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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco 2010 Recife-PE Tecnologia em Gestão Ambiental Química Ambiental Silvana Correia de Mendonça Coautores Josineide Braz de Miranda Eduardo Alécio Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologiade Pernambuco - IFPE e a Universidade Aberta do Brasil - UAB Equipe de Elaboração Coordenação do Curso José Severino Bento Supervisão de Tutoria Erica de Carvalho Paz Logística de Conteúdo Clayson Pereira da Silva Giselle Tereza Cunha de Araújo Maridiane Viana Verônica Emília Campos Freire Coordenação Institucional Reitoria Pró-Reitoria de Ensino Diretoria de Educação a Distância Pró-Reitoria de Extensão Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação Pró-Reitoria de Administração e Planejamento Diagramação Rafael Henrique da Silva Santos Magnun Estalonne Araújo de Amorim Edição de Imagens Verônica Emília Campos Freire Magnun Estalonne Araújo de Amorim Revisão Linguística Ivone Lira de Araújo Revisão de Conteúdo Josineide Braz de Miranda Sumário Sumário 5 Apresentação da Disciplina 7 Aula 1 11 Aula 2 31 Aula 3 53 Aula 4 79 Aula 5 103 Aula 6 125 Apresentação da Disciplina Prezado(a) Estudante, Bem- vindo(a) ao componente curricular Química Ambiental. A partir de hoje, nós ficaremos juntos por seis (6) semanas, que é o tempo de duração do componente. Espero que esse componente seja bastante proveitoso e que, ao final dele, você possa utilizar os conhecimentos adquiridos para atuar na sua comuni- dade e na sociedade. Estudaremos os processos químicos naturais e/ou antrópicos (produzidos pelo homem) que ocorrem no meio ambiente. A Química Ambiental teve origem na Química clássica e hoje é uma ciência interdisciplinar, pois envolve outras áreas além da Química, como a Biologia, a Geologia, a Ecologia e a Engenharia Sanitária. Atualmente, a humanidade procura compreender as transformações quími- cas que ocorrem no meio ambiente, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida em nosso planeta. QUÍMICA E MEIO AMBIENTE A química está em toda parte, inclusive no corpo humano. Você já parou para pensar e descobrir onde a química está inserida no seu cotidiano? Produtos de higiene Alimentos Plásticos UABQuímica Ambiental 7 Bebidas Agricultura Ser humano Os conteúdos serão repassados de forma bem simples e clara, para que seja fácil sua assimilação e você se torne um excelente profissional . Iniciaremos o nosso trabalho explorando a química do ar, na qual estuda- remos as características e composição da atmosfera terrestre, os principais poluentes do ar, os padrões de qualidade e ainda como pode ser controlada a poluição do ar atmosférico. Sempre que surgirem dúvidas, você pode entrar em contato comigo ou com o tutor na sala de aula virtual. Bom estudo! Gestão AmbientalUAB 8 UABQuímica Ambiental 9 Aula 1: Química do Ar 1. A Atmosfera Terrestre A atmosfera terrestre está continuamente sofrendo transformações, depen- dendo dos fenômenos naturais que ocorrem na superfície do planeta, tais como ventos, atividades vulcânicas, precipitações, atividade industrial e eva- poração de águas superficiais. Os seres humanos estão cada vez mais interferindo na composição da at- mosfera, muitas vezes sem se preocupar com as consequências advindas de suas ações. A Revolução Industrial foi o grande marco da interferência humana na composição atmosférica. Hoje, todos os processos naturais que ocorrem na atmosfera sofrem interferências humanas, causando desequilí- brio dos sistemas e conduzindo a processos conhecidos, como chuva ácida, poluição fotoquímica e efeito estufa. A atmosfera está dividida em camadas relacionadas às propriedades quími- cas e físicas. A primeira delas se estende do nível do mar até, aproximada- mente, 16 Km de altitude e é conhecida como troposfera. Nela, observa-se a diminuição da temperatura com o aumento da altitude, resultado do calor liberado pelo solo e dissipado na atmosfera. É na troposfera onde ocorre todo o tráfego aéreo, causando modificações na composição do ar em de- corrência dos processos de combustão das aeronaves (veja matéria ao lado). A tropopausa é a camada imediatamente superior e apresenta uma tempe- ratura relativamente constante. A partir dela, inicia-se a estratosfera, onde está situada a camada de ozônio. A temperatura da estratosfera se eleva com o aumento da altitude, fenômeno causado em função da absorção da radiação ultravioleta pelas moléculas de ozônio. Novamente, existe uma camada com temperatura relativamente constante denominada estratopausa. Logo após, a temperatura volta a decrescer com o aumento da altitude e a essa camada atmosférica denominamos mesos- fera. A camada seguinte também apresenta a característica de temperatura relativamente constante, sendo conhecida por mesopausa. UABQuímica Ambiental 11 Por fim, na camada conhecida como termosfera, a temperatura volta a crescer em função da altitude. A troposfera é a única camada que mantém contato com a crosta terrestre e com os seres vivos. Ela é de fundamental importância para a respiração dos organismos aeróbios (aqueles que utilizam oxigênio livre em sua respiração) e também é bastante influenciada pela poluição do ar. Nela ainda ocorrem as variações climáticas decorrentes dos ventos e evaporação das águas su- perficiais. Figura 1: camadas da atmosfera. A composição da atmosfera não é só gasosa, embora esta seja, sem dúvida, a maior parcela em termos de massa relativa. Alguns sólidos, como poeira em suspensão, pólen e microrganismos estão naturalmente presentes, além de existir uma porção líquida dispersa, composta de gotículas resultantes da condensação do vapor d´água em forma de nuvens, neblinas e chuvas. O nitrogênio (N2) é o principal componente do ar, estando presente numa concentração de 78%. O segundo componente é o oxigênio (O2) que repre- senta 21% da porção gasosa. O restante (1%) é formado por gases variados, tais como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), hidrogênio (H2), dióxido de nitrogênio (N2O), dióxido de enxofre (SO2), ozônio (O3) e gases nobres. Gestão AmbientalUAB 12 Notícia Easyjet lançará programa para compensar emissões de CO2 A companhia aérea britânica de baixo custo Easyjet lançará um programa para compensar a emissão de dióxido de carbono (CO2) em seus voos. Os passageiros mais conscientes que voam entre Madri e Londres poderão pagar entre oito e dez euros por uma viagem de ida e volta pela sua parte de responsabilidade na poluição. A Easyjet comprará créditos de emissão de CO2 expedidos pela ONU (Organização das Nações Unidas) para vender aos seus passa- geiros, e o dinheiro servirá para pagar, entre outras coisas, a plan- tação de árvores. Outras companhias, como British Airways, utilizam a empresa Cli- mate Care para a compensação de emissão de poluentes. Segundo pesquisa realizada no Reino Unido, 75% dos passageiros estariam dispostos a pagar entre 8 e 23 euros, dependendo da distância do vôo, se estiverem “completamente seguros” de que o dinheiro seria um reforço na luta contra o aquecimento global. A aviação produz 5,5% do dióxido de carbono que se emite no Reino Unido. (Fonte: www.ambientebrasil.com.br) A poluição atmosférica é resultado das mudanças que ocorrem na compo- sição dos gases minoritários, pois a composição dos principais gases, N2 e O2, não tem variado muito ao longo do tempo. As transformações químicas que acontecem na atmosfera tendem a manter sua composição num estado estacionário, visto que alguns compostos são convertidos quimicamente em espécies mais solúveis em água, favorecendo o seu retorno à crosta terrestrepor processos como a chuva, como se fosse um processo de “lavagem”. UABQuímica Ambiental 13 2. Transformações Químicas da Atmos- fera Terrestre Na atmosfera estão constantemente acontecendo reações químicas. A pre- sença do oxigênio diatômico, altamente reativo, e de outras substâncias em pequena concentração, além da luz solar, fazem da atmosfera um grande reator químico. Quase todos os gases emitidos para o ar, sejam naturais ou poluentes, são oxidados completamente, e os produtos da reação de oxidação são depositados na superfície da terra ao longo do tempo. Dessa forma, as reações de oxidação são de vital importância, pois promovem uma limpeza do ar atmosférico. Os compostos que passam da superfície terrestre para a primeira camada de ar, iniciam, imediatamente, uma série de reações que podem ser muito rápidas, completando-se em alguns minutos ou horas, ou muito lentas, de- morando dias ou anos para serem concluídas. É importante lembrar... UNIDADES DE CONCENTRAÇÃO DOS GASES Para expressar as concentrações dos gases presentes no ar, são usadas, em geral, duas escalas: moléculas/cm3 de ar para concentrações absolutas; fração molar para concentrações relativas. Como as concentrações dos constituintes atmosféricos são, por vezes, muito pequenas, a fração molar é expressa em partes por milhão (ppm) ou partes por bilhão (ppb). Assim, uma concentração de 100 moléculas de CO2, dispersa em 1 milhão de moléculas de ar (106), seria expressa como 100 ppm. Outras medidas podem ainda ser utilizadas, como: - microgramas do gás por metro cúbico de ar (g/m3); - mols de gás por litro de ar (mol/L). Gestão AmbientalUAB 14 Cada composto emitido para a atmosfera possui um tempo de residência, definido como o tempo médio de permanência do composto na atmosfera e que depende da capacidade de reação do composto. Ele é um valor de referência e pode mudar dependendo das condições ambientais. Quanto maior o tempo de residência mais abrangente é a ação da substância, ou seja, maior é a área que pode ser afetada por determinado poluente. Isto porque, ao ser lançado na atmosfera, um composto pode atuar no local onde ocorreu a emissão ou ser levado pela ação dos ventos para regiões mais distantes. No quadro 1, podemos conhecer os tempos de residência de alguns gases presentes na atmosfera terrestre. Quadro 1. Tempo de residência de alguns gases na atmosfera Compostos tempo de residênCia dióxido de carbono (Co2) 4 anos monóxido de carbono (Co) 0,1 ano metano (CH4) 8 anos Óxido de dinitrogênio (n2o) 85 anos Óxido nítrico (no) 1dia dióxido de nitrogênio (no2) 1dia amônia (nH3) 5 dias Fonte: rocha et al, 2004. Observe que o N2O pode permanecer na atmosfera por mais de uma gera- ção e, assim, em função de todo esse tempo que passa sem se degradar, pode ser espalhado pelo planeta quando emitido em qualquer ponto da superfície. Os gases e partículas presentes na atmosfera terrestre são alimentados por diversas fontes. Estas podem ser naturais, como vulcões e a água dos oce- anos, ou antrópicas, como, por exemplo, o escapamento de um veículo ou a chaminé de uma fábrica. As fontes podem ser ainda pontuais ou difusas, dependendo da área onde se espalham (chaminé ou água dos mares), mó- veis ou estacionárias (chaminé ou turbina de avião). Figura 2. Fonte pontual móvel de poluentes Fonte: www.mma.gov.br UABQuímica Ambiental 15 Quanto aos poluentes, estes podem ser classificados em primários ou secun- dários: - poluentes primários são lançados na atmosfera diretamente por uma fonte natural ou antrópica. Ex.: SO2, CO. - poluentes secundários são formados como produtos das reações químicas que ocorrem entre os compostos presentes na atmosfera. Ex.: H2SO4. Informação complementar COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS Combustível fóssil ou combustível mineral é uma substância mi- neral composta de hidrocarbonetos usada como combustível. São combustíveis minerais o carvão mineral, o petróleo e o gás natural. Os combustíveis fósseis são formados pela decomposição de ma- téria orgânica, através de um processo que leva milhares de anos e, por esse motivo, não são renováveis. O carvão mineral, os deri- vados do petróleo (tais como a gasolina, óleo diesel, óleo combus- tível, o GLP - ou gás de cozinha -, entre outros) e, ainda, o gás na- tural são os combustíveis fósseis mais utilizados e mais conhecidos. Um grande problema desses combustíveis, além de serem finitos, é que sua queima produz gases estufa, como o CO2 , e metais pesados, como o mercúrio. Entre os combustíveis fósseis, o carvão é o mais abundante, o pe- tróleo, o de maior importância econômica e o gás natural, o me- nos poluente. Da mesma forma que existem as fontes, existem os sorvedouros, definidos como processos de consumo dos componentes atmosféricos. A chuva é um exemplo de sorvedouro, pois retira da atmosfera gases solúveis, assim como o vento, que arrasta os compostos em direção ao solo. Alguns mecanismos químicos também são responsáveis pela remoção de substâncias da atmos- fera. Gestão AmbientalUAB 16 A sequência de transformações químicas e físicas que envolvem os proces- sos de emissão, transformação e remoção de compostos entre a atmosfera e a crosta terrestre é conhecida como ciclo biogeoquímico. Existem diversos ciclos, mas os mais importantes para a compreensão dos processos que mo- dificam as características da atmosfera são os do carbono, do nitrogênio e do enxofre. A poluição do ar provoca o desequilíbrio desses ciclos que, em condições naturais, repõem as substâncias essenciais aos organismos vivos presentes na crosta terrestre. 2.1 Ciclo do Carbono O ciclo do carbono está associado ao metabolismo dos seres vivos. O carbo- no está presente no ciclo sob diversas formas, entre elas o dióxido de carbo- no (CO2), carbonato (CO2) -2 ou bicarbonatos (HCO3) -1, conforme observamos nas reações abaixo: (1) Absorção de CO2 da atmosfera pelos vegetais durante a fotossíntese fotossíntese CO2 + H2O + (h ) carbono fixado + O2 (planta) (2) Respiração dos seres vivos O2 + respiração CO2 + H2O (3) Dissolução do CO2 em água H2O CO2(g) CO2(aq) CO2(aq) + H2O H2CO3 (4) Equilíbrio em solução aquosa H2CO3 H + + HCO3 - HCO3 - H+ + CO3 2- UABQuímica Ambiental 17 (5) Equilíbrio com íons metálicos CaCO3(s) Ca 2+ + CO3 2- A figura abaixo representa o ciclo do carbono. Observe que o CO2 entra na atmosfera a partir da respiração dos animais e vegetais, da decomposição e queima das substâncias orgânicas e da atividade dos oceanos. O retorno ao solo é feito através da fotossíntese das plantas terrestres e dos plânctons oceânicos. No esquema, podemos observar, ainda, como sedimentos orgâ- nicos levaram à formação do carvão mineral e petróleo, num processo que levou milhões de anos. A utilização de combustíveis provenientes de fontes não renováveis provoca a adição de quantidades significativas de CO2 na atmosfera e interfere dire- tamente no ciclo do carbono. Combustível + O2 CO2 + H2O As reações de combustão liberam grande quantidade de CO2 na atmosfera. Rocha et al , 2004, afirmam que a emissão de CO2 estimada no início de 1990, foi de 6,2 Gt (C), ou seja, mil bilhões de quilos de carbono. 1Gt (C) = 1012 Kg (C) = 1.000 x 109 Kg (C) Figura 3 . Ciclo do Carbono Glossário PREFIXOS DAS UNIDADES (Sistema Internacional) TERA(T): 1012 = 1.000.000.000.000 GIGA(G): 109 = 1.000.000.000 MEGA(M): 106 = 1.000.000 KILO(k): 103 = 1.000 HECTO(h): 102 = 100 DECA(da): 101 = 10 PICO(p): 10-12 = 0,000 000 000 001 NANO(n): 10-9 = 0,000 000 001 MICRO( ): 10-6 = 0,000 001 MILI(m): 10-3 = 0,001 CENTI(c): 102 = 0,01 DECI (d): 101 = 0,1 Gestão AmbientalUAB 18 Fonte: http://library.thinkquest.org/C0126481/efest.html A vegetação tambémé responsável pela emissão de grandes quantidades de compostos de carbono para a atmosfera. Além do CO2, ainda são emi- tidos os compostos orgânicos voláteis (COV), que compreendem todos os compostos de carbono que se encontram na forma de vapor e que estão presentes na atmosfera, com exceção do CO e CO2. As principais fontes de COV´s para a atmosfera são: – emissão natural por organismos vivos; – estocagem, transporte e abastecimento de combustíveis para – meios de transporte; – produção de energia; – uso industrial de solventes. 2.2 Ciclo do Nitrogênio O nitrogênio é um elemento vital, visto que ele é um dos principais compo- nentes dos aminoácidos, unidades formadoras das proteínas. Embora esteja presente de forma abundante, apenas 0,2% se encontra disponível para ser utilizado no metabolismo dos vegetas. A maior parte do nitrogênio está sob a forma de gás (N2) ou agregado nas rochas (minerais). O gás nitrogênio (N2), abundante na atmosfera, é considerado um gás iner- te, pois a maior parte dos seres vivos não pode utilizá-lo, apenas algumas bactérias são capazes de convertê-lo em espécie reativa. O nitrogênio reativo é aquele que está disponível e quimicamente ligado a átomos de hidrogênio, carbono ou oxigênio. A formação de relâmpagos na atmosfera também é uma forma de se trans- formar o N2 em espécie reativa. O calor produzido pela descarga elétrica proporciona a reação entre o N2 e O2 do ar, com a formação de óxidos de nitrogênio, que são transportados pela água da chuva até o solo. Na figura abaixo, estão representadas as principais etapas do nitrogênio no ciclo. Glossário O FENÔMENO DA IN- VERSÃO TÉRMICA O ar mais próximo à superfície é mais quente e mais leve e tende a subir, favorecendo a dispersão dos poluentes por mistura vertical. Em geral, nos primeiros 10 quilômetros da atmosfera, o ar vai se resfriando, à medida que nos afastamos da superfície terrestre. A inversão térmica é uma condição meteorológica que ocorre quando a tempera- tura do ar aumenta com a altitude. Nessa condição, uma camada de ar quente se sobrepõe a uma camada de ar frio, impedindo o movimento ascendente do ar, fazendo com que os poluentes se mantenham próximos da superfície, elevando os níveis de poluição. Em um ambiente com um grande número de indústri- as e de circulação de veícu- los, como o das cidades, a inversão térmica pode levar a altas concentrações de poluentes, podendo oca- sionar problemas de saúde. Fluxo do ar em dias nor- mais. UABQuímica Ambiental 19 Figura 4. Ciclo do Nitrogênio. Fonte: http://www.ib.usp.br/ecologia/ciclo_biogeoquimicos_print.htm O grande impacto da atividade humana para o ciclo do nitrogênio é a in- trodução de nitrogênio reativo no ambiente. As indústrias desenvolveram uma tecnologia para produção de nitrogênio reativo a partir do nitrogênio atmosférico. Esse processo, conhecido como Haber-Bosch, produz amônia a partir do N2 e do H2: N2 + 3 H2 2 NH3 A amônia encontra vasta aplicação como fonte de nitrogênio na fabricação de fertilizantes, como neutralizador na indústria petrolífera e ainda como gás de refrigeração nos processos industriais. As consequências desse desequilíbrio ainda não estão totalmente compreen- didas pelos cientistas, no entanto estudos recentes revelam a possibilidade de consequências desastrosas para o meio ambiente. 2.3 Ciclo do enxofre O elemento enxofre está presente na natureza como um nutriente essencial aos processos vitais e realiza um ciclo complexo. As principais espécies gaso- sas que são emitidas para a atmosfera são: SO2 (dióxido de enxofre) – produto de combustão; H2S (sulfeto de hidrogênio) – emitido por processos de anaerobiose; Inversão térmica. Glossário Gestão AmbientalUAB 20 (CH3)2S (dimetilsulfeto) – resultado da ação dos fitoplânctons existentes na superfície dos oceanos. A fase gasosa do ciclo do enxofre apresenta pouca importância, se conside- ramos que a principal forma de assimilação do enxofre é como sulfato inor- gânico. O sulfato (SO4 -2) é a forma solúvel em água mais comum do enxofre, sendo o principal ânion presente nas águas marinhas, depois do cloreto (Cl-). Na atmosfera existe grande quantidade de sulfato agregado a gotículas de água formadas pelas ondas do mar e levadas pelo vento. Esse processo é conhecido por “spray marinho” e é responsável pelo transporte do sulfato para regiões distantes do litoral. Abaixo apresentamos uma síntese dos me- canismos de transformação do enxofre em seu ciclo. transFormaÇÃo meCanismo so2 --, so4 -- → s orgânico assimilação por plantas s orgânico → H2s diversas bactérias aeróbicas e anaeróbicas s orgânico → so4 -- maioria das plantas e animais, muitas bactérias so4 -- → H2s Bactérias anaeróbicas (desulfovibrio, desulfotomeculum) H2s → s → so4 -- Bactérias aeróbicas (thiobacillus, bactérias fotossintetizantes) Figura 5. O ciclo do enxofre. A atividade antrópica interfere nesse ciclo pela emissão de grandes quanti- dades de dióxido de enxofre produzidas pela queima de combustíveis fósseis e madeira, em indústrias e usinas termoelétricas. O SO2 , além de produzir efeitos danosos ao organismo, ainda provoca a “chuva ácida”, fenômeno que será estudado posteriormente. 3. Principais Poluentes da Atmosfera Terrestre Consideramos uma substância como poluente, quando a sua concentração local é maior que aquela existente naturalmente no ecossistema e suficiente para causar danos ao ecossistema. Além das substâncias químicas, o calor e o som também são considerados poluentes da atmosfera. Classificação dos poluentes químicos Primários – são lançados diretamente no ar. Ex.: dióxido de enxofre (SO2); Glossário Processo de Haber O processo de Haber (tam- bém conhecido como Pro- cesso Haber-Bosch) é uma reação entre nitrogênio e hidrogênio para produzir amônia. Essa reação é catalisada pelo ferro, sob as condições de 200 atmosferas de pressão e uma temperatura de 450ºC.: N2(g) + 3H2(g) <--> 2NH2(g) + energia O processo foi desenvolvido por Fritz Haber e Carl Bosch, em 1909. Foi usado, pela primeira vez, em escala industrial, na Alemanha, durante a Primeira Guerra Mundial. Para a produção de munição, os alemães dependiam do nitrato de sódio importado do Chile, que era insuficiente e incerto. Por isso, passaram a utilizar o processo de Haber para a produção UABQuímica Ambiental 21 óxidos de nitrogênio (NOx); monóxido de carbono (CO); materiais particula- dos (MP). Secundários – são produtos de reações que ocorrem na atmosfera. Ex.: Trió- xido de enxofre (SO3), produto da reação entre o SO2 e O2; H2SO4, resultado da reação entre vapor d´água e SO3. Principais poluentes do ar • Monóxido de carbono (CO) – produzido pela combustão incompleta de combustíveis fósseis e outros materiais que contenham carbono em sua composição. • Dióxido de carbono (CO2) – produzido pela combustão incompleta de combustíveis fósseis e outros materiais que contenham carbono em sua composição e pela respiração aeróbica dos seres vivos. • Óxidos de enxofre (SO3 e SO2) – produzidos pela queima de combustíveis que contenham enxofre na sua composição (ex.: óleo diesel) e por pro- cessos biogênicos naturais no solo e na água. • Óxidos de nitrogênio (NOx) – produzidos por processos de combustão e por descargas elétricas na atmosfera (relâmpagos). • Hidrocarbonetos (compostos orgânicos voláteis – COV) – resultam da queima incompleta de combustíveis e dos processos de evaporação du- rante a estocagem e produção. • Material particulado (MP) – são definidos como as partículas de materiais sólidos ou líquidos em suspensão na atmosfera, como poeira, fuligem e pólen. São originados em processos naturais, como é o caso da dispersão do pólen ou suspensão de poeira pela ação dos ventos, como também são originados nos processos de combustão. • Amônia (NH3) – as indústrias químicas, em especial as de fertilizantes, sãoas principais fontes de emissão da amônia para a atmosfera. • Gás sulfídrico (H2S) – é formado como subproduto em refinarias de pe- tróleo, indústrias químicas, indústrias de celulose, além de também ser produzido em processos biogênicos naturais. de amoníaco. A amônia (amoníaco) produzida era oxidada para a produção do ácido nítrico pelo processo Ostwald e este utilizado para a produção de explosi- vos, usados na produção de munições. Para a produção da amônia, o nitrogênio é obtido do ar atmosférico, e o hidrogênio como resultado da reação entre a água e o gás natu- ral (metano): CH4(g) + H2O (g) CO(g) + 3H2(g) Fonte:http://pt.wikipedia. org/wiki/Processo_de_ Haber-Bosch Gestão AmbientalUAB 22 • Pesticidas e herbicidas – são usados na agricultura no combate de pra- gas e doenças em plantas. São compostos orgânicos (organoclorados, organofosforados e carbamatos) que contaminam a atmosfera durante a produção e aplicação pelos processos de pulverização nas plantações e no solo. Entre os principais problemas globais que envolvem a poluição do ar estão o efeito estufa e a destruição da camada de ozônio. O que é efeito estufa? É um fenômeno causado pelo acúmulo de certos gases na atmosfera, co- nhecidos popularmente como gases de efeito estufa (GEE´s), que provocam retenção do calor e aquecimento da superfície da terra. O efeito estufa na- tural mantém a terra aquecida, e, sem ele, não existiria vida sobre o planeta. O vapor da água é o componente atmosférico que absorve a radiação in- fravermelha e a transmite para a superfície terrestre, sendo responsável por cerca de 80% do efeito estufa. No entanto, o aumento no teor atmosférico dos gases-estufa, devido à poluição, leva a um maior bloqueio da radiação infravermelha, causando uma exacerbação do efeito estufa, o aquecimento da atmosfera e o aumento da temperatura da superfície terrestre. Figura 6. Mecanismo do Efeito Estufa Fonte: http://www.rudzerhost.com/ambiente/images/efeitoestufa2.gif O Protocolo de Quioto prevê o controle dos seguintes GEE´s: dióxido de car- bono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6). A concentração Glossário Protocolo de Quioto Acordo internacional patrocinado pela ONU, assinado em 1997 por 59 países, na cidade de Quioto, no Japão. Tem por objetivo reduzir, entre 2008 e 2012, as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) em nações industrializadas, por meio de metas que correspondem, em mé- dia, à redução de 5% dos gases-estufa em relação aos níveis emitidos pelo país em 1990, e estabelecer modelo de desenvolvimento limpo para os países emergentes. Entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, 90 dias após a Rússia formalizar sua adesão. Com a ratificação russa, foi possível cumprir os requisitos para a entrada em vigor do Protocolo, ou seja, a ratificação deste por 55 nações-partes que re- spondem por, pelo menos, 55% das emissões globais. Quando isso ocorreu, o Protocolo contava com a adesão de 141 países, cor- respondendo a 61,6% das emissões globais. Fonte: www. ambientebrasil.com.br/ A íntegra do texto do Protocolo está disponível em www.mct.gov.br/clima/ quioto/Default.htm UABQuímica Ambiental 23 desses gases tem aumentado na atmosfera devido à ação do homem, sobre- tudo em atividades, como queima de combustíveis fósseis (como o carvão e derivados de petróleo e biomassa (CO2 e N2O)); incêndios florestais; decom- posição de matéria orgânica (CH4); atividades industriais, refrigeração, uso de propulsores, espumas expandidas e solventes (HFCs, PFCs e SF6); uso de fertilizantes (N2O). De acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente, “O aqueci- mento observado nos últimos 50 anos é, em grande parte, devido à emissão antrópica de GEE. A média de temperatura da superfície da Terra começou a crescer desde 1861, se comparada aos últimos mil anos. O aquecimento da superfície ocorrido no século 20 foi de 0,6+/- 0,2 em relação à média dos últimos mil anos”. Os resultados apresentados no último Relatório de Avaliação do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), em fevereiro de 2007, indi- cam que a temperatura média da terra nos últimos 100 anos subiu de 13,78º C para 14,5º C. Mesmo que as emissões de gás carbônico se estabilizem, a temperatura da terra vai subir 0,1º C por década até 2040. Como consequ- ência desse aquecimento, os cientistas adiantaram que haverá fome, seca, miséria, furacões e enchentes. O aquecimento é inevitável devido a todo o CO2 que já foi lançado na at- mosfera, desde o início da industrialização, e, se as emissões continuarem crescendo, até 2100 a capa de gelo do Ártico desaparecerá e, segundo o IPCC, o nível do mar subirá de 18 a 59 cm, o suficiente para algumas ilhas do Pacífico. Na figura 5, podemos observar a elevação da temperatura que foi prevista no relatório do IPCC, segundo a Revista Galileu Vestibular. Caso essas previsões sejam confirmadas, poderá ainda ocorrer a fragmentação de grandes massas de gelo, como a Groenlândia e a Antártida, o que faria o nível do mar subir a 1,4 m em uma década, inundando completamente grandes cidades litorâneas! Figura 7. Previsão da elevação da temperatura em 100 anos (Revista Galileu Especial Vestibular, 1º semestre 2007). Protocolo de Montreal Em 1987, através do Protocolo de Montreal, 46 governos acordaram uma redução de 50% na produção e consumo de CFC´s até o ano 2000 e congelamento (“freeze”) da produção e consumo de halons até 1992. Foram desenvolvidas substâncias alternativas não destruido- ras da camada de ozônio, ou, pelo menos, com um potencial de destruição muito menor do que as antigas. Apesar de as emissões de CFC´s terem declinado, as concentrações estratos- féricas estão crescendo (não obstante estarem declinando na parte inferior da atmosfera), porque os CFC´s de longa vida emiti- dos anos atrás continuam a aumentar na estratosfera. Os cientistas preveem que a destruição da camada de ozônio alcançará o seu pior ponto durante os próximos anos, e então, gradual- mente começará a sua recuperação, retornando ao normal perto do ano 2050, se completarmos a imple- mentação do Protocolo de Montreal. Fonte: http://www.mma.gov.br/ port/sqa/ozonio Glossário Gestão AmbientalUAB 24 Entendendo a camada de ozônio A camada de ozônio é uma concentração de gás ozônio, situada na estra- tosfera, entre 15 e 50 km da superfície da Terra. Ela tem a capacidade de bloquear as radiações solares, protegendo todos os seres vivos dos danos causados pela radiação ultravioleta. A radiação ultravioleta pode ser dividida em três grupos em função de seu comprimento de onda: tipo de radiaÇÃo UV Comprimento de onda UVa 320 a 400 nm UVB 280 a 320 nm UVC < 280 nm A absorção do UV-B pela camada de ozônio cria uma fonte de calor, desem- penhando um papel fundamental na temperatura do planeta. Algumas substâncias produzidas pelo homem, como os gases CFC´s (utili- zados durante anos em geladeiras, condicionadores de ar, spray, etc.), vêm atacando essa camada protetora, levando a uma diminuição desse filtro. O resultado é que uma quantidade muito maior de raios UV-B está chegando à Terra, apresentando vários efeitos prejudiciais para a saúde humana e para o meio ambiente, entre eles, o aumento da incidência de câncer de pele, supressão do sistema imunológico, risco de dano à visão e redução de safras agrícolas. Os animais também sofrem as consequências com o aumento do UV-B. Os raios ultravioletas prejudicam os estágios iniciais do desenvolvimento de pei- xes, camarões, caranguejos e outras formas de vida aquáticas e reduz a pro- dutividade do fito plâncton, base da cadeia alimentar aquática. 4. Padrões de Qualidade do Ar A legislação brasileira de qualidade do ar baseia-se nas leis norte-americanas estabelecidas pela “Environmental ProtectionAgency” (EPA). A RESOLUÇÃO CONAMA Nº 003, de 28 de junho de 1990, fixa os padrões de qualidade do ar no Brasil, além de classificá-los em primários e secundá- rios, conforme segue: Glossário POLUIÇÃO DO AR NAS GRANDES CIDADES Nas grandes metrópoles, a poluição do ar tem sido uma grave ameaça à qualidade de vida de seus habitantes. Os veículos au- tomotores são os principais causadores dessa poluição. O exemplo mais conhe- cido de poluição do ar é o smog*, que ocorre em muitas cidades do mundo. Os reagentes que produ- zem o tipo mais comum de smog, o smog foto- químico, são principalmente as emissões causadas por veículos, embora, nas áreas rurais, alguns compostos tenham origem de emissões provenientes dos vegetais (florestas). A manifestação mais evi- dente do smog é uma neb- lina de tonalidade amarela amarronzada ou “esbran- quiçada” que se deve à presença, no ar, de peque- nas gotas de água con- tendo produtos derivados de reações químicas que ocorrem entre os poluentes do ar. O smog apresenta, com frequência, odor desa- gradável, devido a alguns dos seus componentes. Os produtos intermediários e finais das reações que ocor- rem no smog, em contato com o sistema respiratório, podem produzir efeitos negativos sobre a saúde humana e causar danos às plantas, aos animais e a alguns materiais. *smog = smoke (fuma- ça) + fog (neblina). Fonte:www.cetesb.sp.gov. br UABQuímica Ambiental 25 “I- Padrões Primários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. II - Padrões Secundários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluen- tes abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o mínimo dano à fauna, à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral.” A fim de manter o público informado sobre a qualidade do ar, foram fixados os Índices de Qualidade do Ar (IQA), que são obtidos dividindo-se a concen- tração de um determinado poluente pelo seu padrão primário de qualidade e multiplicando-se o resultado dessa divisão por 100. Esse cálculo é feito para cada poluente monitorado, sendo considerado o IQA para aquele po- luente que apresentou maior resultado. A legislação brasileira estabelece padrões de qualidade do ar para sete po- luentes atmosféricos: material particulado (MP), SO2, CO, O3, fumaça, partí- culas inaláveis (<10 µg) e NO2. QUADRO 2. CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE DO AR, DE ACORDO COM O IQA VariaÇÃo dos índiCes de qUalidade (iqa) ClassiFiCaÇÃo da qUalidade do ar signiFiCado 0 - 50 Boa índices abaixo da metade dos padrões. 51 - 100 regular índices abaixo dos padrões. 101 - 199 inadequada índice acima dos padrões. 200 - 299 má índices acima do nível de atenção. 300 - 399 péssima índices acima do nível de alerta. > 400 Crítica índices acima do nível de emergên-cia. Fonte: agência estadual de meio ambiente e recursos Hídricos - CprH (www.cprh.pe.gov. br). Os smogs são consid- erados episódios críticos de poluição nas grandes cidades e são dependentes dos poluentes gerados e das condições climáticas existentes. Existem dois tipos princi- pais: smog fotoquímico e smog industrial. Smog Industrial Típico das regiões frias e úmidas. Episódios mais críticos ocor- rem no inverno. É agravado pela inversão té- rmica. Principais poluentes são gerados pela queima de carvão e óleo combustível. Principais componentes são SO2 e material particulado (MP). Formação de névoa acinzentada que recobre as regiões onde ocorre. Smog Fotoquímico Típico em cidades quentes e de clima seco. Picos de poluição ocor- rem em dias quentes, com muito sol. Principais causadores são veículos. Poluentes: monóxido o de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocar- bonetos (HC). Os gases poluentes sofrem reações por efeito da radia- ção solar, gerando outros componentes tóxicos. Apresenta cor marrom avermelhada. Produtos formados são: ozônio, ácido nítrico e com- postos orgânicos parcial- mente oxidados. Os dois tipos de smog po- dem ocorrer simultânea ou isoladamente numa mesma região. Gestão AmbientalUAB 26 QUADRO 3. EFEITOS DOS DIVERSOS IQA`s SOBRE A SAÚDE DA POPULAÇÃO 0 - 100 aUsênCia de sintomas 101 - 199 leve agravamento dos sintomas de pessoas susceptíveis, com sintomas de irritação na população sadia. pessoas com doenças cardíacas ou respiratórias devem reduzir as atividades físicas. 200 - 299 decréscimo da resistência física e significativo agravamento dos sintomas em pessoas com enfermidades cardiorrespiratórias. sintomas gerais na população sadia. pessoas idosas ou com doenças cardiorrespiratórias devem reduzir as atividades físicas e permanecerem em casa. 300 - 399 aparecimento prematuro de certas doenças, além de significativo agrava- mento de sintomas. decréscimo da resistência física em pessoas saudáveis. pessoas idosas e pessoas com enfermidades devem permanecer em casa e evitar esforço físico. a população em geral deve evitar atividades exteriores. > 400 morte prematura de pessoas doentes e pessoas idosas. pessoas saudáveis podem acusar sintomas adversos que afetam sua atividade normal. todas as pessoas devem permanecer em casa, mantendo as portas e janelas fechadas. todas as pessoas devem minimizar as atividades físicas e evitar o tráfego. Fonte: agência estadual de meio ambiente e recursos Hídricos - CprH (www.cprh.pe.gov. br). 4.1 Monitoramento da qualidade do ar O monitoramento da qualidade do ar, em geral realizado nas grandes ci- dades, tem por finalidade o conhecimento da contaminação do ar por po- luentes atmosféricos e a comparação dos valores obtidos com os padrões de referência estabelecidos nacional e internacionalmente, visando à aplicação de medidas de controle (preventivas e corretivas). O Artigo 4° da Resolução nº 003/90 do CONAMA estabelece que: “O monitoramento da qualidade do ar é atribuição dos Estados” Em Recife, a CPRH deu início, em 89, ao levantamento de dados, produção de inventários de fontes de poluição atmosférica (estacionárias e móveis ) e cálculo das estimativas de emissões. A partir de 1991, foi iniciada a implantação de uma Rede de Monitoramen- to da Qualidade do Ar na Região Metropolitana do Recife, possibilitando, a longo prazo, o conhecimento contínuo das tendências de contaminação. UABQuímica Ambiental 27 QUADRO 4. QUALIDADE DO AR NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE Atualizado em 04/04/2007 estaÇÃo loCalizaÇÃo Área de aVa-liaÇÃo índiCe de qUalidade ClassiFiCaÇÃo da qUalidade do ar Curado Centro de aper- feiçoamento de praças da pmpe industrial 20 Boa encruzilhada mercado público residencial 20 Boa Jaboatão dos guararapes (Chesf) Chesf industrial 32 Boa Jaboatão dos guararapes (metrô) estação do metrô industrial 45 Boa *Índice concebido com base no PSI - Poluttant Standards Index, de- senvolvido pela EPA - Environmental Protection Agency (EUA) Poluentes monitorados: partículas totais em suspensão (PTS). fumaça, dióxi- do de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2). Fonte: agência estadual de meio ambiente e recursos Hídricos - CprH (www.cprh.pe.gov. br). 5. Controle da Poluição do Ar Alguns meios de controle são utilizados para diminuir ou evitar a emissão de poluentes para a atmosfera. polUente meio de Controle so2 – redução do desperdício de energia. – substituição de combustíveis fósseis por outras fontes de energia, como solar, nuclear, eólica, etc. – redução da queima de carvão. – remoção do enxofre do combustível antes da queima. – instalação de lavadores de gases para remover o so2 emitido pelas chaminés. Gestão AmbientalUAB 28 material particu- lado (mp) – melhoria da eficiência da combustão – substituição de combustíveis fósseis por outras fontes de energia, como solar, nuclear, etc. – redução da queima de carvão. – incentivo do uso do transporte público. – instalação de dispositivos para remoção de mp nas chaminés dasindústrias (filtros, separadores, lavadores). Co e Co2 – redução do uso de automóveis (rodízio de veículos). – desenvolvimento de motores menos poluentes. – Controle da emissão de poluentes pelo escapamento dos veículos. Terminamos aqui nossa primeira aula. Agora faça as tarefas solicitadas e as envie dentro do prazo estabelecido. Segue, abaixo, alguns sites, para que você possa complementar a leitura do assunto abordado. Na próxima aula, nós estudaremos sobre a água. Até lá! Referências Baird, Colin. química ambiental. porto alegre: Bookman, 2002. 622 p. Braga, B. et al. introdução à engenharia ambiental.o desafio do desenvolvimento sustentável. são paulo: pearson prentice Hall, 2005. 336 p. roCHa, J.C. et al. introdução à química ambiental. porto alegre: Bookman, 2004. 154 p. salvem o planeta. revista galileu especial Vestibular 2007,1º semestre, p. 6-15. 2007. http://www.mma.gov.br/port/sqa/clima/index.cfm (acesso em 30/04/2007) http://www.ambientebrasil.com.br/noticias (acessos em 01/05/2007 e 07/05/2007) http://www.mma.gov.br/port/conama (acesso em 01/05/2007) Sites de Interesse http://www.mma.gov.br http://www.cetesb.sp.gov.br http://www.cprh.pe.gov.br http://www.ambientebrasil.com.br http://www.mct.gov.br UABQuímica Ambiental 29 Aula 2: Química do Água Prezado(a) Estudante, Nesta semana, será apresentado o conteúdo da segunda aula de Química Ambiental, que abordará a Química da Água. Inicialmente gostaria de lembrar que a legislação sobre água, a Resolução do CONAMA nº 20, de 18/06/1986, foi substituída pela Resolução CONA- MA nº 357/2005, de 17/03/2005 (publicada no Diário Oficial da União em 18/03/2005). Nesta unidade, serão abordados temas sobre a Distribuição da água no pla- neta, O ciclo da água, os Requisitos de qualidade da água e os Mecanismos de controle da poluição da água. Bom estudo! 1. Distribuição da Água no Planeta O planeta Terra destaca-se por ter cor azul, quando observado do espaço, característica que demonstra que a superfície é coberta, em sua maioria, por água. Mesmo com ¾ (ou seja, 75%) da superfície ocupada pela água, a maior parte não é de água adequada ao consumo humano. Do total da água disponível na Terra, cerca de 97% são águas dos mares e oceanos, portanto água salgada. Os 3,0% restantes são formados por águas doces, cerca de ¾ (2,2%) estão retidos nos polos Norte e Sul e outras regiões na forma de gelo e neve. UABQuímica Ambiental 31 Figura nº 1: principais fontes de água do planeta terra. Assim, apenas uma quantidade muito pequena de água doce encontra-se disponível para uso humano ou animal. De acordo com Colin Baird, no livro Química Ambiental, menos de 0,01% da água potável é proveniente dos lagos e rios. Veja que estas são consideradas as principais fontes de água potável. Escassez de água potável Embora não seja uma informação de fonte científica, o progra- ma Fantástico, em sua edição do dia 18/03/2007, divulgou, em série chamada “Água: um bem cada vez mais raro”, que apenas 0,04% de toda a água da terra está disponível para consumo A distribuição natural de água doce no mundo pode ser visualizada no gráfi- co abaixo, no qual o Brasil aparece com um manancial que representa 17% do total da água doce do planeta (6,2 x 109 m3) (ROCHA et. al. 2006, dados da UNESCO de 2003). Gestão AmbientalUAB 32 Figura nº 2: países que possuem as maiores fontes de água doce do planeta Terra. No Brasil há uma aparente ideia de que não há escassez de água e que esse bem é inesgotável, pelo menos para aqueles que têm acesso livre à água potável. Ainda segundo a UNESCO, havia, até 2003, cerca de um bilhão de pessoas sem acesso à água potável, e uma expectativa de que 2 a 7 bilhões de pes- soas passarão por falta de água no ano de 2050. Deve-se considerar, atualmente, o elevado nível de contaminação dos corpos d’água pela ação do homem, através do aporte de esgotos domésticos ou industriais, além do fato de que a distribuição é bastante irregular e está associada às condições socioculturais das pessoas. Igualmente relevante é o fato de que cerca de 70% da água doce captada de rios, lagos e lençóis freáticos são utilizadas pelo setor agrícola, área em que o Brasil tem se destacado nas últimas décadas. No país, a contaminação dos mananciais por matéria orgânica é um dos maiores problemas relacionados à qualidade da água. A falta de tratamento dos efluentes domésticos, matéria orgânica industrial não eliminada e outros efluentes industriais são os principais fatores envolvidos na contaminação das águas. Além da falta de água potável para sobrevivência, a contaminação da água com esgotos contribui diretamente para a mortalidade infantil. Glossário Medidas de volume: Um grama (1 g) de água pura ocupa um volume de 1 cm3 (cc), praticamente 1 mililitro (mL); 1.000 L = 1 m3 1.000 mL = 1 L 1 mL = 10-3 L = 1 cm3 Um metro cúbico (1 m3) = volume ocupado por um recipiente que tenha as me- didas de 1 m Largura x 1 m Comprimento x 1m Altura. 1 m 1 m 1 m UABQuímica Ambiental 33 O “Relatório do Desenvolvimento Humano 2006” do PNUD apresenta da- dos de que quase 2 milhões de crianças morrem todos os anos por falta de água limpa e banheiros em casa, e enfatiza que a crise atual de água no mundo não é decorrente da escassez, mas sim da pobreza, do poder e das desigualdades. Esse panorama nos dá uma ideia dos problemas relacionados com a dispo- nibilidade, uso e nível de escassez de água potável na Terra e os problemas decorrentes destes. 2. O Ciclo da Água O ciclo da água (ciclo hidrológico) é a descrição do movimento da água na Terra e sobre ela, ou seja, “é o caminho que ela percorre”. A água da Terra está sempre em movimento e constantemente mudando de estado físico (UNESCO, 2007). Figura nº 3: ciclo da água (hidrológico). Fonte: Programa Hidrológico Internacional - PHI da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO. A distribuição da energia solar na Terra se dá pela constante troca entre a hidrosfera, litosfera e a atmosfera, estando o ciclo da água envolvido dire- tamente. A água disponível na superfície do mar, lagos e rios, bem como nas camadas superficiais da Terra evaporam para a atmosfera; A água no estado de vapor condensa e precipita-se na forma de chuva, neve ou granizo e infiltra-se no Expectativa da População Mundial (em bilhões de habitantes): Gestão AmbientalUAB 34 solo, abastecendo os lençóis freáticos e os aquíferos (após penetrarem lenta- mente pelas rochas para profundidades maiores). Parte dessa água retorna para a superfície através das nascentes, evaporando novamente. A água tem: • elevada capacidade térmica, ou seja, precisa-se de grande quan- tidade de energia para elevar sua temperatura. • elevado calor específico: quantidade de calor necessária para aumentar a temperatura de uma massa de água em 1 ºC. • elevada Constante Dielétrica (C.D.), devido à maior polariza- ção elétrica da molécula de água (C.D. à temperatura ambiente = 80). É um bom solvente para substâncias iônicas. Tomemos como exemplo a molécula de NaCl: quando colocada em água, a força de atração entre os íons Na+ e Cl- é 80 vezes menor do que quan- do exposta ao ar. Assim, o NaCl na água dissolve-se, pois seus íons não têm força para se manterem ligados Água no Corpo Humano 1 : Água no Corpo Humano 2 : Idade x Água (%) Idade Água (anos) (%) 0-2 75-80 2-5 70-75 5-10 65-70 10-15 63-65 15-20 60-63 20-40 58-60 40-60 50-58 Fonte: www.aguas.cnpm.embrapa.br/ Natureza/água/aguahumano.htm, Acesso em 30/04/2007. A água do planeta é constante, mas a sua distribuição no globo é que varia, sendo estimado que há mais de 3 bilhões de anos a quantidade de água na Terra é a mesma. (ver http://www.tvcultura.com.br/aloescola/ciencias/agua- desafio/index.htm). UABQuímica Ambiental 35 A águaé vital para os seres terrestres. O ser humano possui de 70 a 75% de seu peso em água, variando de acordo com a idade. O ciclo hidrológico é vital para o equilíbrio terrestre 3. Requisitos de Qualidade da Água A qualidade da água pode ser avaliada quanto a sua composição física, quí- mica, microbiológica e radioativa. Os requisitos de qualidade dependem, basicamente, do objetivo de sua uti- lização. A água pode ser usada para fins de consumo humano e produção de ali- mentos e deve atingir os critérios de potabilidade ou de balneabilidade (di- versão), agricultura (irrigação), entre outros. Águas resultantes de sua utiliza- ção são lançadas como efluentes nos corpos d’água, devendo, também, ser avaliadas quanto à qualidade de seu tratamento. – Diversos parâmetros podem ser utilizados para avaliar a qualidade das águas/efluentes, sendo os principais: – Segundo o uso preponderante (águas doces, salinas e salobras utiliza- das para consumo humano, balneário, navegação, etc.) – Índice de Qualidade das Águas (CETESB). – Índice de Estado Trófico - IET (para reservatórios). – Risco de salinidade do solo (para águas de irrigação). – Ecotoxicidade (toxicidade da água). O Índice de Qualidade das Águas (IQA) da CETESB abrange nove parâmetros relevantes para avaliar a qualidade da água, considerando água para abas- tecimento público. “A partir de um estudo realizado em 1970 pela National Sanitation Foun- dation dos Estados Unidos, a CETESB adaptou e desenvolveu o IQA - Ín- dice de Qualidade das Águas, que incorpora 9 parâmetros considerados relevantes para a avaliação da qualidade das águas, tendo como deter- minante principal a utilização das mesmas para abastecimento público”. ”A criação do IQA baseou-se numa pesquisa de opinião junto a especialistas em qualidade de águas, que indicaram os parâmetros a serem avaliados, o peso relativo dos mesmos e a condição com que se apresenta cada parâme- Gestão AmbientalUAB 36 tro, segundo uma escala de valores “rating”. Dos 35 parâmetros indicadores de qualidade de água inicialmente propostos, somente 9 foram seleciona- dos. Para estes, a critério de cada profissional, foram estabelecidas curvas de variação da qualidade das águas de acordo com o estado ou a condição de cada parâmetro. Essas curvas de variação foram sintetizadas em um conjun- to de curvas médias para cada parâmetro.” “O IQA é calculado pelo produtório ponderado das qualidades de água correspondentes aos parâmetros: – temperatura da amostra; – pH ; – oxigênio dissolvido; – demanda bioquímica de oxigênio - DBO(5 dias, 20ºC); – coliformes termotolerantes; – nitrogênio total; – fósforo total; – resíduo total; – turbidez.” O IQA é um número que varia entre 0 e 100. Se um dos valores, dos nove parâmetros, não estiver disponível, o IQA não pode ser calculado. O quadro abaixo, extraído do site da CPRH, mostra a escala de qualidade baseada no IQA: Figura nº 4: Índice de Qualidade da água. Fonte:http://www.cprh.pe.gov.br/frme-index-secao.asp?idconteudo=1002, acesso em 02/05/2007. Do ponto de vista legal, há duas legislações básicas sobre água em vigor, no Brasil: Glossário Bactérias: microrganismos procarióticos (unicelulares que não possuem mem- brana nuclear nem proteí- nas histônicas associadas ao DNA). Medem entre 0,5 e 5 µm de comprimento (1 µm = 1 x 10-6 m). Escherichia coli: bactéria de origem fecal humana e de outros animais de sangue quente e que tem forma de bastonete (cilín- drica). Variedades de Escherichia coli (E. coli): EPEC: enteropatogênica. ETEC: enterotoxinogênica. EIEC : enteroinvasiva. EHEC: entero-hemorrágica. DAEC: E. coli de ad- erência difusa. Pro- voca diarreia em crianças. EAEC: enteroagregativa. Tipo semelhante a ETEC. UPEC: uropatogênica. SEPEC: septicêmica. UABQuímica Ambiental 37 • A Portaria 518/2004 da ANVISA, que “Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade e dá outras provi- dências” . Essa Portaria apresenta, em seu texto, o Padrão microbiológico de potabi- lidade, o Padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção, o Padrão de potabilidade para substâncias químicas que representam risco à saúde, o Padrão de radioatividade para água potável e o Padrão de aceitação para consumo humano, sendo este último bastante utilizado como parâme- tro de análise simplificada de potabilidade para água tratada (Tabela 1). Tabela 1: Padrão de aceitação para consumo humano parâmetro Unidade Vmp (1) alumínio mg/l 0,2 amônia (como nH3) mg/l 1,5 Cloreto mg/l 250 Cor aparente uH(2) 15 dureza mg/l 500 etilbenzeno mg/l 0,2 Ferro mg/l 0,3 manganês mg/l 0,1 monoclorobenzeno mg/l 0,12 odor - não objetável(3) gosto - não objetável(3) sódio mg/l 200 sólidos dissolvidos totais mg/l 1.000 sulfato mg/l 250 sulfeto de Hidrogênio mg/l 0,05 surfactantes mg/l 0,5 tolueno mg/l 0,17 turbidez Ut(4) 5 zinco mg/l 5 Xileno mg/l 0,3 NOTAS: (1) Valor máximo permitido. (2) Unidade Hazen (mg Pt–Co/L). (3) Critério de referên- cia. (4) Unidade de turbidez. Com relação aos Padrões microbiológicos (Parâmetros de Qualidade Micro- biológica), estabelece: Gestão AmbientalUAB 38 E. coli ou coliformes termotolerantes(b): Ausência em 100 mL Coliformes totais : Ausência em 100 mL (c) a) Água para consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo fontes individuais, como poços, minas, nascentes, dentre outras. (b) A detecção de Escherichia coli deve ser preferencialmente adotada. (c) Sistemas de distribuição de água que analisam 40 ou mais amostras/mês podem apresentar ausência em 100 mL em 95% das amostras examinada no mês. • A Resolução 357/2005 do CONAMA que “dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento dos corpos de água super- ficiais, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes.” Os corpos de águas são classificados em Águas Doces, Águas Salinas e Águas Salobras. Seguem, abaixo, as classificações de águas doces e salobras por serem passíveis de uso no abastecimento para consumo humano. Das Águas Doces I - Classe especial: águas destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral. II - Classe 1: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mer- gulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e ) à proteção das comunidades aquáticas em terras indígenas. III - Classe 2: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mer- gulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; UABQuímica Ambiental 39 d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e) à aquicultura e à atividade de pesca. IV - Classe 3: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; c) à pesca amadora; d) à recreação de contato secundário; e) à dessedentação de animais. V - Classe 4: águas que podem ser destinadas: a) à navegação; b) à harmonia paisagística. Das Águas Salobras I - Classe especial: águas destinadas: a) à preservaçãodos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral; b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. II - Classe 1: águas que podem ser destinadas: a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à aquicultura e à atividade de pesca; d) ao abastecimento para consumo humano após tratamento convencional ou avançado; e) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas, sem remoção de película, e à irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto. III - Classe 2: águas que podem ser destinadas: a) à pesca amadora; b) à recreação de contato secundário. Gestão AmbientalUAB 40 IV - Classe 3: águas que podem ser destinadas: a) à navegação; b) à harmonia paisagística. Os Padrões químicos de qualidade para as diferentes classes de água são encontrados nas tabelas da Resolução CONAMA 35/2005. Com relação aos Padrões microbiológicos (Parâmetros de Qualidade Micro- biológica), estabelece a Resolução 357/2005 que: • Nas águas de classe especial: deverão ser mantidas as condições natu- rais do corpo de água. • Nas águas doces classe 1: coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão ser obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 mL em 80% ou mais de, pelo me- nos, 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâme- tro coliformes termotolerantes, de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; • Nas águas doces classe 2 : Coliformes termotolerantes: para uso de recreação de contato primário, deverá ser obedecida a Resolução CO- NAMA nº 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mL em 80% ou mais de, pelo menos, 6 (seis) amostras coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com li- mites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; • Nas águas doces classe 3: coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato secundário, não deverá ser excedido um limite de 2500 coliformes termotolerantes por 100 mL em 80% ou mais de, pelo menos, 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com frequ- ência bimestral. Para dessedentação de animais criados confinados, não deverá ser excedido o limite de 1000 coliformes termotolerantes por 100 mL em 80% ou mais de, pelo menos, 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral. Para os demais usos, não Glossário Resolução CONAMA 274/2000 - MMA Artigo 2º, § 1º: As águas consideradas próprias poderão ser subdivididas nas seguintes categorias: a) Excelente: quando, em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 250 coliformes fecais (termotol- erantes) ou 200 Escherichia coli ou 25 enterococos por l00 mililitros; b) Muito Boa: quando, em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 500 coliformes fecais (termotol- erantes) ou 400 Escherichia coli ou 50 enterococos por 100 mililitros; c) Satisfatória: quando, em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 1.000 coliformes fecais (termotol- erantes) ou 800 Escherichia coli ou 100 enterococos por 100 mililitros. UABQuímica Ambiental 41 deverá ser excedido um limite de 4000 coliformes termotolerantes por 100 mL em 80% ou mais de, pelo menos, 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com periodicidade bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes, de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente. 4. Mecanismos de Controle da Poluição da Água • Poluição: antes de apresentar mecanismos de controle da poluição, é necessário comentar sobre as principais causas de poluição da água. Dê uma olhada nestas matérias publicadas em jornais do Brasil: Figura nº 5: matéria nacional sobre coleta de esgoto. Fonte: http://jc.uol.com.br/2006/02/04/not_105801.php (JC Online), acesso em 02/05/2007. Gestão AmbientalUAB 42 Figura nº 6: matéria nacional sobre poluição na China. Fonte: www.estadão.com.br, acesso em 02/05/2007. Figura nº 7: matéria nacional sobre poluição industrial no Brasil. Fonte: www.jornal- damidia.com., acesso em 02/05/2007. Como vocês puderam ler nas matérias acima, a poluição das águas doces não é um problema apenas local, mas mundial. Porém, gera consequên- cias mais graves nos países pobres e nos considerados em desenvolvimento, como o Brasil, a China e a Índia. O termo contaminação é usado, muitas vezes, como sinônimo de poluição e significa a introdução, no meio, de elementos em concentrações nocivas à saúde humana (exemplos: microrganismos patogênicos, substâncias tóxicas, substâncias radioativas). Poluição é a adição de substâncias ao meio em quantidades que resultam em concentrações maiores que as naturalmente encontradas ou, ainda, qual- UABQuímica Ambiental 43 quer alteração em suas características físicas, químicas e biológicas, com prejuízo à sua utilização normal. As principais fontes de contaminação hídricas são decorrentes da ação do homem com o lançamento de esgotos não tratados, de efluentes industriais (compostos orgânicos e inorgânicos, como os metais pesados) e atividades agrícolas (agrotóxicos e fertilizantes), mas podem, também, decorrer de me- canismos naturais, como a transferência de metais do solo por atividade ge- ológica. ROCHA et al. 2006 (ver referências no Plano de Curso) citam casos de aumento de ferro reduzido na Dinamarca, fluoreto na Bavária, arsênio e estrôncio em algumas regiões montanhosas e mercúrio na bacia do médio rio Negro. Contaminação de Águas Subterrâneas: pesticidas e outros compostos orgânicos têm sido detectados em águas doces subterrâneas, sendo os herbicidas encontrados em maior freqüência, em águas subterrâneas pouco profundas, nos Estados Unidos. Água subterrânea é uma das principais fontes de água potável (COLIN, Baird 2006). Os efluentes não tratados e tratados são os principais contaminantes dos recursos hídricos. Essa contaminação se dá pelo uso abundante de fertilizan- tes químicos, agrotóxicos e resíduos de atividades rurais (criação animal) no campo, pela descarga de esgotos e lixos residenciais nas redes pluviais (sem tratamento) e por esgotos coletados e não tratados (em redes públicas de coleta), efluentes industriais resultantes dos processos produtivos (indústrias alimentares, de celulose, detergentes, etc.), dejetos de transportes marítimos (incluindo, aqui, os propositalmente lançados ao mar, como restos de com- bustíveis e petróleo), compostos à base de enxofre carreados por chuvas ácidas (H2SO4), deposições atmosféricas resultantes da queima dos combus- tíveis fósseis (derivados do petróleo) e outros solventes ilegais, incineração de lixo. No Brasil, apenas 40% da população urbana tem rede coletora de esgoto e apenas 10% do esgoto captado sofre algum tipo de tratamento. Estima- se que, para que sejam atingidas condições adequadas de tratamento do Gestão AmbientalUAB 44 esgoto produzido no Brasil, seriam necessários mais de 40 bilhões de reais (CAMPOS, 1999). Figura nº 8: esquema sobre as principais vias de poluição dos recursoshídricos. A contaminação de águas superficiais por fosfatos decorre da larga utiliza- ção dos polifosfatos (2-O3P – O - PO2 - - O - PO3 2- = P3O10 5-) nos detergentes. Os fosfatos atuam como abrandador da água, sequestrando os íons Ca++ e Mg++ que, se livres, interferem no poder detergente. Os polifosfatos descartados nas redes de esgoto sofrem hidrólise lenta, libe- rando o íon ortofosfato (PO4 3-) : P3O10 5- + 2 H2O PO4 3- + 4 H+ Observação importante: o aporte de fosfato aos mananciais contribui para sua eutrofização. A eutrofização é o resultado do aumento de nutrientes necessários ao cresci- mento de plantas aquáticas e cianobactérias (algas azuis esverdeadas), onde os principais são o fósforo e o nitrogênio. A eutrofização de lagos e reservatórios de água pode resultar em florações (blooms) de cianobactérias, algumas das quais podem ser produtoras de to- xinas. São exemplos de cianobactérias as espécies pertencentes aos gêneros Oscillatoria, Microcystis, Anabaena e Aphanizomenon. UABQuímica Ambiental 45 Alguns Mecanismos de Controle da Poluição Tratamento de Esgotos Domésticos e Industriais Os esgotos sanitários, geralmente, são compostos por mais de 98% de água e o restante por sólidos suspensos de compostos orgânicos, como proteínas, carboidratos, óleos e graxas, nitrogênio, fósforo, metais, sólidos dissolvidos, sólidos inertes, sólidos grosseiros, compostos não biodegradáveis, microrga- nismos patogênicos e, em alguns casos, contaminantes tóxicos industriais e acidentais (CAMPOS, 1999). O tratamento consiste na remoção de poluentes dos efluentes e é obtido por processos biológicos aeróbios ou anaeróbios. Diferentes alternativas de tratamento podem ser utilizadas, e as lagoas de estabilização e a disposição no solo são os processos mais naturais de depu- ração de esgotos (CAMPOS, 1999). O tratamento via lodo ativado destina-se a efluentes com poluentes biode- gradáveis e baseia-se na destruição da matéria orgânica pelas bactérias ae- róbias. Assim, “uma massa biológica cresce, forma flocos, é continuamente recirculada e colocada em contato com a matéria orgânica, sempre com a presença de oxigênio (aeróbio). O processo é estritamente biológico e aeró- bio, no qual o esgoto bruto e o lodo ativado são misturados intimamente, agitados e aerados em unidades conhecidas como tanques de aeração. Após esse procedimento, o lodo é enviado para o decantador secundário, onde a parte sólida é separada do efluente tratado. O lodo sedimentado retorna ao tanque de aeração ou é retirado para tratamento específico”. Processos aeróbios envolvem grandes custos de execução e de operação (gasto elevado de energia). Reatores anaeróbios também são alternativas para tratamento de esgotos, e os principais tipos são: decanto-digestor, filtro anaeróbio, reator de manta de lodo, reator de leito expandido ou fluidificado e a lagoa anaeróbia (CAM- POS, 1999). Na digestão anaeróbica, o processo biológico de depuração ocorre na au- sência de oxigênio livre (molecular, ou seja, O2), resultando na transforma- ção de uma matéria orgânica complexa em componentes menos complexos, como metano (CH4) e gás carbônico (CO2). Gestão AmbientalUAB 46 A Remoção de Fósforo Íons PO2 3- de águas residuárias podem ser eliminados por tratamento com hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), cloreto férrico (FeCl3) ou sulfato de alumínio (Al2(SO4)3), que resultam na formação de fosfatos insolúveis de fácil remo- ção. 3 Ca(OH)2 + 2 PO4 3- Ca3(PO4)2 ppt + 6 OH - FeCl3+ + PO4 3- Fe(PO4) ppt + 3 Cl - Al2(SO4)3 + 2PO4 3- 2Al(PO4) ppt + 3 (SO4) 2- De acordo com a Professora Eneida Sala Cossich, do Departamento de Enge- nharia Química da Fundação Universidade Estadual de Maringá (DEQ/UEM) (ver www.deq.uem.br/pos-graduacao/.../ENEIDA tratamento de efluentes- parte2.pdf, acesso em 09/05/2007), o melhor é a combinação de cloreto fér- rico e cal (hidróxido de cálcio) ou somente sulfato de alumínio, obtendo-se eficiência da ordem de 95%. Ainda segundo COSSICH, as ótimas dosagens aplicadas dependem das características dos efluentes e devem ser obtidas experimentalmente. Num sistema de lodos ativados, a aplicação do produto pode ser feita diretamente na entrada do decantador primário (lodos ativa- dos convencionalmente) ou do tanque de aeração ou no efluente clarificado. Tratamento Adequado do Lixo O acúmulo de lixo resulta na formação de chorume (Figura 9), líquido con- taminado que pode escoar até águas superficiais ou infiltrar-se no solo, atin- gindo o lençol freático. Figura nº 09: chorume no aterro da Muribeca – Pernambuco. Fonte: http://www.reci- fe.pe.gov.br/pr/servicospublicos/chorume.html, acesso em 08/05/2007. Para uma leitura detalhada sobre o tema, consulte o livro de CAMPOS (1999) citado no fim desta cartilha. Visite, também, a página da SABESP www.sabesp.com.br, link “O que fazemos”, “Trata- mento de Esgotos”). Mídias integradas UABQuímica Ambiental 47 Tratar o chorume em aterros sanitários sólidos é uma das alternativas para evitar a contaminação de águas e solos. Dados da ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) relatam que a maioria do chorume produzido nos aterros sanitários é lança- da nos corpos d’água sem nenhum tratamento ou mesmo canalizada para tratamento em estações de esgotos. Técnicas de barreiras reativas de solo e fitorremediação têm sido estudadas como forma de remoção de poluentes. Figura nº 10: matéria local sobre tratamento de lixo.Fonte: www.grs-ufpe.com.br, acesso em 08/05/2007. Controle do Uso de Pesticidas Os pesticidas em uso na agricultura ultrapassam a 500 tipos e são aplicados em plantações manualmente, com maquinários ou até por aereodispersão, utilizando aviões pulverizadores. A disseminação através do ar, atingindo o solo e rios, além da infiltração para águas subterrâneas, são ameaças do uso indiscriminado desses produtos. De acordo com a ação, podem ser classificados em inseticidas, fungicidas, herbicidas (matam plantas), larvicidas, bactericidas, raticida, desinfetantes para cozinha e banheiros, etc. Gestão AmbientalUAB 48 Os danos ambientais causados pelos pesticidas, em virtude da alta expo- sição, podem levar a danos agudos (dores de cabeça, tonturas, fraqueza), enquanto a exposição contínua está relacionada a alguns tipos de câncer, alterações do sistema reprodutivo ou no sistema nervoso central. A técnica de “Manejo Integrado de Pragas” permite um maior controle e redução de uso dos agentes químicos através do uso de técnicas de redução do agente agressor, de forma a estabelecer um equilíbrio no ecossistema envolvido, ora desfeito pelo uso indiscriminado de produtos químicos, ora pelas plantações. São técnicas de manejo integrado: • o uso de sementes resistentes a doenças; • práticas agrícolas, como rotação de culturas, uso de plantas repelentes/ armadilhas, colheitas em períodos de menor susceptibilidade às infesta- ções; • práticas de proteção por uso de barreiras físicas, como mantas plásticas, armadilhas de contato; • controle biológico de pragas com produtos/organismos de ocorrência na- tural (insetos, microrganismos, animais “estéreis”). Reúso de Água Vamos utilizar, aqui, o conceito que a CETESB aplica de reúso de água, enxergando esse processo não apenas como uma utilização de águas re- siduárias, mas considerando o reúso “como parte de uma atividade mais abrangente, que é o uso racional ou eficiente da água, o qual compreende, também, o controle de perdas e desperdícios e a minimização da produção de efluentes e do consumo de água”. Assim, apresentamos, a seguir, os conceitos de reúso indireto e direto plane- jado, adotados por aquela instituição de saneamento ambiental. Reúso indireto planejado da água: ocorre quando os efluentes, de- pois de tratados, são descarregados de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para estasserem utilizadas a jusan- te, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benéfico. Glossário Águas superficiais: águas situadas nos rios, córregos e lagos da superfície da terra. Chorume: líquido escuro e com alta carga poluidora, resultante da decomposição do lixo. Coliformes fecais (ter- motolerantes): bactérias pertencentes ao grupo dos coliformes totais, carac- terizadas pela presença da enzima ß-galactosidade e pela capacidade de fermen- tar a lactose com produção de gás em 24 horas, à tem- peratura de 44-45°C, em meios contendo sais biliares ou outros agentes tenso- ativos com propriedades inibidoras semelhantes. Além de presentes em fezes humanas e de animais, podem, também, ser en- contradas em solos, plantas ou quaisquer efluentes con- tendo matéria orgânica. DAEC: E. coli de aderência difusa. Provoca diarreia em crianças. EAEC: E.coli enteroag- regativa. Tipo de E. coli semelhante às ETEC. Produz toxinas que provocam diar- reia aquosa ou hemorrágica persistente em crianças. EHEC: E.coli entero-hem- orrágica. Provoca diarreia aquosa que pode progredir para uma colite hemorrági- ca. Ex.: E. coli O157:H7. EIEC: E.coli enteroinvasiva. Provoca diarreia aquosa que pode progredir para diarreia sanguinolenta. As bactérias invadem a mucosa intesti- nal, destruindo-a (provocam úlceras e inflamação). EPEC: E.coli enteropa- togênica. Provoca diar- reia não sanguinolenta em crianças. Verduras cruas re- gadas com águas contami- nadas veiculam a bactéria, provocando diarreias. UABQuímica Ambiental 49 Reúso direto planejado das águas: ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reúso, não sendo descarregados no meio ambiente. É o caso com maior ocorrência, destinando-se a uso em indústria ou irrigação. Chegamos ao fim de mais uma aula de Química Ambiental. Espero que você tenha compreendido a grande importância da água na nossa vida e a neces- sidade de preservá-la. Caso surjam dúvidas, não hesite em enviar uma mensagem. Forte abraço! Siglas: ANVISA: agência nacional de Vigilância sanitária. C.E.: Comunidade européia. CETESB: Companhia de tecnologia de saneamento ambiental do estado de são paulo. CONAMA: Conselho nacional do meio ambiente. CPRH: agência estadual de meio ambiente e recursos Hídricos. E.U.A.: estados Unidos da américa do norte. PNUD: programa das nações Unidas para o desenvolvimento. UNESCO: organização das nações Unidas para a educação, a Ciência e a Cultura. Referências Baird, Colin. química ambiental, Bookman Companhia, 1ª ed., 2002. 624 p. Campos, José roberto (Coord.) tratamento de esgotos sanitários por processo anaeróbio e disposição Controlada no solo. rio de Janeiro: aBes, 1999. 464 p. roCHa, Julio César, rosa, andré Henrique, Cardoso, arnaldo alves. introdução à química ambiental, Bookman Companhia, 1ª ed.,2004, reimpresso em 2006. 154 p. Sites de Interesse http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,, aa1492535-4005-0-0-18032007,00.html (programa Fantástico, rede globo, Brasil, acesso em 20/04/2007). http://esa.un.org/unpp/p2k0data.asp (Fundo de população das nações Unidas –UnFpa, ETEC: E.coli enterotox- inogênica. Provoca diar- reia quando presente em alimentos mal cozidos ou água contaminada com re- síduo fecal. É produtora de toxinas semelhantes as do Vibrio cholerae e causa diar- reias aquosas sem sangue. SEPEC: E. coli septicêmica. Provoca septicemia com frequência. Septicemia é uma infecção generalizada do organismo. UPEC: E. coli uropatogêni- ca. Provoca infecções do trato urinário com frequên- cia, em mulheres jovens. É capaz de provocar a destru- ição das células vermelhas do sangue (eritrócitos). mL = mililitro; a milésima parte de 1 litro. m3 = metro cúbico. Parâmetro de qualidade da água: substâncias ou outros indicadores repre- sentativos da qualidade da água. Gestão AmbientalUAB 50 acesso em 23/04/2007). http://www.pnud.org.br/rdh/ (programa das nações Unidas para o desenvolvimento, 2006, acesso em 23/04/2007). http://ga.water.usgs.gov/edu/watercyclespanish.html (programa Hidrológico internacional - pHi da organização das nações Unidas para a educação, a Ciência e a Cultura – UnesCo, acesso em 25/04/2007). http://www.tvcultura.com.br/aloescola/ciencias/agua-desafio/index.htm (tV Cultura, site alô escola com recursos educativos para estudantes e professores, acesso em 3004/2007). http://www.anvisa.gov.br (agência nacional de Vigilância sanitária). http://www.mma.gov.br/port/conama/index.cfm (Conama - Conselho nacional do meio ambiente). http://pt.wikipedia.org/wiki/escherichia_coli ( http://www.cetesb.sp.gov.br/ (CetesB – sp, acesso em 02/05/2007). http://www.grs-ufpe.com.br (grupo de resíduos sólidos – UFpe, acesso em 08/05/2007). UABQuímica Ambiental 51 Gestão AmbientalUAB 52 Aula 3: Química do Solo Prezado(a) aluno(a), aqui estudaremos o terceiro conteúdo da disciplina de Química Ambiental, com uma abordagem sobre a Química do solo. Veremos como o solo é formado, sua composição, as causas da poluição e as formas de controle da mesma. Os tópicos abordados, nesta aula, sobre resíduos sólidos, serão revistos com maior ênfase na disciplina de Gestão dos Resíduos Sólidos, no 4º período. Tenha uma boa leitura! 1. Composição e Formação do solo O solo é um conjunto complexo, produto do intemperismo químico e físico das rochas, sob a ação da biosfera, da hidrosfera e da atmosfera. É constitu- ído por materiais orgânicos e minerais, água, ar e organismos vivos. Embora seja uma camada muito fina, se comparada com o diâmetro total da Terra, o solo é a região mais importante para a espécie humana e para os or- ganismos terrestres, pois nele desenvolve-se a maioria dos alimentos neces- sários à sobrevivência desses seres. Além da função citada, o solo também é fundamental para o ciclo da água e dos nutrientes, proteção das águas subterrâneas, conservação das reservas minerais e de matérias-primas. Con- tudo, o que mais o valoriza e explica o motivo de tantas disputas pela sua ocupação é a sua função econômica, pois ele é utilizado para a manutenção das atividades econômicas. Sabendo das principais funções do solo e da sua importância na manuten- ção da vida do homem e de todos os seres, pode-se perceber como é es- sencial estudá-lo e aprender a conservá-lo e, assim, manter um satisfatório equilíbrio ambiental para todos. A formação do solo depende de seu material de origem (orgânico ou mine- ral), da influência do clima (temperatura, umidade), dos organismos presen- tes e do tempo, entre outros fatores. Glossário Erosão Os processos erosivos ocorrem de forma moderada em um solo coberto por vegetação, sendo essa erosão chamada de geológica ou normal. Uma vez modificado o solo, para cultivo, ou desprovido de sua vegetação originária para atender a outras atividades humanas, tem início a erosão, capaz de remover mil vezes mais material do que se este mesmo solo estivesse coberto. Por ano, o Brasil perde, aproximadamente, 500 milhões de toneladas de solos, através da erosão, e o mundo perde 24 milhões de toneladas de cobertura do solo, contribuindo para sua degradação. Fonte: www.ambientebrasil.com.br UABQuímica Ambiental 53 A formação do solo de origem mineral é decorrente da desintegração e decomposição da rocha-matriz, por ação dos agentes físicos, químicos e biológicos (intemperismo), originando pequenas partículas, que são os sili- catos minerais. Tais minerais são formados por polímeros, onde um átomo de silício, ligado ao conjunto de quatro átomos de oxigênio, numa estrutura tetraédrica, constitui a unidade fundamental. Os silicatos apresentam muitas variações estruturais. Figura 1: estrutura tetraédrica do SiO4. O intemperismo físico das rochas é o responsável pela fragmentação delas, sem que haja, contudo, uma alteração química maior dos minerais. Os seus principais
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