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1 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 6 SEPSE - TRATAMENTO PROTOCOLO DE RIVERS Rivers considerava um paciente com SIRS, com pressão arterial sistólica menor ou igual a 90 ou um lactato maior ou igual a 4, e ele dava oxigênio a todo mundo, independentemente de ser ventilação mecânica ou não. Passava um cateter venoso central para medir a pressão venosa central. Lembrar que uma das formas da calcular (dar um número) a pré- carga é calcular a pressão de sangue que chega no átrio direito pela pressão venosa. Então, a PA invasiva é para calcular a pós-carga. Ele sedava e curarizava todos os pacientes que estivessem intubados e calculava: • Pressão venosa central: se ela tivesse baixa → dava cristaloide/coloide; se tivesse alta → diurético; • PAM: se tivesse baixa → dava um vasoconstrictor; se tivesse alta → vasodilatador); • SAT venosa central: se baixa e sangue baixo → dava sangue. Se ele já corrigiu tudo isso, sobra a dobutamina (é a última). Você refaz o ciclo o tempo todo. SVO2 X SVCO2 Exemplo: Se eu dou 50 reais para vocês e falo assim: ¨é pra ir na padaria e comprar de pão o que vocês conseguirem¨. Supondo-se que só fosse possível comprar apenas 10 reais de pão, tem que devolver o que não consumiu, ou seja, 40 reais. Se tivesse consumido 20 reais de pão, devolveria 30. E a saturação venosa central é o seguinte: a saturação arterial de 02 é o que ofereço aos tecidos de oxigênio, a saturação venosa é calculada no acesso central, na mesma que eu calculo a pressão venosa central, por isso a importância de passar acesso central em pacientes graves. A saturação venosa central é a quantidade de O2 que chega no átrio direito, ou seja, o corpo já usou o O2 que tinha que usar, o que não usou devolve para o átrio direito. O sangue venoso não fica 0% de O2, o normal é 70, ou seja, se eu dou 100 e você me devolve 70 significa que usou 30%. Essa é outra forma de calcular uma taxa de extração de O2. Então, vamos supor que a saturação arterial eu dou 100%, aí vamos pegar a saturação venosa central de 50%, ou seja, vocês usaram 50, traduz alguma coisa. O normal de vocês é <30, toda vez que usa mais do que 30% significa que alguma coisa está errada, que o corpo está usando oxigênio demais. Diminuída: • Baixo DO2: pO2 baixa//Hb baixa//DC baixo. • Alto consumo: Estresse, dor, febre, convulsão. Normal: >70%//>65%. Aumentada: • Elevado DO2: pO2 alta//Hb alta/DC alto. • Baixo VO2: Hipotermia, anestesia. Sepse - Tratamento 2 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 6 E como é que eu vejo o consumo de O2? A mesma coisa de choque. Oferta de O2 tá baixa, eu aumento o PO2, mecho no ventilador. É pressão, Fi, hemoglobina tá baixa? Será que não tenho que dar sangue ao paciente? DC tá baixo (DC=Volume sistólico X Frequência cardíaca), será que a FC não está alta/baixa demais? Volume sistólico é pré-carga, tenho que dar volume ou tirar volume? Pós-carga: vasodilatador ou vasoconstrictor? Contratilidade: dou dobuta ou não? Se a periferia tá consumindo demais? O paciente tá estressado? Aumento o ansiolítico, aumenta o fentanil, o dormonid, o propofol, faço uma dose de quetamina. Será que não está com dor? Aumento o fentanil. Será que está com febre? Vou dar dipirona, paracetamol, ibuprofeno. Será que tá tendo crise convulsiva? Será que é meningite? * A diferença normal da SvO2/SVcO2 é 70%. Está aumentada quando é 90-95% de saturação, ou seja, eu usei pouco. Possibilidades: estou oferecendo O2 demais (é deletério), PO2 está alto (tem que ajustar), Hb está alta (será que não é DPOC com Hb 18). Alguns pacientes tem policitemia vera (hemoglobina 24-26-28) e o tratamento é exsanguinar (tirar sangue) o paciente. Será que o débito cardíaco está alto nas fases iniciais da sepse? Ou o baixo consumo por hipotermia ou anestesia (eu quero que o paciente consuma pouco oxigênio. O princípio da anestesia é aumentar o SvO2). A SVcO2 como vai me guiar? Fiz tudo isso com o paciente, a SVcO2 veio de 58%, muito baixa, o paciente extremamente grave, vocês já ajustaram O2 e FiO2 na ventilação mecânica, foram para o DC, FC já ajustei, vou para o volume sistólico, pré-carga e pós ajustei, o que que sobra? Contratilidade! Não tenho um número, mas posso inferir de forma indireta a SatvO2. Por exemplo, se o paciente estiver com 58% de SVcO2, botei a dobutamina em 5ml/h, depois de 1h vou medir de novo a SVcO2, digamos que foi para 64%, tá bom? Não está, o que vou fazer? Aumentar a dobutamina e avalio de novo. Então, a SatvO2 é o parâmetro para saber onde vai botar a dobutamina, 8-10 ml/h, depois de 1 hora faz novamente a SatvO2. A saturação nova é de 68% com dobutamina em 10 ml/h. Então vai colocar dobutamina em 12-15 ml/h e reavaliar a saturação em 1 hora. Se ultrapassou os 70% vocês estão no caminho certo, agora é esperar e fazer todas as outras condutas. A SvcO2 é para dizer o quanto de vazão de dobuta o paciente precisa. Esse é um dos motivos de se fazer a SatvO2. Assim, esse é o princípio geral do tratamento. TRATAMENTO - SSC • Mantendo base no Golden Hours → Bundles. • Suspeição diagnóstica → Guidelines da SSC. • A aplicação dos bundles inicia-se no momento da suspeita, não é necessária confirmação laboratorial, nem internação em UTI. ❖ Emergência é o local onde o tratamento da sepse tem mais sucesso. • Bundles de 6 e 24 horas → de 3 e 6 horas → de 1 hora. Atualização Abril 2018: VELOCIDADE • Extinção dos bundles de 3 e 6 horas. • Novo pacote (bundle) de 1 hora: em até 1 hora. ❖ Coleta de Lactato. ❖ Hemocultura. ❖ Antibiótico. ❖ Volume nas que precisam. ❖ DVA (drogas vasoativas) nos que precisam. • Se lactato elevado no início → colher com 2 e 4 horas. REAVALIAÇÃO DO STATUS VOLÊMICO E PERFUSÃO TECIDUAL • Não se encontra na NOVA atualização. ❖ Mas quando reavaliar? → CHOQUE. • Exame físico após ressuscitação hídrica. ❖ Sinais vitais, enchimento capilar, pulso e achados. cardiopulmonares e em pele. • Ou 2 dos seguintes: ❖ Medida da PVC. ❖ Medida da SatvO2. ❖ Ultrassom cardiovascular beira-leito. ❖ Avaliação dinâmica da fluído-responsividade com elevação passiva das pernas (PRL – Passive Leg Raise) ou desafio volêmico. Fazer a reavaliação do status volêmico e da perfusão tecidual do paciente. Como você sabe a quantidade de água para dar ao paciente? Controle do débito urinário, presença de crepitação, ECO (índice de variabilidade do VE, distensão da VCS, distensão 3 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 6 do VD, variabilidade da VCI), avaliação da PA de pulso (passive leg rase). A avaliação é dinâmica: dobuta, olha o paciente, faz várias gasos durante o dia. Será que a FiO2, FC, volume sistólico ainda estão bons? Revejo pré/pós- carga e contratilidade. O status volêmico está muito correlacionado com a pré-carga. É assim que se avalia a quantidade de líquido que chega no VD. É possível avaliar os sinais vitais, porque assim que ele responde a volume (PA 140 → 120), começou a fazer um xixi, a pressão de pulso começou a melhorar, fiz um Eco, pode medir a PVC, a SVcO2, USG cardiovascular beira-leito, avaliação de fluído- responsividade com elevação passiva das pernas (PLR- passive leg Raise) ou desafio volêmico. Cabeceira em 45º, depois eleva em 45º as pernas, espero 60seg para fazer avaliação de novo e retorno para a posição original. Óbvio que aqui é um parâmetro do vídeo (SV maior ou igual a 10%). HIDRATAÇÃO X PROVA DE VOLUME X DESAFIO VOLÊMICO Qual a racional desse PLR? Quando se está dando volume demais, tem uma hora que se ultrapassa e o paciente vai enxarcar, o que não é adequado. Isso pode ser evitado quando se eleva as pernas e espero 60 seg, é como se jogasse 300-400 ml de líquido para dentro do coração, e observacomo esse coração vai responder a esse excesso de líquido. Se o paciente fizer congestão ou não for respondedor, ao colocar ele na posição original, ele volta ao normal, ou seja, não estou colocando líquido demais (?). Às vezes o paciente está tão grave que não adianta fazer diurético. O rim já não está funcionando, se botar diurético vai aumentar o metabolismo renal, e não está chegando sangue nele, então vai isquemiar o rim. Não é todo paciente que no início da sepse faz diurético, mesmo estando congesto, porque, às vezes, não está chegando sangue no rim. Congestão é ruim, porque vai diminuir a FiO2 e estar adicionando mais uma comorbidade ao paciente, principalmente, se não for conseguir tirar esse volume, vai precisar de diálise. É uma prova de esforço esse procedimento. Imagine uma pessoa doente, você colocar ela na esteira para poder correr. O paciente tá precisando de volume? Se agora a resposta for não, paciente fez congestão, ficou mal depois que levantou a perna dele, então para de fazer volume, joga as pernas dele para baixo e eleva cabeceira, tal como ele estava antes. Assim se sabe que o paciente não precisa mais de volume e irá melhorar da congestão. Não joga mais líquido no paciente, só tira de onde botou, redistribuição do corpo. Do ponto de vista técnico, pode ficar confuso falar que tem que fazer uma hidratação, um desafio volêmico, uma prova de volume para o paciente (fluídorresponsividade – Manobra mais utilizada dentro da UTI, afinal é fácil, barato, e não precisa inserir nenhum dispositivo no paciente). Mas os três são coisas diferentes, e todos são utilizados na prática. PLR → Prova de fluidoresponsividade. Exemplo: PRL com eco, e se vê a distensibilidade do VE. Faz-se o ECO, deixa a USG no coração e faz o PLR, e então vê como o coração se comporta com o PRL, logo, está vendo um filme acontecendo no coração. Analisa o coração: está ficando bom ou não está mudando nada. Se o coração não está mudando nada, ele não está precisando de volume. Se ele mudar, ficar melhor pela USG, aí se sabe que o paciente precisa de volume! PERGUNTA: Então não necessariamente precisa de ECO para avaliar se o DC aumentou mais de 10%, não é? Se avaliar a clínica e exame físico, já dá para ter uma noção? RESPOSTA: Depende do parâmetro que você utilizou. O ECO com PRL é um dos melhores parâmetros! Você faz a análise da Veia Cava Inferior (VCI), com a cabeceira elevada, deu por exemplo 80% (sendo que toda vez que é >50% indica que o paciente precisa de volume). Aí fez o PRL, esperou 60seg, fez o ECO com o paciente de perna levantada, agora deu 43%. 4 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 6 Ou seja, o volume que eu joguei para dentro do paciente surtiu efeito, logo, o paciente responde a volume! Aí você segue, abaixa as penas do paciente e eleva cabeceira, faz de novo 250mL de soro no paciente, espera 20min, e refaz o parâmetro que acabou e ser feito, neste caso ECO + PLR. Faz o índice de VCI, que agora deu 70% por exemplo, coloca o paciente com cabeça mais pra baixo e levanta as pernas, agora deu 43%, logo, ainda precisa de volume, faça mais volume! Ou seja, é uma medida dentro da UTI, é dinâmica... faz, repete, faz, repete. Lactato e Gasometria por exemplo, pode fazer 50X neste paciente, em um plantão de 12h, afinal, na UTI tudo é minuto a minuto. Agora, é preciso ter o parâmetro e também entender o que se está fazendo, interpretar se aquilo que está sendo feito no paciente está surtindo efeito, pois caso não esteja fazendo efeito, é preciso trocar a estratégia! O paciente grave é um paciente que muda o tempo todo!! Por isso ele fica monitorizado, ele tem uma sonda vesical, medindo débito urinário. Se tiver monitor, esse líquido que colocaram, você analisa pela curva de PAM. Pode fazer ECO para avaliar o débito cardíaco (DC), o VTI ou VCI (veia cava inferior), variação do VE (ventrículo esquerdo), água transpulmonar através de uma TC com biopedância. Enfim, o que fica é: não importa o parâmetro, se foi adotado como melhor parâmetro para aquele paciente, pronto!! O paciente será avaliado com a cabeceira elevada, e com cabeceira baixa, e verá se surtiu algum efeito de volume? Se sim, volta o paciente, eleva cabeceira e faz volume! E daqui a 20minutos repete tudo que fez, enquanto sua avaliação dizer que precisa de mais volume. Na hora em que a avaliação apontar que o paciente não precisa de mais volume, não precisa hidratar mais o paciente. Vale ressaltar que Hidratação, Fluídorresponsividade e Desafio volêmico, do ponto de vista técnico são termos diferentes! Quanto mais grave o paciente estiver, mais rápido é preciso agir! Hidrata e ao mesmo tempo colhe cultura, faz ATB, coloca dobutamina... • Hidratar → É aquele soro que coloca pra correr em 24h. Ex. 500mL de soro pra correr 21mL/h. Hidratação basal é o mínimo nas 24h. • Prova de volume → Fluidorresponsividade – PLR. paciente precisa de volume? Faz 250mL, espera 20minutos, faz PLR de novo, precisa de volume? Faz mais 250mL, espera 20minutos, repete o PLR... até que ele na reavaliação (pelo ECO, pelo débito urinário, analise do Vigileo. Parâmetros de pré-carga... qualquer parâmetro que você escolher para avaliar se o paciente precisa de volume ou não) não precise mais de volume. Prova de volume um teste se ele precisa ou não. • Desafio volêmico → É aquele paciente que chega de um trauma e se pede para correr 2.000- 4.000mL de volume. Normalmente paciente pós- operatório (perdeu muito sangue por exemplo), cetoacidose diabética (no intuito de fazer poliúria, paciente tem que urinar 10L em 6h, logo, faz-se 20L de soro em 10h). Desafio volêmico é mais um parâmetro de débito urinário. CRISTALÓIDES X COLÓIDES CRISTALÓIDES • Soluções isotônicas: Cloreto de sódio 0.9%, ringer, ringer Lactato, solução Plasma Lyte. • Soluções hipertônicas: Cloreto se sódio 7,5%., cloreto de sódio 10%, cloreto se sódio 20%. • Coloides: proteicas. • Albumina: não proteicas (hoje não se usa mais). Gelatinas, Dextrans, Amidos No passado se ficava a dúvida se fazia Cristaloide ou Coloide. Hoje não existe mais essa dúvida, se faz Cristaloide! Muita gente já faleceu, teve insuficiência renal e hepática usando coloide não proteico, por isso ele não é mais utilizado. Hoje, coloide = albumina (indicações específicas). SF 0,9% • Composição: Cloreto de sódio 0,9%, cada mL da solução contém Cloreto de Sódio 9mg. • Excipiente: Água para injetáveis. • Conteúdo eletrolítico: Sódio 154mEq/L; Cloreto 154 mEq/L. • Osmolaridade: 308 mOsm/L. Primeira coisa a se pontuar é que o Soro Fisiológico não é fisiológico! Tanto que irá mudar o nome para Solução Salina Normal a 0,9% ou Salina Normal. 5 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 6 Essa solução salina normal vem com sódio e Cloro. A quantidade normal de Sódio no corpo é 135 – 145. O SF 0,9% tem 154 de sódio, ou seja, é hipertônico. A quantidade normal de cloro no sangue é 97-107. No SF 0,9% tem-se 154 de cloro, ou seja, quase 50% a mais do que o normal. Isso é um problema, pois o cloro em excesso no corpo sai, principalmente pela urina (95%), a excreção dos outros 5% se dá pelo suor, saliva, suco gástrico. No rim, no túbulo contorcido distal (TCD), o cloro é jogado para dentro do lúmen do túbulo enquanto devolve para dentro do sangue o H+. Então o cloro é eliminado através da troca Cl/H+. Isso implica que, o paciente grave vai ficar mais grave ainda, pois ele ficará acidótico. Então, acidose causada pelo excesso de SF 0,9% é uma iatrogenia. Por isso existe o termo acidose hiperclorêmica, pois joga cloro para dentro do TCD e devolve H+ para o sangue. A osmolaridade do sangue é em torno de 290. A osmolaridade do SF é de 308, ou seja, você desidrata o cérebro dopaciente! Imagine um paciente que já está grave e você desidrata o cérebro do paciente por conta do sódio de 154, faz uma acidose metabólica do paciente. Então já não basta a acidose que o paciente está fazendo por conta da sepse, você impacta mais ainda fazendo acidose nele por conta do SF. Assim, o SF não é fisiológico por conta disso. RINGER LACTATO (RL) Sódio de 130: hipotônico - ainda não é o ideal, porém é mais fisiológico que o SF. Potássio normal. Cálcio baixo. Cloreto um pouco aumentado. O ruim aqui é o lactato, que é de 28mEq/L. O lactato do RL é um sal (serve para estabilizar a solução do Ringer), e não um íon, sendo inerte (não é metabolizado)! Logo, o RL não aumenta lactato do paciente!! Lembrem: ele já é inativo, e mesmo que fosse ativo (íons), daria para passar no ciclo de Cori no fígado, para poder ser inativado (transformar em sal). Obs.: No ATLS, eles recomendam o uso de SF 0,9%, isso porque o paciente está sangrando, é preciso sugar o líquido que está no extravascular também para o intravascular durante o tempo, enquanto o paciente está indo para o centro cirúrgico. Mas se você fizer muito SF você fará uma iatrogenia no paciente. Por isso o ideal é misturar SF com RL. Lembrar que se estiver fazendo muito soro no paciente, você vai pedir todos os eletrólitos (Na, K, Ca, Cl, Lactato). Existe a razão para se pedir os exames! Se fizer 500mL-1L de soro não vai trazer nenhuma repercussão para o paciente. A questão é quando são aqueles pacientes que se faz 2.000-4.000 em 2h, 8L de soro (não importa qual) em 2h. O livro da USP fala para dar preferência ao RL, mas existe um viés aí, eles têm um trabalho grande de pesquisa sobre esses soros. A questão do Ringer lactato é que ele não é fisiológico, mas é o melhor. Óbvio que se for dado 10L de Ringer lactato, esse lactato, no meio de um paciente grave, parte desse sal haverá íon. Em resumo, o Ringer lactato é o melhor a ser feito? Não, mas entre o Ringer lactato e o Soro fisiológico qual o melhor? Misturado! Normalmente, na prática clínica, para cada 1 frasco de 500mL de soro fisiológico, eu faço 4 de Ringer lactato. 6 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 6 PLASMA PLYTE Quantidade de sódio: solução salina → 154; ringer → 130; plasma → 140. Potássio: solução salina → zero; ringer → 4; plasma → 5. Magnésio no plasma é normal, então se o paciente precisa repor magnésio, basta fazer Plasma Lyte para normalizar. Cloro: solução salina → 154; ringer → 109; plasma → 98. Esse cloro para o paciente grave se torna o eletrólito mais importante, em segundo lugar o sódio, e em terceiro lugar é o cálcio. Lactato: solução e plasma → zero; ringer → 28. Gluconato: solução e ringer → zero; plasma → 23. No paciente grave ele serve para estabilização da membrana, então em um paciente séptico, com frequência cardíaca alta com lesão muscular, o potássio tende a subir, principalmente em paciente com insuficiência renal que é algo comum em paciente séptico. Olhem o gluconato no plasma, o acetato é inerte, a mesma coisa do lactato no ringer que vão servir como efeito tampão, para estabilização do pH. Observem a osmolaridade de 308 na solução, pode fazer desidratação cerebral, enquanto que no ringer com 275 está muito baixo e pode fazer edema cerebral e 294 no plasma. PH (valor normal 7,35- 7,45): solução salina → pH de 5,50 (semelhante ao pH ácido de 5-5,9 do estômago após ingestão de alimentos, se alguém tiver refluxo, o pH fica em torno de 4,8); ringer → 6,75 ainda (ácido); plasma → 7,4. Observação: Na alcalose metabólica não se pode fazer soro fisiológico. PROTEÍNA Se preciso fornecer albumina para o paciente, deve-se dar 30g de forma endovenosaa, que é o nosso mínimo basal, uma proteína de alta absorção. Naqueles pacientes que foi feito excesso de volume está liberado fazer albumina de 30g. Quando se dá muito volume para o paciente, o mesmo se assemelha a um “peixe boi”. E se observar dentro do vaso dele fica seco e desidratado, enquanto que fora do vaso fica anasarcado. Lembrar: sistemas para manutenção de água dentro do vaso: pressão hidrostática (relacionada a pressão e avalia a quantidade de água que está dentro do vaso e o quanto o vaso está contraindo) e pressão oncótica (quantidade de proteína). A proteína é utilizada depois da atividade física porque o músculo é lesado e se torna edemasiado, no entanto, se o músculo estiver inchado ele não cicatrizará de forma adequada. Então, a proteína é usada para sugar o excesso de líquido daquele músculo que acabou de ser lesionado na academia e para que o músculo cicatrize da forma mais correta, com a quantidade correta de actina e miosina para fazer o aumento de massa muscular. Esse é um dos motivos de utilizar proteína de alta absorção durante atividade física, e esse é o mesmo raciocínio para o paciente grave, crítico, pois ele vai precisar de proteína para cicatrizar no local lesionado (se o tecido estiver anasarcado, não irá cicatrizar corretamente). Além disso, são as proteínas que carregam os hormônios, alguns tipos de eletrólitos e antibióticos. QUANDO DAR VOLUME ENTÃO? • Paciente chegou hipotenso? • Paciente chegou normotenso e evoluiu com hipotensão? • Hiperlactatemia? *O volume será feito de forma contínua RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES BASEADAS EM EVIDÊNCIAS - GRAU DE RECOMENDAÇÃO (GRADES) QUALIDADE DAS EVIDÊNCIAS • A – alta → RCTs. • B – moderada → RCTs de menor impacto. • C – baixa → Estudos observacionais com controles. • D – muito baixa → Controlados de menor qualidade e opinião de especialistas. FORMA DAS RECOMENDAÇÕES • 1 – Forte → Recomendamos • 2 – Fraca → Sugerimos DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO A primeira coisa é fazer o diagnóstico microbiológico, a cultura, ou seja, é preciso saber exatamente quem é o agente está presente para 7 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 6 saber como será o manejo. Muitas vezes na prova de residência vem dizendo o seguinte: “A coleta de culturas antes da aplicação de antibióticos é MANDATÓRIA”, isso é FALSO, pois não deve atrasar o uso do antibiótico para colher uma cultura. A coleta da cultura é mandatória, mas antes do antibiótico ela é desejada apenas. • Coleta de culturas antes da aplicação de antibióticos é o desejado. ❖ Se atraso > 45min, priorizar antibiótico (1C). • Coletar pelo menos, no mínimo 2 hemoculturas (aeróbios e anaeróbios). ❖ Se o paciente tiver um acesso, colhe-se 1 percutânea e as demais pelos acessos vasculares > de 48 horas (1C). Exemplo 1: paciente chegou com sepse e ainda não se sabe o foco, colhe a hemocultura em 2 lugares diferentes, é coletado 2 hemoculturas percutâneas. Chegou com infecção de cateter central, faz diálise e está com cateter sorensen infectado, coleta um na via percutânea e o outro é coletado sangue do cateter. Exemplo 2: paciente com suspeita de ITU, coleta-se duas hemoculturas periféricas e a urina do paciente. Exemplo 3: Paciente chegou com suspeita de meningite, coleta-se duas hemoculturas periféricas e uma do líquor. Exemplo 4: Paciente chegou com tosse produtiva purulenta, coleta-se duas hemoculturas percutâneas e um da secreção traqueal. Exemplo 5 : Paciente que faz diálise, com cateter de sorensen, não está urinando e chegou com tosse produtiva purulenta, com sepse, coleta-se uma percutânea, uma do cateter e a outra da secreção traqueal. Se eu acho que são de dois focos, eu devo coletar desses dois focos. Para realizar a coleta, existe uma pessoa para fazer a cultura, ela explicará para o paciente o que e aonde será coletado, pega um dispositivo próprio com álcool 70%, aguarda 60 segundos para o álcool secar e coleta o sangue do paciente, coloca no frasco, vai para o outro braço e repete o mesmo procedimento.• O uso de 1,3 beta-D-Glucana (2B), anticorpos mannana e anti-mannana, se disponíveis, podem ser úteis no diagnóstico diferencial das candidíases (2C). Estudos de imagem apropriados para detectar possíveis focos devem ser feitos imediatamente (UG). ANTIBIOTICOTERAPIA • Meta: Administração de antibióticos efetivos na 1ª hora após o reconhecimento do choque séptico (1B) e sepse grave (1C). • Aplicar antibióticos de largo espectro em todos os pacientes, 1 ou mais drogas, com atividade contra todos os prováveis patógenos que penetrem adequadamente nos tecidos supostos de serem foco da infecção (1B). O largo espectro vai variar de local para local, (no Hospital Roberto Santos, o largo espectro é o Tazocim). Portanto, em prova teórica, ninguém nunca vai perguntar, mas na prova prática sim ... irão lhe apresentar um caso e lhe perguntar: Qual o melhor antibiótico? Justifique sua resposta. O avaliador não quer saber o que você falou, o que ele quer saber é a justificativa que você irá dar para a pergunta. Nesse caso a melhor justificativa é: Porque no hospital que eu trabalho, esse antibiótico X é considerado de amplo espectro (100% da questão).. No caso de médicos que trabalham em hospitais diferentes, eles tem a obrigação de saber, que é emitido pela CCIH (Comissão de infecção hospitalar) do hospital todo mês qual é o melhor ATB para cada situação e se estiver na dúvida, entra-se em contato com o CCIH. Lembrando de utilizar o menor tempo possível desses antibióticos, sendo escalonado. Nós temos algumas culturas que saem com 7 a 15 dias, e já foi modificado o antibiótico diversas vezes e atualmente, temos os kits de antibiograma na qual a cultura sai em 3 dias, que é o tempo ideal para saber se o ATB está surtindo efeito ou não. • Rever antibióticos diariamente para escalonamento (1B). • A terapia empírica deve durar menos que 3-5 dias, devendo ser confirmada ou escalonada sob evidência microbiológica (2B). • Duração da terapia é de 7 a 10 dias. 8 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 6 ❖ Cursos maiores: resposta lenta, focos não drenáveis, bacteremia por S. aureus, alguns fungos e vírus, pacientes com imunodeficiência, incluindo neutropenia (2C). • Antivirais devem ser iniciados o mais cedo possível em pacientes com sepse grave ou choque séptico de etiologia viral suspeita (2C). • Antibióticos não devem ser usados em pacientes com estados inflamatórios não infecciosos – pancreatites, pós operatórios ... (UG). CONTROLE DO FOCO Controlar o foco sempre que possível! Paciente está com um abscesso hepático, apendicite, abscesso em psoas, devem ser drenados em centro cirúrgico. Além disso, irá entrar com antibiótico e fazer todas as medidas para sepse posteriormente. • Diagnóstico anatômico mais breve possível. ❖ Intervenção nas primeiras 12h (1C). • Necrose peripancreática: intervenção adiada até a definição da área de tecidos viáveis e não viáveis (2B). • Se controle de foco é necessário + pacientes graves: Intervenção ideal: Percutânea > Céu aberto (UG). • Se acesso vascular: Remoção após posicionamento de outro acesso (UG). RESSUSCITAÇÃO INICIAL • Consenso anterior → 30 ml/kg de cristalóide???? A ressuscitação com 30mL/kg é muito mais um desafio volêmico do que uma prova de volume. Como é a prova de volume? Administra 250mL e avalio o paciente com alguns exames, ECG, ECO... E pra quê que eu vou fazer no paciente? Paciente com pré-carga baixa. E quem é o paciente com pré carga baixa? Faz PLR (?), ECO, PVC, débito urinário baixo, saturação venosa, lactato alto • A ressuscitação deve ser feita em todos os pacientes. ❖ Enfatizada: hipotensão refratária e/ou com lactato elevado. • As metas para as primeiras 6 horas permanecem as mesmas (1C). ❖ PVC entre 8 e 12 mmhg. ❖ PAM acima de 65 mmHg. ❖ Débito urinário acima de 0,5 ml/kg/h. ❖ ScvO2 acima de 70%. • Nos com lactato elevado a meta é normalizar o lactato (2C) e clearance de 10% em 6h. FLUÍDOS • Sempre Cristalóides!!!! (1B). • A SSC é contra o uso de hidroxielamido para ressuscitação em sepse grave e choque séptico (1B). • Albumina 5 ou a 10% pode ser usada se volume excessivo de cristalóides (2C). A questão é, o que é volume excessivo? Vai depender muito do feeling do médico no momento do atendimento. ❖ Desafio hídrico mínimo: 30 ml/kg. ❖ Se mais volume: uma parte pode ser albumina (1C). • Expansão volêmica deve ser continuado enquanto houver melhora objetiva de parâmetros: FC, PA, pressão de pulso, fração de ejeção (UG). VASOPRESSORES • Meta: PAM > 65 mmhg (1C). • Noradrenalina (NE) é o vasopressor de escolha (1B) → Se for iniciado a nora e o paciente está com a PAM > 65mmHg, não aumenta mais a nora. A noradrenalina atua no receptor alfa como vasoconstrictor. • Adrenalina (AD) pode ser adicionada ou substituir a noradrenalina quando é necessário aumentar a PAM (2B). • Em pacientes refratários a Noradrenalina, pode utilizada a Vasopressina (VP) 0,03-0,04 Ui/min. Pode ser adicionada a noradrenalina com a mesma finalidade (UG). A vasopressina atua no receptor V1 e V2, famoso em crise vasopressiva. Qual o problema da vasopressina? Como ela tem receptor próprio, qual o lugar do corpo que tem mais receptor V1 e V2? Rim e coronária. Ou seja, se optar por fazer vasopressina no paciente eu tenho que garantir que o paciente não tenha Síndrome coronariana aguda e nem Insuficiência renal aguda não dialítica. Mas se o paciente já apresenta uma 9 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 6 cretinina de 5 (0,6-1,3), não tá urinando nada, se botar vasopressina, o paciente vai para hemodiálise. ❖ <0,03Ui/min não devem ser utilizadas. ❖ 0,04Ui/min reservadas para terapia de resgate em casos refratários (UG). • Dopamina alternativa em pacientes altamente selecionados (2C). ❖ Não deve ser usada para proteção renal (1C). • Fenilefrina não deve ser usada. ❖ Exceção: taquiarritimias graves com NE, débito cardíaco alto com pressão baixa refratária, resgate quando combinação de vasopressores falharam em atingir pressão adequada (1C). • Todos os pacientes em uso de vasopressores devem receber um cateter arterial e monitorização de PAM (UG). INOTRÓPICOS • Inotrópico de escolha é a Dobutamina > 20 mcg/kg/min ou associada ao vasopressor (1C): ❖ Disfunção miocárdica sugerida por pressões de enchimento elevadas e débito cardíaco baixo → Choque cardiogênico. ❖ Sinais progressivos de hipoperfusão apesar de volume intravascular adequado (pré-carga) e PAM adequada (pós-carga) → Avaliei pré carga e não deu certo, avaliei pós carga e não deu certo, o que é que sobra? Dobutamina → Aula de Choque e sepse • Não usar esta estratégia para elevação de parâmetros hemodinâmicos para níveis supranormais (1B). • Existem outros inotrópicos como milrinona, anrinona e o levosimedam (caríssimo), assim como os digitálicos. Cada um com função específica. CORTICÓIDE Sepse é a doença que dá todo tipo de disfunção orgânica em vários órgãos. A adrenal é um órgão e quando se encontra insuficiente ela faz uma insuficiência adrenal e a tradução dessa insuficiência é representada pelo choque adrenal → Fornece volume e o paciente não melhora, dá droga vasoativa e não melhora, então dá o corticoide, geralmente hidrocortisona 50mg, 6/6h (50mg, 8/8h é o consenso anterior). Sepse não usa corticóide. Agora no choque séptico, usa corticoide naquele paciente que está aumentando progressivamente as doses da droga vasoativa e não está melhorando, portanto, é aquele paciente que estava usando 25ml/h e depois passou pra 40ml/h, 1h depois já está com 80ml/h. Esse paciente é refratário ao tratamento, ele apresenta um choque refratário a droga vasoativa. Nesse caso, deve-se pensar em insuficiência adrenale utilizar o corticoide. O choque adrenal é um tipo de choque distributivo. • Não usar se terapia com fluídos e vasopressores melhoram a hemodinâmica (2C) – somente no choque refratário (1D). • Em caso contrário, hidrocortisona 200 mg/dia (2C). • Não utilizar o teste de estimulação do ACTH para identificar adultos com choque séptico (2B). • Em pacientes tratados, suspender hidrocortisona assim que suspensos os vasopressores (2D). • Se hidrocortisona à Infusão contínua (2D). HEMODERIVADOS Para quem é dado sangue? Pacientes com Hb < 7 já faz concentrado de hemácias. Próximos anos: só vai ser transfundido sangue para pacientes com Hb < 6. Posologia para a transfusão → 1 concentrado de hemácias (o volume de concentrado varia nos bancos de sangue de 183mL até 262mL, aproximadamente) para aumentar 1 ponto de hemoglobina. A prescrição é feita da seguinte forma: Concentrado de hemácias – 1 unidade EV. • Resolvida hipoperfusão, sem isquemia miocárdica, hipoxemia severa ou hemorragia aguda, hemotransfundir se Hb < 7,0 g/dl. ❖ Objetivo: 7,0 e 9,0 g/dl (1B): • Não usar eritropoietina (1B). • PFC não deve ser usado para corrigir anormalidades laboratoriais da coagulação na ausência de hemorragias ou planejamento de procedimentos (1B). • Plaquetas: ❖ Se < 10 mil sem sangramentos. ❖ Se < 20 mil se risco de sangramentos. 10 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 6 ❖ Se sangramentos ou cirurgia manter > 50mil (2D). VENTILAÇÃO MECÂNICA NA SDRA A ventilação mecânica na SARA é uma ventilação com estratégia protetora. Antigamente, só utilizada a estratégia protetora na SARA, atualmente, tudo é feito com estratégia protetora, então, entubei um paciente, faz estratégia protetora do pulmão. • Estratégia protetora: ❖ VC = 6 ml/kg (1A). ❖ Driving Pressure ≤ 15 cmH2O (1B). ❖ PEEP titulada para evitar colapso alveolar e atelectrauma (1B). ❖ Ajustar PEEP necessária pela gravidade da SDRA (2C). ❖ Manobras de recrutamento em hipoxemia grave (2C). ❖ Posição prona pode ser usada em SDRA grave (P/F < 100) em locais com experiência nestas manobras. ❖ CE 30 e 45°, para minimizar o risco de PAV (1B) ❖ VNI: pacientes altamente selecionados com avaliação de custo benefício (2B). ❖ Protocolo de desmame bem estruturado deve ser utilizado (1A). ❖ SSC contra uso do CAP em pacientes com sepse e SDRA (1A). ❖ Uso de fluidos mais restritivo, menos liberal (1C). ❖ Na ausência de broncoespasmo os broncodilatadores não são recomendados (1B). CONTROLE GLICÊMICO • Protocolos institucionais (1A). • Alvo: < 180 mg/dl → Iniciar: 2 glicemias consecutivas acima de 180 mg/dl, com insulina venosa contínua (1A). Exemplo: Se o paciente estiver com glicemia de 153, faz insulina ou não? Seguinte, nós temos um trabalho muito bom sobre controle glicêmico em pacientes graves que se chama Nice sugar (https://www.amib.org.br/noticia/nid/estudo-nice- sugar-no-isicem/ ) na qual ele pega mais de 100.000 pacientes e separa dois grupos. O grupo 1 deixou a glicemia de 70 a 100 (normal) e o grupo 2 deixou a glicemia entre 70 a 180. Se tiver abaixo de 180 ainda não faz glicose, só irá fazer glicose se estiver abaixo de 70 em ambos os grupos (?). No primeiro grupo, pacientes que estiverem com glicemia acima de 100, faz insulina, e no grupo 2, faz insulina se estiver acima de 180. Qual o grupo que morreu mais gente? O grupo 1 morreu mais gente. O paciente com frequência cardíaca de 70, daqui a 20 minutos a FC pode estar em 100, 20 minutos depois, já está em 120 e depois volta para 80, paciente grave é assim. Então se é um paciente que eu faço controle glicêmico entre 70-100 ele faz mais hipoglicemia do que o paciente que mantém essa glicemia mais alta. Ou seja, se eu fizer glicemia, ou HGT, de hora em hora, em alguns momentos do dia, o paciente fez glicemia ou HGT de 50,60, hipoglicemia mata mais rápido do que hiperglicemia. Segunda coisa, quem o paciente diabético que faz mais lesão de órgão alvo agudamente? Paciente diabético trata lesão de órgão alvo com glicemia acima de 180. Paciente que está comendo, mantém a glicemia dele de 70-100? Não, por conta da glicemia pós prandial. Paciente grave, com distúrbio hormonal, em uso de corticoide, dieta, ATB, soro glicosado, a glicemia vai ficar de 70-100? Não vai, o normal dele é até 180, e não trazer problema algum pra ele. Paciente com pré-diabetes, em quanto tempo uma glicemia em jejum 100-180 traz prejuízo para o paciente? Mais de 10 anos. Em mais de 10 anos o paciente não vai ficar grave, na UTI. Em resumo, glicemia de 180 não vai trazer problema nenhum para o paciente. A glicemia alvo é abaixo de 180 e o ideal é em torno de 140. Prescrição de glicemia e HGT é assim: Insulina regular 2UI se, HGT entre 180-200. Insulina regular 4UI se HGT entre 200-250. Por que isso? A Glicemia de 100-180 só vai trazer lesão de órgão alvo acima de 10 anos para a paciente grave. Acima de 180 deve ser tratado. • Medição a cada 2 horas até a estabilização da glicose e da infusão de insulina, e a partir daí a cada 4 horas (1C) • Se dúvida nos valores à sangue arterial (UG). Se chega um paciente grave, usando nora em dose alta, em dieta zero, glicemia de 280, não vamos esperar a insulina subcutânea ser absorvida, a pele não é um órgão nobre, ou seja, eu vou jogar pra dentro 11 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 6 da veia, faz então insulina venosa em BIC. Na hora que o paciente começar a melhorar aí você sai da insulina venosa e troca pela subcutânea. SEDAÇÃO, ANALGESIA E BLOQUEIO NEUROMUSCULAR A sedação, analgesia e bloqueio para a paciente que realmente precisa, não são todos. Uma vez que eu deixo o paciente completamente sedado, os músculos param de funcionar. Em paciente séptico, hipercatabólico, ele perde/consome músculo, por isso que pacientes sépticos internados a muito tempo no hospital, perdem massa muscular e ficam caquéticos. Isso nos diz que em algum momento, não usaram insulina da forma correta, em algum momento houve falha na fisioterapia motora e em algum momento o médico utilizou sedação demais e bloqueio neuromuscular em excesso. Em alguns casos, a caquexia é pela própria doença mesmo. Músculos que trabalham de forma ininterrupta: músculos do coração e do diafragma. O coração sabe que não pode parar, mas o diafragma para. Por isso a sedação e o bloqueio é pra QUEM PRECISA e não pra quem pode. E se você quer extubar o paciente e o mesmo não tem músculo suficiente você vai colocar o paciente “em academia”. Quando na verdade, eles precisavam mesmo era de ansiólise, seroquel, risperidona, rivotril para poder reduzir dormonid, propofol, quetamina, bloqueio neuromuscular. O músculo ventilatório não foi feito para repouso total. Nesses casos, o paciente precisa ficar o tempo todo fazendo fisioterapia ventilatória, respiratória para trabalhar sempre esses músculos. *Existe uma luta contra o catabolismo da sepse. Uma das maneiras de tentar resolver é com o uso de anabolizantes. Um dos primeiros objetivos da criação do anabolizantes foi para a desnutrição quando fica dentro da UTI; o segundo motivo foi para pacientes com DPOC que não saíram da ventilação mecânica, pacientes com DPOC já tem uma redução muscular e se não trabalha o músculo ele perde tudo. Agora o problema é que quando você dá anabolizante para um paciente com infecção, a bactéria também adora o anabolizante e o antibiótico tem baixa eficácia em pacientes com uso de anabolizante. Por isso que paciente que tem complicação com anabolizante, paciente de academia que usa muito, ele dá bastante trabalho por que ele tá com abscesso em algum local, normalmente anorretal que é comum, pra quem pega peso de forma inadequada (importante instrutor e fisioterapeuta pra evitar o exercícioinadequado) podendo levar a lesão do períneo formando abscesso e até mesmo a própria injeção no glúteo de anabolizante. • A sedação, contínua ou intermitente, deve ser minimizada, e titulada por escalas específicas (1B). • Os bloqueadores neuromusculares (BNM) devem ser evitados, principalmente na presença de SDRA. ❖ Se necessário à infusão contínua ou intermitente e monitorizados pelo train-of-four (1C) ❖ Um curso curto de BNM pode ser usado por 48 horas em SDRA grave (2C). TERAPIA DE SUBSTITUIÇÃO RENAL Naqueles pacientes que precisam fazer diálise de forma precoce. • Métodos dialíticos contínuos ou intermitentes são equivalentes em pacientes com sepse grave e insuficiência renal aguda (2B). • Usar métodos contínuos para facilitar o manejo do balanço hídrico em pacientes hemodinamicamente instáveis (2D). BICARBONATO DE SÓDIO Não deve ser utilizado, ele só é indicado na PCR, naqueles pacientes muito graves com Bicarbonato abaixo de 10 e/ou pH <7,15 para tirar o paciente da urgência. Uma vez tirando da urgência, trata-se de outra forma. • Não utilizar com o propósito de melhorar hemodinâmica ou reduzir a necessidade de vasopressores em pacientes com acidose lática induzida por hipoperfusão com pH <7,15. PROFILAXIA TVP/TEP Para todo mundo, ou seja, paciente que fica acamado mais de 8h/dia fora das horas de sono, é candidato a profilaxia de TVP/TEP. Heparina, clexane para esses pacientes para evitar trombose. • Profilaxia farmacológica diária para TVP / TEP (1B). 12 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – Aula 6 • HBPM 1x/dia é melhor que HNF 2x/dia (1B) que, por sua vez, é melhor que HNF 3 vezes ao dia (2C). ❖ ClCr < 30 ml/min → dalteparina ou outra HBPM que tenha menor grau de metabolismo renal (2C) ou HNF (1A). • Sepse grave: profilaxia farmacológica + mecânicos de compressão intermitente (2C). • Se contraindicação a heparina. ❖ Não usar profilaxia farmacológica (1B). ❖ Métodos mecânicos (2C): compressão pneumática intermitente com meias compressivas. PROFILAXIA DE ÚLCERA DE ESTRESSE OU PROFILAXIA DE LESÃO AGUDA DE MUCOSA GÁSTRICA (LANG) Sepse dá disfunção em todos os órgãos. Gastroparesia é a disfunção no estômago quando para de chegar sangue no órgão. O suco gástrico fica retido no estômago, para de produzir mucina (proteção gástrica é perdida), pH cada vez mais ácido. Se der soro fisiológico, parte do cloro será liberado no estômago e o H+ também será liberado no estômago, aumentando a acidez. Por isso que paciente com sepse faz hemorragia digestiva. Todo paciente com sepse tem que fazer profilaxia para úlcera de estresse, por isso é dado omeprazol, pantoprazol ou um outro IBP. • IBP’s ou antagonistas H2 podem ser dados aos que tem alto risco de sangramento (1B). • Se profilaxia, IBP’s > antagonistas H2 (2D). • Pacientes sem fatores de risco não precisam de profilaxia (2B). NUTRIÇÃO Sempre que possível, dieta oral, e na impossibilidade deste, fará dieta enteral e na impossibilidade da enteral, faz a parenteral. • Iniciar nutrição (VO ou NE) se tolerado. ❖ Ao invés de aporte calórico pleno ou manter apenas glicose intravenosa nas primeiras 48h (2C). • Evitar aporte pleno obrigatório na primeira semana. ❖ Ao invés, iniciar aporte menor e progredir como tolerado (2B). • Nos primeiros 7 dias, preferir NE ou NE com glicose IV do que NPT ou NE associada com NPT (2B). ❖ Não utilizar nutrição imunomodulada (ARG ou GLUT) (2C) VITAMINA C + HIDROCORTISONA + TIAMINA ???????? (NÃO FOI ABORDADO NA AULA) OUTRAS TERAPIAS DE SUPORTE (NÃO FOI ABORDADO NA AULA) • Imunoglobulina – não usar (2B) • Selênio – não usar intravenoso (2C) • Proteína C reativa recombinante humana Não é mais produzida, não há mais recomendação PONTOS- CHAVE • Medir lactato. • Coletar culturas. • Iniciar antibióticos. • Fazer cristalóides, 30 ml/kg, se hipotensão ou lactato alto. • Fazer vasopressores – noradrenalina – se hipotensão mantida. • Avaliar a fluídorresponsividade do paciente. • Na hipotensão persistente ou lactato alto: ❖ Medir PVC e se orientar pelas metas (8 a 12 mmhg). ❖ Medir SvcO2 e se orientar pelas metas (> 70%). • Medir o lactato seriadamente se houver alto no 1º. • Noradrenalina é o vasopressor de escolha. • Não usar dopamina em baixa dose. • Não usar fenilefrina. • Ao usar corticóide, usar hidrocortisona 200 mg contínua. • VM protetora – baixos volumes, pressões controladas, titular PEEP, menor FiO2 possível. • Transfundir sangue se absolutamente necessário, e se Hb < 7,0 g/dl. • Manter glicemia entre 140 e 180 mg/dl. • Nutrir conforme as necessidades e possibilidades, mas não deixar em dieta zero.
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