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CURSO DE MEDICINA TUTORIA 3ō SEMESTRE UNIDADE VII SITUAÇÃO PROBLEMA 2: “A TEORIA NA PRÁTICA É OUTRA” Maria Clara Trettel de Oliveira Mariana Oliveira Fernandes Matheus Fleury Alves Mydian Gabriela dos Santos Fernandes Natália Hugueney Hidalgo Nathália Martins Carneiro Rafaella Ciconello Dal Molin Sara Lira Leite Santos Tamillis Martins Barbosa Victor Rodrigues de Souza Vinícius de Moraes Laabs Vinícius de Souza Fernandes Vieira Vitória Macedo Falcão Ferreira Willy Johnny Araújo MINEIROS - GO 2021 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3 2. OBJETIVOS ........................................................................................................................... 4 2.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................ 4 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 4 2.2.1. DESCREVER O DESENVOLVIMENTO CEREBRAL E O APRENDIZADO DOS BEBÊS SOBRE O MUNDO QUE OS CERCA, DESDE O PERÍODO PRÉ-NATAL, PERINATAL (IMEDIATAMENTE ANTES E APÓS O NASCIMENTO) E PÓS-NATAL. CONSIDERAR QUE AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DAS CRIANÇAS, OU SEJA, OS VÍNCULOS QUE ELAS CRIAM COM SEUS PAIS E/OU CUIDADORES E SEUS PRIMEIROS APRENDIZADOS AFETAM PROFUNDAMENTE SEU POSTERIOR DESENVOLVIMENTO FÍSICO, COGNITIVO, EMOCIONAL E SOCIAL. .......................................................................................... 4 2.2.2. TRANSCORRER SOBRE A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR E CITE OS MARCOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL. ........................................................................... 7 2.2.3. DESCREVER A ESTRUTURA ANATÔMICA E FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL DAS CRIANÇAS E OS REFLEXOS FISIOLÓGICOS. ................................................................................ 10 2.2.4. CARACTERIZAR DISCUTIR A IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO PRÉ-NATAL E PÓS-NATAL (NUTRIÇÃO, DESENVOLVIMENTO SAUDÁVEL E ESTIMULAÇÃO) E O MECANISMO DA PLASTICIDADE NEURAL NAS DIFERENTES FASES DO CICLO DE VIDA PODEM SER EXPLORADOS. ............................ 11 2.2.5. ENTENDER SOBRE OS PRINCIPAIS TIPOS DE DESNUTRIÇÃO INFANTIL, SEUS MECANISMOS, QUADRO CLINICO E CONSEQUÊNCIAS PARA PERDA PONDERAL DA CRIANÇA. ........ 12 2.2.6. CARACTERIZAR OS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA IDADE GESTACIONAL. (CAPURRO E NEW BALLARD). .................................................................................................................................. 14 2.2.7. DESCREVER E INTERPRETAR A ANTROPOMETRIA ............................................................. 18 2.2.8. RECONHECER A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO, COMO ELE DEVE SER FEITO, FORMAS DE CUIDADOS COM O MESMO. .............................................................................................. 19 2.2.9. DESCREVER A FISIOLOGIA DO ALEITAMENTO MATERNO. ................................................. 22 2.2.10. DISCUTIR A FORMA E A NECESSIDADE DE SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO, VITAMINA A E VITAMINA D.. ........................................................................................................................................ 24 2.2.11. RECONHECER A IMPORTÂNCIA DA REALIZAÇÃO DA PUERICULTURA PARA O ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL. ......................................... 26 2.2.12. DESCREVER A FISIOPATOLOGIA DA DEGENERAÇÃO GORDUROSA .................................. 27 2.2.14. RECONHECER A APLICAÇÃO DOS PROGRAMAS DE VIGILÂNCIA NUTRICIONAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE (SISVAN). ...................................................................................................... 31 3. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 34 1. INTRODUÇÃO A presente situação problema destaca o processo de desenvolvimento afetivo, social e físico das crianças na primeira infância que é o intervalo de 0 a 5 anos, assim como determina a Sociedade Brasileira de Pediatria e o Ministério da saúde. Sendo assim, é imprescindível que busque compreender também qual o impacto que este período da vida da criança possui na sua formação como adulto. Para entender tais impactos, a pesquisa iniciou-se com a descrição do desenvolvimento cerebral dos bebês, considerando os períodos pré, peri e pós- natal, com o intuito de descobrir quais os tipos de estímulos produzem mais desenvolvimento em cada um destes Desta maneira, é fundamental que se compreenda o desenvolvimento neuropsicomotor e seus principais marcos, uma vez que estes representam o crescimento saudável da criança. Pensando ainda nesse crescimento saudável, pesquisou-se também a estrutura anatômica e funcional do sistema nervoso central das crianças, a fim de identificar possíveis alterações que acarretem doenças graves ou danos irreversíveis. 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Abordar o desenvolvimento afetivo, social e físico das crianças na primeira infância (0 a 5 anos) e o impacto direto em seu desenvolvimento e na pessoa adulta que elas se tornarão. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2.2.1. Descrever o desenvolvimento cerebral e o aprendizado dos bebês sobre o mundo que os cerca, desde o período pré-natal, perinatal (imediatamente antes e após o nascimento) e pós-natal. Considerar que as primeiras experiências das crianças, ou seja, os vínculos que elas criam com seus pais e/ou cuidadores e seus primeiros aprendizados afetam profundamente seu posterior desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social. Analisando desde o período pré-natal, o feto é afetado pelas mesmas influências que a mãe e até mesmo algumas que ela projeta nele como o estado nutricional, o uso de álcool e até mesmo drogas ilícitas, além de alterações psicológicas. E isso afeta o feto como um todo (o crescimento, o jeito de ser após o nascimento, o comportamento de modo geral). (KLIEGMAN et al., 2017). A placa neural vai começar a se formar a partir da terceira semana gestacional, na região ectodérmica do feto, o tubo neural que dará origem ao sistema nervoso central (SNC) e ao sistema nervoso periférico (SNP), a partir da quinta semana serão evidentes as divisões do encéfalo (anterior, médio e posterior), juntamente com a formação dos cornos dorsal e ventral, os nervos motores e sensitivos. no final da oitava semana o sistema nervoso já se estabeleceu, de maneira macroscópica, histologicamente os neurônios estão começando a se movimentar para formar a camadas corticais. Esse movimento finaliza aproximadamente no sexto mês gestacional, então os dendritos e axônios vão formar conexões sinápticas de modo acelerado e isso faz com que o SNC fique sujeito a influências teratogênicas/hipóxias durante o restante da gestação. (KLIEGMAN et al., 2017). Ainda no terceiro trimestre gestacional é quando o feto irá responder a estímulos externos com movimentos e aumento da frequência cardíaca, essa movimentação em resposta ao estímulo geralmente auditivo vai diminuindo pois o feto vai se habituando e aprendendo, aquilo vira algo “rotineiro” e se a entonação muda ele volta a responder sendo capaz de diferenciar tons familiares e novos. É importante destacar que o DNA apresentará mudanças nesse período, que é representativo na realidade do crescimento acelerado dos neurônios (pré-natal) e da glia (pós-natal). No parto o cérebro estará estruturalmente completo e as sinapses e conexões serão mais aguçadas pelo fato do feto estar tendo contato e experiências com o ambiente extrauterino. (KLIEGMAN et al., 2017). O bebê vai sofrer alteraçõesfisiológicas durante o processo de adaptação da vida no ambiente extrauterino devem reagir aos estímulos de maneira apropriada, pois bebês sub estimulados são incapazes de interagir e bebês hiper estimulados apresentam instabilidade autonômica, inquietação, movimentos descontrolados e choro inconsolável. Os bebês são classificados em seis estados comportamentais: sono tranquilo, sono ativo, estado de sonolência, de alerta, de inquietação e choro intenso. Essa classificação de estado comportamental vai determinar o tônus muscular, movimento espontâneo, padrão de eletroencefalograma e resposta estimulante. (KLIEGMAN et al., 2017). Nos primeiros meses de vida (1º e 2º) há o predomínio de tônus muscular flexor, assimetria postural, preensão reflexa, apoio plantar, sucção e preensão palmar até o sexto mês de vida. A preensão de artelhos até o 11º mês, o reflexo cutâneo plantar aparece através do estímulo da porção lateral do pé, e que desencadeia extensão do hálux que vai flexionar a partir do 13º mês, passado esse tempo pode desencadear uma extensão patológica, é avaliado também o reflexo de Moro que é o procedimento que o bebê é segurado pelas mãos e solta os braços de uma vez e deve ser de forma simétrica , depende da idade, aos 3 meses de vida é normal ser incompleto e aos 6 meses deve ser inexistente. O reflexo tônico cervical vai ser a rotação da cabeça para um lado e nesse momento acontece a extensão dos membros inferior e superior do lado da flexão e os membros contralaterais e deve ser simétrica e desaparecer ate o 3º mês. (MINISTÈRIO DA SAÚDE, 2014) Ainda nos dois primeiros meses o RN vai começar a ter uma percepção melhor do rosto das pessoas a sua volta com base na distância do seio da mãe; Entre o segundo e o quarto mês ele vai começar a sorrir, ficar de bruços, levantar a cabeça e ampliar o campo de visão seguindo os objetos com o olhar e também começa ater uma noção de profundidade; entre o quarto e o sexto mês o bebê começara a prender as mãos voluntariamente (movimento de punho fechado), mover-se em direção a alguém ou objeto sonoro; entre o sexto e o nono mês o bebê começa a engatinhar/ se arrastar e reagir a pessoas estranhas; Do nono ao décimo segundo mês o bebê vai começar a andar com o apoio e eventualmente sem apoio; A partir de um ano o bebê tem uma clareza visual de um adulto, com um ano e meio o bebê já corre e sobe alguns degraus; A partir de dois anos ate três o bebê já sabe falar o próprio nome e o de objetos , começa a se reconhecer em frente um espelho e brinca de faz de conta, estimulando o desenvolvimento cognitivo e emocional, que é muito útil para futuramente esse bebê aprender a lidar com a sociedade e as regras sociais, além de nessa idade ocorre o desfralde. (MIBNISTÉRIO DA SAÚDE, 2014) Em relação ao desenvolvimento físico no período pós-natal o RN pode ter uma queda de até 10% do peso em que nasceu, durante a primeira semana de vida extrauterina. Essa perda de peso deve-se a excreção/eliminação de fluido extra vascular e por causa de uma ingestão nutricional limitada, com o decorrer da amamentação o RN recupera o peso perdido geralmente na segundo semana de vida e começam a ganhar massa diariamente a partir daí. (KLIEGMAN et al., 2017). No desenvolvimento cognitivo por volta do segundo mês de vida o bebê já consegue identificar padrões da língua nativa e não nativa, diferenciam padrões, cores, expressões faciais. Além de buscarem estímulos sensoriais que ativam o SNC, como os que os pais ou cuidadores ofertam: brinquedos texturizados, coloridos, objetos que podem ou não ter odor (KLIEGMAN et al., 2017). Já no desenvolvimento emocional, o vínculo dos pais com o bebê vai começar ainda durante a gestação com estímulos advindos da mãe, como a conversa, o toque, e a partir daí o bebê começa a responder a estímulos e a reconhecer as vozes dos pais. Por exemplo, quando o bebê chora pode ser por fome ou por algum outro motivo que pode ser mais sério, e normalmente bebê ate 12 meses de vida são muito habituados a receberem uma atenção maior, a serem pegos no colo, a serem acalmados mais frequentemente, e isso fortalece o vínculo mãe-bebê. Em casos que o bebê tem um choro excessivo geralmente está associado a algum trauma que ele tenha passado como desmame precoce, depressão pós-parto, ansiedade. É valido pontuar que é importante ter sempre a estimulação sensorial, e caso essa seja insuficiente é vantajoso esse contato pele a pele da mãe com o bebê como o simples ato de pegar no colo. É importante também destacar que em momentos de fome a tensão e o sentimento de angústia do bebê aumentam causando um grande estresse e ansiedade, já em bebês que são alimentados imediatamente ao primeiro sinal de fome não passam por esse tipo de estresse e consequentemente possui ritmos biológicos mais regulares e saudáveis. (KLIEGMAN et al., 2017). No quesito do vínculo mãe-bebê é muito importante uma preparação psicológica da mãe, pois o bebê sente tudo. É preciso que a mãe tenha um apoio social no período de pré-natal e pós-natal, que sejam evitados conflitos, brigas, trauma pois isso afeta a capacidade da mãe de se concentre na gestação em si. (KLIEGMAN et al., 2017). 2.2.2. Transcorrer sobre a importância do desenvolvimento neuropsicomotor e cite os marcos do desenvolvimento infantil. Durante as consultas de rotina ou nas consultas ocasionais é fundamental avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor, pois é quando se avalia o que foi adquirido pela criança durante seu desenvolvimento e verifica as condições que permitirão proporcionar um melhor desenvolvimento normal. (KLIEGMAN et al., 2013). Ao se detectar algum atraso no desenvolvimento deve-se analisar se são procedentes de doenças ou de condições de vida. (KLIEGMAN et al., 2013). A coleta de informações antecedentes da criança, realizada pelo médico, é de suma importância, pois por exemplo uma criança que teve problemas no estágio fetal pode repercutir no pós natal. (KLIEGMAN et al., 2013). Ao avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor deve envolver todas as atividades que a criança já realiza e não apenas se restringir às etapas do desenvolvimento neurológico. Os primeiros meses de vida devem ser dado maior importância ao desenvolvimento motor e conforme o crescimento a avaliação passa a verificar o desenvolvimento psicossocial. ((KLIEGMAN et al., 2013). Durante a avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM), no primeiro mês de vida, é observado alguns pontos referentes a força muscular (semiflexão generalizada dos membros, com mãos cerradas), postura e movimentação. A criança é exposta a estímulos sonoros e luminosos e observa-se a sua reatividade, além disso, observa-se o choro e a amamentação e os reflexos. (KLIEGMAN et al., 2013). O controle motor do corpo é desenvolvido no sentido cefalocaudal, sendo assim, avalia-se o bebê nascido à termo, inicialmente, na inspeção geral; em decúbito dorsal, avalia possível assimetria dos membros em relação ao troco e a cabeça lateralizada. (KLIEGMAN et al., 2013). Aos três meses de idade a criança já se torna mais ativa. Sustenta a cabeça, fica sentada, focaliza e acompanha objetos. Em decúbito dorsal avalia-se a posição simétrica dos membros em relação ao tronco e a cabeça em posição mediana. Essa atitude simétrica costuma ocorrer entre o segundo e o quarto mês de vida. Aos três meses, os membros ‘’perdem’’ a movimentação espontânea, e preferencialmente estão estendidos, com as mãos abrindo e fechando espontaneamente. A aquisição motora da capacidade de firmar a cabeça pode ocorrer entre o terceiro e o sexto mês. (KLIEGMAN et al., 2013). Aos três meses de idade, quando colocada em decúbito ventral, a criança já é capaz de elevar o tórax, controlando com o tronco e os ombros. Aos três a quatro meses de idade, quando colocada em pé a criança é capazde suportar o peso nos membros inferiores mesmo que momentaneamente. Essa aquisição motora ocorre entre o terceiro e sétimo mês. Quanto à visão, aos três meses a criança possui maior fixação do olhar, observando o interessa da criança pelos objetos da sala. (KLIEGMAN et al., 2013). Na avaliação do segundo semestre de vida a avaliação motora da criança acontece por intermédio da psicossocial, sendo assim, quando avaliado o motor é por meio das capacidades que a criança já adquiriu, notando o grau de interação com as pessoas. É nesse momento em que a criança passa a distinguir familiar do estranho, passa a não sorrir para todos, desenvolve ações diferentes com estranhos como: chorar, abaixar o rosto, não sorri para todos, esconder o rosto. Essas reações surgem dos seis aos doze meses e faz parte do desenvolvimento afetivo do bebê. (KLIEGMAN et al., 2013). Além do desenvolvimento afetivo no segundo semestre também é notório o desenvolvimento das mãos, com movimentos de pinça com os dedos e o direcionamento de objetos à boca. (KLIEGMAN et al., 2013). Aos nove meses de idade a criança já deve ficar sentada sem apoio, com a cabeça e tronco eretos. Ao colocar a criança em posição de engatinhar ela bisca objetos que tem interesse, ou apoios nos quais pode se levantar, ficar em pé e tentar dar os primeiros passos. Dos nove aos doze meses a criança já consegue indicar com o indicador e desenvolve maior preensão em pinça, pegando objetos com o indicador e o polegar. No exame dos olhos, aos nove meses, o pediatra deve-se atentar ao tamanho das pupilas e ao reflexo fotomotor bilateral. (KLIEGMAN et al., 2013). Ao avaliar a maturação do sistema nervoso, aos três anos de idade, se faz por meio das atitudes, comportamentos e atividades realizados durante a consulta, em conjunto a isso, relaciona a compreensão das ordens recebidas informam que as estruturas neurológicas estão preservadas. Na idade pré-escolar a avaliação é feita pelas informações fornecidas pela própria criança ou pelos pais ao serem questionados sobre as atividades da rotina, do lazer entre os demais assuntos do cotidiano. Avaliação motora da criança é feita, também, por meio da observação quando o pediatra pede para que a criança tire a roupa, meias e/ou sapatos, pois assim pode ser observado, além da coordenação motora, o equilíbrio, a compreensão de ordem e o grau de independência. Ademais, a participação da criança durante a consulta possibilidade avaliar a sua capacidade de consciência e vigilância. (KLIEGMAN et al., 2013). Quando a criança está na fase escolar a avaliação segue os princípios da pré- escolar, sendo observadas as atitudes, comportamentos, a marcha da criança, orientação, interação com pais na pediatria, outro ponto importante é a anamnese pois com ela busca-se identificar os dados pregressos e atuais do desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo. (KLIEGMAN et al., 2013). É importante que a criança, antes dos cinco anos de idade, mesmo sem queixas, seja avaliada por um oftalmologista ou feito teste de triagem para avaliar a acuidade visual. (KLIEGMAN et al., 2013). Quanto à audição, faz-se o teste de reflexo cocleopalpebral. Bate-se palma de um lado para o outro na altura das orelhas, o esperado é que a criança pisque ao ouvir o som. A partir dos sete meses de idade a criança já localiza a fonte sonora, virando a cabeça na direção do som. (KLIEGMAN et al., 2013). Quanto a vocalização, dos seis aos dez meses a criança começa associar consoantes com vogais (“ma-ma” e “pa-pa”). A partir dos nove meses pode começar a ouvir o nome e responder a solicitações ou chamados. (KLIEGMAN et al., 2013). 2.2.3. Descrever a estrutura anatômica e funcional do sistema nervoso central das crianças e os reflexos fisiológicos. Nos primeiros anos de vida das crianças é muito rápido, principalmente nas primeiras 16 semanas o crescimento do cérebro é crítico. (ANATOMOFISIOLOGIA PEDIÁTRICA, 2018) No crânio as fontanelas (popularmente conhecidas como “moleiras”) se fecham na 6° semana (posterior) e na 18° semana (anterior), essa fontanela tem um aspecto gelatinoso que deixa o cérebro mais vulnerável a lesões, porém isso vai se perdendo conforme a idade por conta do processo de mielinização. Além dessa fragilidade superficial tem-se a fragilidade interna como a da barreira hemato- encefálica que protege o SNC de substâncias do sangue que nas crianças não é desenvolvida então as deixa mais propensas a hipertensão, hipercapnia, hipóxia e acidose. A circunferência da cabeça é maior que a circunferência do tórax até os 5 anos de 2 a 7 cm. As partes mais ativas do cérebro são o córtex de sensoriomotor, o tálamo, o cerebelo e bolbo raquidiano. O córtex tem metade da densidade do adulto. (ANATOMOFISIOLOGIA PEDIÁTRICA, 2018) A maturação do SNC é céfalo-caudal com uns ritmos diferentes de desenvolvimento nas partes. (ANATOMOFISIOLOGIA PEDIÁTRICA, 2018) Os reflexos são respostas automáticas e estereotipadas a um determinado estímulo externo que estão presentes ao nascimento e vão desaparecendo ao longo dos primeiros meses, quando surgem os reflexos posturais. A sua presença demonstra integridade do SNC e a sua persistência disfunção neurológica. Nas crianças tem-se os reflexos primitivos que são os associados à alimentação (sucção e protrusão da língua), os córneos (estimulado pela aproximação de um algodão no olho da criança e ela precisa o fechar para que o reflexo seja positivo), o plantar ou de Babinsky (estimulado por um objeto pontiagudo na planta do pé da criança), o de moro (estimulado por um barulho ou movimento brusco até os 3 meses de vida), e o de susto que é parecido com o de moro (feito por um barulho alto inesperado), também tem os reflexos de locomoção como o de natação (mostra os movimentos de rítmicos de extensão e flexão de natação nas pernas e braços nas crianças imersas), o de marcha automática (movimento instintivo similar ao de andar), e o de postura (movimentos automáticos que mantém a posição e equilíbrio do corpo durante repouso ou movimento). (ANATOMOFISIOLOGIA PEDIÁTRICA, 2018) 2.2.4. Caracterizar Discutir a importância do atendimento pré-natal e pós- natal (nutrição, desenvolvimento saudável e estimulação) e o mecanismo da plasticidade neural nas diferentes fases do ciclo de vida podem ser explorados. O pré-natal é de extrema importância para reduzir os índices de morbimortalidade materno-infantil, pois observa-se que a maioria dos óbitos ocorre devido a cuidados inadequados desde o início da gestação até o pós-parto imediato, dessa forma, a alimentação adequada é um dos fatores mais importantes para a promoção, a prevenção, a manutenção e a recuperação da saúde em qualquer período do ciclo vital. (SANTOS, et al., 2006) Durante o pré-natal, é necessário um levantamento dos hábitos alimentares da gestante, juntamente com a avaliação de seu peso corporal para que seja identificado o seu estado nutricional e posteriormente, realizar uma orientação individual, fazendo modificações de acordo com suas necessidades nutricionais, com o intuito de melhorar suas condições maternas para um parto adequado e para o bom desenvolvimento do feto. (SANTOS, et al., 2006) Essas ações devem ser realizadas porque as gestantes que apresentarem as alterações nutricionais podem desenvolver infecções, parasitoses, anemias, síndromes hipertensivas, insuficiência placentária, obesidade, maiores chances de hemorragias durante o parto e infecção puerperal, além das chances de darem à luz a bebês prematuros ou com infecções neonatais. (SANTOS, et al., 2006) Por fim, é necessário que os profissionais de saúde que trabalham na assistência a essas gestantes orientem elas para que criem hábitos mais saudáveis de vida e nutricionais, principalmente aquelas que possuem risco nutricional, além de encaminhá-las paraprogramas de assistência social quando precisarem. (SANTOS, et al., 2006) A plasticidade neural é uma mudança adaptativa que ocorre na estrutura e nas funções do sistema nervoso, podendo ser o resultado de traumatismos ou lesões que afetam o ambiente neural, assim, ela é importante pois permite que o cérebro se adapte a varias circunstancias, podendo ocorrer tanto na infância do indivíduo, quando as crianças adquirem novos conhecimentos e comportamentos, quanto na sua vida adulta, sofrendo lesões ou traumas, como já citados, que estimulam a neuroplasticidade, por exemplo: um acidente vascular cerebral (AVC). (FERRARI, et al., 2001). Além disso, ela pode ser dividida em cinco tipos: • Dendrítica; • Axônica; • Sináptica; • Somática; • Regenerativa. 2.2.5. Entender sobre os principais tipos de desnutrição infantil, seus mecanismos, quadro clinico e consequências para perda ponderal da criança. As carências nutricionais são classificadas em níveis primário, o qual é relacionado ao baixo nível socioeconômico, privação nutricional, más condições ambientais acarretando infecções e hospitalizações frequentes, baixo nível educacional, negligência e escassa amamentação, neste caso a correção da dieta é essencial para a solução do problema. Secundário, o qual apesar de haver oferta existem outros fatores que impedem a ingestão e absorção dos alimentos, por exemplo, má absorção, estenose do piloro, ou aumento a sua necessidade, como no hipertireoidismo. E por fim, o misto, quando o mecanismo do primário e secundário estão envolvidos. (KLIEGMAN et al., 2014). Na desnutrição proteico-calórica, as crianças apresentam diferentes graus apresentados: • Desnutrição de 1º grau ou leve: o percentil fica situado entre 10 e 25% abaixo do peso médio considerado normal para a idade. • Desnutrição de 2º grau ou moderada: o déficit situa-se entre 25 e 40 %. • Desnutrição de 3º grau ou grave: a perda de peso é igual ou superior a 40%, ou desnutridos que já apresentem edema, independente do peso. Com isso, existem três carências nutricionais mais graves nas crianças, como o Marasmo, em que ocorre perda muscular generalizada, com acentuada redução do tecido subcutâneo, peso abaixo de 60% do esperado para sua altura e idade, membros delgados devido a atrofia muscular e subcutânea, costelas proeminentes, a pele se mostra solta e enrugada na região das nádegas e apresenta infecções constantes devido o sistema imunológico enfraquecido. As crianças aparentam desidratadas com sinais de deficiências específicas de minerais ou vitaminas, os cabelos são esparsos, pele seca e fina e expressão de apatia. Sendo assim, a diminuição na ingestão de energia acarreta na redução no metabolismo basal, visando prolongar a vida e conservar as proteínas e a função dos órgãos, as consequências são hipovolemia, bradicardia e hipotermia. (KLIEGMAN et al., 2014). Já na carência de Kwashiorkor resulta da ingestão inadequada de proteínas, a criança tem peso entre 60 a 80% do esperado. A mesma apresenta edema nos membros inferiores, na maioria dos casos o tecido subcutâneo está preservado, enquanto a massa muscular é escassa, existem sinais de palidez em consequência da anemia e extremidade frias e cianóticas. Logo, ocorre à redução de transporte de lipídeos no plasma por falta de proteínas para a síntese de lipoproteínas, o qual leva a infiltração gordurosa do fígado e hepatomegalia. Há também déficit importante de estatura, massa muscular consumida, tecido gorduroso subcutâneo preservado, alterações de pele dos membros inferiores, alterações dos cabelos, face de lua, anasarca e baixa concentração sérica de proteínas e albumina, área perineal frequentemente irritada com dermatites e escoriações devido a diarreias, apatia exagerada e raramente responde a estímulos, além de não apresentar apetite. (KLIEGMAN et al., 2014). Por fim, no Kwashiorkor-marasmático a origem pode ser de um marasmo que entrou em déficit proteico ou um Kwashiorkor que passou a sofrer déficit energético. Logo, há retardo da estatura, déficit no desenvolvimento neuropsicomotor e queda da resistência imunológica. (KLIEGMAN et al., 2014). Além disso, existem pesquisas relatando que a desnutrição grave pode ser decorrência de falta de vínculo mãe-filho, o qual acarreta a mãe a descuidar da criança a ponto de colocar sua vida em perigo. Portanto, estabelecem uma associação entre o grave déficit nutricional e vínculo inseguro e desorganizado entre mãe-filho. Porém, indubitavelmente está mãe não recebeu carinho em sua infância, com isso, há escassez de ofertar ao filho. (KLIEGMAN et al., 2014). Em geral, o quadro clínico de desnutrição na criança é caracterizado por déficit de crescimento e desenvolvimento, alteração da pele e anexos, palidez, glossite, queilite, alterações gastrointestinais como gastrite, acloridria, distúrbios comportamentais como irritabilidade, desinteresse pelo meio, distração, falta de memória, perversão do apetite ingerindo gelo e terra e alterações da imunidade propiciando maior índice de infecções. (KLIEGMAN et al., 2014). 2.2.6. Caracterizar os métodos de avaliação da idade gestacional. (Capurro e New Ballard). O método de avaliação de idade gestacional no nascimento é importante para a avaliação de riscos de patologias neonatais e para identificar maturidade nos órgãos do feto e RN (KLIEGMAN, 2014). O Método de Capurro é feito a partir de padrões somáticos e neurológicos, e estima a IG de RN de 29 semanas ou mais. O Método Capurro Somático utiliza cinco padrões a serem avaliados como a textura da pele, forma da orelha, glândula mamaria, formação do mamilo e as pregas plantares e o Método Capurro Somático e Neurológico são avaliados a forma da orelha, textura da pele, glândulas mamarias, pregas, sinal de xale e a posição da cabeça quando RN é levantado. Assim, cada padrão recebe pontuações diferenciadas e a avaliação da IG é feito em semanas, a partir da soma dos pontos e mais 204 e depois dividido por sete. (BRASIL, 2012). A formação do mamilo receberá 0 pontos quando é apenas visível, 5 pontos quando tem aréola corada e diâmetro menor de 7,5 mm, 10 pontos quando tem aréola pontiaguda e corada e diâmetro menor de 7,5 mm mas com borda não levantada e 15 pontos quando tem a borda levantada e diâmetro maior de 7,5mm. A forma da orelha, receberá 0 pontos se for sem formato e não ter o pavilhão encurvado, 8 pontos se o pavilhão for parcialmente encurvado na borda, 16 pontos se o pavilhão por parcialmente encurvado na parte superior e 24 pontos se for total encurvado. A textura da pele receberá 0 pontos se for de textura fina ou gelatinosa, 5 pontos se for de textura fina, mas lisa, 10 pontos se for mais grossa porem contem descamação na superfície, 15 pontos se for de textura grossa e ter descamação de mãos/pés e ainda contar com rugas na superfície e 20 pontos se for de textura grossa, ter pele de pergaminho e gretas profundas. A glândulas mamarias receberam 0 pontos se não forem palpáveis, 5 pontos se forem palpáveis porem com menos de 5mm, 10 pontos se forem palpáveis entre 5-10mm e 15 pontos se forem palpáveis e maiores que 10mm. As pregas plantares receberam 0 pontos se não tiver as pregas, 5 pontos se tiverem marcas mal definidas, 15 pontos se tiverem marcas bem definidas da metade anterior e sulcos no terço anterior e 20 pontos de sulcos em mais que a metade anterior da planta. O sinal de xale receberá 0 pontos quando o cotovelo alcançar a linha da axila anterior do outro lado, 6 pontos se o cotovelo que está entre a linha axilar anterior do outro lado e a linha média, 8 pontos se o cotovelo está entre a linha média e alinha axilar anterior do mesmo lado, 12 pontos se o cotovelo está situado na linha média. A posição da cabeça quando RN é levantado em que receberá0 pontos quando tem ângulo torácico de 270º e cabeça de flexionada, 4 pontos quando tem ângulo cervico-torácico de 180-270º, 8 pontos quando tiver ângulo cervico-torácico igual a 180º e 12 pontos quando o ângulo cervico-torácico é menor que 180º (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). O Método de New Ballard é considerado um método rápido e preciso para a avaliação da IG em RN com muito baixo-peso ao nascer (a partir de 20 semanas), assim utiliza-se seis padrões de maturidade física como a pele, lanugo, superfície plantar, glândula mamaria, olhos e orelhas, genital masculino e feminino, e avalia também seis padrões de maturidade neuromusculares como a postura, ângulo de flexão de punho, retração do braço, ângulo poplíteo, sinal do xale e a manobra calcanhar á orelha. Assim, a cada padrão estabelece uma pontuação que depois fará parte de uma somatória da classificação da maturidade neuromuscular e física em que será estabelecido assim a idade gestacional (KLIEGMAN, 2014). Figura 1 – Classificação da Maturidade Física Fonte: KLIEGMAN, R.M. et al. NELSON: Tratado de Pediatria. 18ª ed. Figura 2 – Classificação da Maturidade Neuromuscular Fonte: KLIEGMAN, R.M. et al. NELSON: Tratado de Pediatria. 18ª ed. Figura 3 – Classificação da Maturidade Fonte: KLIEGMAN, R.M. et al. NELSON: Tratado de Pediatria. 18ª ed 2.2.7. Descrever e interpretar a antropometria A antropometria é a medida das dimensões corporais de um indivíduo, assim, uma avaliação antropométrica tem grande importância para a análise do estado nutricional do paciente. Além disso, a avaliação antropométrica é amplamente aceita principalmente por ser um exame simples, não-invasivo e de baixo custo que pode ser feito em consultório e não é necessário investimentos de vários instrumentos ou materiais. (MARTINS,2009) Dessa forma, são avaliadas o peso, altura, IMC (Índice de Massa Corporal), circunferência abdominal, e contagem das dobras cutâneas. Assim, a avaliação do peso do paciente deve ser feita pela manhã em jejum com bexiga vazia e sem roupa se possível e com a utilização de uma balança antropométrica recém calibrada com o paciente posicionado em pé ou deitado. A altura deve ser feita com o paciente em pé e com coluna ereta e braços estendidos, a cabeça deve estar em angulação de 90º em relação ao chão. O IMC deve ser calculado a partir da altura e do peso do paciente, IMC = altura em m² dividido por peso em kg, em que se verifica a pontuação for a baixo de 18,5 está com baixo peso, 18,5 - 24,9 peso normal, 25 - 29,9 sobrepeso, 30 - 34,9 obesidade I, 35-39,9 obesidade II e maior ou igual a 40 obesidade mórbida. A circunferência abdominal é feita a partir de medidas dos braços, antebraços, quadril, pescoço, abdômen, cintura, panturrilha, punhos, coxas e tórax e a contagem das dobras cutâneas são feitas por um adipometro que é um aparelho que é encaixado na pele do paciente para analisar lugares corporais em que há acumulo de gordura corporal. Em suma, é muito importante a apuração das medidas antropométricas para verificar o estado nutricional do paciente principalmente por que este reflete a composição corporal que esta consideravelmente relacionada à saúde. (MARTINS,2009) 2.2.8. Reconhecer a importância do aleitamento materno, como ele deve ser feito, formas de cuidados com o mesmo. O aleitamento materno é a estratégia que, isoladamente, mais impacta na redução da mortalidade infantil por causas evitáveis, já que fornece uma nutrição adequada e impacta no estímulo do desenvolvimento da imunidade (previne infecções – principalmente as respiratórias, alergias e diarreias). Ademais, os efeitos de uma amamentação correta repercutem em toda a vida do recém-nascido, pois, influencia a fisiologia (aqueles bem amamentados tem menor chance de desenvolver hipertensão, diabetes e obesidade), influi sobre a anatomia da cavidade bucal (relaciona-se com a função motor-oral, ou seja, fala, oclusão dental, mastigação e respiração) e no adequado desenvolvimento tanto físico, quanto cognitivo-emocional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Cabe salientar que além de promover o vínculo afetivo entre mãe e filho, também influencia na saúde materna, seja física (contribuindo para a prevenção de cânceres de mama, ovário, útero e diabetes tipo 2) ou psíquica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). O aleitamento materno deve ser iniciado na primeira hora de vida do recém- nascido e mantido como exclusiva fonte de alimentação até os seis meses, sendo recomendado que perdure até os 2 anos de idade, mas já com a incorporação de outros alimentos, contudo a realidade brasileira é outra. O Ministério da Saúde traz em Atenção à Saúde do Recém-Nascido: Guia para profissionais de Saúde, 2011, dados da II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal, a qual revela indicadores comportamentais do aleitamento materno, das crianças analisadas, 68% mamaram na primeira hora de vida, 41% dos < seis meses estavam em aleitamento materno exclusivo (AME) e 59% das crianças entre 9 e 12 meses estavam sendo amamentadas. O Ministério da Saúde adota as seguintes definições, preconizadas pela OMS e reconhecidas em todo o mundo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011): • Aleitamento Materno Exclusivo (AME) – somente leite materno/ humano de outra fonte, mas se necessário inclui-se gotas ou xaropes com vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. • Aleitamento Materno predominante – quando além do leite materno (a maior parte da alimentação), há ingesta de água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões) e sucos de frutas. • Aleitamento Materno – quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de estar recebendo ou não outros alimentos. • Aleitamento Materno complementado – além do leite materno, há ingesta de alimentos complementares (sólidos ou semissólidos) que complementam o leite materno • Aleitamento Materno misto ou parcial – recebe leite materno e outros tipos de leite. É necessário se adaptar à amamentação, é um processo que exige paciência, informação e apoio. Em conformidade as recomendações do Guia Alimentar para crianças brasileiras para menores de 2 anos, 2019, para que seja um momento agradável e proveitoso para ambos, mãe e filho, se deve atentar para: • A posição e pega sejam adequadas – basicamente a posição deve ser confortável para ambos, a cabeça e corpo da criança devem estar alinhados e voltados à mãe, além do rosto ficar próximo e de frente à mama. Quanto a pega, encaixe da boca ao peito, não se deve ter obstáculos entre a boca e a mama, nem fatores que os distancie como deixar os braços da criança a frente de seu corpo. Ao segurar a mama com a mão em “C” é possível a apoia, direciona-la e fazer leve pressão para assim que a criança estiver com a boca bem aberta promover a pega adequada, não pode abocanhar só o mamilo, os lábios devem ficar virados para fora e com o queixo encostado na mama. Amamentar não deve doer, caso esteja é necessário observar a pega, realizando ajustes, caso permaneça a dor, deve-se procurar ajuda de profissionais de saúde. • Iniciar o quanto antes – isso significa que logo após o parto, se possível, realizar a primeira amamentação, durante a primeira hora inicial de contato pele a pele. Tais eventos (amamentar e o contato) é de suma importância para mãe e filho e fazem parte da humanização do parto. • Quanto a apojadura – a “descida do leite” que ocorre poucos dias após o parto, é o aumento da produção, muitas vezes maior do que é consumido; deste modo as mamas ficam cheias, duras e desconfortáveis, sendo necessário a ordenha manual de uma parte, para favorecer a amamentação e o bem-estar de mãe e filho, tal leite pode ser guardado para ser ofertado posteriormente(conservação em geladeira é de 12 horas e em congelador são 15 horas) ou doado a um banco de leite humano. • O tempo das mamadas e frequência – não se há um tempo específico, é necessário que a criança mame conforme sua capacidade e estado, observando que o bebê deve mamar em um dos seios o bastante para que ele o amoleça antes de trocar para a outro, para aproveitar da variação dos componentes do leite que mudam durante a mamada. Em uma amamentação posterior, deve-se ofertar primeiro a mama oferecida por último ou a que não foi sugada. Quanto à frequência, deve ser em livre demanda, ou seja, sempre que a criança quiser; é importante orientar as mães que em bebês de aleitamento materno exclusivo, pode ser de 8 a 12 vezes, não significando pouco leite ou que ele seja “fraco”, para prevenir a iniciação precoce de alimentação complementar, seja com outros tipos de leite ou com alimentos sólidos ou pastosos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015) O cuidado com aleitamento materno envolve, sem sombras de dúvidas a saúde da mulher, já que é um período exaustivo, físico e mentalmente, assim a alimentação, hidratação e descanso devem ser adequados; tal aspecto demonstra a importância de uma rede de apoio, a qual pode ser composta de familiares, amigos, colegas de trabalho e profissionais da saúde, assim estes podem dividir afazeres, ajudar com orientações e com cuidados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). Salienta-se ainda algumas práticas prejudiciais ao aleitamento como oferecer mamadeira ou chupeta que podem dificultar a amamentação e até promoverem disfunções e doenças; fumar durante o período de lactação, tal hábito pode diminuir o leite, alterar o sabor e implicar fumo passível, deste modo é expressamente recomendado não fumar, para aquelas mães que não conseguem parar é orientado minimizar os riscos ao consumir o menor números de cigarros possível e nunca fazer isto no mesmo local que se encontra a criança (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). Há ainda o álcool, que também não se recomenda a utilização, mas caso faça se deve limitar o consumo a aproximadamente uma taça de vinho ou duas latas de cerveja por dia e evitar amamentar no prazo de duas horas após ingestão. A maioria dos medicamentos não trazem problemas para a amamentação, contudo é de primazia procurar orientação dos profissionais de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). 2.2.9. Descrever a fisiologia do aleitamento materno. A amamentação é de suma importância para o desenvolvimento do recém nascido, desde o início da gestação, as mamas passam por modificações que visam oferecer os nutrientes necessários. Assim, a glândula mamária tem como principal função a lactação, que é a capacidade de produzir o alimento ideal para o seu filho, o leite da sua espécie. O hipotálamo, área pequena do cérebro, tem dentre suas funções, regular a liberação dos hormônios da adenohipófise. A sucção do bebê no peito estimula as terminações nervosas do mamilo e aréola enviando impulsos, via neuronal reflexa aferente, para o hipotálamo estimulando a hipófise anterior a secretar o hormônio prolactina e a hipófise posterior o hormônio ocitocina. Durante a gravidez, a prolactina produzida pela placenta está presente na circulação e alcança níveis altíssimos durante o parto, porém a sua ação na produção de leite é inibida pela alta concentração de esteróides sexuais como estrogênios e principalmente progesterona (Rolim, 2002). No reflexo de produção de leite, devido ao nascimento e a remoção da placenta, diminui rapidamente a concentração sanguínea dos hormônios citados acima, cessando os efeitos inibitórios. Desse modo a prolactina pode promover a secreção do leite pelas células lactotróficas, aumentando a secreção de colostro. Portanto, o controle da produção inicial de leite é endócrino,isto é,depende dos níveis dos hormônios que participam deste processo. Num período aproximado de 30 minutos após o início da amamentação, há um pico de elevação na prolactina basal fazendo com que a mama produza leite para a próxima mamada. O estímulo na região mamilo alveolar percorre as fibras nervosas, alcança a medula espinhal e se conecta com o hipotálamo onde existem fatores estimulantes e inibidores da produção de prolactina (Rolim, 2002). A elevação da prolactina basal pode se manter por 3 a 4 horas. A amamentação frequente mantém os níveis sanguíneos do hormônio elevados assim como a redução na frequência diminui a quantidade de prolactina. Entre 24 a 48 horas após o parto a mama se apresenta intumescida devido a migração de água e dilatação dos ductos e alvéolos levando ao fenômeno denominado de apojadura. A partir daí a regulação passa a ser feita no próprio local da produção de leite constituindo o controle autócrino (Rolim, 2002). O leite possui peptídeos (frações de proteína) supressores da produção de leite e, portanto, se a mama não for esvaziada há acúmulo destes peptídeos fazendo com que a produção seja interrompida. O volume de leite passa a depender da demanda e é diretamente proporcional ao número de mamadas. Se o bebê não sugar ao seio ou não conseguir esvaziá-lo, haverá um acúmulo de peptídeos supressores e também uma contra ordem à liberação de prolactina. Prolactina é produzida principalmente à noite o que nos faz orientar e estimular as mamadas noturnas, pode-se afirmar também, que ela confere à mãe sensação de relaxamento e sonolência (Rolim, 2002). Em relação ao reflexo de ejeção do leite, a estimulação tátil do mamilo pela sucção do mesmo pelo bebê estimula as terminações nervosas, que por via aferente agem a nível de hipotálamo estimulando a adenohipófise a liberar o hormônio ocitocina. Este é transportado por via sanguínea e vai agir nas células mioepiteliais, em torno dos alvéolos e ductos, fazendo-as se contraírem expulsando o leite para os ductos mais largos até que ele possa ser removido pelo bebê. Este mecanismo, em geral, ocorre em aproximadamente 1 minuto após o início da sucção mas nas mulheres primíparas pode levar em torno de 3 a 5 minutos (ROLIM, 2002). Existe uma sensibilidade aumentada principalmente do mamilo no período peri-parto e este fato, induzido pela sucção, vai ocasionar liberação de prolactina e ocitocina, daí a importância do contato do recém nascido com a mama ainda na sala de parto. Os sentimentos agradáveis, estímulos auditivos e visuais ajudam o reflexo da ocitocina, facilitando a "descida do leite" enquanto dor, stress, preocupação, ansiedade, cansaço inibem este reflexo mediados pela adrenalina e noradrenalina (ROLIM, 2002). Quando existe uma produção exagerada de leite, há um aumento da pressão intra-alveolar e um consequente bloqueio da ação da ocitocina sobre as células mioepiteliais, ocorrendo uma dificuldade no reflexo de ejeção. Este fato acontece por uma falha no mecanismo autócrino de regulação da lactação.Nestes casos se faz necessário esvaziar as mamas por ordenha(manual ou mecânica). A liberação de ocitocina também promove contração das fibras musculares do útero durante a amamentação, contribuindo para a involução uterina e uma recuperação mais rápida da mulher no puerpério. A produção do leite, portanto, depende primordialmente de dois controles principais como a sucção do bebê e o esvaziamento das mamas (ROLIM, 2002). Não se pode deixar de lembrar que os reflexos primitivos de alimentação (reflexo de busca e procura de extrusão, de sucção, de preensão reflexa ou mordida fásica e de deglutição) tem papel principal na alimentação no período neonatal e precisam ocorrer de forma integrada e sequenciada. Distúrbios nestes reflexos podem atrapalhar a amamentação (ROLIM, 2002). 2.2.10. Discutir a forma e a necessidade de suplementação de Ferro, Vitamina A e Vitamina D.. O ferro é um mineral essencial para o organismo, sendo fundamental para o funcionamento das células e para a síntese deDNA e metabolismo energético. O ferro também tem uma função importante na hemoglobina que é transportar oxigênio para os músculos. Nesse sentido, entende – se que o ferro é de suma importância para a vitalidade do corpo e devido a carência desse mineral em grupos populacionais o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Suplementação de Ferro, PNSF (SAÚDE, 2013). Desse modo, é disponibilizada a suplementação profilática de ferro para as crianças de 6 à 24 meses de vida, gestantes ao iniciarem o pré-natal até o terceiro mês de parto e para gestantes com ácido fólico. Isso, se dá com intuito de reduzir os riscos de o bebê vir a nascer com baixo peso, evitar anemia e a ferropenia, deficiência de ferro. Sendo assim, a suplementação profilática com sulfato ferroso é uma forma de combate a anemia ferropriva, a qual se dá por carência nutricional, parasitoses e durante a gravidez/amamentação e promoção do bem estar de crianças e mulheres, que são o grupo mais afetado (SAÚDE, 2013). Além disso, vale lembrar que a suplementação de ácido fólico deve ser iniciada 30 dias antes da data planejada para engravidar, atuando como um meio de prevenção de deficiências do tubo neural e para evitar a anemia deve ser mantida a gestação toda (SAÚDE, 2013). vitamina A O corpo humano não produz vitamina A, sendo necessário ser adquirida de uma fonte externa, alimentos, como, leite humano, fígado, gema de ovo, sendo de origem animal (retinol) e sua provitamina A encontrada em vegetais. As reservas de vitamina A no corpo ficam armazenadas no fígado e é utilizada de acordo com a necessidade. Uma vez que essa vitamina é oriunda de fontes exógenas pode haver uma carência nutricional caso não seja consumido alimentos ricos deste nutriente, podendo se manifestar como uma deficiência subclínica ou deficiência clínica. Sendo assim, a deficiência de vitamina A (DVA) clínica é caracterizada por problemas no sistema visual, a qual afeta as estruturas oculares como retina, conjuntiva e córnea, tendo, como consequência, a diminuição da sensibilidade à luz até cegueira parcial ou total. A primeira manifestação pode ser a cegueira noturna, ou seja, dificuldade de enxergar em locais com baixa luminosidade. Já a DVA subclínica é definida como uma condição de baixa concentração dessas vitaminas, o que contribui para a ocorrência de agravos à saúde, como diarreia e morbidades respiratórias (SAÚDE, 2013). Nesse sentido, é notável que alguns grupos populacionais necessitam de maiores cuidados e são mais vulneráveis à deficiência de vitamina A, sendo mulheres em fase de amamentação e crianças que começam a receber outro tipo de alimento além do leite materno (SAÚDE, 2013). Por meio do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A é feito um ato preventivo em que é distribuída pelo Ministério da Saúde uma megadose de vitamina A em dosagens de 100.000 UI e de 200.000 UI, acondicionadas em frascos, contendo, cada um, 50 cápsulas gelatinosas moles. As cápsulas apresentam cores diferentes, de acordo com a concentração de vitamina A e são distribuídas de forma gratuita em unidades básicas de saúde (UBS). Essa megadose é destinada principalmente para crianças de 6 a 59 meses de vida e mulheres no pós parto, uma vez que a alimentação se torna deficiente (SAÚDE, 2013). A vitamina D no corpo humano está relacionada à saúde dos ossos, regula o sistema imunológico, cardiovascular, músculos, metabolismo, insulina e está ligada ao crescimento. É recomendado pelo Ministério da Saúde que todos os cidadãos tomem sol diariamente e por um período não tão longo, uma vez que este é uma fonte de vitamina D. Além disso a Organização Mundial da saúde (OMS) possui recomendações para a suplementação de vitamina D no período pré-natal, sendo indicada para que as gestantes tenham suporte nutricional e tenham um período gestacional saudável e de baixo risco. Em casos de suspeita de deficiência de vitamina D o uso de suplementos é recomendado, contendo 200 unidades internacionais (UI) ou 5 miligramas de vitamina D por dia (SUPLEMENTAÇÃO DE NUTRIENTES, 2019). 2.2.11. Reconhecer a importância da realização da puericultura para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. A puericultura é um dos principais meios de consulta que fornece dados relevantes ao desenvolvimento humano que se inicia na vida uterina e envolve crescimento físico, a maturação neurológica e a construção de habilidades relacionadas ao comportamento. Diante disso, é possível perceber o quanto é importante um acompanhamento médico, visto que o desenvolvimento humano é dinâmico, ou seja, envolve mudanças relacionadas ao aspecto biológico e psicológico, envolvendo assim o desenvolvimento neuropsicomotor que progride no sentido céfalo-caudal. Por isso, é importante um acompanhamento infantil, cuja finalidade é observar se o desempenho da criança está normal (ZEPPONE; VOLPON; CIAMPO, 2012). Portanto, o Ministério da Saúde (2014), preconiza a consulta infantil, desde o seu nascimento até os seis anos de idade, no qual fornece um atendimento integral de promoção e prevenção de saúde, fornecendo a caderneta da criança, essa que se registra o desenvolvimento em questão de peso, altura, desenvolvimento neuropsicomotor, imunizações e valores de perdas ou ganhos nutricionais. Assim, se torna possível detectar de maneira precoce alguma patologia relacionada ao desenvolvimento infantil e posteriormente fornecer o tratamento adequado a cada individualidade da criança. Vale ressaltar, que a puericultura analisa também a questão social que o público infantil está envolvido, visto que isso afeta muito no seu desenvolvimento adequado, como exemplo a criança que tem uma boa alimentação, dificilmente irá apresentar falhas em seu desenvolvimento motor e comportamental (ZEPPONE; VOLPON; CIAMPO, 2012). O acompanhamento da puericultura se divide em algumas fases, essas que se divide em mensal até os 6 meses de vida, trimestral do 6 ao 12 meses de vida, semestral do 12 ao 24 meses de vida e anual que se inicia no 3 mês de vida da criança. Assim se procedem às consultas infantis, abordando sempre uma anamnese bem feita, com palpações, ausculta, percussões, exame de desenvolvimento neuropsicomotor, exame físico de cabeça e pescoço, se necessário análises laboratoriais, averiguações das imunizações, reflexo da marcha, da colocação das pernas, do tônico cervical e outros. Além disso, a avaliação da puericultura fornece informações no que diz respeito ao aleitamento materno, que é exclusivo até os seis meses de idade, ressaltando que isso se aplica as mães que podem fornecer o aleitamento. Portanto, é evidente o quanto a criança desde o seu nascimento necessita de um acompanhamento minucioso, com a intenção de diagnosticar e tratar possíveis patologias que podem vir a acometer a criança durante o seu desenvolvimento (ZEPPONE; VOLPON; CIAMPO, 2012). 2.2.12. Descrever a fisiopatologia da degeneração gordurosa A degeneração gordurosa também pode ser denominada esteatose, é causada pelo acumulo de gordura no interior do citoplasma de algumas células que normalmente não possui gordura em seu interior. É muito comum em células do fígado, no miocárdio, no epitélio tubular renal e, algumas vezes, no pâncreas e nos músculos esqueléticos (BRASILEIRO FILHO, 2016). As causas mais comuns que levam o aparecimento do quadro de esteatose são: agentes tóxicos, hipóxia, etilismo, obesidade, desnutrição proteico-energética e distúrbios metabólicos (BRASILEIRO FILHO, 2016). Em estado sadio, os hepatócitos capturam ácidos graxos e triglicerídeos que estão na circulação para usá-los de diversas formas. Os ácidos graxos são muito importantes para produzir colesterol e alguns ésteres; produzir lipídeos complexos ou glicerídeos; tem capacidade de gerar energia por meio da β-oxidaçãoaté acetil- CoA e consequentemente formar corpos cetônicos. É importante destacar, que os glicerídeos são fundamentais, pois têm a capacidade de se conjugarem com apoproteínas para gerar lipoproteínas, que serão, posteriormente, excretadas por intermédio do transporte intracitoplasmático de vesículas (microtúbulos e microfilamentos) (BRASILEIRO FILHO, 2016). A esteatose pode ser causada por agentes lesivos que causam um aumento na quantidade ácidos graxos por muita ingestão desses ou pelo aumento da lipólise; ocorre um excesso de acetil-CoA (por problemas na sua oxidação no ciclo de Krebs) que influencia na maior produção de ácidos graxos; há menor disponibilidade de ATP, o que leva ao menor uso de triglicerídeos ou ácidos graxos que formam lipídeos complexos; também há carência de apoproteínas o que consequentemente, leva a menor produção de lipoproteínas; e por último, causa problemas nas vesículas que transportam as lipoproteínas para serem excretadas (BRASILEIRO FILHO, 2016). A esteatose por consumo exacerbado de etanol é a causa mais comum, esse etanol é sintetizado principalmente pelo fígado através de vias: 1) via do sistema microssomal que participam o citocromo P-450 e o CYP2E1; 2) via da alcooldesidrogenase (ADH) que gera o NADH; 3) via da catalase em peroxissomos. Todas essas vias citadas produzem como produto final o acetilaldeído que é transformado em ácido acético e acetil-CoA através da aldeído-desidrogenase (ALDH). Dessa forma, ocorre a esteatose por etilismo por alguns fatores como: a diminuição de NAD que é importante na oxidação de lipídeos, então leva a um acúmulo de gordura nos hepatócitos; o aumento da acetil-CoA que produz ácidos graxos que se juntam com aqueles advindos da circulação, resultando em excesso de triglicerídeos; e por último, problemas nas vesículas que transportam lipoproteínas causadas pelo acetaldeído e radicais livres que metaboliza etanol (BRASILEIRO FILHO, 2016). A esteatose pode ser causada pela hipóxia (anemia, insuficiência respiratória e cardíaca) pois, como há menos moléculas de O2 no ciclo de Krebs, leva menor produção de ATP. Assim, acontece aumento na acetil-CoA, consequentemente, aumentando a produção de ácido graxo acumulando então nas células. Há também, muito α-glicerofosfato (advindo da glicólise por ter pouco ATP) que se junta com o ácido graxo e forma o triglicerídeo. O pouco ATP atrapalha na formação de lipídeos complexos e acumula ácido graxo e triglicerídeos (BRASILEIRO FILHO, 2016). A desnutrição proteico-energética pode levar ao quadro de esteatose porque a baixa proteína causa menor produção de fosfolipídeos por haver um déficit de produtos como os dos fatores lipotrópicos, e também a menor produção de apoproteínas que está ligada na formação de lipoproteínas e excreção de triglicerídeos. Nesse interim, a pouca ingesta de calorias leva a mobilidade de lipídeos do tecido adiposo causando assim o acúmulo de ácido graxo no fígado (BRASILEIRO FILHO, 2016). Por fim, agentes tóxicos como o CCL4, atacam o reticulo endoplasmático rugoso diminuindo a produção de proteínas que causam risco de desenvolver esteatose, por consequência da redução da síntese de lipoproteínas (BRASILEIRO FILHO, 2016). 2.2.13. Compreender as alterações laboratoriais comum no quadro de desnutrição e comprometimento da imunidade. O diagnóstico de desnutrição é feito a partir da história clínica da criança, bem como pelo seu exame clínico e determinação do estado nutricional. A avaliação e cuidado no acompanhamento clínico da criança é o guia mais importante para o diagnóstico e para definir e monitorizar o tratamento da criança. A clínica da criança é soberana em todos os momentos do tratamento, inclusive nas situações de impossibilidade de realização ou de dificuldades de interpretações de exames laboratoriais. Onde os recursos permitirem, exames laboratoriais podem ser feitos para ajudar no tratamento. No entanto, é importante lembrar que, no caso da criança desnutrida grave, a interpretação dos resultados dos exames deve ser cuidadosa, uma vez que os mesmos podem ser alterados pela própria desnutrição, confundindo os trabalhadores de saúde menos experientes (KLIEGMAN,, 2013). As alterações bioquímicas e metabólicas são semelhantes nas crianças com marasmo, Kwashiorkor e Kwashiorkor-marasmático. Devido à gravidade e complexidade das alterações metabólicas, os exames laboratoriais podem ser de difícil interpretação ou até mesmo confusos. • A proteína sérica total no Kwashiorkor está diminuída devido à baixa de albumina, em consequência à alteração da sua síntese hepática, enquanto no marasmo é normal. • Os aminoácidos essenciais podem estar baixos e os não essenciais, normais ou altos, sobretudo no Kwashiorkor. • A imunoglobulina G sérica pode estar alta em decorrência de infecções. • A proteína captadora de retinol pode estar baixa. É frequente que a hemoglobina e o hematócrito estejam baixos. • As concentrações de creatinina e hidroxiprolina urinária são baixas, principalmente nos pacientes muito emagrecidos. • Tanto no marasmo como no kwashiorkor, a imunidade mediada por célula é prejudicada, aumentando a susceptibilidade a infecções. Infecções bacterianas (p. ex., pneumonia, gastroenterite, otite média, infecções do trato urinário, sepse) são comuns. Infecções resultam na libertação de citocinas, que causam anorexia, pioram a perda de massa muscular e provocam diminuição acentuada nos níveis de albumina sérica. • Nas formas graves da DPE, gordura corporal e, eventualmente, o tecido visceral são perdidos, a imunidade é prejudicada, e a função dos órgãos desacelera, às vezes resultando em insuficiência de múltiplos órgãos. O Ministério da Saúde desenvolveu o Programa Nacional de Suplementação de Ferro, que se destina à suplementação preventiva de todas as crianças de 6 a 24 meses com sulfato ferroso. Assim, todas as crianças brasileiras devem receber suplementação com ferro, em doses profiláticas, para a prevenção da anemia. Assim, crianças de 6 a 24 meses devem consumir 1 mg de ferro (sulfato 33 ferroso) elementar/Kg de peso diariamente até completar 24 meses. As reservas de ferro da criança que recebe com exclusividade o leite materno, nos seis primeiros meses de idade, atendem às necessidades fisiológicas, não necessitando de qualquer forma de complementação nem de introdução de alimentos sólidos. Entre os quatro e seis meses de idade, ocorre gradualmente o esgotamento das reservas de ferro, e a alimentação passa a ter papel predominante no atendimento às necessidades desse nutriente (MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 2017). É necessário que o consumo de ferro seja adequado à demanda requerida para essa fase etária. O ferro apresenta-se nos alimentos sob duas formas: heme e não heme. • O ferro heme, presente na hemoglobina e mioglobina das carnes e vísceras, tem maior biodisponibilidade, não estando exposto a fatores inibidores. As carnes apresentam cerca de 2,8mg de ferro por 100g do alimento, sendo absorvidos em torno de 20% a 30% desse nutriente. • O ferro não heme, contido no ovo, cereais, leguminosas (ex. feijão) e hortaliças (ex. beterraba), ao contrário do ferro animal, é absorvido de 2% a 10% pelo organismo. Ele pode ter suas taxas de absorção aumentadas pela presença de agentes facilitadores da sua absorção, ou agentes que diminuem sua absorção. Três potentes facilitadores da absorção do ferro não heme são as carnes, o ácido ascórbico – vitamina C e a vitamina A, contribuindo para diminuir a prevalência de anemia. Fitatos, taninos, cálcio e fosfatos, por outro lado, possuem efeito inibidor, diminuindo a sua absorção. 2.2.14. Reconhecer a aplicação dos programas de vigilância nutricional do ministério da saúde (SISVAN). A atuação do SISVAN compreende a descrição contínua e a predição de tendênciasdas condições de alimentação e nutrição da população, bem como de seus fatores determinantes. Isto pois, inclui a avaliação antropométrica (medidas corporais) e do consumo alimentar. (SISVAN,2017) No âmbito da rede de serviços, o SISVAN deve se incorporar às rotinas de atendimento monitorando o estado nutricional de cada usuário, visando a detecção da situação de risco e a prescrição de ações que possibilitem a prevenção de seus efeitos e a garantia da reversão ao quadro de normalidade. (SAÚDE, 2015) Além disso, são enfatizadas a coleta e a análise de dados macroeconômicos e sociais indicativos da situação alimentar e, por conseguinte, de riscos difusos ou localizados de insegurança. (SISVAN,2017) Tem como objetivos: - Descrever o estado nutricional da população com particular referência a subgrupos que são identificados como estando sob risco, permitindo o conhecimento do problema nutricional; - Prover informação que irá contribuir para a análise das causas e fatores associados possibilitando uma seleção de medidas preventivas e/ou educativas que poderão ser ou não nutricionais; - Permitir predições a serem feitas com base na consolidação e análise dos dados a fim de indicar a evolução provável dos problemas nutricionais; - Acompanhar e monitorar o estado nutricional da população atendida em Unidades Básica de Saúde e/ou Programa Saúde da Família; - Monitorar programas e políticas públicas no contexto da alimentação e nutrição, e avaliar sua efetividade. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015) As três áreas temáticas propostas inicialmente pelo SISVAN (2017), no Brasil, foram: • Estado nutricional / Carências específicas • Consumo alimentar • Desempenho e qualidade do serviço Estas áreas temáticas tem como objetivos básicos a disponibilização de informações para o planejamento de ações para prevenção e controle dos distúrbios nutricionais da população. (SISVAN, 2017). 3. CONCLUSÃO Em virtude do exposto, é claro que a primeira infância é um dos estágios mais importantes do desenvolvimento de uma criança. É neste período que elas começam a entender o mundo a sua volta e começam a reagir a estímulos além das necessidades básicas. Além disso, ficou evidente a importância do aleitamento materno, tanto para a nutrição da criança quanto para o seu desenvolvimento neuropsicomotor, uma vez que os vínculos criados na primeira infância são fundamentais para a formação do futuro adulto e da maneira com que ele interage com o mundo. 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