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DM 1 DM É caracterizado pela HIPERGLICEMIA. São resultados da secreção ou ação inadequada da insulina. Existem dois tipos de DM com mecanismos fisiopatológicos distintos: tipo I e tipo II. Ação da Insulina Tecido adiposo: captação de glicose, lipogênese, inibe lipólise. Músculo estriado: captação de glicose, aumenta síntese de glicogênio, aumenta a síntese proteica. Fígado: diminui gliconeogênese, síntese de glicogênio. Resumindo, a glicose provoca a captação de glicose em todo o corpo, estoca gordura nos tecidos adiposos e no fígado estoca glicogênio. Receptores de Glicose GLUT 2: presente principalmente nas células β-pancreáticas, não dependem de insulina. Quando a glicose chega no pâncreas, entra pelos receptores GLUT 2, é metabolizada gerando ATP, que inibe a bomba de K+ (que tem acoplado nela a sulfoniureia), isso despolariza a membrana então ativando a bomba de Ca2+, que converte a pró-insulina em insulina que então é liberada. GLUT 4: presente por todo o corpo, depende da insulina. Ocorre a ligação da insulina ao seu receptor na membrana plasmática, ocorre uma cadeia de ativações e o IRS-1 é fosforilado em tirosina quinase ao final, a tirosina quinase ativa o GLUT 4 que permite a entrada de glicose na célula para ser consumida. DM 2 DM tipo I Autoimune, células imunes destroem as células β-pancreáticas, produtoras de insulina, por células que reagem a antígenos endógenos (anti gad, anti ilhota e anti insulina). É fulminante e tem um diagnóstico geralmente precoce. A insulina (liberada pelo pâncreas a partir da entrada de glicose pelo transportador GLUT 2) é responsável por fosforilar o receptor GLUT 4 permitindo a entrada de glicose nas outras células do corpo. Sendo assim, a falta de insulina impede a entrada da glicose nas células, causando um estado de hiperglicemia. Como as células precisam de uma fonte de energia elas produzem os corpos cetônicos, que podem ser utilizados como energia. DM tipo II Complexa e multifatorial, causada por resistência insulínica. Resistencia insulinica é o mau funcionamento dos receptores de insulina, isso resulta na não entrada de glicose nas células e um estado de hiperglicemia. As células β-pancreáticas então, produzem mais insulina por estarem recebendo um estímulo constante de que há hiperglicemia, então elas entendem que é necessário mais insulina, porém essa insulina não consegue ser captada adequadamente. Se esse mecanismo for prolongado há exaustão das células β, que irão parar de produzir insulina. OBS.: a obesidade é um fator de risco para DM II. O tecido adiposo é considerado um órgão endócrino, ele produz adipocinas, adiponectinas, resistina, leptina, TNF-α e IL-6. TNF-α e IL6 são pró-inflamatórios e estimulam um processo inflamatório metabólico que leva à um distúrbio a nível de IRS-1 (isso impede a abertura do GLUT 4), impedindo ação adequada de insulina. 📌 DIABÉTICOS SÃO INFLAMADOS CRÔNICOS Manifestações Clínicas 1. Polifagia = aumento do apetite 2. Perda ponderal 3. Hiperglicemia 4. Polidipsia = aumento da sede 5. Poliúria = aumento da frequência urinária Como a glicose sanguínea não consegue entrar na célula o corpo entende que não há glicose (1) e busca outras fontes de energia e começa quebrar gorduras (2) para formar corpos cetônicos, isso aumenta a glicemia (3). A hiperglicemia aumenta a osmolaridade sanguínea e o corpo acha que está desidratado (4). Com o excesso de glicose sanguínea os túbulos renais não conseguem reabsorver toda a glicose presente, então acaba ocorrendo a glicosúria, a glicose "puxa" água para a DM 3 6. Insulinopenia urina então o paciente começa a urinar mais (5). A insulinopenia (6) ocorre pela destruição das células β. Diagnóstico Glicemia de jejum > 126 mg/dL. Glicemia ao acaso > 200 mg/dL. Teste oral de tolerancia a glicose (TOTG) > 200 mg/dL. HbA1c > 6,5%. São necessários dois exames alterados. Paciente não precisa ter sintomas. Tratamento DM tipo I Insulinoterapia. Tenta-se mimetizar a produção de insulina pancreática. Então faz se uma combinação de insulina basal e insulina bolus. Insulina basal (pré-prandial): serve para cobrir a produção basal de insulina entre as refeições e à noite, já que não há produção endógena de insulina. Insulina bolus (pós-prandial): serve para cobrir os momentos de alimentação em que haverá um pico de glicose. DM tipo II Não farmacológico Educação em saúde Dieta Atividade física Farmacológico Antidiabéticos Orais Insulinoterapia Metas Glicêmicas Glicemia pré-prandial <100mg/dL Glicemia pós-prandial <160mg/dL Hb1Ac 6-7% Manifestações leves (glicose <200) Metformina ou drogas que não aumentam insulina. Pode-se fazer associações. Manifestações moderadas (glicose 200 - 300) Metformina + associações hipoglicemiantes DM 4 Manifestações graves (glicose > 300 ou HbA1c > 9,5-10%) Insulinoterapia + metformina ou outra medicação que não seja secretagogo. A insulinoterapia só deve ser começada após tratamento com 2-3 agentes orais em dose máxima e a Hb1Ac continuar >7%. Começa-se a insulina com 10 unidades à noite e vai ajustando, se necessário faz insulinização plena. Sintomas de insulinopenia: poliúria, polifagia, polidipsia e perda ponderal (4Ps). Antidiabéticos Orais Anti-hiperglicemiantes Melhoram a sensibilidade da célula β à insulina. Metformina 1ª escolha Mecanismo de ação: abre GLUT4 (é um sensibilizador de glicose nos tecidos alvo) Diminui a produção hepática de glucagon (diminui glicogenólise e gliconeogênese). Reduz 1,5-2% da HbA1c. Baixo risco de hipoglicemia. Tem efeito na peristalse nos 15 dias iniciais, a formulação XR diminui esse efeito. Diminui mortalidade por doença cardiovascular. OBS.: metformina é a droga de escolha por ter uma grande efeito protetivo cardiovascular e diminuição da mortalidade. Praticamente todos os pacientes diabéticos devem tomar metformina. Acarbose Pouco usada. NÃO é usada em monoterapia. Mecanismo de ação: inibidor da α- glicosidase → absorção intestinal de glicose Hipoglicemianates ou Secretagogos Aumentam secreção de insulina. Geralmente são a última escolha. Mecanismo de ação: age nas sulfoniureias, presentes nas células β e estimula a secreção de insulina. Por causa desse mecanismo essas medicações podem exaurir as células β mais rápido. Essas medicações favorecem o ganho de peso e a hipoglicemia. Sulfoniureias Glibenclamida: ação rápida, pode causar hipoglicemia. Tem ação no coração (receptor SUR1 e SUR2 estão presentes nas células β e nas coronárias) diminuindo o efeito de pré-condicionamento isquêmico (acionamento das artérias colaterais para tentar diminuir isquêmia). Gliclazida: ação lenta, causa menos hipoglicemia. É a mais usada da classe e está disponível no SUS. Glimeprida: ação lenta, menos hipoglicemia. Glinidas DM 5 é mais lenta → diminui a glicemia pós- prandial. Reduz em 0,5-1% HbA1c. Inibe glicotoxicidade. Efeito colateral: diarréia osmótica (glicose atrai água). Tiazolinedionas pioglitazona Reduz muito resistência à insulina endógena. Mecanismo de ação: age como um "lubrificante" para o receptor de insulina. Reduz 1,5-2% da HbA1c. Efeitos colaterais: piora IC classe III e IV, piora osteoporose, câncer de bexiga. OBS.: se não há adaptação do paciente à metformina pode ser ultilizado porém precisa de acompanhamento da bexiga anual. Promovem glicosúria Gliflozinas Baixo risco de hipoglicemia. Efeitos colaterais: efeito diurético, aumenta o risco de infecção urinária e candidíase vulvovaginal, perda ponderal. Empaglifloniza: reduz muito o risco de doença cardiovascular. Dapagliflozina Pouco usadas, melhoram hiperglicemia pós- prandial. Aumentam insulina na dependência de glicose e suprimem glucagon Efeito incretina: o GLP é um modulador de insulina produzido no íleo (quando há chegada de carboidratos no intestino, o GLP irá sinalizar ao pâncreas a quantidade de insulina a ser secretada) e coordena o movimento intestinal(mantém o alimento no estômago até que possa ir para o intestino). Também estimula o centro da fome, induz saciedade. Além de atuar no glicogênio hepático estimulando a glicogênese. DPP 4 degrada GLP. Análogos de GLP-1 Liraglutida: tem efeito cardioprotetor e de perda ponderal mais acentuado. Semaglutida: tem efeito de perda ponderal maior. Exenatida: curta ação. Lixisenatida: curta ação. Dulaglutida: curta ação. Efeitos colaterais: pancreatite, hipoglicemia, constipação e refluxo gastroesofágico (por causa do aumento da estase gátrica). Inibidores de DPP4 São de longa ação e não promovem hipoglicemia. Linagliptina: indicada para pacientes com insuficiência renal. Sitagliptina Vildagliptina DM 6 Saxagliptina Alogliptina Insulinoterapia Não exitem contraindicações. Ação ultralenta (basal) Glargina (Lantus): duração de 24 horas Detemir: duração de 22 horas. Degludeca: duração mais de 42 horas (flexibilidade maior) Ação intermadiária (basal) Insulina NPH Disponível no SUS. Tem seu pico em 8 horas e duração de 12 horas. Ação rápida (bolus) Insulina Regular Disponível no SUS. Pico em 2 horas e duração de 5 horas. Ação ultrarrápida (bolus) Aspart, Lispro e Glulisina Tem seu pico em 30 min e dura de 1-1,5 horas. Causam menos hipoglicemia Regular + NPH (esquema feito no SUS) NPH: 7 e 22 horas (teoricamente deveria ser às 19 horas, mas evita-se por que o pico seria às 3 horas, durante o sono do paciente. Regular: antes de cada refeição. Ultralenta + Ultrarrápida (esquema mais parecido com o fisiológico) Ultralenta: pode ser tomada a qualquer momento do dia, contanto que seja no mesmo horário todo dia, já que não produz picos. Ultrarrápida: antes de cada refeição. É melhor que a insulina regular por ter um tempo de ação menor que cobre apenas a refeição. OBS.: pode ser feito também combinações de insulina NPH com ultrarrápida e ultralenta com insulina regular. Glicotoxicidade Efeitos sistêmicos da hiperglicemia. AGEs (produtos finais da glicação avançada): excesso de glicose favorece a formação de glicoproteínas anormais, que se ligam aos RAGEs (receptores de células inflamatórias) no DM 7 endotélio e no músculo liso vascular, gerando estresse oxidativo. OBS.: por causa disso há uma predisposição maior, cerca de 3X mais, para aterosclerose, portanto metas de colesterol para diabéticos devem ser mais baixas. Alteração MACROVASCULAR Via do Poliol A conversão de glicose em sorbitol é aumentada, então há acúmulo se sorbitol → aumentam se a inflamação e corrosão de: nervos (neuropatia); rins (nefropatia); retina (retinopatia); e vasos em menor escala. Alteração MICROVASCULAR OBS.: a primeira complicação a aparecer é geralmente a neuropatia, seguida de retinopatia e nefropatia. Complicações Crônicas Microvasculares Neuropatia Retinopatia Nefropatia Macrovasculares IAM AVE Gangrena (pé diabético) OBS.: pé diabético pode ser considerado uma complicação microvascular (agride a marginalização leucocitária) e macro (ateromatose). Quando juntamos poucos leucócitos, com má vascularização e alguma infecção = gangrena. 📌 Diabético descompesado é IMUNOSSUPRIMIDO Neuropatia Diabética Formação exagerada de sorbitol → glicotoxicidade → bagunça a condição saltatória da bainha de mielina → condução neuronal inefetiva. Hiperestesia → em fase inicial, relato de formigamento, "agulhinhas", água quente, sensação de pernas geladas. Hipoestesia ou anestesia → fase mais avançada, perda da sensibilidade. Somáticas → polineuropatias Aparecem primeiro Parestesias Distúrbios de sensação de vibração, dor, tato leve e temperatura. Autônomas Hipotensão postural (perda do reflexo barorreceptor carotídeo) Gastroparesia diabética (plenitude gástrica, empaxamento) DM 8 Diminuição dos reflexos do tornozelo e patelar. Distúrbios da função genitourinária: bexiga paralítica, micções incompletas, impotência e ejaculação retrograda. OBS.: as alterações urinárias juntamente com a glicosúria podem causar infecções urinárias. OBS.: diagnóstico de neuropatia diabética é com o teste do monofilamento. Nefropatia Diabética Alteração da barreira normal de filtração glomerular pelo sorbitol → aumento da filtração glomerular → proteinúria (albumina) → fibrose (proliferação anormal de células mesangiais e engrossamento da lâmina basal glomerular) → compressão de capilares glomerulares → fluxo sanguíneo insuficiente → diminuição da filtração glomerular → insuficiência renal. OBS.: se estiver na fase de microalbuminúria possivelmente é reversível, porém se houver macroalbuminúria provavelmente é irreversível. OBS.: glicosúria ocorre com glicemias acima de 250mg/dL. Fatores de Risco Duração do diabetes > 15 anos Mau controle glicêmico Microalbuminúria Fatores genéticos HAS Tabagismo Hipercolesterolemia Obesidade Manifestações Clínicas Edema → proteinúria (albumina controla os líquidos no vaso sanguíneo, uma queda de albumina sérica diminui a pressão coloidosmótica do vaso, causando transudação e exsudação de líquido para o intersticio). HAS Deslipidemia Hematúria Oligúria Retinopatia Diabética Glicotoxicidade → lesão vascular dos vasos da retina → edema macular → cegueira. Estágio inicial: retinopatia de fundo. Edema + microaneurismas, hemorragias e exsudato. RDNP (retinopatia diabéica não proliferativa): inflamação por sorbitol → vasculite → fragilidade dos vasos e aumento da permeabilidade vascular → microaneurismas e hemorragias. DM 9 RDP (retinopatia diabética proliferativa): evolução do RDNP → fibrose e perda de função → neovascularização/angiogênese rápida (vasos incompetentes, frágeis com alto potencial de romper) → hemorragia (mais volumosa).
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