Buscar

Peça Penal-Resposta a acusação

Prévia do material em texto

EXMO JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ARARUAMA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PROCESSO Nº XXX
PATRICK, nacionalidade, estado civil, profissão, RG nº___, CPF nº___, residente e domiciliado no endereço ____, nº___, nesta Comarca, vem, por meio de seu procurador infra-assinado, à presença de Vossa Excelência, apresentar a presente 
 (
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
)
Com fulcro no art. 396 e 396-A do Código de Processo Penal, pelos motivos de fato e de direito a serem expostos posteriormente. 
I - DOS FATOS
O acusado encontrava-se na varanda de sua residência, quando se depara com a seguinte cena: sua sobrinha, Natália, sendo agredida pelo seu namorado, Lauro, em razão de ciúmes. O acusado, querendo cessar a injusta agressão, gritou com Lauro, solicitando que ele parasse de agredir sua sobrinha. A negativa do agressor fez com que Patrick repelisse a agressão, dessa forma, foi até o interior de sua residência e pegou uma arma de fogo, de uso permitido, devidamente registrada.
Patrick, devido a um acidente de trânsito, estava com a perna enfaixado, por esse motivo, o ÚNICO jeito de intervir, seria utilizando uma arma de fogo. Com efeito, ao apertar o gatilho, a arma não funcionou, mas com o barulho, Lauro, empreendeu fuga.
II - DOS FUNDAMENTOS 
a) DA NULIDADE DA CITAÇÃO
A “citação por hora certa”, nos termos do art. 362 do Código de Processo Penal, somente será admitida caso o acusado esteja se ocultando para não ser citado, devendo tal informação ser devidamente certificada por oficial de justiça. Ademais, o oficial de justiça deveria ter procurado o acusado 2 (duas) vezes no seu endereço, conforme extrai-se do art. 252, caput, do CPC. 
Gustavo Badaró, dissestrando sobre o assunto: “Quando o réu, procurado para ser citado pessoalmente, se ocultar para obstacularizar a citação, caberá a citação com hora certa. Trata-se de modalidade de citação ficta, mas que, diferentemente da citação por edital, em que o acusado efetivamente não tem ciência de que está sendo processado, no caso de citação com hora certa, o acusado sabe ou, no mínimo, suspeita que existe um processo contra ele e se oculta para impedir a persecução penal. Justamente por isso, em tal caso, a citação com hora certa e o prosseguimento do processo, sem a presença do acusado, não viola o dispositivo do art 8.2, b, da CADH, que lhe assegura o direito de ser comunicado da acusação, pois eles sabem que o processo existe, e não se defende porque prefere se ocultar.” (BADARÓ, 2015, p. 367)
Diante dos fatos, não seria possível a “citação por hora certa”, tendo em vista que o oficial de justiça não realizou o procedimento nos termos definidos no ordenamento jurídico pátrio. A a residência do acusado encontrava-se fechada no momento da tentativa da citação, porque ele trabalha embarcado por 15 dias. Destarte, deve-se reconhcer a nulidade da citação, nos termos do art. 564, III “e” do CPP. 
b) DO MÉRITO
O articulado na denúncia não constitui crime, tendo em vista que o art. 17 do Código Penal, não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o delito. O laudo de exame pericial, constatou a TOTAL INCAPACIDADE da arma efetuar disparos, caracterizando a ineficácia absolta do meio, ou seja, o meio/instrumento utilizado para a execução do crime jamais o levaria à consumação.
Antônio José Miguel Feu Rosa convencionou chamar de crime impossível "a atitude do agente, quando o objeto pretendido não pode ser alcançado dada a ineficácia absoluta do meio, ou pela absoluta impropriedade do objeto ". (ROSA, Antônio José Miguel Feu. Direito penal: parte geral. São Paulo: Revista dos tribunais, 1995).
O reconhecimento do crime impossível gera a atipicidade da conduta e, consequentemente, a absolvição sumária, tendo em vesta que o fato não constituir crime, com fulcro no Art. 397, III, do CPP.
Os fatos narrados demonstram que o acusado agiu com intenção de lesionar Lauro para resguardar a integridade física de sua sobrinha. O art. 25 do Código Penal, nos traz que, haverá legítima defesa quando alguém, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, sendo esta causa de exclusão da antijuridicidade, nos termos do Art. 23, II, do Código Penal.
Cleber Masson, diz que “a agressão injusta, atual ou iminente, deve ameaçar bem jurídico próprio ou de terceiro. Qualquer bem jurídico pode ser protegido pela legitima defesa, pertencente aquele que ser defende ou a terceira pessoa. E na legítima defesa de terceiro, a reação pode atingir inclusive o titular do bem jurídico protegido. O terceiro funcional como agredido e defendido, simultaneamente.“ (2015, p.451)
O acusado agiu para proteger direito de terceiro, ou seja, sua sobrinha, e para repelir injusta agressão, já que Lauro estava agredindo Natália em razão de ciúmes. Os meios utilizados foram moderados e necessários, tendo em vista a debilidade do acusado (impedindo uma luta corporal).
Demostrado que o acusado agiu em legítima defesa de terceiro, deve-se absolvê-lo sumariamente, nos termos do art. 397, I do CPP.
III - DOS PEDIDOS 
Diante de todo o exposto requer:
· O reconhecimento da nulidade de citação conforme art. 564, III, “e” e Art. 362 do CPP c/c art. 252 do CPC;
· Caso Vossa Excelência não entenda pela nulidade, que o acusado seja absolvido sumariamente nos termos dos art. 397, I e III do CPP;
· A intimação e oitiva das testemunhas arroladas.
N. Termos,
E. Deferimento.
Araruama, 29 de setembro de 2021
_____________________________
OAB/RJ - XXX
IV – ROL DE TESTEMUNHAS
· Maria, CPF, endereço;
· José, CPF, endereço;
· Natália, CPF, endereço.

Continue navegando