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01 10 TCC ATUALIZADO

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9
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE CASTANHAL / CUNCAST
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PAULO NEGRÃO FREITAS FERREIRA
BULLYING E EDUCAÇÃO FÍSICA: 
O PRIMEIRO PASSO PARA A PREVENÇÃO É O CONHECIMENTO
CASTANHAL - PA
2016
PAULO NEGRÃO FREITAS FERREIRA
BULLYING E EDUCAÇÃO FÍSICA: 
O PRIMEIRO PASSO PARA A PREVENÇÃO É O CONHECIMENTO
Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Castanhal, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Licenciatura em Educação Física. 
Orientadora: Professora Dra. Roseane do Socorro da Silva Matos Fernandes.
Co orientadora: Professora Msc. Patricia Rodrigues de Oliveira Kimura
CASTANHAL - PA
2016
PAULO NEGRÃO FREITAS FERREIRA
BULLYING E EDUCAÇÃO FÍSICA: 
O PRIMEIRO PASSO PARA A PREVENÇÃO É O CONHECIMENTO
Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Castanhal, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Licenciatura em Educação Física. 
Orientadora: Professora Dra. Roseane do Socorro da Silva Matos Fernandes.
Co orientadora: Professora Msc. Patricia Rodrigues de Oliveira Kimura
Data da Defesa:
Banca examinadora:
_____________________________________
Presidente: Profª. Msc. Patricia Rodrigues de Oliveira Kimura
Universidade Federal do Pará – UFPA/Co orientadora
_____________________________________
Membro: Prof. Msc. Wellington da Costa Pinheiro
Universidade Federal do Pará – UFPA
_____________________________________
Membro: Prof. Dr. Euzébio de Oliveira
Universidade Federal do Pará – UFPA
Apresentado em: ___/___/___
Dedico esse trabalho a todas as pessoas que já sofreram ou sofrem bullying, seja em casa, no trabalho ou na escola. Ergam a cabeça, denunciem e enfrentem o problema.
AGRADECIMENTOS
“Si vis pacem, para bellum”.
(Publius Flavius Vegetius Renatus)
RESUMO
O bullying é um tipo de violência que se manifesta a partir do convívio entre pessoas e suas diferenças, podendo deixar marcas que são levadas para o resto da vida ou, até mesmo, ao suicídio. O objetivo geral deste trabalho consistiu em compreender como o professor lida com situações de Bullying nas aulas de Educação Física Escolar. Seguido dos objetivos específicos são de desvendar se os professores de Educação Física têm conhecimento sobre o bullying, assim como analisar quais as estratégias os professores de Educação Física utilizam para prevenir a manifestação de bullying durante as aulas. É muito importante que medidas de prevenção e combate ao Bullying sejam criadas para que esta manifestação diminua ou, até mesmo, desapareça do contexto escolar, entretanto, é indispensável que o professor saiba identificar o tipo de violência que está ocorrendo para poder intervir de forma eficiente. O estudo optou pela abordagem qualitativa, realizando uma coleta de dados através de uma revisão bibliográfica, complementando com uma pesquisa de campo realizada com professores de Educação Física que atuam em quatro (4) escolas da rede municipal da cidade de Castanhal, que se dispuseram a participar da referida pesquisa, sendo submetidos a um questionário semi-estruturado criado especificamente para este estudo pelo autor. A pesquisa evidenciou que os voluntários não possuem conhecimento aprofundado sobre a temática bullying, porém não os impediu de tomar providências coniventes com a situação. Estratégias como conversas, requisitar ajuda da gestão escolar, assim como dos pais dos escolares, se mostram momentaneamente eficientes, porém, o combate ao bullying deve ser sistematizado e contínuo.
Palavras-Chave: Bullying, prevenção, Educação Física Escolar.
LISTA DE SIGLAS
ABRAPIA: Associação Brasileira Multiprofissionais de Proteção à Infância
SUMÁRIO
1	Introdução	9
2	Metodologia	12
2.1	Tipo De Estudo	12
2.2	Amostra	13
2.3	Instrumento de Coleta de Dados	13
2.4	Procedimentos	14
3	Resultados e Discussão	14
4	Conclusão	18
5	Referências	19
6	Apêndice A	21
7	Apêndice B	22
Introdução
Dentre as inúmeras expressões da violência recebe destaque, na atualidade, o bullying, fenômeno caracterizado por atos de provocação, perseguição ou intimidação que, geralmente, ocorre de maneira dissimulada e habitualmente, camuflada por “risos” e “brincadeiras” e cujas manifestações são, com maior frequência, identificadas na escola, configurando-se prática comum entre crianças e adolescentes.
Fante (2005, p. 28) assevera que o bullying consiste em um subconjunto de comportamentos agressivos, sendo caracterizado por ações de natureza repetitiva e por desequilíbrios de poder. Lopes Neto (2005), corroborando as elaborações da referida autora, elenca as principais formas de conduta que caracterizam o bullying, relacionando-as aos contextos nos quais elas costumam ocorrer:
 [...] chutar, empurrar, apelidar, discriminar e excluir, que ocorrem entre colegas sem motivação evidente, e repetidas vezes, sendo que um grupo de alunos ou um aluno com mais força, vitimiza outro que não consegue encontrar um modo eficiente para se defender. (LOPES NETO, 2005, p.164) (ESTA CITAÇÃO DEVE SER FEITA NA ÍNTEGRA)
Estudos de autores como (citar) mostram que há outras terminologias utilizadas como sinônimos para definir o termo bullying e que podem variar conforme o país (cite aqui as O termo bullying é usado universalmente, pois segundo Lopes Neto (2005), houve uma dificuldade em estabelecer uma tradução, tendo em vista sua conceituação e sua gama de características, o que dificultou a escolha de um termo negativo que fosse correspondente em países como Alemanha, França, Espanha, Portugal, Brasil, entre outros.
As primeiras pesquisas foram realizadas na Universidade de Bergan-Noruega, nos anos de 1978 a 1993, pelo professor Dan Olweus. Porém, sua devida atenção por parte do governo norueguês foi dada somente após o suicídio de três crianças de 10 e 14 anos, que provavelmente foram influenciadas por maus tratos de outras. Dan Olweus desenvolveu os primeiros métodos de detecção específica dessa manifestação, para que pudesse haver a diferenciação entre brincadeiras de mal gosto isoladas e Bullying.
No Brasil, a devida atenção dada ao bullying ocorreu somente a partir do ano 2000, com estudos que começaram a ser desenvolvidos após a ocorrência de casos em escolas no interior do estado de São Paulo. Para Abramovay (2003, p. 13) “as escolas deixaram, de certa forma, de representar um local de amparo, seguro e protegido para os alunos e perderam grande parte dos seus vínculos com a comunidade”. 
Fante (2005) relata que o bullying acontece em todas as escolas, e sua presença ocorre independentemente do turno escolar, área de localização (urbana ou rural), tamanho da escola ou da cidade, série cursada e natureza da escola (pública ou privada). Entretanto, onde há interação entre pessoas, pode haver a prática do bullying.
Dentro desta temática, compreende-se que existem pessoas responsáveis pela manifestação do fenômeno bullying. Fante (2005) classifica os protagonistas do bullying da seguinte maneira: vítima típica[footnoteRef:1], vítima provocadora[footnoteRef:2], vítima agressiva[footnoteRef:3], espectador[footnoteRef:4] e agressor[footnoteRef:5]. É importante salientar que, quando há uma discussão sobre bullying, não podemos limitar sua manifestação somente entre agressor e a vítima, tendo em vista que há outros personagens importantes nesse contexto. [1: Tímido, fraco fisicamente, com alguma característica "diferente" (como orelhas grandes, óculos, muito alto ou muito baixo, etc...) estas pessoas sentem-se intimidadas, evitam o contato com colegas, isolam-se e por isto são facilmente agredidas.] [2: É aquela pessoa que gosta de chamar a atenção mas não sabe como, geralmente é mais imaturo que seus colegas e suas atitudes podem irritar os demais que passam aagredi-lo.] [3: Aqui temos um indivíduo que sofre bullying, em seguida busca pessoas mais fracas e as transforma em vítimas.] [4: Quem assiste o bullying e não faz nada é tão ou mais responsável do que o agressor, nesta categoria incluem-se todos os outros alunos que assistem uma agressão e ficam calados, dão risada, mas não fazem nada.] [5: Ele hostiliza os mais fracos para compensar suas carências, geralmente o agressor é forte fisicamente, mas sente que precisa demonstrar sua força para poder se sentir superior.] 
A ABRAPIA nos acrescenta que, frequentemente, os autores de bullying procuram para serem suas vítimas, pessoas com algumas características específicas, como: deficiência física, baixa estatura, inteligência superior entre os demais, submissão, dificuldades na aprendizagem, aspecto físico frágil, timidez, religião e culturas diferenciadas, cor de pele.
Nesse sentido, Fante (2005, p. 24), afirma que:
[...] o medo constante e repetitivo bloqueia a agressividade e o bom funcionamento mental, prejudicando as funções de raciocínio, abstração, interesse por si mesmo e pelo aprendizado, além de estender-se a outras faculdades mentais ligadas à autopercepção, concentração, auto-estima e capacidade de interiorização.
A pesquisa de Mazini Filho et al. (2014), teve como foco verificar as manifestações de bullying nas escolas. Para refletirmos sobre a necessidade do conhecimento e da prevenção desse fenômeno, especialmente como a Educação Física pode ajudar a minimizar ou acabar com o bullying nas escolas. Os autores concluíram que a escola, por ser um ambiente no qual se encontra pessoas com diversas características, se tornando o local mais propicio para a manifestação do bullying. Com o crescimento da violência no ambiente escolar, é necessário que os profissionais da educação estejam mais atentos aos comportamentos de seus alunos, a fim de evitar a proliferação desse fenômeno.
Beane (2011) pontua sinais indicativos de bullying para que sua detecção seja facilitada e, consequentemente, favorecendo um combate mais eficiente. Sinais como, por exemplo: Queda no desempenho escolar, repentina preferência por companhia de adultos, evitar visitar determinados espaços da escola, culpa-se por problemas e dificuldades, são relativamente perceptíveis e, caso haja uma recorrência em suas manifestações, devem ser investigados.
	Por meio de minhas vivências como monitor em turmas de crianças no programa Mais Educação[footnoteRef:6], em uma escola no município de Castanhal-Pará, pude perceber, como desde as séries iniciais o bullying tem se manifestado. [6: O Programa Mais Educação foi instituído pela Portaria Interministerial n.º 17/2007 e integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), como uma estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização curricular, na perspectiva da Educação Integral.] 
Em meu segundo dia de trabalho, pude observar uma situação com características do bullying, em que duas crianças mais altas seguraram outra criança de baixa estatura pelos braços e pernas e começaram a balançar, arrastar, correndo pela quadra. Imediatamente mandei parar e os encaminhei para a coordenação da escola.
No decorrer das aulas, percebi que um desses alunos maiores costumava perseguir outros menores somente por causa do tamanho. Reclamações por parte dos alunos como “ele sempre faz isso”, “ele faz isso só porque é grande” tornaram-se comuns durante minhas rodas de conversas no fim das aulas.
A partir do relato citado acima, me senti instigado a pesquisar sobre esta temática. Compreendemos que ao abordar o tema bullying, possibilitamos descortinar uma área que não é tão enfocada no âmbito da Educação Física Escolar e que a mesma traz conhecimentos necessários para perceber, identificar e consequentemente combater as manifestações de bullying nas aulas de Educação Física escolar, “tendo em vista que é neste espaço onde as relações interpessoais ocorrem com maior intensidade” (FANTE; PEDRA, 2008).
Diante deste cenário, apresentamos como questão problema: Como o professor lida com situações de bullying nas aulas de Educação Física?
· Objetivo geral: compreender como o professor de Educação Física lida com situações de bullying nas suas aulas. 
· Objetivos específicos: 
· Desvendar se os professores de Educação Física têm conhecimento sobre o bullying.
· Analisar quais as estratégias os professores de Educação Física utilizam para prevenir a manifestação de bullying durante as aulas.
 	
 Metodologia
Segundo Gil (2012, p.17), a pesquisa científica é “o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”.
Desse modo, pode-se dizer que um dos pontos mais importantes na construção de um trabalho científico é a definição do método, sendo este, a peça fundamental do processo de construção do conhecimento, haja vista, que dependendo do caminho escolhido pelo pesquisador, pode-se vislumbrar sucesso ou não nessa empreitada, pois a utilização errada desse instrumento pode afetar de forma negativa os resultados finais alcançados.
Tipo De Estudo
A abordagem dessa pesquisa foi de cunho qualitativo no qual Ludke; André (1986, p. 12) definem como “a pesquisa qualitativa é de abordagem naturalista, ou seja, a fonte direta dos dados pesquisados é o ambiente natural do sujeito a ser pesquisado.
Gonsalves caracteriza a pesquisa de campo, como: 
[...] a pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas [...] (GONSALVES, 2001, p. 67).
Amostra
Segundo Vergara (2003) a população é definida como sendo um conjunto de elementos que possuem características que serviram como objeto de análise e estudo. Foram convidados para participar da presente pesquisa quatro (4) professores de Educação Física de quatro (4) escolas públicas de ensino fundamental do município de Castanhal. Tendo em vista o objetivo do estudo, foram adotados critérios de inclusão, como:
· Todos os professores de Educação Física concursados/contratados que atuem nas escolas de ensino fundamental do município de Castanhal;
· Estarem dispostos a participar do estudo e responder o questionário;
· Assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido;
· Atuar na área da docência há, pelo menos, um ano.
Instrumento de Coleta de Dados
Afim de obter as informações necessárias para alcançar os objetivos deste estudo, foi criado um questionário específico para aplicação nesta pesquisa. O questionário contou com perguntas fechadas de múltipla escolha sobre dados pessoais, bem como perguntas abertas relacionadas à percepção dos voluntários referente ao fenômeno bullying nas aulas de Educação Física.
O questionário pode ser definido como:
[...] a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc (GIL, 2012, p.128).
Procedimentos
A presente pesquisa foi realizada nas seguintes instituições: Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Inês Costa, Escola Municipal de Ensino Fundamental Irene Rodrigues Titan, Escola Municipal de Ensino Fundamental Georgina Rocha Nascimento, Escola Municipal de Ensino Fundamental e Escola Municipal de Ensino Fundamental Madre Maria Viganó, localizadas no município de Castanhal – Pará. Os contatos com as escolas foram efetivados por meio de ofícios expedidos pela Universidade Federal do Pará (UFPA) a fim de obter autorização para a pesquisa sendo entregue à diretora da escola, havendo um diálogo acerca dos objetivos do estudo e de como ocorreria a pesquisa.
A coleta de dados foi realizada no mês setembro, sendo programadas quatro visitas por semana, duas no período da manhãe duas no período da tarde durante duas semanas do mês de setembro, portanto, 4 dias foram necessários para a coleta de dados. Segundo Vergara (2003) a coleta de dados representa a forma de obtenção de dados para a validação da pesquisa, visando à resolução do problema em estudo. 
Para a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi realizada uma explicação prévia da pesquisa, em seguida foi solicitado aos voluntários que assinassem o termo de consentimento livre e esclarecido de sua participação, para que fosse possível utilizar os dados na pesquisa.
RESULTADOS E DiscussÃO
Para fomentar os resultados e a discussão, foi possível utilizar autores de referência na área e relacionar com a fala dos entrevistados. 
Os professores entrevistados ao definirem o Bullying, fizeram referência a termos como: preconceito, violência, agressões, humilhações, denegrir. Estes termos são recorrentes na literatura sobre o tema e indicam que os professores conseguem relacionar o bullying a questões que transcendem atos clássicos de violência (violência verbal e física), na medida em que se referem a atos como humilhar ou denigrir, que sugerem uma ação mais indireta. Conforme ilustra a fala de um do voluntário 03 “O bullying é todo comportamento que se configura em uma violência moral contra um indivíduo, humilhando, denegrindo ou causando desconforto em seu ambiente social ou familiar”.
 Apesar dessas respostas indicarem que os professores não são alheios ao tema, cabe destacar que elas não abrangem todas as questões a que fazem referência os especialistas da área. Isto porque alguns fatores como, frequência, atos violentos intencionais e repetitivos com a mesma vítima, que configuram “características marcantes dessa forma de violência” (LOPES NETO, 2011, p. 21), não foram mencionados por nenhum dos entrevistados.
Em estudos desenvolvidos sobre o bullying, Fante (2005) cita agressões sistemática e recorrentes como principais características dessa forma de violência. A autora destaca a necessidade de discussão sobre o tema, uma vez que conhecer os mecanismos envolvidos nas manifestações de bullying é essencial para a sua identificação e, consequentemente, seu combate. 
Conhecer as especificidades do bullying é uma ferramenta que subsidia os professores no tratamento da questão e que evita equívocos quanto a identificação do problema, o que pode impedir que ele seja negligenciado pela escola. 
Essas evidencias corroboram ao entendimento de que “professores e pais têm pouca percepção do bullying, subestimam a sua prevalência e atuam de forma insuficiente para a redução e interrupção dessas situações” (LOPES NETO, 2005, p.166).
Desse modo, essas análises nos permitem inferir que o desconhecimento ou, mesmo, um conhecimento genérico sobre o tema ainda representa um grande desafio para o desenvolvimento de ações efetivas voltadas à prevenção e combate deste problema.
Nota-se também que, apesar de uma disparidade no tempo de docência entre os voluntários, não houve uma diferença significativa em suas respostas, portanto compreende-se que não há um entendimento diferenciado à cerca da conceituação de bullying entre voluntários com maior tempo de docência, sendo estes voluntários 03(12 anos) e 02(8 anos) e os com menor tempo, voluntários 01(4 anos) e 04 (3 anos). 
	Com relação a incidência de situações de Bullying, ocorridas entre os alunos durante as suas aulas e sua forma de lidar com a situação, todos os professores afirmaram já terem presenciado episódios dessa natureza e afirmaram ter tomado atitudes para combater as manifestações. Dentre as principais formas utilizadas para mediarem o problema, eles indicaram o diálogo com os alunos diretamente envolvidos no conflito e, posteriormente, com toda a turma, conforme expõe o voluntário 01: “Na situação, tentei dialogar com o aluno e também com a turma, destacando a importância do respeito entre eles”. Outras iniciativas foram citadas, como recursos de intervenção, a exemplo de encaminhar o problema à coordenação pedagógica e a direção e o diálogo com os pais e/ou responsáveis. Conforme atesta a fala a seguir:
Geralmente em caso de bullying na minha aula de educação física, o aluno agressor é encaminhado junto com o aluno agredido para esclarecimentos a direção. Depois os pais do aluno agressor são chamados e ocorre uma reunião entre eles, diretor, coordenador e professor para discutir e tentar solucionar da melhor forma possível a situação, para evitar que aquele aluno volte a ter novos atos de bullying (voluntário 02).
É possível perceber, na fala do voluntário 03, que combater manifestações de bullying ocorridos dentro do contexto escolar, não é tarefa exclusiva do professor, e sim de toda a comunidade escolar, ou seja, professor, coordenador, psicólogo, pais, portanto nota-se uma proposta de combate colaborativa. Foi possível encontrar na literatura, estudos que abordam a preparação dos professores de Educação Física ante ao fenômeno de bullying, onde é possível perceber, que esses profissionais, as escolas e os pais precisam estar preparados para enfrentar o bullying e estejam aptos a realizar projetos de orientação aos alunos quanto à prática do fenômeno e suas consequências (FRANÇA; 2012; CALOMENI et al., 2012; PERFEITO, 2014;).
Os autores da pesquisa concluíram que, com base no material científico existente sobre o tema bullying na escola que a hipótese levantada, o professor de educação física pode ser um agente importante de enfretamento do bullying na escola parece ser verdadeira.
Estratégias para tentar coibir as manifestações de bullying nas aulas de educação física devem ser estruturadas e sistematizadas em um processo contínuo. Discutir sobre as diferenças de etnia, gênero, classes sociais e mostrar que é possível conviver com o próximo, sem que tais diferenças intervenham no modo de se relacionar são inciativas essenciais para que os alunos entendam a gravidade das consequências da manifestação do bullying, e percebam a violência como algo maléfico para o seu convívio. Assim, compartilhamos da percepção de que “para se refletir sobre o bullying, é essencial promover a orientação, a conscientização e a discussão a respeito do assunto” (NOGUEIRA, 2005, p. 100).
Ao ser indagados sobre a existência de projetos que visam combater manifestações de bullying no seu ambiente de trabalho, os voluntários 01, 02 e 03 não souberam afirmar se em sua escola há projetos nesta vertente. Somente o voluntário PEF 04 confirmou a existência de um projeto em sua escola, porém o projeto desenvolvido não é somente voltado para esta temática. De acordo com o que é explanado a seguir:
Há um projeto de combate e enfrentamento das mazelas sociais tipicamente conhecidas pela comunidade escolar (violência, uso de drogas, discriminação racial) e todos os professores tem a responsabilidade comum de constatar e fazer o devido tratamento junto da assessoria pedagógica e direção escolar (Voluntário 04).
 É possível perceber a carência de projetos que visem combater o bullying, tendo em vista que sua manifestação é uma realidade no contexto escolar. Este estudo não pôde estabelecer quais as causas da falta de projetos, entretanto, Fante (2005) afirma que há uma repulsa por parte da diretoria escolar em admitir a existência em sua escola, justificando apenas com “manifestações pontuais” de violência e que providências foram rapidamente tomadas para sessar o problema.
A autora ainda pontua que:
 “Para que se possam desenvolver estratégias de possam prevenir e combater ao bullying em uma determinada escola, é necessário que a comunidade escolar esteja consciente da existência do fenômeno e, sobretudo, das consequências advindas desse tipo de comportamento (FANTE, 2005, p. 91). 
Depreende-se então que o déficit de conhecimentos mais rebuscados a respeito da temática e a carência de projetos de combate ao bullying no contexto escolar, já explanadas neste estudo, são fatores preocupantes no que se refere à tomada de providências no enfrentamento desta manifestação. O quenão impediu os professores de assumir atitudes que, mesmo sem um estudo mais aprofundado sobre o tema, foram suficientes para que o problema fosse inibido.
	
conclusão
A pesquisa constatou o quanto os professores estão distantes de um conhecimento necessário acerca dos conceitos determinados pelos autores que estudam o tema bullying. Conceitos estes que são fundamentais para identificar uma manifestação de bullying e, consequentemente, estabelecer estratégias eficientes de enfrentamento.
Fica claro o quão importante é o professor estar sempre buscando aperfeiçoar seus conhecimentos voltado a essa temática. É evidente também a necessidade de se desenvolver programas, cursos, palestras que tenham como objetivo levar o conhecimento a respeito de bullying, não só aos professores de Educação Física, como da comunidade escolar.
É possível perceber a necessidade do professor de Educação Física ter conhecimento técnico e profissional para o enfretamento do bullying nas suas aulas, haja vista, que a literatura nacional pesquisada neste estudo mostra claramente que há a necessidade do conhecimento e da prevenção desse fenômeno.
Referências
ABRAMOVAY, Mirian; et al. Escola e violência. Brasilia: UNESCO, UCB, 2003
ABRAPIA – Associação Brasileira de Multiprofissionais de Proteção à Criança e ao Adolescente. Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes. Disponível em: http://www.bullying.com.br/. Rio de Janeiro. 2012.
BEANE, Allan L. Proteja seu filho do bullying. Tradução: Débora Guimarães Isidoro. Rio de Janeiro: Best-seller, 2011.
CALOMENI, Mauricio Rocha et al. A função do educador físico no enfrentamento do fenômeno bullying no âmbito escolar. Biológicas & Saúde, v. 2, n. 4, 2012.
FANTE, Cléo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Verus, 2005.
FANTE, Cleo; PEDRA, José Augusto. Bullying escolar: perguntas e respostas. Artmed, 2008.
FRANÇA, Filipe Gabriel Ribeiro; VIEIRA, Patrícia Lins. Os professores de educação física frente ao bullying homofóbico na escola. In: VI Congresso Internacional de Estudos Sobre a Diversidade Sexual e de Gênero. Salvador-BA: ABEH. 2012.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
GONSALVES, E. P. Conversas sobre iniciação à pesquisa científica. Campinas, SP: Alínea, 2001.
LOPES NETO, A.A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria Online. Vol. 81, nº 5 (supl.), p. 164-172, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-5572005000700006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt.
LOPES NETO, Aramis Antônio. Bullying: saber identificar e como prevenir. São Paulo, 2011.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MAZINI FILHO, Mauro Lúcio et al. Bullying na escola e a educação física. Revista@ rgumentam. Faculdade Sudamérica. Volume, p. 216-235, 2014.
NOGUEIRA, R. A prática de violência entre pares: o bullying nas escolas. Revista Iberoamericana de Educación, v. 37, p. 93-102, 2005. 
PERFEITO, Rodrigo Silva. A naturalização do bullying por parte do professor de educação física escolar: um estudo etnográfico. Arquivos em Movimento, v. 10, n. 2, p. 22-41, 2014.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2003.
Apêndice A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
Pelo presente termo, venho convida-lo (a) a participar da pesquisa intitulada: BULLYING: O PRIMEIRO PASSO PARA A PREVENÇÃO É O CONHECIMENTO, que tem como objetivo compreender como o professor de educação física do ensino fundamental lida com situações de bullying em suas aulas, sendo este um estudo qualitativo. 
A técnica de coleta de dados será feita em apenas uma etapa, que consiste na aplicação de um questionário semiestruturado composto por oito (8) questões. As informações referentes aos sujeitos alvos deste estudo serão tratadas de forma anônima e confidencial, haja vista que em nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Os dados coletados serão utilizados para fins de análise apenas nesta pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas, mantendo-se as identidades dos sujeitos participantes deste estudo em anonimato. 
Sua participação é voluntária, e você pode recusar-se a participar de qualquer atividade ou desistir de participar a qualquer momento, solicitando a retirada de seu consentimento. Essa recusa não trará nenhum prejuízo na sua relação com o pesquisador ou com a instituição. 
Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder ao questionário. Você não terá nenhum custo ou quaisquer benefícios financeiros. Não haverá riscos de qualquer natureza relacionada à sua participação, visto que as atividades apenas envolverão a expressão e o diálogo. O benefício relacionado à sua participação será o de aumentar o conhecimento científico sobre o tema da violência escolar, com destaque para o fenômeno bullying. 
Será entregue a você uma cópia deste termo, onde constam os contatos do pesquisador responsável, para que, caso seja de seu interesse, você possa tirar qualquer dúvida sobre o projeto e sobre a sua participação, agora ou a qualquer momento. Desde já agradecemos a sua participação! 
________________________________ 
Paulo Negrão Freitas Ferreira
Graduando em Licenciatura em Educação Física - UFPA 
Cel: (xx) 9xxxx-xxxx / 9xxxx-xxxx
E-mail: paulonegrao18@hotmail.com 
Endereço: Travessa Irmã Adelaide/Castanhal-Pará
Declaro estar ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e aceito participar no estudo proposto, sabendo que poderei cancelar minha participação a qualquer momento, sem sofrer qualquer punição ou constrangimento. 
Castanhal- PA____ de _______________ de 2016. 
Sujeito de Pesquisa: _____________________________________________________________ 
Telefone: ______________________________________________________________________ 
E-mail: ________________________________________________________________________
Apêndice B
QUESTIONÁRIO
Idade: _________
Tempo de trabalho na área da docência: ______________
Tempo de trabalho na escola em que está: ____________
Possui pós-graduação? Se sim, em qual área? _____________________________
1. Você já ouviu falar em Bullying?
( ) SIM		( ) NÃO		( ) NÃO SEI DIZER		
2. O que é bullying para você?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3. Você já identificou manifestações de bullying entre os alunos durante suas aulas?
( ) SIM		( ) NÃO		( ) NÃO SEI DIZER
4. Caso tenha respondido SIM na pergunta anterior, como você agiu diante desta situação?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5. Considerando que você conheça a forma de violência denominada Bullying e que já tenha passado por situações que a envolvam, você adotou alguma medida de prevenção e combate desse problema?
( ) SIM		( ) NÃO
6. Caso tenha respondido SIM na pergunta anterior, explique como esta medida foi desenvolvida.
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
7. A escola em que você trabalha traz em seu Projeto Pedagógico, projetos que abordam essa problemática?
( ) SIM		( ) NÃO		( ) NÃO SEI DIZER
8. Caso tenha respondido SIM na pergunta anterior, explique como esse Projeto é desenvolvido.
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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