FÍSICO • Principais parâmetros clínicos que devem ser examinados: o Déficit neurológico envolvendo o plexo lombossacral o Contusões, equimoses e abrasões na pelve, nos flancos e no períneo o Sangue no meato uretral/hematúria o Sangue dentro ou ao redor do reto (toque retal) o Feridas abertas na virilha, nádega e períneo → risco de fratura exposta oculta, responsável por 50% da mortalidade o Comprimento desigual de algum dos membros ou rotação externa de uma extremidade o Mobilização anormal da pelve em anteroposterior ou compressão lateral EIAS e costa ilíaca DIAGNÓSTICO • Discrepância • Desvios rotacionais MMII (MMII em rotação externa) • Compressão das espinhas ilíacas anterossuperiores. • Sinal de Destot (patognomônico para lesão da pelve) o Hematoma do saco escrotal nos homens ou dos grandes lábios nas mulheres • A arteriografia e embolização estão indicadas quando permanece a instabilidade hemodinâmica após fixação externa da bacia • Por imagem: o Raio x simples AP → avaliação inicial ▪ Incidências adicionais → inlet e outlet o TC → PADRÃO OURO → importante na avaliaçãoe planejamento do tratamento cirúrgico das fraturas de bacia LESÃO LIVRO ABERTO • Hematoma retroperitoneal maior ou igual a 4L o Choque hipovolêmica • 90% sangramento do osso esponjoso • Ilíaco/sacro • TC/US abdominal • Realização de laparotomia = morte TRATAMENTO INICIAL: • As seguintes prioridades devem ser analisadas em pacientes politraumatizados com lesão de bacia o Manejo das vias aéreas o Reposição sanguínea e de outros líquidos o Manejo do SNC o Manejo de aparelho digestivo o Manejo do aparelho urinário o Manejo das fraturas o Imobilização EMERGÊNCIA • Instrumentos utilizados para manejo do paciente com fratura pélvica na emergência: o Fixador externo (provisoriamente) ▪ É a primeira conduta a se pensar como resolução do caso do paciente → PADRÃO OURO. o Vestimenta pneumática antichoque (calça militar) o Embolização arterial o Clamp de Ganz o “Atadura pélvica” → usada temporariamente enquanto chega no centro cirúrgico • OS procedimentos constam basicamente de métodos de estabilização óssea e diminuição do volume da pelve • O espaço retroperitoneal pode se estender desde o tronco até a fossa poplítea, e o volume sanguíneo que pode ser acumulado nesse espaço virtual, quando aberto e dissecado, supera a volemia normal • Fechamento da bacia através de fixação externa é a primeira medida a ser adotada • Caso esta primeira providência não surta efeito, podemos lançar mão de outros recursos. Como a embolização arterial que pode ser conseguida com uma angiografia, PORÉM é um recurso que muitas vezes não está disponível em muitos hospitais • Outra opção amplamente difundida na Europa e EUA é a realização de tamponamento com compressas (pelvic packing), com colocação de conjuntos de compressas na região retropúbica e sacroilíacas, provisoriamente, para conter o sangramento de forma mecânica, na tentativa de restabelecer o controle hemodinâmico do paciente. • A fixação externa é o método de eleição para uso na emergência visando a compensação do paciente: o Reduz o volume pélvico o Limita a possibilidade de dissecção por volume do espaço retroperitoneal e adjacências o Acrescenta pouca agressão cirúrgica o Rápida execução o Permite a implementação de medidas complementares (outros procedimentos cirúrgicos, mobilizações, etc), quando necessário DEFINITIVO • Estabilização da fratura com placas e parafusos LESÕES ASSOCIADAS • Uma grande quantidade de pacientes possui lesões associadas o 15% necessitaram de laparotomia exploratória o 2% destes apresentavam lesões de grandes vasos pélvicos o 13% outros traumas abdominais variáveis o 7% trauma torácico o 12% com TCE o 50% apresentavam outras fraturas associadas, sendo 18% destas, era fraturas de acetábulo o 23% necessitaram de transfusão sanguínea nas primeiras 48h. Uma média de 5 unidades de sangue por paciente, variando de 2 a 10 unidades. COMPLICAÇÕES • Síndrome compartimental em coxa • Tromboses venosas profundas (TVP) • Embolia pulmonar • Neuropraxias no nervo ciático, femoral, obturatório, outros óbitos • Hemorragias pélvicas: lesões de artérias e veias • Lesões da uretra e da bexiga • Lesões de reto e vagina Algoritmo de emergência de trauma pélvico CONSIDERAÇÕES FINAIS • As fraturas da pelve são lesões relativamente raras, porém com capacidade de causar extrema instabilidade hemodinâmica e até a morte, visto que a taxa de mortalidade gira em torno de 10 a 15% lesões fechadas, e a até 50% nas expostas • O rápido diagnóstico, entendimento da lesão e tratamento adequado, são essenciais para a sobrevida dos pacientes e para o bom resultado funcional SÍNDROME COMPARTIMENTAL INTRODUÇÃO • Os músculos estão agrupados em compartimentos fasciais bem definidos nos membros superiores e inferiores. As fáscias são estruturas que recobrem os músculos e que, de forma característica, têm capacidade elástica limitada. CONCEITO • Condição na qual o aumento da pressão dentro de um compartimento confinado e pouco expansivo prejudica o aporte sanguíneo para as estruturas presentes dentro do mesmo. CAUSAS • Principais sítios de fraturas→ tíbia, antebraço e cotovelo QUADRO CLÍNICO • 6 P´s → parestesia, pain (dor), pressão, palidez, paralisia, pulsos ausentes • Sinais e sintomas o Inspeção → pele tensa, edemaciada e fina o Palpação → tensão/pressão FISIOPATOLOGIA • Elevação da pressão com consequente compressão das veias gerando diminuição do retorno venoso e linfático gerando edema que levará a nova elevação da pressão. Com este mecanismo cíclico, provoca compressão da irrigação (capilares sanguíneos), levando à ISQUEMIA do membro que poderá ser inclusive irreversível DIAGNÓSTICO • Exames laboratoriais • US com doppler • RNM • Oximetria de pulso • OBS → A síndrome compartimental consiste na pressão aumentada do tecido dentro de um compartimento fascial apertado, o que resulta em isquemia do tecido. O primeiro sintoma consiste em dor exagerada, desproporcional ao grau da lesão. O diagnóstico é CLÍNICO, sendo em geral confirmado pela aferição da pressão compartimental (PIC) • Mensuração da PIC o Transdutores de pressão modulares (cateteres im ou iv, ligados a monitores de pressão o Comparar com pressão em membro são, se possível TRATAMENTO • Condutas o Fasciotomia → indicada se PIC >30mmHg o Síndrome compartimental aguda: ▪ Descomprimir imediatamente (fasciotomia, fasciectomia, escarotomia, retirar bandagem, gesso ou material restritor) COMPLICAÇÕES • Necrose • Rabdomiólise • Falência renal • Insuficiência venosa (Secundária à fasciectomia) Potenciais consequências, tais como a perda do membro ou insuficiência renal aguda por rabdomiólise, pode causar morte por disfunção multiorgânica
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