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Óbito Fetal


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• Definição (OMS, 2018) 
- Morte intrauterina de um feto em qualquer 
momento da gravidez 
- Natimorto: após 28 semanas 
- Morte anteparto: antes do feto nascer, feto já 
apresenta algumas alterações (maceração, 
descamação na pele; cavalgamento dos ossos do 
crânio) 
- Morte intraparto: durante o momento do trabalho 
de parto ou durante o próprio parto. Ocorre mais 
nos países de baixa renda, com assistência 
inadequada ao parto e ao TP. 
 
• Definição (NCHS) 
- Morte fetal que ocorre só após 20 semanas antes 
ou durante o parto 
- Natimorto precoce: 20 a 27 semanas 
- Natimorto tardio: 28 a 36 semanas (mais comum) 
- Natimorto à termo: ≥ 37 semanas 
 
• Definição (MS) → usada no Brasil 
- Óbito fetal: é a morte de um produto da 
concepção, antes da expulsão, com peso ao 
nascer igual ou superior a 500 gramas 
- Quando não se dispuser de informações sobre o 
peso ao nascer, considerar aqueles com idade 
gestacional de 22 semanas ou mais. É obrigatório 
emitir DO se presente um desses fatores. 
 
• Incidência (Lancet, 2016) 
- Global: 15 mortes / 1000 NV (2015) 
- Houve uma diminuição importante desse número 
de mortes com a melhor assistência ao parto 
- Taxas de natimortos tardios: 98% das mortes em 
países de baixa e média renda 
- Países de baixa renda: 21 mortes/1000 NV 
- Países de alta renda: 3 mortes/1000 NV 
 
o Incidência 
- Estados Unidos: 6 mortes / 1000 NV (redução 
importante) 
- Reino Unido: 3,51 / 1000 NV (menor taxa do 
mundo) 
- Brasil: 10,8 mortes / 1000 NV (contudo, há muita 
subnotificação, então acredita-se que essa taxa 
seja um pouco maior) 
 
• Etiologia 
- Distúrbios maternos 
- Distúrbios fetais 
- Distúrbios placentários 
- A interseção entre esses fatores resulta na 
natimortalidade 
- Os fatores que levam à óbito fetal não são iguais 
em todos os países 
 
o Países de Baixa Renda: o principal problema 
é a assistência ao TP 
- Trabalho de parto obstruído/prolongado 
- Pré-eclâmpsia (principal causa no Brasil) 
- Infecção 
 
o Países de Alta Renda 
- Anomalias congênitas/genéticas 
- Problemas placentários: RCIU (mais comum) 
- Doenças maternas 
 
➢ Mortalidade Fetal Precoce 
- Anomalias congênitas 
- Infecções (ex. malária) 
- RCIU 
- Doenças maternas: hipertensão crônica, 
obesidade, diabetes 
 
➢ Mortalidade Fetal Tardia 
- Distúrbio médicos maternos 
- Distúrbios obstétricos: DPPNI, placenta prévia, 
prolapso de cordão, inserção marginal do cordão 
 
o Anomalias Congênitas 
- 15 a 20% dos casos 
- Defeitos de parede abdominal: gastrosquise (6%); 
hérnia diafragmática (3%) 
- Defeitos de tubo neural: anencefalia (51% das 
anomalias); encefalocele (15%); hidrocefalia (9%) 
→ principal causa, mas evitável com a 
suplementação de ácido fólico 
 
o RCIU 
- Segunda causa mais comum 
- 10-47 mortes por 1000 NV 
- Maior restrição → maior mortalidade 
- Mediana da IG: 28 semanas (óbito tardio) 
- Disfunção placentária: na maioria das vezes, 
ocorre por: vasculopatias maternas (DHEG, DMG, 
SAAF, LES), doença placentária (infarto 
placentário causado por trombofilia, etc) 
 
o Infecção 
- 50% dos óbitos em países de baixa renda são 
causados por infecção 
- 10 a 25% casos em países de alta renda (principal 
causa nesses países é a RPMO, havendo 
ascensão das bactérias) 
- A maioria são natimortos prematuros (morrem 
antes de chegar ao termo) 
- Disfunção placentária: malária (eritrócitos 
parasitados entram na placenta, causam 
inflamação importante) 
- Doença materna sistêmica grave: apendicite 
- Doença sistêmica fetal: CMV, toxoplasmose, 
Streptococcus grupo B e E. coli 
- É muito importante orientar as gestantes a usarem 
repelente 
 
o Anormalidades Genéticas 
- A maioria das aneuploidias é letal no útero 
(maioria dos abortamentos até 10 semanas são 
devido a anomalias genéticas) 
- Pode ocorrer em todos os estágios de gravidez 
- As principais causas que levam à óbito fetal são 
trissomias de 13, 18 e 21 
 
o DPP 
- Principal causa são as síndromes hipertensivas 
- Ocorre em 1% de todas as gestações 
- 10 a 20% de todos os natimortos 
- Quanto maior a área de descolamento, pior o 
prognóstico 
- ≥ 50% descolamento → maior mortalidade, quase 
100% 
 
• Fatores de Risco Materno 
o Raça negra 
- Tanto devido a questões sociais, mas mulheres 
negras de alta classe econômica também têm 
maior taxa de óbito fetal. 
- Não se sabe porquê, mas por exemplo, uma 
hipertensa negra é mais grave que uma 
hipertensa branca 
 
o Extremos de idade 
- Adolescentes 
- ≥ 35 anos, agravado se > 40 anos 
 
o Status de solteira: questões sociais, 
emocionais e financeiras 
o Paridade (≥ 3 partos e nulíparas) 
o Fatores sociais e comportamentais 
adversos: violência, extrema pobreza 
o Natimorto anterior: 3x maior probabilidade 
 
• Transtornos Crônicos 
o Diabetes 
- É uma doença silenciosa, geralmente 
assintomática, enquanto que o bebê sofre 
repercussões metabólicas importantes 
- Hiperglicemia e hiperinsulinemia fetal → aumento 
do consumo de oxigênio, que muitas vezes não 
consegue ser suprido → hipoxemia intraútero → 
acidose fetal 
- Vasculopatia materna → diminuição da perfusão 
uteroplacentária 
o Transtornos hipertensivos: insuficiência 
placentária, DPP 
- Fetos de mães hipertensas têm placenta menor, 
cordão mais fino 
 
o Uso de substâncias 
- Tabagismo: alguns estudos mostram que 
independente da carga tabágica, a chance de 
óbito fetal já aumenta 
- Quanto maior o nº de cigarros, maior a 
mortalidade (risco 3x maior de óbito fetal quando 
se tem carga tabágica de ≥ 10 cigarros/dia). 
Propor uso de adesivo de nicotina tem se 
mostrado positivo na retirada do cigarro. 
- Drogas de abuso, principalmente a maconha 
 
o Trombofilias adquiridas e herdadas 
- SAAF, alteração placentária importante 
 
o Obesidade 
- Mortalidade intraútero, periparto, intraparto, 
infantil. 
- Geralmente vem associada à DMG e DHEG. 
 
o Colestase intra-hepática da gravidez 
- Não apresenta nada a não ser prurido importante 
e aumento de TGP e TGO 
- Alteração metabólica importante que pode matar 
o bebê, paciente precisa ser internada e muitas 
vezes, é preciso fazer interrupção 
 
o Reprodução assistida 
- Mortalidade 2-3x maior em relação à gestação 
espontânea 
- Não se sabe exatamente a causa, se é porque a 
paciente geralmente tem mais que 35 anos, tem 
mais distúrbios, etc 
 
• Fatores fetais 
- Gestação múltipla: corionicidade, a 
monocoriônica é fator de risco 
- Sexo masculino 
- Gravidez pós-termo: ≥ 42 semanas, cada semana 
após 42 semanas o risco se eleva 
significativamente. Há “envelhecimento da 
placenta”, hipóxia intraútero e morte). 
 
• Estratégias 
o Países de Baixa Renda 
- Disponibilidade de cuidados obstétricos de 
emergência (em países da África, muitas vezes o 
parto é feito por parteiras) 
- Prevenção da malária 
- Detecção e tratamento de sífilis 
- Detecção e gestão dos distúrbios hipertensivos da 
gravidez, do diabetes na gravidez 
- Fortificação periconcepcional com ácido fólico 
- Detecção e gestão da restrição do crescimento 
fetal 
- Estabelecer uma estimativa precisa da DPP para 
identificar gestações pós-termo (SUS não 
preconiza USG para gestação risco habitual)
o Países de Alta Renda 
- Identificar mulheres com distúrbios médicos e obstétricos 
- Implementar atendimento obstétrico de qualidade 
- Orientar redução de peso pré-concepção em mulheres obesas 
- Cessação do tabagismo, uso de drogas e ingestão de álcool 
- Aumentar o acesso ao planejamento familiar 
- Parto planejado à termo 
↳ O ideal é que, se a paciente não desencadeou TP espontâneo até 39 semanas, se interne a paciente e induza 
o parto por via vaginal 
↳ A cada semana, a taxa de óbito fetal vai aumentando 
↳ 38-39 semanas: 0,12 
↳ 39-40 semanas: 0,14 
↳ 40-41 semanas: 0,33 
↳ Após 41 semanas: 0,80 
- Otimização do estado médico 
- Aspirina em baixas doses (> 100mgdiárias iniciadas antes das 16 semanas) para mulheres com alto risco para 
desenvolver pré-eclâmpsia 
 
 
Uso de aspirina e suas recomendações por várias instituições. 
 
➢ Nenhum teste laboratorial é clinicamente útil para prever um natimorto