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1 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Thiago Demétrio – Cabeça e Pescoço NEOPLASIA MALIGNA DO TRATO AERODIGESTIVO SUPERIOR ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA • Então existem essas neoplasias que atacam essas regiões. Infelizmente, essas doenças são mal diagnosticadas, pois os médicos não possuem o hábito de examinar bem o paciente. • Tem comportamento variável dependendo da localização - Às vezes é o mesmo tipo de câncer, mas dependendo da localização vai ter comportamento diferente. Por exemplo, se for na língua é diferente do que se for na bochecha e assim por diante. Com isso, o tratamento varia também. • Padrão de disseminação – se o CA for no lábio a metástase é de um jeito, se for na língua é outro jeito. Ou seja, a metástase varia também dependendo do local. A cirurgia vai em busca das metástases. • Prevenção e diagnóstico – parar de fumar e beber. • Países em desenvolvimento (Índia) – lá além de fumarem eles mascam o fumo, aumentando a incidência de neoplasias. TUMORES DA CAVIDADE ORAL BENIGNOS • Nem todos os tumores que aparecem são malignos, como: ➢ Fibroma – como se fosse uma cicatrização exagerada. Caiu mordeu o lábio e ficou uma cicatriz exagerada. ➢ Fibroma ossificante periférico – cicatrização exagerada do osso. ➢ Papiloma – excesso de mucosa ➢ Tumores de glândula salivar – parótida, submandibular e sublingual e outras menores (na bochecha, palato duro etc). ➢ Lipoma – nódulos de gordura • É comum o dente está um pouco desviado e favorecer o paciente a morder a bochecha em recorrência (trauma de repetição), que forma lesão. Câncer de bochecha nessa região tem prognostico ruim. • Sempre que pegamos lesões faz biópsia. • Hemangioma não faz biopsia (se furar sangra muito). Pois é um tumor vascular. É congênito, paciente já nasceu com ela. A palpação sente pulsação. Confirma na TC qual o vaso. • Tumor submucoso – mais difícil de fazer a biopsia. Em regiões como palato duro (nessa região existem glândulas salivares menores, então acaba sendo pior). CÂNCER DE CAVIDADE ORAL PRÉ-MALIGNAS • Relacionados ao tabagismo e etilismo – principais fatores de risco para desenvolvimento de câncer. LEUCOPLASIA É o câncer por onde passa os alimentos e a parte respiratória. Trajeto do ar: cavidade nasal/ rinofaringe/orofaringe -> laringe -> seio piriforme -> traqueia 2 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Thiago Demétrio – Cabeça e Pescoço • Mancha branca • Ainda não é câncer, porém está no estágio pré-maligno. ERITROPLASIA • Mancha vermelha • Mais difícil de identificar, pois confunde- se com outro tipo de lesão, como alguma causada pela prótese dentaria. • Como saber se é câncer ou não? Fazendo uma história clínica bem feita, se o paciente tem algum fator de risco, se dói, há quanto tempo a lesão está presente, se tem sangramento etc. TUMORES DE CAVIDADE ORAL MALIGNOS SARCOMAS • É o mais agressivo. • Não há fatores de risco, acomete todas as idades. • Cresce em 2 a 3 semanas. • Muito raro • A chance de cura é muito difícil. • Se identificar um tumor de boca crescendo muito rápido em um paciente jovem tem que se alertar. GLÂNDULA SALIVAR • Geralmente submucosas LINFOMA DE BURKITT • Muito difícil diagnosticar antes da biopsia. • Pode ter relação com HIV. METÁSTASES • Tem um comportamento que não segue o padrão. Como por exemplo, um CA de mama que deu metástase na boca. MELANOMA • Aspecto enegrecido, infiltrativo. Relação com exposição solar. Casos aberrantes. 3 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Thiago Demétrio – Cabeça e Pescoço • Neoplasia de baixa prevalência, representando cerca de 0,5% de todos os tumores malignos orais. • Caracteriza-se pela proliferação atípica de melanócitos, com crescimento vertical agressivo e possível surgimento de lesões-satélites. • Os sintomas mais comuns são sangramento, dor local e amolecimento dentário; podendo, entretanto, ser assintomático. O diagnóstico é obtido através de biopsia da lesão. • Atualmente, a melhor opção para o tratamento é a cirurgia; entretanto, há controvérsias quanto à extensão da ressecção e a utilização de radioterapia e/ou quimioterapia adjuvante. CARCINOMA EPIDERMÓIDE • O tipo de câncer mais comum. • Ferida na boca com cheiro muito ruim, de rato podre e que sangra. • O paciente costuma ficar trancado dentro de um quarto por vergonha. • Relacionado ao cigarro e a bebida. Carcinoma espinocelular (CEC) - Exposição solar MANIFESTAÇÃO CLÍNICA • Principal queixa: refere “ferida” na boca, que sangra e que dói, há mais de 3 semanas e não sara. • À medida que vai evoluindo vai ter: disfagia, odinofagia, otalgia, trismo, halitose, perda da mobilidade da língua, sensação de corpo estranho, perda de peso, comprometimento linfonodal etc. • Demora meses ou anos para chegar a esse nível. • Odor muito característico ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS • Incidência crescente no sexo masculino • Disseminação do uso do tabaco • Dificuldades para a prevenção e para diagnóstico precoce, pela falta de informação para a população e falta de preparo do profissional da saúde. FATORES DE RISCO • Sexo masculino • >40 anos • Tabagista • Etilista • Baixo nível socioeconômico • Má higiene oral • Portadores de próteses mal adaptadas • Desnutridos (talvez por beber muito e não sentir fome) e imunodeprimidos (HIV, tuberculose, pacientes transplantados). ETIOLOGIA FUMO Basicamente precisamos identificar o câncer e fazer biopsia. 4 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Thiago Demétrio – Cabeça e Pescoço • 90% são fumantes • Risco de CEC da mucosa oral é 6x maior em fumantes • O risco é diretamente proporcional a quantidade e tempo do hábito. • 40% dos que continuam a fumar após o TT desenvolvem um segundo CEC • Além das substâncias químicas há o calor da combustão, favorecendo mais ainda a entrada dessas substâncias que favorecem o câncer. • 1 maço = 1 carteira • Fumaça: 60 substâncias carcinógenas: ➢ Alcatrão: benzopireno e aminas aromáticas ➢ Substâncias utilizadas no cultivo do tabaco ▪ Pesticidas e elementos radioativos • Agentes carcinogênicos + calor da combustão do fumo = alterações na mucosa da cavidade oral ➢ A temperatura da ponta do cigarro aceso varia de 835 a 884 graus centígrados. • Úlceras orais permitem um contato mais íntimo dos agentes carcinógenos com os tecidos. • Quanto maior a carga tabágica maior a chance de desenvolver o câncer. 1 maço (20 cigarros) = 4 cigarros a mão = 5 charutos = 5 cachimbos ÁLCOOL • Cachaça (50% etanol) > vinho (10% de etanol) > cerveja (5% de etanol). Quanto maior teor alcoólico pior. • Câncer de língua: o vinho representa um risco maior do que a cachaça. • O efeito do álcool na gênese do câncer de boca, é, assim como o tabaco, de caráter cumulativo (paciente que tem hábito de beber e fumar). Pois são vários fatores de agressão na mucosa oral OUTROS • Radiação UV • Vírus • Alimentação ➢ Café quente • Fatores genéticos ➢ Não tem fatores de risco OUTRAS INFORMAÇÕES • Teoria do Campo de cancerização ➢ Quando traga o cigarro e puxa esses produtos químicos que entram em contato com lábio e língua passam por laringe descem para traqueia, vão para o pulmão etc. Por onde esses produtos químicos passam pode desenvolver câncer, assim como o álcool. Ou seja, pode ter outros tumores associados. • Disseminação linfática DEPENDE (metástases linfonodais): quando sai do sítio primário e dissemina para outros locais. Dependendo do local já sabe para onde vaidar metástase (previsto): 1 carteira por 40 anos – 40 maços/ano. Unidade maços/ano: Pergunta ao paciente quantos maços ele fuma por dia e por quantos anos e multiplica. Quando junta cigarro e bebida o risco de câncer bucal aumenta em 141,6x 5 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Thiago Demétrio – Cabeça e Pescoço ➢ Do grau de diferenciação histológica – quanto mais ele se aproxima/parece uma célula normal. Pouco diferenciado é um trauma mais agressivo. Muito diferenciado é menos agressivo. ➢ Dimensão da lesão (profundidade) – 0,5 cm. Se for conseguir pegar menos que 0,5cm provavelmente não vai dar metástase, porém isso é muito difícil, já que os tumores são bem avançados acaba retirando um tamanho muito maior. ➢ Localização (lesões posteriores produzem mais metástases que as anteriores). Pois a drenagem linfática é maior na parte posterior. • Disseminação hematogênica ➢ Vai para pulmão, osso ou fígado. ➢ Pedir TC do tórax e pescoço para ver estadiamento DIAGNÓSTICO QUADRO CLÍNICO • Paciente fumante, com lesão na mucosa, em geral ulcerada de assoalho de boca ou borda lateral de língua, pouco dolorosa, sendo que 1/3 dos pacientes apresentam linfonodos cervicais aumentados. Histórico de tabagismo e etilismo. • Exame físico ➢ Inspeção e palpação bimanual – pois as vezes o tumor infiltra e não consegue ver. • Exames complementares – biópsia (muitos serviços de oncologia não aceitam paciente sem biópsia) e estudo radiológico dirigido (RX, TC, RM e US) para estadiamento. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Úlcera tuberculosa • Cancro secundário – relacionado a sífilis • Granuloma piogênico – pus • Cisto de retenção salivar – as vezes o paciente mordeu a boca e ficou com aquela retenção. • Rânula – lesão congênita benigna • Tumor benigno de glândula salivar menos • Papiloma – parte mais elevada na bochecha em que o dente estava mordendo a bochecha. EXAME DA CAVIDADE ORAL • Inspeção geral – saber se o paciente é cardiopata, por exemplo, porque já contraindica a cirurgia, então vai para QT e/ou RT. • Inspeção da boca • Palpação das estruturas bucais • Palpação do pescoço EXAME CLÍNICO • Inspeção da boca • Movimentação da língua – pedir para o paciente movimentar a língua na hora do exame. Geralmente quando é câncer a língua fica presa, não mexe, e o paciente começa a ter alteração na voz como se tivesse uma batata na boca (“voz em batata”) – tumor na base da língua. • Palpação bidigital • Palpação do pescoço • Biópsia Excisional ➢ Para estadiamento AVALIAÇÃO CLÍNICA • Local de origem do tumor – pois tem diferença dependendo do local. • Extensão da disseminação – não adianta tirar o tumor e deixar o linfonodo (íngua). • Tipo de tumor 6 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Thiago Demétrio – Cabeça e Pescoço EXAMES • RX simples de tórax – para ver se tem alguma doença pulmonar, metástase. Para avaliar o tratamento cirúrgico e ver a extensão de doença local e regional. • TC – dar mais detalhas. Consegue ver a profundidade de invasão. Virou de rotina hoje em dia. • RSM – vai pedir mais para ver base crânio. Para saber se a doença está invadindo meninges etc. Presença de linfadenopatia • Oroscopia/panendoscopia – faz uma laringoscopia para ver se tem doença da faringe/laringe. Metástase a distância. TRATAMENTO CIRURGIA • Exérese e fechamento primário – mais simples porque retira a lesão e fecha com fio. • Exérese e fechamento com retalhos: locais, a distância ou livres (porque vem de outro canto, como por exemplo, da fíbula – anastomose com a pele de outro canto). Quando retira a região como um todo e faz o retalho (pois é mais próximo da região e se parece mais. Consegue saber de onde está vindo a artéria e veia). • Composta: “pull-through”- puxar através, comando • RT e QT tem índice de cura inferior a cirurgia. • Se a doença saiu do linfonodo complementa com RT e QT. o esvaziamento cervical se necessário e margens verificados por congelação. • T1 ressecção transoral – o ideal é retirar a lesão e pontear. Depois de um tempo cicatriza direito. Não muda qualidade de vida. • Pull-through ➢ Se o tumor pegar a língua, assoalho da boca e etc precisa fazer o pull- through - incisão no pescoço, limpa todos os linfonodos do pescoço, descola a pele até a boca. • Técnica do retalho livre ➢ Com retalho da perna. Identifica artéria e veia que nutre essa região. ➢ Cirurgião plástico fratura a mandíbula, preserva a irrigação e faz uma anastomose da artéria facial, coloca placas e parafusos para fazer o alinhamento. • A sobrevida dos pacientes com câncer bucal nas ultimas 5 décadas tem se mantido sempre ao redor de 50% • Fio utilizado – Vycril NEOPLASIA MALIGNA DA OROFARINGE EPIDEMIOLOGIA • Mais comum em homens • Mais comum na 5° e 6 década de vida • Relação intensa com álcool e tabaco • Infecção pelo HPV ➢ Jovens ➢ Brancos ➢ Nível social/cultural elevado ➢ Não tabagistas e não etilistas ➢ Elevado número de parceiros sexuais – sexo oral ➢ Tomar água no copo de uma pessoa contaminada, através do beijo etc. ➢ Chance melhor de curar com QT e RT QUADRO CLÍNICO • Lesões ulcero-infiltrativas, trismo, alterações da voz, disfagia, otalgia (por 7 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Thiago Demétrio – Cabeça e Pescoço comprometimento do nervo glossofaríngeo), halitose, sangramento, linfonodo (1° sintoma – comum metástases císticas) etc. • Diagnóstico difícil, em especial em tonsilas (criptas, diagnóstico diferencial com infecções). • Estágios frequentemente avançados • A proximidade com outras estruturas facilita a invasão de outros órgãos – cavidade oral e laringe. Próximo à base de crânio. EXAME FÍSICO • Oroscopia • Palpação da base da língua – pode até obstruir via aérea. • Palpação do pescoço – procurar os linfonodos, que muitas vezes é discreto e o médico que não examina direito pensa que é amigdalite. • Laringoscopia – para visualizar melhor com a câmera. DIAGNÓSTICO • Biopsia da lesão ➢ Per os – boca aberta, se conseguir puxa com a pinça, porém mais difícil porque é posterior. ➢ Por laringoscopia • Pesquisa para HPV – mudança de conduta terapêutica? ➢ RNA – tecido fresco congelado ➢ DNA – tecido parafinado ➢ Imuno-histoquímica para p16 – associada ao vírus do HPV. • PET-CT – especialmente em doença metastática com tumor primário desconhecido. ➢ Bom para aquele paciente que fez QT e RT, que não operou, e o médico ainda está na dúvida se o tumor ainda está lá. TRATAMENTO • É variável ➢ Tipo histológico – geralmente é o espinocelular ➢ Condições clínicas do paciente – se está desnutrido está mais avançado ➢ Localização e tamanho do tumor – atrapalha e tem que lembrar que não dá para entubar, tem que fazer traqueostomia. ➢ Expectativas quanto a qualidade de vida – sequelas • Positividade para o HPV? se dar para operar opera, se for deixar muita sequela opta por fazer QT e RT. CIRURGIA • Com margens amplas. ➢ Transoral ➢ Mandibulotomia para acesso ➢ Mandibulectomia combinada ➢ Faringotomia lateral (via cervical) ➢ Cirurgia robótica • Fechamento ➢ Fechamento primário – o ideal ➢ Fechamento por segunda intenção ➢ Reconstrução com retalhos ▪ Locais – mucosa ou de língua ▪ Regionais - do m. peitoral ou pele da região frontal ou da região supraclavicular ➢ Livres microcirúrgicos ➢ Usar as placas para fechamento caso não consiga reconstruir a mandíbula. COMPLICAÇÕES DE RT E QT MUCOSITE 8 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Thiago Demétrio –Cabeça e Pescoço • Abre feridas durante o TT, muitos não conseguem mais comer. DERMATITE • Porque pode queimar a pele OSTEORADIONECROSE • Diminui a irrigação do osso e ele começa a necrosar. • Necrose espalha muito rápido • Tem que fazer ATB, desbridamento, pedir ajuda do dentista. CANDIDÍASE
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