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1 Monyk Dias Carneiro HEPATITE INFECCIOSA CANINA (HIC) DEFINIÇÃO Enfermidade infectocontagiosa, causada por vírus, que pode ser apresentar superaguda ou aguda, que acomete predominantemente cães jovens não-vacinados. Possui elevada mortalidade, capaz de comprometer fígado e outros órgãos. ETIOLOGIA Família: Adenoviridae Gênero: Mastadenovirus Espécie: As espécies são antigenicamente parecidas e possuem imunidade cruzada. Canine adenovirus 1 (CAV-1) Hepatite infecciosa canina Canine adenovirus 2 (CAV-2) Tranqueobronquite infecciosa canina Vírus DNA Não envelopado: Resistente ao ambiente RESISTÊNCIA AMBIENTAL Temperatura: Podem ser utilizadas maquinas de vapor (atingem até 120°C) 4°C: resiste até 9 meses 37°C: resiste até 30 dias 50-60°C: resiste até 5 minutos pH: Ampla faixa de resistência de 3-9 Desinfetantes: Resistente ao éter, clorofórmio, formalina e ácidos Sensível: Hipoclorito de sódio 5% (geralmente os mais comuns no mercado são de 2%), hidróxido de sódio, fenóis e iodóforos (agentes cáusticos). Radiações UV: Estável em certas radiações EPIDEMIOLOGIA Animais susceptíveis: Família Canidae Família Ursidae Superfamília Mustelidae Animais selvagens: Podem ser infectados, possíveis mantenedouros do vírus. Estão susceptíveis a infecções graves transmitidas por animais domésticos não-vacinados. 2 Monyk Dias Carneiro Letalidade: 80% dos sintomáticos Fontes de infecção: Princpalmente os animais sintomáticos Animais assintomáticos também podem transmitir, mesmo que já tenham se recuperado da infecção. Obs. Animais que sobrevivem à infecção continuam excretando o vírus durante 6 a 12 meses através da urina, isso acontece pois a infecção renal é persistente, enquanto os outros órgãos já passaram por clearance. Por se tratar de um vírus não-envelopado, resistirá mais tempo no ambiente. Vias de eliminação: Principalmente fezes e urinas, mas as partículas virais podem ser eliminadas através de qualquer secreção corpórea. Porta de entrada: Via oral ou via oro-nasal (ingestão ou aspiração das partículas virais) Transmissão: Direta (contato com animal infectado) e indireta (fômites, principalmente por se tratar de um vírus não-envelopado). Pode haver a participação de ectoparasitas na transmissão. Ocorrência: Não é influenciada pela época do ano, sexo ou raça. PATOGENIA: CAV HOSPEDEIRO Via oral ou oro-nasal TONSILAS (acontece replicação viral) Animal irá apresentar tonsilite (tonsilas aumentadas e hiperêmicas), podendo ou não estar acompanhado de faringite e/ou laringite VIREMIA (4 a 8 dias após infecção) FÍGADO CÉLULAS DE KUPFFER HEPATÓCITOS HEPATITE AGUDA (pode evoluir para hepatite crônica, cirrose hepática ou regeneração hepática) RINS CÉLULAS RENAIS TUBULARES NEFRITE VIRIÚRIA (6 a 12 meses) VASOS CÉLULAS ENDOTELIAIS VASCULARES VASCULITE HEMORRAGIAS CID 3 Monyk Dias Carneiro Efeitos citopáticos: Vírus causa lise das células infectadas, motivo da lesão tecidual e alterações nos sistemas atingidos. CID: Há aumendo dos mecanismos de coagulação devido as lesões vasculares, o fígado lesionado é incapaz de remover os fatores de coagulação que estão atuando nessas lesões, além disso, a produção de novos fatores também está reduzida, o que perpetua a CID. Produção de anticorpos: Inicia-se após 7 dia de infecção, havendo formação de complexos imunes, esses complexos podem se depositar: Rins deposição nos glomérulos GLOMERULONEFRITE (1 a 2 semanas após a doença aguda) Olhos deposição na córnea edema e opacidade de córnea uveíte anterior Olhos azuis (blue eyes). SINAIS CLÍNICOS Os Cães 1 mês a 2 anos são os que mais aprensentam as alterações clínicas, principalmente os animais com até 1 ano). Animais não vacinados ou vacinados inadequadamente desenvolvem alterações mais evidentes e infecções mais graves. Forma grave ou hiperaguda: morrem em questão de horas após o início dos sinais clínicos (parecido com enveneamento, o que dificulta o diagnóstico). Forma aguda: período de incubação de 2-5 dias e acontece durante 2 a 7 dias, o animal pode apresentar: Hipertermia (até 41°C) Taquicardia Taquipneia Faringite Laringite Inapetência Letargia Fraqueza Vômitos (pode apresentar sangue) Diarreia líquida Pode apresentar diarreia hemorrágica Desidratação Tosse e sons respiratórios ásperos mais baixos (pode evoluir para pneumonia) Linfadenomegalia cervical Edema subcutâneo da cabeça, do pescoço e de partes pendulares do tronco e membros. Petéquias e equimoses Epistaxe ou sangramentos em locais de punção venosa Abdominoalgia e hepatomegalia: palpação cuidadosa no exame para evitar dor e lesão do fígado, pois estará inflamado e friável. Distensão abdominal por acúmulo de líquido serossanguinolento ou hemorragia Icterícia: sinal raro em quadros agudos. 4 Monyk Dias Carneiro SINAIS EM SISTEMA NERVOSO CENTRAL Depressão, Desorientação Ataxia Andar em círculos Nistagmo Head pressing Convulsões Podendo evoluir para coma SINAIS CLÍNICOS OCULARES Acontece em 20% dos cães infectados e apenas 1% dos animais vacinados. Os sinais oculares acontecem devido a replicação viral nas células endoteliais corneanas, aparecem após 7 dias de infecção: Opacificidade da córnea: início no limbo e se dissemina em direção central Casos subclínicos: apenas ceratite com aparecimento súbito da córnea azulada, não necessáriamente o animal irá apresentar sinais sistêmicos Edema de córnea e uveíte anterior: aparecem durante a recuperação, podem ser os únicos sinais observados em animais com infecção inaparente. Geralmente autolimitantes, recupera em 3 semans (alguns animais podem ter esses sinais mais persistentes e evoluir para glaucoma) Edema de córnea: bloqueia da filtração do humor aquoso, que irá se acumular e causa glaucoma. Ele também pode causar: blefaroespasmo,fotofobia e secreção ocular serosa Dor ocular: ocorre nos estágios iniciais da infecção e cessa quando a córnea fica completamente opaca. Úlcera de córnea: aumentam a algesia Obs. Afghan hound são bastante susceptíveis às lesões oculares como complicação da HIC COMPLICAÇÕES DA HIC QUE PODEM LEVAR À MORTE Hepatite aguda Insuficiência hepática Encefalopatia hepática atinge SNC coma ou semicoma morte Mortes súbitas: acontecem devido lesões em SNC, pulmões e CID, o que dificulta do diganóstico de hepatite viral canina. DIAGNÓSTICO Anamnese: idade e histórico de vacinação Sinais clínicos Hematologia: Anemia discreta Leucopenia grave (<1.000cls/uL) linfopenia e neutropenia 5 Monyk Dias Carneiro Trombocitopenia (consumo pela vasculite, CID e ação direta do vírus sobre as plaquetas) Testes de coagulação alterados Bioquímica: Aumento de ALT, AST e FA: devido a necrose dos hepatócitos e são variáveis de acordo com a fase da infecção. O aumento de ALT pode ser persistente por até 2 semanas, até a recuperação do fígado. Hiperproteinemia Hiperbilirrubinemia: incomum Urinálise: Bilirrubinúria moderada a acentuada (frequente) Hematúria Proteinúria albuminúria (lesão renal pelo CAV) Cilindros granulares e hialinos DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO Isolamento viral: produz efeito citopático em diversos órgãos e é excretado em diversas secreções (Pulmão, fígado, fezes, urina). PCR: Sangue; swab retal, conjuntival ou nasal; urina (de 10 a 14 dias para começar a exccreção); tecidos coletados em necropsia ajudam estabelecer o diganóstico post- mortem. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Cinomose: as co-infecções são comuns. Parvovirose Herpesvírus canino Síndrome do definhamento do neonato Leptospirose Má nutrição Outrascausas de encefalopatia: SNC pode sofrer lesão direta, por causa da CID ou por conta de encefalopatia hepática Outras causas de hipoglicemia Toxinas que podem causar necrose hepática e/ou coagulopatia TRATAMENTO Específico: não há antivirais específicos Suporte: para possibilitar reparo das células hepáticas Fluidoterapia: repor perdas por vômitos e diarreia Transfusão de plasma fresco ou sangue total fresco: reposição de fatores de coagulação Uso anticoagulantes: interromper CID 6 Monyk Dias Carneiro Reposição de glicose (bolus e infusão contínua): apenas casos de hipoglicemia, deve ser feita monitoração de glicemia contanstante Antieméticos Enema acidificante: trata a estase intestinal e diminui a reabsorção da amônia Reposição de Potássio (parenteral ou oral): auxilia a reduzir a reabsorção oral da amônia e corrigir a acidose metabólica (prevenção da encefalopatia hepática) Acidificação urinária: uso de ácido ascórbico (Vitamina C) pode diminuirr a reabsorção da amônia pelos rins e auxilia na recuperação tecidual. Antibióticos de amplo espectro (ceftiofur/ampicilina): se houver infecção bacteriana secundária. Suporte hepático:S-adenosilmetionina (SAMe), silimarina, vitamina E, e ou Ursodiol PREVENÇÃO Vacina essencial Teste rápido para avaliar resposta humoral: utilizado em filhotes para confirmar se o animal respondeu adequadamente a vacinação.
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