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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA-INTERNATO: HEMORRAGIAS GENITAIS

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AULA 6 - HEMORRAGIAS GENITAIS
Quais causas de sangramentos genitais você conhece?
FISIOLÓGICAS:
1. Menstruação
2. Sangramento do meio (ovulação)
3. Sangramento do intervalo da pílula (menstruação)
4. Nidação
5. Trabalho de parto
6. Loquiação (obstétrica) - Durante a gestação, o organismo da mulher sofre transformações tão
radicais que demora um pouco para se recuperar depois do parto. O tamanho do útero, por
exemplo, pode aumentar em até dez vezes durante a gestação. A loquiação é o sangramento
decorrente da cicatrização desse órgão depois da gestação. “Temos que saber a diferença da
loquiação e da menstruação. A menstruação vem do endométrio – o útero fica preparado para
receber o bebê, as paredes engrossam, e, quando não recebe nada, esse tecido sai. A loquiação
vem da cicatrização do útero – do lugar em que ficou implantada a placenta, fora do útero. Em
casos extremos, quando permanece um pedaço da placenta em seu interior, o útero não para de
sangrar, e normalmente é preciso realizar uma curetagem”
1. MENSTRUAÇÃO FISIOLÓGICA
- Ciclo menstrual - intervalo intermenstrual - 24 - 38 dias;
- DIU MIRENA (LEVONORGESTREL) - cessa a menstruação;
- Outra forma de cessar a menstruação é uso de contraceptivo geral sem interrupção;
- Normal - menstruação (tempo de sangramento) de 3 a 8 dias;
- Durante o sangramento - menstruação - a vagina fica mais básica. Geralmente a mulher que não
tem o ciclo menstrual regulado tem problemas com a menstruação.
- Odor fétido: Gardnerella e Trichomonas (desequilíbrio da microbiota vaginal), infecções vaginais
etc;
- Trichomonas - Infecção Sexualmente Transmissível
- Volume menstrual: 25 - 80 mL ciclo (1 absorvente a cada 3h);
MENSTRUAÇÃO ALTERADAS
- HIPERMENORRÉIA: refere-se ao sangramento prolongado, aumento do número de dias ou
quantidade excessiva, maior que 80 mL, ou à associação de ambos. O volume excessivo é
também chamado de MENORRAGIA.
- HIPOMENORREIA: caracteriza um fluxo de duração menor que 3 dias, ou quantidade inferior a
30 mL, ou à associação dos dois quadros.
- POLIMENORRÉIA: caracteriza um ciclo cuja frequência é menor do que 24 dias.
- OLIGOMENORRÉIA: refere-se a ciclos que ocorrem em intervalos acima de 35 dias.
- METRORRAGIA: sangramento uterino que ocorre fora do período menstrual.
- MENOMETRORRAGIA: é o sangramento que ocorre durante o período menstrual e fora dele. é
típico dos miomas submucosos ou pólipos endometriais. Começa com uma hipermenorreia ou
menorragia e com o evoluir, transforma-se em menometrorragia.
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
1
2. CAUSAS DE SANGRAMENTO PATOLÓGICAS
CICLO MENSTRUAL:
- Imaturidade do eixo - menarca;
- Descargas de gonadotrofinas;
- Perimenopausa;
- Escape - spoting;
- Síndrome dos Ovários Policísticos
CAUSAS ANATÔMICAS
- Miomas:
1. Submucoso - endometrial;
2. Intramural - miométrio;
OBS. Existe o Mioma subseroso - mas que não está relacionado com sangramento, os demais estão.
- Adenomiose - invasão no músculo pelo endométrio - aumento de glândulas - pode gerar fibrose e
enrijecimento e perda de contratilidade do útero;
- Endometriose na vagina - causa sangramento, se extravaginal não é uma causa de
sangramento vaginal (nódulo vulvar ou vaginal);
- Pólipos
Obs. Pólipo pode ser submucoso no útero ou endocervical no colo do útero (não existe pólipo subseroso
nem pólipo no miométrio);
INFECÇÕES
1. Colpites (A colpite é uma inflamação da vagina e do colo do útero);
2. Endometrites
3. Vulvites e vulvovaginites - coçadura (intenso prúrido);
- CANDIDÍASE - Candida albicans / Candida glabrata;
- TRICOMONÍASE - Trichomonas vaginalis;
- HERPES GENITAL INICIAL- Herpes vírus;
- Atrofia vaginal;
- Líquen escleroso;
- Psoríase;
4. HPV - verrugas vulvares;
5. Infecções do trato urinário;
TRAUMA
- Queda a cavaleiro;
- Trauma pélvico;
- Rotura de fundo de saco vaginal;
- Laceração perineal;
- Abuso;
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
2
CÂNCER
- Vulva;
- Vagina;
- Colo uterino;
- Endométrio;
- Ovário;
CAUSAS OBSTÉTRICAS
- Placenta prévia
- Descolamento placentário;
- Rotura de vasa prévia;
- Rotura uterina;
OUTRAS CAUSAS DE SANGRAMENTO VAGINAL:
1. DIU de cobre
2. Distúrbios da coagulação
3. Hipertireoidismo
4. Hipotireoidismo
5. Insuficiência renal
6. Insuficiência hepática
7. Doenças da supra renais
8. Esplenomegalia
9. Hemangioma
10. Corpo estranho
11. Medicações: estrógeno exógeno
12. Disfuncional - sem causa definida - exclusão
ACRÔNIMO - PALM COEIN
PALM - CAUSAS ESTRUTURAIS
P - PÓLIPOS UTERINOS
A - ADENOMIOSE
L - LEIOMIOMA
M - MALIGNIDADES E HIPERPLASIA DO ENDOMÉTRIO
COEIN - CAUSAS NÃO ESTRUTURAIS
C - COAGULOPATIA
O - OVULAÇÃO
E - ENDOMETRIAL
I - IATROGÊNICA
N - NÃO CLASSIFICADAS
O momento biológico está relacionado com diferentes causas de sangramento vaginal:
PRÉ-PUBERAL:
I. Corpo estranho
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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II. Vulvovaginites
III. Puberdade precoce
IV. Trauma local
V. Prolapso uretral
VI. Neoplasias
VII. Abuso sexual
MENACME
I. Obstétricas
II. Ginecológicas PALM-COEIN
III. Disfuncionais - sem causas orgânicas aparente
CLIMATÉRIO - MENOPAUSA
I. Atrofia endometrial
II. Pólipo endometrial
III. Hiperplasia endometrial
IV. Câncer endometrial
Sangramento vaginal (uterino)
● Sangramento uterino anormal - causa orgânica;
● Sangramento uterino disfuncional - sem causa orgânica aparente - diagnóstico de exclusão
Padrão do Sangramento vaginal
CÍCLICO:
- Estruturais - miomatose/ adenomiose;
- DIU;
- Distúrbios de coagulação;
ACÍCLICO:
- Disfunções ovulatórias - SOP
- Iatrogênicas - contracepção hormonal;
- Intermenstrual - pólipos, mioma e infecção;
- Pós coito: alterações cervicais (câncer de colo, cervicites e pólipo endometrial;
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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COLO DO ÚTERO:
ENDOCÉRVICE: Epitélio Cilíndrico Simples mucoso
ECTOCÉRVICE:Epitélio Plano Estratificado
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Exame físico ginecológico:
- órgãos genitais externos
Região genitocrural:
● Verrugas
● Micose - tínea
● Pediculose
● Sarna
- Avaliação de trofismo: eutrófica ou atrófica,
- Avaliação dos lábios externos: úlceras, vesículas, verrugas, nódulos, edema e hiperemia.
- Avaliar meato uretral: corpos estranhos, divertículos, miomas, carúncula uretral (projeção para
fora da mucosa - eversão da mucosa uretral levando a lesões ou obstruções que podem ser
responsáveis pos sangramento - tratamento clínico tópico ou cirúrgico (resseccional).
- Avaliar as glândulas de Bartholin
- Avaliar as glândulas de Skene
- Avaliar a presença de Cisto de ducto de Gardner (Cisto do ducto do Gartner, que é um órgão
remanescente do desenvolvimento fetal, na pelve feminina. Às vezes, pode acumular líquido e
depois evoluir para um cisto nas paredes da vagina.)
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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OBS. O hímen pode ser imperfurado.
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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Exames complementares; vulvoscopia, biópsia e pesquisa de secreção.
- Avaliação de órgão genitais internos:
1º ESPECULAR: avalia o colo normal, faz teste de schiller e avalia a JEC (junção escamocelular)
Obs. pode haver ectopia de colo de útero
- pode observar-se condiloma em parede vaginal;
Exame complementar:
- Colpocitologia oncótica - Papanicolau
- Colposcopia / vulvoscopia com biópsia;
Tratamentos
DEPENDE DA CAUSA:
- Cremes de hormônios
- Antibióticos tópicos sistêmicos
- Antifúngicos tópicos sistêmicos
- Antiparasitários
- Cauterização
- Exérese de lesões
Laser
CAF - CIrurgia por Alta Frequência
- Cirurgia
- Quimioterapia
- Radioterapia / braquiterapia
- Avaliação de órgão genitais internos:
2º TOQUE BIMANUAL
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MIOMAS:
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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Exames complementares:
- Ultrasonografía pélvica transvaginal
- Complementação via abdominal
- Ressonância Nuclear magnética
- Exame complementar:Histeroscopia
Tratamento:
DEPENDE DA CAUSA
- Exérese das lesões por histeroscopia cirúrgica
- Cirurgia aberta
- Cirurgia laparoscópica
- Cirurgia vaginal
- Quimioterapia
- Radioterapia / braquiterapia
-
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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-
Exame complementar (útero pequeno):
- Ultrassonografia pélvica
- Ultrassonografia pélvica com preparo intestinal
- Ressonância Nuclear Magnética
- Histeroscopia
Ovários policísticos
Hiperplasia e câncer de endométrio
Pólipo endometrial
Endometrite
DIU de cobre
Tratamento:
Depende da causa:
- Exérese de lesões (histeroscopia cirúrgica)
- Antibioticoterapia sistêmica
- Retirada de corpo estranho (DIU);
ESTROGÊNIO - exogeno
- Tumores
- Discrasia sanguíneo
CONCEITO
As coagulopatias hereditárias são doenças hemorrágicas resultantes da deficiência quantitativa e/ou
qualitativa de uma ou mais das proteínas plasmáticas da coagulação.
Tem como característica comum a redução da formação de trombina, fator essencial para a coagulação
do sangue.
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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INVESTIGAÇÃO DA HEMORRAGIA GENITAL
● Anamnese
● Exame físico - especular e toque
● Ultrasonografía pélvica (transvaginal)
● Histeroscopia
● Colpocitologia cervico vaginal
● Anatomo patológico
● Ressonância magnética da pelve
● Tomografia de Crânio e abdome
EXAMES LABORATORIAIS:
- Hemograma
- Coagulograma
- Dosagens hormonais
- Marcadores tumorais
- Culturas
- PCR
SEM CAUSA ORGÂNICA APARENTE
Disfuncional
- ACO
- Progesterona 2º fase
- AINH
- AC tranexâmico
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Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL - COMPLEMENTO
DEFINIÇÃO
O sangramento uterino anormal (SUA) é um distúrbio em que um ou mais dos parâmetros do
sangramento uterino normal está alterado: quantidade, duração ou frequência. Para caracterizar essa
alteração, é importante o conhecimento do que se considera sangramento uterino normal, que constitui
fluxo menstrual com duração de três a oito dias, com perda sanguínea de 5 a 80 mL e ciclo que varia
entre 24 e 38 dias (variabilidade de três dias). Qualquer sangramento que não tenha essas
características é considerado anormal.
O SUA também é definido como perda menstrual excessiva com repercussões físicas, emocionais,
sociais e materiais na qualidade de vida da mulher, que podem ocorrer isoladamente ou em combinação
com outros sintomas. Tal manifestação poderá apresentar-se como um quadro crônico, isto é, no
contexto de episódios que se repetem pelo menos nos seis meses anteriores, ou como um quadro
agudo, que requer cuidados urgentes ou de emergência.
EPIDEMIOLOGIA
O SUA é uma condição comum que afeta até 40% de mulheres no mundo (Singh et al., 2013).
Considerado uma perda sangramento menstrual superior a 80 mL por ciclo, a prevalência varia de 9% a
14% das mulheres. Quando são incluídas avaliações subjetivas e autorrelatos, a prevalência varia de 8%
a 52% Estima-se que, entre as mulheres com SUA agudo que procuram atendimento, 49,2% apresentam
uma concomitante condição médica que justifica o sangramento e 53% delas já apresentaram um quadro
prévio de SUA que exigiu tratamento. Além disso, 35% manifestaram anemia no momento do
atendimento, sendo 13,7% com anemia severa, com índices de hemoglobina menores do que
10g/dL. Além do impacto na saúde, o SUA impacta negativamente na qualidade de vida das mulheres,
afetando a vida social e os relacionamentos em quase 2/3 delas. No período menstrual, essas mulheres
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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mudam o tipo e a cor das roupas, sofrem modificações na relação com o seu parceiro, sentem-se
inseguras e menos atraentes e evitam eventos sociais. O desempenho esportivo, escolar e profissional e
as atividades diárias são frequentemente afetados (Bitzer et al., 2013).
O SUA associa-se, ainda, a elevados custos diretos e indiretos para todo o sistema de saúde (Fraser et
al., 2009), quer pelo número de consultas, quer porque muitas são submetidas a tratamento cirúrgico. Há
estudos relatando que quase metade das mulheres submetidas a histerectomia por esse motivo
apresentam útero normal, pressupondo a existência de outras alternativas terapêuticas..
Em geral, os componentes do grupo PALM são entidades estruturais que podem ser visualizadas em
exames de imagem ou avaliadas pela histopatologia. Já no grupo COEIN, participam entidades que não
apresentam essas características
P – Pólipo
A prevalência dos pólipos endometriais varia de 7,8% a 34%, em mulheres com SUA, sendo mais
comuns em mulheres na peri e pós menopausa. Causam aumento do volume menstrual, menstruações
irregulares, sangramento pós-coito ou sangramento intermenstrual
A – Adenomiose
A sintomatologia é variável e relaciona-se, essencialmente, com a profundidade do miométrio atingido.
Assim, as formas superficiais (quando atinge 0,5 mm abaixo do endométrio) caracterizam-se por SUA,
enquanto na adenomiose profunda também há sintomatologia dolorosa, com dismenorreia e dispareunia.
A relação entre a adenomiose e SUA ainda não é totalmente esclarecida. As estimativas da prevalência
de adenomiose variam amplamente, de 5% a 70%, em parte pela inconsistência do diagnóstico.
L - Leiomiomas
Os submucosos são os mais envolvidos com o SUA
M – Malignidade e hiperplasia
Embora deva ser lembrado em todas as etapas da vida, tem sua incidência aumentada em mulheres
perimenopáusicas. Essa maior incidência justifica a avaliação endocavitária e endometrial nessa etapa
da vida. Entre os fatores de risco para o adenocarcinoma do endométrio, alinham-se a obesidade, o
diabetes e a hipertensão. Ademais, qualquer condição de exposição prolongada aos estrogênios sem
oposição de progestagênios deve ser considerada como risco para a doença. Em geral, clinicamente
devem ser suspeitados pela presença de sangramento, que ocorre na grande maioria das vezes no
período após a menopausa
C – Coagulopatia
Qualquer alteração dos mecanismos de coagulação pode se expressar clinicamente por SUA. A causa
mais comum é a doença de von Willebrand (DVW), porém também devem ser citadas hemofilia,
disfunções plaquetárias, púrpura trombocitopênica e os distúrbios de coagulação associados a doenças
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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como hepatopatias e leucemia. A menorragia, presente em aproximadamente 93% das mulheres com
DVW, pode ser o único sintoma apresentado, iniciando-se mais comumente na menarca.
I – Iatrogenia
Entre as causas de iatrogenia responsáveis por SUA, devem ser lembrados os sistemas intrauterinos
medicados ou inertes e agentes farmacológicos que alteram diretamente o endométrio, interferindo nos
mecanismos de coagulação do sangue ou influenciando a ovulação. Os anticoncepcionais hormonais
estão com frequência associados a sangramentos intermenstruais e manchas (spotting). Entre outros
medicamentos associados a SUA, estão os anticoagulantes, o ácido acetilsalicílico, os antiepilépticos, os
hormônios da tireoide, os antidepressivos, o tamoxifeno e os corticosteróides.
N – Causas não classificadas
Incluem lesões locais ou condições sistêmicas raras que podem ser causas de SUA, a exemplo das
malformações arteriovenosas, da hipertrofia miometrial, das alterações müllerianas e da istmocele.
DIAGNÓSTICO
Recomenda-se que os procedimentos propedêuticos se realizem em etapas:
1º Obtenção da história clara do sangramento e anamnese detalhada;
2º Avaliação inicial com exame físico geral, abdominal e pélvico;
3º Quantificação do fluxo por meio do escore: Pictorial Blood Assessment Chart (PBAC), com
sensibilidade de 86% e especificidade de 89%. O PBAC é calculado a partir das características dos
absorventes usados pela mulher durante o período de sangramento. Multiplica-se constante de 1 em
cada absorvente levemente encharcado, de 5 se moderadamente encharcado e de 20 se completamente
encharcado. No caso de tampões vaginais, utilizam-se constantes de 1,5 e 10, respectivamente. Para
pequenos coágulos, usa-se constante de 1 e para os grandes de 5. Ao final, somam-se os valores
obtidos; se apresentar um escore maior ou igual a 100, representa perda sanguínea excessiva, isto é,
acima de 80 mL;
4º Solicitação do beta-HCG (idade reprodutiva) e hemograma
completo;
5º Avaliação ultrassonográfica para afastar causas estruturais. A avaliação secundária, na qual se pode
acrescentar estudo da cavidade uterina por meio da histerossonografia e de métodos diretos como
histeroscopia e biópsia de endométrio (ACOG Committee on Practice Bulletins – Gynecology, 2001)..
Causas sistêmicas devem ser pesquisadas por meio de um hemograma completo, tempo de
sangramento e de coagulação, contagem de plaquetas e provas de função tireoidiana. As dosagens
hormonais são, em geral, dispensadas e só se justificam em alguns casos, a exemplo do que ocorre na
suspeita de tumores virilizantes. O Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia recomenda avaliação
endometrial para rastreamento de câncer em mulheres com idade inferior a 35 anos com estimulação
estrogênica prolongada, mulheres com 35 anos ou mais com suspeita de sangramento anovulatório e
aquelas não responsivas ao tratamento medicamentoso hormonal (ACOG Committee on Practice
Bulletins – Gynecology, 2001). Algumas situações devem ser consideradas para investigação de
endométrio mais detalhada, por meio de biópsia, histeroscopia ou curetagem, como: mulheres sem
evidência de lesão estrutural com espessamento do endométrio, em especial as obesas, com idade
acima de 45 anos, ou na presença de fatores de risco para câncer de endométrio; uso de estrogênio
persistentemente sem oposição por progestagênio e SUA em que haja dúvida no diagnóstico. No SUA
agudo, a gravidade do quadro clínico e as condições de atendimento nem sempre permitem que a causa
específica do sangramento possa ser investigada antes da instituição da terapêutica, porém o raciocínio
sobre as prováveis causas auxiliará na abordagem dessas mulheres.
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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Tratamento hormonal
Estrogênio e progestagênio combinados
Os contraceptivos combinados contendo estrogênio e progestagênio reduzem a perda sanguínea
menstrual em 35% a 72%, sendo uma opção terapêutica para a maioria das causas de SUA sem
alteração estrutural (Uhm e Perriera, 2014). Geralmente os contraceptivos combinados monofásicos são
usados em esquemas cíclicos, com pausas, mas podem também ser administrados continuamente,
reduzindo também o número de episódios de menstruação. Estudos da literatura são mais frequentes
com formulações contendo 30 mcg de etinilestradiol associado ao levonorgestrel, mas, na prática, várias
formulações podem ser utilizadas. Regimes contínuos também se mostraram superiores que o uso cíclico
das formulações combinadas. Recentemente, uma formulação contendo dienogeste associado ao
valerato de estradiol mostrou redução do sangramento menstrual, tendo sua indicação para essa
finalidade. Em nosso país, a indicação para redução do fluxo menstrual consta em bula. Uma limitação
importante ao seu uso é o desejo reprodutivo imediato, uma vez que esses esquemas têm ação
anovulatória. No tratamento do SUA, os contraceptivos combinados também são norteados pelos critérios
de elegibilidade da Organização Mundial da Saúde (OMS) para métodos contraceptivos, respeitando-se
as contraindicações para o uso de estrogênios, tais como hipertensão, enxaqueca com aura, tabagismo
após os 35 anos, trombofilias, entre outros.
Os progestagênios podem apresentar efeitos colaterais como sangramentos irregulares, mastalgia,
cefaléia, edema e acne, que podem limitar seu uso.
Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel - É considerado mais efetivo para o controle do SUA do
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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que os tratamentos orais. Além da grande redução, de 71% a 96%, no volume de sangramento e
consequente melhoria na qualidade de vida, parece ter melhor aceitação considerando o tratamento
prolongado, com menos incidências de efeitos adversos
Tratamento não hormonal
O tratamento não hormonal do SUA inclui o uso de antifibrinolíticos ou de anti-inflamatórios não
esteroidais (AINEs). Está particularmente indicado para mulheres que não desejam usar hormônios ou
que tenham contraindicação ao uso de hormônios, além de mulheres com desejo de gestação.
Antifibrinolíticos
Estudos têm mostrado que mulheres com aumento do fluxo menstrual podem apresentar ativação do
sistema fibrinolítico durante a menstruação, com aceleração da degradação do coágulo de fibrina,
formado para conter o sangramento. Medicações que atuam reduzindo a fibrinólise podem reduzir o
sangramento. Nessa categoria, o ácido tranexâmico é um medicamento frequentemente indicado. Desde
seu lançamento no mercado, foi prescrito para mulheres com hemofilia, DVW, trombastenia de
Glanzmann e SUA, com bons resultados. Porém, ainda há questionamentos quanto a dose e
contraindicações. O ácido tranexâmico é um antifibrinolítico com meia-vida curta, devendo ser usado três
a quatro vezes ao dia, com dose recomendada variável de acordo com diferentes fontes da literatura. Os
efeitos colaterais são poucos e relacionados a sintomas gastrointestinais. São contraindicações ao ácido
tranexâmico a história de tromboembolismo ou insuficiência renal. Pode-se esperar redução de até 50%
no volume de sangramento.
Anti-inflamatórios não esteroidais
Os AINEs exercem sua ação por meio da inibição da ciclooxigenase, que é a enzima que catalisa a
transformação de ácido araquidônico em prostaglandina e tromboxano. Estudos comparando
sangramento normal e aumentado têm demonstrado que o aumento da inflamação no endométrio está
associado com aumento na perda de sangue durante a menstruação, servindo de base para a indicação
dos AINEs no tratamento do SUA, que limitariam a produção de mediadores inflamatórios. Podem ser
usados isoladamente ou como terapia adjuvante de um tratamento hormonal. Talvez o AINE mais
estudado com essa finalidade seja o ácido mefenâmico, que proporciona redução de 25% a 50% no
volume de sangramento. Deve ser usado durante a menstruação e apresenta o benefício da redução da
dismenorreia. Os efeitos colaterais mais frequentes estão relacionados a efeitos gastrointestinais,
devendo ser evitados em mulheres com história de úlcera. Uma recente revisão de literatura mostrou que
os antiinflamatórios causam redução do fluxo menstrual quando comparados com placebo, mas o ácido
tranexâmico e o SIU-LNG causam maior redução. Também foram comparados ao danazol, que reduz
mais o sangramento, mas tem efeitos colaterais mais evidentes. A mesma revisão comparou o ácido
mefenâmico ao naproxeno, sem diferença entre ambos
O tratamento cirúrgico no SUA sem causa estrutural é indicado quando há falha do tratamento clínico.
Entre as formas de tratamento cirúrgico, estão a ablação do endométrio e a histerectomia.
Tanto a ablação endometrial quanto a histerectomia são procedimentos eficazes no tratamento do SUA,
com taxas de satisfação altas. Embora a histerectomia esteja associada a maior tempo cirúrgico, período
de recuperação mais prolongado e maiores taxas de complicações pós-operatórias, oferece melhores
resultados e mais definitivos para o tratamento do SUA, enquanto o custo da ablação endometrial é
significativamente menor do que o da histerectomia, mas a reabordagem cirúrgica é muitas vezes
necessária, por isso a diferença de custo se estreita ao longo do tempo
Tratamento do sangramento uterino anormal agudo
Os objetivos do tratamento do SUA agudo são controlar o sangramento atual, estabilizar a mulher e
reduzir o risco de perda sanguínea excessiva nos ciclos seguintes. O tratamento pode ser cirúrgico ou
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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por meio de medicamentos. A escolha do tratamento depende da estabilidade hemodinâmica, do nível de
hemoglobina, da suspeitada etiologia do sangramento, de comorbidades apresentadas pela mulher e do
desejo reprodutivo. Habitualmente, o tratamento de escolha inicialmente é medicamentoso, podendo ser
hormonal ou não hormonal. As opções hormonais disponíveis, muitas vezes com evidências científicas
limitadas para o SUA agudo, são o uso de estrogênio conjugado endovenoso, contraceptivo oral
combinado e progestagênios isolados. Os antifibrinolíticos são a opção não hormonal.
Diego Vaz Paulino da Silva - Ginecologia - Hemorragias genitais
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Alguns estudos mostram o uso de sonda Folley insuflada com 30 mL como balão de tamponamento
como uma alternativa que apresenta bom controle do sangramento, porém com resultados
apresentados em estudos tipo relatos de caso. O balão deve permanecer no interior da cavidade uterina
durante 2 a 48 horas, dependendo da severidade e da provável etiologia do sangramento. (Munro, 2013).
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