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1 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Felipe Rodovalho – Cirurgia Vascular CONCEITO • Alterações do sistema venoso devido a hipertensão venosa crônica (pressão venosa aumentada por longos períodos), que evoluem para mudanças da pele e tecido subcutâneo (mudanças estruturais). • Devido extravasamento de líquidos das veias para dentro dos tecidos, e de algumas células sanguíneas, gerando inflamação e edema desses tecidos. • Em geral, essa insuficiência acaba ocorrendo devido a deficiência das valvas da veia e/ou obstrução venosa. • Os MMII são muito mais acometidos que os MMSS. • As varizes podem fazer parte do quadro clínico ou serem a causa da doença, ou seja, do que está fazendo com que haja hipertensão venosa. AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES QUE NOTAMOS SÃO: EDEMA • Geralmente é bilateral • Quando há realmente uma IVC bem estabelecida e de característica familiar. • Quando a IVC é secundária a uma trombose pode-se ter edema apenas em um membro (aquele que teve a trombose), que não foi tratado adequadamente pelo médico. LIPODERMATOESCLEROSE • Processo cicatricial bem intenso que acontece no subcutâneo, fibroses. Ou seja, o tecido se torna mais fibrótico/esclerosado/endurecido. • Sinal clínico: “garrafa invertida” • Tecido subcutâneo ou invés de ser “molinho” fica endurecido porque tem mais tecido cicatricial. ATROFIA BRANCA • Regiões fragilizadas que a próxima evolução será ulcera. HIPERPIGMENTAÇÃO OU DERMATITE OCRE 2 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Felipe Rodovalho – Cirurgia Vascular • Sinal de doença avançada. • Região mais escura na pele. • Ocorre através do escalpe de células de hemácia que morrem no tecido subcutâneo, são rompidas e o ferro fica depositado. Gerando reação inflamatória. • Fica como uma tatuagem na perna do paciente. • Só há melhora com tratamento cosmético. ECZEMA VENOSO • Quadro de irritação importante dos MMII que leva a congestão venosa. • O paciente vai ter edema e o membro vai estar mais aquecido, as vezes com prurido. • Predispõe quadros de erisipela. • Inflamação da pele • Importante saber diferenciar doença venosa de doença arterial. ÚLCERA VENOSA • Último estágio da doença • Localização mais comum é a região do maléolo medial, pois é onde acumula maior pressão venosa. • Paciente vai ter pulsos distais bons, onde também vai ter outras manifestações da doença, como varizes, edema etc. • As úlceras da doença venosa são mais vermelhas e qualquer toque no local ela tende a sangrar, o que não é um mal sinal, significa que essa úlcera pode cicatrizar desde que tenha um cuidado adequado. Porém demora bastante para cicatrizar. • Diferentemente da doença arterial, que aparece mais distais, nos dedos, onde a circulação arterial é mais pobre. Úlceras tendem a ser mais rosadas/pálidas. PREVALÊNCIA • Aumenta conforme a idade – pacientes idosos. • Mais comum no sexo feminino, mas homens também são acometidos. DOENÇA ARTERIAL X DOENÇA VENOSA ARTERIAL Membro mais frio/Cianótico Muito mais doloroso VENOSA Membro mais quente/ Avermelhado Com pulsos distais presentes 3 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Felipe Rodovalho – Cirurgia Vascular • Formas leves podem acometer mais de 35% da população geral (doença que não te cura, mas tem TT). • Aproximadamente 1% da população com úlcera venosa aberta ou cicatrizada, podendo chegar a 3% nos maiores de 70 anos (EUA). • Por que está com a úlcera? Foi uma topada? É uma manifestação de doença venosa? Tem que investigar minuciosamente o caso, pois a úlcera tem que ser tratada! ANATOMIA DO SISTEMA VENOSO • As veias são vasos responsáveis por trazer o sangue de volta ao coração. • Nos membros temos o sistema venoso profundo e o superficial. ➢ MMSS com 80% da drenagem pelo sistema superficial e 20% pelo profundo. ➢ MMII a drenagem principal é pelo sistema profundo. se aparecer uma trombose de veia braquial (MMSS), o risco de deixar sequela é mínimo, já que a maior parte da drenagem do MMSS é feita pelo sistema superficial. Diferentemente do MMII. Se o paciente desenvolver um TVP com oclusão da veia poplítea ou femoral, se não for bem conduzido nem houver recanalização, o paciente vai ficar com sequela (síndrome pós trombótica), o membro vai desenvolver IVC, varizes, edema etc. • As veias possuem válvulas para orientar o fluxo de sangue. Diferente das artérias. • Veia competente: o sistema de válvulas funciona normalmente. A valva abre para o sangue passar e depois ela fecha. • Veia insuficiente: valva não funciona bem, permanece aberta mesmo depois do sangue passar, ocasionando um refluxo de sangue. Isso aumenta a pressão das veias lá de baixo, desenvolvendo IV e acometendo outras veias. A evolução é de anos. ALGUMAS PRINCIPAIS VEIAS MEMBRO SUPERIOR • Principais veias do MMSS do antebraço: Basílica, cefálica, arco venoso dorsal, TVP: paciente com trombose de veia braquial (veias profunda) – trata com anticoagulação. Pois essas veias desaguam em veias maiores que podem ocasionar uma embolia pulmonar. Tromboflebite: paciente com inflamação e trombose de veia cefálica (por exemplo, que é superficial do braço) – trata com analgésicos, AINE, compressa aquecida e massagem. 4 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Felipe Rodovalho – Cirurgia Vascular veias digitais dorsais dos dedos, Intermedia do cotovelo faz a comunicação da cefálica e basílica. • Veias profundas são aquelas que acompanham as artérias: veia radial, ulnar, braquial, axilar, subclávia. Geralmente são duplicadas. MEMBRO INFERIOR • Superficiais: safena magna, começa anterior ao maléolo medial (mais comumente acometida por insuficiência valvular levando a evolução das varizes para insuficiência venosa crônica – usa para fazer by-pass, ponte de safena), safena parva (desagua na veia poplítea). • Profundas: tibial anterior, fibular, tibial posterior que desaguam na poplítea e continua na femoral. • Veias comunicantes: comunicam o sistema superficial com o profundo. • Femoral para ilíaca, que corre para a cava. • Sistema ázigo: veias que drenam a região lombar e dorsal e desagua na VCS. CLASSIFICAÇÃO CEAP • Utilizada para classificar corretamente pacientes com insuficiência venosa. CLÍNICA • C0 - Sinais de doença venosa não visíveis e não palpáveis. Não identifica nenhuma variz nem um vaso. Paciente normal • C1 - paciente com telangiectasias e/ou veias reticulares • C2- veias varicosas (veias desenvolvidas, até mesmo em pessoas que treinam). Pelo menos 3mm e tortuosa. • C3- edema (paciente com inchaço em uma ou nas duas pernas). • C4a- pigmentação e/ou eczema • C4b- lipodermatoesclerose e atrofia branca • C5- úlcera venosa cicatrizada – o paciente as vezes é um 4b e pula para um 6. Quando o 6 cicatriza ele regride para o 5. • C6- úlcera venosa aberta Clínica Etiológica Anatômica Fisiopatológica 5 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Felipe Rodovalho – Cirurgia Vascular TELANGIECTASIAS • São pequenos vasos que se dilatam devido a um aumento de pressão venosa. • Ficar muito tempo em pé ou sentado, sem mexer as pernas, terá uma estase venosa aumentada. VEIAS RETICULARES • São veias do subcutâneo dilatadas. • Possui associação com telangiectasias • Não é uma veia saudável porque apresenta varias tortuosidades. • Mais fácil de visualizar em pacientes com pele bem clara. VARIZES • São veias bem calibrosas, localizadas em subcutâneo a nível de derme. ETIOLÓGICA • Ec – (Congênita):pacientes que geralmente possuem varizes desde criança. Em decorrência de uma hipoplasia do sistema venoso profundo. Raro de acontecer • Ep – (Primária): não possui causa determinada. Tipo, um dos fatores de risco para desenvolvimento de IVC são hormônios femininos e isso pode ser um gatilho. • Es – (Secundária): geralmente associada a uma síndrome pós trombótica, onde não foi tratada adequadamente, não foi canalizada. Paciente vai ter edema de MMII, varizes etc. Ou pode ser associada também a um trauma (ligadura de veias). • En – Sem causa venosa identificada. ANATÔMICA • As – envolve sistema venoso superficial • Ad – envolve o sistema venoso profundo • Ap – envolve veias perfurantes (mais nos MMII). • An – sem causa venosa identificada PATOLÓGICA • Pr – quando a doença venosa ocorre por refluxo. Leve: C0-C2 Moderado: C3-C4a Grave: C4b- C6 O que causou a doença venosa? 6 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Felipe Rodovalho – Cirurgia Vascular • Po – obstrução do vaso • Pro – refluxo e obstrução • Pn – sem causa venosa identificada MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Aparecimento de varizes – geralmente uma das primeiras queixas. • Dor – muito comum. Se caracteriza por aparecer principalmente no final do dia. “Cansaço nas pernas” as vezes com câimbra. • Edema – quando não associada a trombose venosa apresenta edema nas duas pernas que piora ao final do dia assim como a dor. • Prurido – quando há membros muito edemaciados e dor geralmente vai ter prurido. • Alterações tróficas quem tem IVC tem maiores chances de desenvolver erisipela, TVP, linfangite. paciente com IVC que é acometido pela covid-19 tem maiores chances de desenvolver TVP. DIAGNÓSTICO • Basicamente é clínico ANAMNESE • Tem que ser bem feita, onde iremos procurar qual idade do paciente (já que a doença é progressiva com a idade). FATORES DE RISCO • Obesidade (principal). Pois esse tipo de paciente tem uma maior pressão intra- abdominal, o que dificulta mais ainda o retorno venoso. Isso é importante saber devido ao agravamento da doença. • Alguns pacientes que chegam com IVC severa (até com úlcera aberta) e que são obesos, podem tem uma cicatrização bem mais rápida dessas feridas e algumas veias até se recuperarem com a perda de peso. • Gravidez – favorece aparecimento de varizes. Ficar atenta para fazer TT clínico (mudança do estilo de vida por exemplo) OCUPAÇÃO • Paciente que fica muito em pé, ou o dia sentado HÁBITOS DE VIDA • Pessoas sedentárias possuem maior chance de desenvolver. EXAME FÍSICO • Inicialmente iremos examinar o paciente em pé, vendo se há alguma variz, se há presença de lesões tróficas, como está os pulsos do paciente, até mesmo para saber qual vai ser o TT clínico. EXAMES COMPLEMENTARES USG DOPPLER • Vai visualizar qual segmento que está tendo refluxo, qual veia está com sinal de obstrução, se é profunda ou superficial. Não é com fins de diagnóstico, mas sim para complementar e definir o TT. PLETISMOGRAFIA • Exame muito difícil de achar. Mede o volume de sangue nas veias. Feito com uma aparelhagem em que se coloca eletrodos no paciente que medem o a variação de volume nos membros e a partir daí ver o volume que a doença venosa está proporcionando. Na doença venosa tem estase maior nos membros pela dificuldade que o sangue está tendo em subir. 7 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Felipe Rodovalho – Cirurgia Vascular FLEBOGRAFIA • Realiza a punção de uma veia ao jogar contraste. Exame invasivo e não revela tanto detalhe quanto na USG doppler. Pode ver alguns sinais de insuficiência venosa, mas raramente é indicado. OUTROS EXAMES • Medida da pressão venosa dos MMII (relacionado mais com pesquisa etc). TRATAMENTO • Esclarecer ao paciente que a doença é crônica e progressiva. Não há cura, o objetivo é só tratar sintoma. • Não mata, mas leva a limitações, principalmente no trabalho. MEDIDAS GERAIS • Evitar imobilidade dos MMII – evitar ficar muito tempo parado, sentado ou em pé. • Não usar vestes que dificultem retorno venoso – calças muito apertadas principalmente no quadril. • Evitar uso de sapatos sem saltos ou saltos muito altos – justamente para não atrapalhar a articulação do tornozelo. • Combater obesidade – é o principal fator de risco. • Fazer breves repousos com MMII elevados – paciente que tem inchaço nas pernas e dores tem alivio considerado dos sintomas ao ficar com os membros elevados por alguns minutos. • Praticar exercícios físicos – extrema importância. A circulação venosa da perna depende muito dos grupos musculares da panturrilha. Então hidroginástica, dança, treino de perna etc ajuda consideravelmente. TRATAMENTO COMPRESSIVO • Depois das medidas gerais, o tratamento compressivo é algo de extrema importância. • Materiais de compressão podem ser inelásticos e elásticos. MATERIAL INELÁSTICO • Bota de unna (ulceras abertas) – bandagem que utiliza oxido de zinco, atadura, que fica como se fosse uma bota engessada. A diferença é que ela permite que o paciente movimente o pé. ➢ Mais indicado para pacientes com úlceras. ➢ Geralmente mais caros e TT demorados. MATERIAL ELÁSTICO • Meias Compressivas ➢ Essas meias podem ser graduadas em leve (trata formas mais leves – edema, varizes pequenas), média (para varizes mais calibrosas, MMII bem edemaciados com presença de lesões tróficas) e alta compressão (30-40mmHg - para aqueles pacientes que além de doença venosa tem doença linfática). • Faixas ou ataduras elásticas (lesões tróficas e edema). ➢ Para diminuir o diâmetro do edema. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO MEDICAÇÕES VENOATIVAS • Diminuem a permeabilidade venosa, aumentar o tônus das veias para que haja melhora da circulação venosa. • Na prática, a imensa maioria dos pacientes que fazem o uso relatam benefícios. • Daflon, Nisperidina, Venalote 8 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Felipe Rodovalho – Cirurgia Vascular • São medicações mais sintomáticas que servem para alivio, mas que sozinhas não sevem para o TT da IVC. MEDICAÇÕES NÃO VENOATIVAS • Outras medicações que podem ajudar. • ATB só são prescritos para aquelas úlceras que estão bem infectadas, que desenvolveram erisipela, linfangite e que estão agravando a doença venosa. • O beneficio é que vão tratar a infecção e não a doença venosa. SUBSTÂNCIAS TÓPICAS • Nunca passe para tratar úlcera de origem venosa uma pomada com ATB, pois não resolve e causa seleção das bactérias mais fortes. Optar por prescrever comprimido. • Posso usar em feridas bem granuladas/sangrantes/vermelhas – são feridas que podem se beneficiar de ácidos graxos essências como, olho de girassol e de canola, onde vão estimular a epitelização. • Quando a ferida tem muita fibrina e tem muito tecido morto – podemos usar hidrogel, creme de papaína que funcionam como desbridante químico. (Por exemplo, se tiver uma ferida amarelada que não cicatriza, tem que desbridar). • Existe o desbridamento químico e o cirúrgico. ➢ Cirúrgico – cirurgião retira um pedaço da úlcera, que vai aumentar. ➢ Químico – com pomada ESCLEROTERAPIA QUÍMICA • Hoje em dia é o que há de mais moderno para o TT das varizes. • Mais utilizada nos países ocidentais • O Brasil é o país mais avançado no TT de varizes no mundo. • Tratamento de escolha para telangiectasias e veias reticulares (CEAP 1). • A principal substância utilizada é o polidocanol (concentrações variam de acordo com o tipo de vaso) e a glicose hipertônica (50 ou 75%), mais fácil de se conseguir, porém não tem um resultado tão bom quanto o polidocanol. • Emvasos muito pequenos, a glicose causa reação inflamatória que acaba fechando os vasinhos. • A finalidade desses agentes esclerosantes é causar uma inflamação do vasos e obliteração deles. TRATAMENTO ENDOVASCULAR • Ablação da safena – entra com uma sonda, que causa ablação com ondas de radiofrequência e com isso a veia fecha. Associado com a cirurgia convencional. TERMOABLAÇÃO DA VEIA SAFENA • Faz uma punção da veia safena guiado por USG e depois passa uma sonda até o segmento insuficiente e queima • Não deve ser feito em veias profundas. FLEBECTOMIA • Cirurgia convencional • Cirurgião marca o trajeto das veias, faz um pequeno furo com agulha e por meio dele passa uma agulha de crochê, pesca a veia e sai retirando-a. 9 Letícia Duarte P6A Turma I – Clínica Cirúrgica I Prof. Dr. Felipe Rodovalho – Cirurgia Vascular SAFENECTOMIA • Disseca veia safena até chegar na femoral, identifica todos os ramos e faz a ligadura deles e corta. • Feita incisão, onde disseca a veia safena (incisão proximal e distal), distal passa dispositivo que sobe por meio da veia, quando chega no segmento proximal amarra e puxa o dispositivo e ele sai lá embaixo para rasgar a veia. • Isso pode danificar algum nervo e paciente ficar com uma dorzinha.
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