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Módulo de Didáctica de Ciências Naturais

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Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
Módulo de Didáctica de Ciências 
Naturais para o Ensino Básico 
 
 
 
Universidade Pedagógica 
Rua João Carlos Raposo Beirão nº 135, Maputo 
Telefone: (+258) 21-320860/2 ou 21 – 306720 
Fax: (+258) 21-322113 
 
Centro de Educação Aberta e à Distancia 
Programa de Formação à Distância 
Av. de Moçambique, Condomínio Vila Olímpica, bloco 22 edifício 4, R/C, Zimpeto 
Telefone: (+258) 82 3050353 
e-mail: cead@up.ac.mz / up.cead@gmail.com 
 
 2 
 
 
Ficha técnica 
 
Autoria: Pedro Teresa Sitoe 
Revisão Científica: Susann Müller 
Revisão da Engenharia de EAD e Desenho Instrucional: Suzete Buque 
Edição Linguística: João Armazia 
Edição técnica/Maquetização: Aurélio Armando Pires Ribeiro 
Capa: Gaël Epiney 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Primeira Edição © 2016 
Impresso e Encadernado por: 
 
 
 
 
 
 
 
 
© Todos os direitos reservados. Não pode ser publicado ou reproduzido em nenhuma forma ou meio –mecânico ou 
eletrónico- sem a permissão da Universidade Pedagógica. 
 
 
 3 
 
Índice 
Visão Geral do Módulo .................................................................................................................................................... 5 
Unidade no 1: Objectivos e Conteúdos das Ciências Naturais ...................................................................................... 13 
Lição no 1: Conceito “Didáctica de Ciências Naturais” ............................................................................................ 14 
Conceito de Didáctica e Didáctica de Ciências Naturais ............................................................................ 15 
Conceito de Didáctica ............................................................................................................................... 15 
Conceito “Didáctica de Ciências Naturais” ................................................................................................ 15 
Objecto de Estudo da Didáctica de Ciências Naturais ................................................................................ 15 
Relação entre a Didáctica de Ciências Naturais e outras Ciências ........................................................... 17 
Importância da Didáctica de Ciências Naturais ......................................................................................... 18 
Lição no 2: Conteúdos das Ciências Naturais” ....................................................................................................... 21 
Conceito de Conteúdo e sua classificação ............................................................................................... 22 
Conceito de Conteúdo .............................................................................................................................. 22 
Classificação dos Conteúdos ................................................................................................................... 22 
Critérios de Selecção dos Conteúdos ...................................................................................................... 22 
Procedimentos metodológicos para a formulação de conteúdos ............................................................. 25 
Lição no 3: Objectivos ............................................................................................................................................ 31 
Conceito de Objectivo e sua classificação................................................................................................ 32 
Conceito Objectivo ................................................................................................................................... 32 
Classificação dos Objectivos .................................................................................................................... 32 
Características, Propriedades e Elementos dos Objectivos ..................................................................... 36 
Formulação dos Objectivos ...................................................................................................................... 37 
Unidade no 2: Métodos, Procedimentos e Meios de Ensino das Ciências Naturais................................................... 43 
Lição no 1: Actividades Cognitivas dos Alunos ....................................................................................................... 44 
Actividades cognitivas ............................................................................................................................. 45 
Função das Actividades Cognitivas........................................................................................................... 45 
Classificação das Actividades Cognitivas ................................................................................................. 45 
Lição no 2: Meios de Ensino................................................................................................................................... 52 
Conceito e Função Geral de Meios Didácticos .......................................................................................... 53 
Conceito Meios Didácticos ....................................................................................................................... 53 
Função geral dos Meios Didácticos .......................................................................................................... 53 
Funções específicas dos Meios Didácticos ............................................................................................... 53 
Factores para a escolha dos Meios Didácticos ........................................................................................ 54 
Classificação dos Meios Didácticos .......................................................................................................... 57 
Importância dos Meios Didácticos ........................................................................................................... 58 
Propostas de Temas para Investigação ....................................................................................................................... 61 
Unidade no 3: Organização do ensino das Ciências Naturais ..................................................................................... 64 
 
 4 
Lição no 1: Actividades Cognitivas dos Alunos ....................................................................................................... 65 
Fundamentos para a Planificação ............................................................................................................ 66 
Elaboração do Plano de aula .................................................................................................................... 69 
Lição no 2: Excursão ..............................................................................................................................................77 
Excursão Didáctica .................................................................................................................................. 78 
Excursão Didáctica .................................................................................................................................. 78 
Etapas da Planificação da Excursão ......................................................................................................... 78 
Importância da Excursão para Estudo das Ciências Naturais .................................................................. 79 
Propostas de Temas para Investigação ....................................................................................................................... 81 
Bibliografia Geral .......................................................................................................................................................... 85 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
Visão Geral do Módulo 
 
Introdução 
 Bem vindo ao Módulo “Didáctica de Ciências Naturais” 
O Homem sempre soube da importânciada educação para a sua formação integral. 
Os fenómenos naturais são objectos muito fascinantes de interpretação para o 
Homem e por isso, se preocupou em procurar formas de sistematizar todo o 
conhecimento a eles relacionados, numa área denominada Ciências Naturais. 
A Didáctica de Ciências Naturais surge como resposta à necessidade de viabilizar o 
ensino dessa disciplina científica. 
Terminado o estudo do módulo de Didáctica de Ciências Naturais você poderá ser 
capaz de planificar e executar com sucesso as aulas de Ciências Naturais para o 
ensino básico. Este módulo possui três unidades temáticas e um total de 7 lições 
 
 
 6 
 
Objectivos do Módulo 
 
O módulo tem o objectivo de tornar você capaz de: 
 Adquirir conhecimentos metodológicos de trabalho que permitam uma 
futura intervenção inovadora, globalizante, integrada, activa e flexível; 
 Promover a interdisciplinaridade do conhecimento e da avaliação de 
diferentes áreas de competências visando a iniciação à prática profissional; 
 Compreender a importância e a necessidade da articulação dos 
conhecimentos científicos nas suas vertentes natural e na compreensão do 
mundo; 
 Desenvolver metodologias activas e integradoras dos diferentes saberes, 
que permitam o desenvolvimento de competências cognitivas, socio-
afectivas e psicomotoras da criança; 
 Elaborar materiais didácticos, que permitam um desenvolvimento e 
formação harmoniosos da criança. 
 
 
 7 
 
 
Estrutura do Módulo 
 O curso está estruturado em unidades. Cada unidade inclui uma introdução, 
objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de 
aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais actividades para auto-
avaliação. 
Para permitir maior compreensão no seu estudo, o módulo apresenta a seguinte 
estrutura: 
Páginas introdutórias 
Um índice completo. 
Uma visão geral detalhada do curso/módulo, resumindo os aspectos-chave que 
você precisa conhecer para completar o estudo. Recomenda-se vivamente que leia 
esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. 
Conteúdo do módulo 
O módulo está estruturado em unidades. Cada unidade tem uma introdução, 
objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de 
aprendizagem, um sumário da unidade e exercícios com uma ou mais 
actividades para auto-avaliação no final de cada lição e de cada unidade. 
 
A quem se destina o Módulo 
 Este Módulo foi concebido para todos aqueles que estão inscritos no Curso de 
Licenciatura em Ensino Básico à distância, fornecido pela Universidade 
Pedagógica. Constitui-se como um dos instrumentos fundamentais para que você 
realize com sucesso o ensino de Ciências Naturais, usando técnicas e métodos 
necessários para interpretar os fenómenos naturais e, a partir deles elaborar 
conteúdos acessíveis à compreensão dos alunos durante a sua planificação de aulas. 
 
 
 
 
 8 
 
Avaliação 
 Serão realizados dois testes escritos e quatro trabalhos para investigação com oito 
temas que se encontram no final de cada unidade, incluindo a planificação de 
unidades temáticas, aulas e produção de material didáctico. 
No final do módulo, a avaliação final poderá ser através de um exame escrito ou 
oral. 
 
 
 9 
 
 
Ícones de Actividades 
 Caro estudante, para lhe ajudar a orientar-se no estudo deste módulo e 
facilmente localizar cada um dos elementos da lição, foram usados marcadores de 
texto do tipo ícones. Os ícones (na sua maioria) foram concebidos pelo CEMEC 
(Centro de Estudos Moçambicanos e Etnociência) da Universidade Pedagógica. 
Tomou-se em consideração a diversidade cultural Moçambicana. Encontre, a 
seguir, a lista de ícones, o que a figura representa e a descrição do que cada um 
deles indica no módulo: 
 
1. Exercício 
 
 
[enxada em actividade] 
2. Actividade 
 
 
 
[colher de pau com alimento 
para provar] 
 
3. Auto-Avaliação 
 
 
 
 
[peneira] 
4. Exemplo/estudo de caso 
 
 
 
[Jogo Ntxuva] 
5. Debate 
 
 
[à volta da fogueira] 
6. Trabalho em grupo 
 
 
[mãos unidas] 
7. Tome nota/Atenção 
 
[batuque soando] 
8. Objectivos 
 
[estrela cintilante] 
9. Leitura 
 
[livro aberto] 
 
 
 10 
10. Reflexão 
 
 
[embondeiro] 
11. Tempo 
 
[sol] 
12. Resumo 
 
 
 
[sentados à volta da 
fogueira] 
13. Terminologia/ 
 Glossário 
 
 
14. Vídeo/Plataforma 
 
[computador] 
 
15. Comentários 
 
 
 
 
[balão com texto] 
 
1. Exercício (trabalho, exercitação) – A enxada relaciona-se com um tipo de trabalho, indica que é 
preciso trabalhar e pôr em prática ou aplicar o aprendido. 
2. Actividade - A colher com o alimento para provar indica que é momento de realizar uma 
actividade diferente da simples leitura, e verificar como está a ocorrer a aprendizagem. 
3. Auto-Avaliação – A peneira permite separar elementos, por isso indica que existe uma proposta 
para verificação do que foi ou não aprendido. 
4. Exemplo/Estudo de caso – Indica que há um caso a ser resolvido comparativamente ao jogo de 
Ntxuva em que cada jogo é um caso diferente. 
5. Debate – Indica a sugestão de se juntar a outros (presencialmente ou usando a plataforma digital) 
para troca de experiências, para novas aprendizagens, como é costume fazer-se à volta da fogueira. 
6. Trabalho em grupo –Para a sua realização há necessidade de entreajuda, que se apoiem uns aos 
outros 
7. Tome nota/Atenção – Chamada de atenção 
8. Objectivos – orientação para organização do seu estudo e daquilo que deverá aprender a fazer ou a 
fazer melhor 
9. Leitura adicional – O livro indica que é necessário obter informações adicionais através de livros 
ou outras fontes. 
 
 11 
10. Reflexão – O embondeiro é robusto e forte. Indica um momento para fortalecer as suas ideias, 
para construir o seu saber. 
11. Tempo – O sol indica o tempo aproximado que deve dedicar á realização de uma tarefa ou 
actividade, estudo de uma unidade ou lição. 
12. Resumo – Representado por pessoas sentadas à volta da fogueira como é costume fazer-se para se 
contar histórias. É o momento de sumarizar ou resumir aquilo que foi tratado na lição ou na 
unidade. 
13. Terminologia/Glossário – Representado por um livro de consulta, indica que se apresenta a 
terminologia importante nessa lição ou então que se apresenta um Glossário com os termos mais 
importantes. 
14. Vídeo/Plataforma – O computador indica que existe um vídeo para ser visto ou que existe uma 
actividade a ser realizada na plataforma digital de ensino e aprendizagem. 
15. Balão com texto – Indica que existem comentários para lhe ajudar a verificar as suas respostas às 
actividades, exercícios e questões de auto-avaliação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pág. 12 - 42 
 
Conteúdos 
1
U
N
ID
A
D
E 
Unidade no 1: Objectivos e Conteúdos das Ciências 
Naturais 
Lição no 1: Conceito “Didáctica de Ciências Naturais” 
Conceito de Didáctica e Didáctica de Ciências Naturais 
Conceito de Didáctica 
Conceito “Didáctica de Ciências Naturais” 
Objecto de Estudo da Didáctica de Ciências Naturais 
Relação entre a Didáctica de Ciências Naturais e outras 
Ciências 
Importância da Didáctica de Ciências Naturais 
Lição no 2: Conteúdos das Ciências Naturais” 
Conceito de Conteúdo e sua classificação 
Conceito de Conteúdo 
Classificação dos Conteúdos 
Critérios de Selecção dos Conteúdos 
Procedimentos metodológicos para a formulação de 
conteúdos 
Princípios 
Lição no 3: Objectivos 
Conceito de Objectivo e sua classificação 
Conceito Objectivo 
Classificação dos Objectivos 
Características, Propriedades e Elementos dos Objectivos 
Formulação dos Objectivos 
 
Objectivos e 
Conteúdos das 
Ciências Naturais 
 
 13 
Unidade no 1: Objectivos e Conteúdos das Ciências Naturais 
 
Introdução 
 
 
Bem vindo à primeira unidade do Módulo de Didáctica de Ciências Naturais. No 
nosso quotidiano,qualquer actividade que executamos possui uma finalidade 
objectiva ou subjectiva e, tendo em conta isso, a executamos de forma específica. 
Em relação ao ensino de Ciências Naturais, cada fenómeno ou processo que se 
ensina constitui um conteúdo e para medirmos a materialização da sua 
transmissão é necessário definirmos com clareza os objectivos. Nesta unidade 
abordaremos os conceitos básicos de Didáctica, sua aplicação no âmbito do 
ensino das Ciências Naturais, bem como os objectivos e conteúdos das Ciências 
Naturais. 
Esta unidade tem 3 lições. O tempo de leitura da unidade é de 125 minutos e o 
tempo de resolução das actividades é de 100 minutos. 
 
 
 
 
 
 Objectivos 
 
Ao terminar esta unidade você será capaz de: 
 Conhecer os objectivos e conteúdos das Ciências Naturais; 
 Seleccionar os conteúdos de ensino de Ciências Naturais para a 
planificação de uma aula; 
 Operacionalizar os objectivos de uma aula de Ciências Naturais através 
da planificação das aulas. 
 
 
 14 
Lição no 1: Conceito “Didáctica de Ciências Naturais” 
 
Introdução 
 
 
Para iniciarmos a nossa abordagem sobre a conceptualização da Didáctica de 
Ciências Naturais, iremos discutir a origem da palavra Didáctica e seguidamente 
faremos o seu enquadramento no contexto das Ciências Naturais. Por isso, nesta 
lição apresentamos o conceito da Didáctica de Ciências Naturais, bem como os 
objectivos que norteiam o seu estudo e a sua pertinência para você ter sucesso no 
ensino das Ciências Naturais. 
 
 
Objectivos 
 
 
Ao terminar esta lição você será capaz de: 
• Conceituar a Didáctica de Ciências Naturais; 
• Relacionar a Didáctica de Ciências Naturais com outras ciências; 
• Descrever a importância da Didáctica de Ciências Naturais. 
 
Tempo 
 
 
 
 
 
Tempo de Leitura: 30 minutos 
 
Terminologia 
 
 
Didáctica, Ciências Naturais 
 
 15 
Conceito de Didáctica e Didáctica de Ciências Naturais 
 
 Conceito de Didáctica 
A palavra “Didáctica” vem da expressão grega techné didaktiké, que se pode 
traduzir como arte ou técnica de ensinar. 
 
Segundo LIBÂNEO (1992: 25), Didáctica é a teoria de ensino que investiga os 
fundamentos, as condições e as formas de realização do ensino. 
 
Conceito “Didáctica de Ciências Naturais” 
A Didáctica de Ciências Naturais é uma das ramificações da Didáctica que 
especifica as técnicas e métodos para a transmissão ou mediação dos conteúdos 
específicos das Ciências Naturais. 
Como área específica, a Didáctica de Ciências Naturais observa, analisa e 
controla os sistemas de parâmetros das aulas de Ciências Naturais, explorando 
todos os mecanismos necessários para dotar o professor de instrumentos úteis na 
planificação das suas aulas, tendo em conta a observação e experimentação. 
 
Objecto de Estudo da Didáctica de Ciências Naturais 
O objecto de estudo da Didáctica de Ciências Naturais é a educação como um 
todo onde esta observa: 
 O saber e a transposição didáctica do conhecimento; 
 O trabalho do aluno; 
 O trabalho do professor; 
 O sistema do conhecimento científico das Ciências Naturais; 
 Os métodos de pesquisa e as estratégias metodológicas de ensino de 
Ciências Naturais. 
 
Uma coisa deve ficar clara quando falamos de transposição didáctica, é que o 
conhecimento científico organizado em áreas do saber científico precisa de ser 
tansformado pelo professor num saber escolar útil para o quotidiano do aluno, 
respeitando as suas potencialidades e limitações concretas. Por exemplo, se 
 
 16 
você quer ensinar técnicas de conservação de pescado aos alunos, poderá 
recorrer a transposição didáctica para permitir a adaptabilidade das técnicas 
científicas existentes às condições materiais concretas da comunidade onde a 
escola e o aluno estão inseridos, podendo privilegiar as técnicas de frio, 
salgamento ou fumagem adequadas. 
 
 
 
Actividade 
 
1. Enquadre o conceito Didáctica no contexto da Pedagogia. 
2. Como podemos aplicar o conceito de Didáctica no âmbito das 
Ciências Naturais? 
 
 
 
 
 
 
 Feedback 
Antes de reponder as actividades acima colocadas, deve se recordar que 
aprendeu a relação entre a Didáctica e a Pedagogia no módulo de Didáctica 
Geral. Entretanto, deve ter se lembrado que a Didáctica é a parte da Pedagogia 
que se ocupa dos métodos e técnicas de Ensino, destinados a colocar em 
prática as directrizes da teoria pedagógica. Mas estaria ainda num caminho 
certo se tivesse referido que a Didáctica é entendida como a Ciência que 
investiga as regularidades durante o processo de transmissão ou mediação de 
conteúdos pelo professor assim como de aquisição de conhecimentos pelos 
alunos. Portanto, se tomarmos em consideração a reflexão de SOUSSAN 
(2003: 48), a Didáctica deve ser considerada como o estudo das relações entre 
o sujeito de aprendizagem (aluno) e o objecto da aprendizagem ou seja os 
conteúdos a serem ensinados, no nosso caso, as Ciências Naturais. 
De acordo com NIVAGARA (s.d.: 22), o educador Jan Amos Komenský, 
mais conhecido por Comenius, é reconhecido como o pai da didáctica 
moderna, e foi um dos maiores educadores do século XVII. 
 
 
 
 17 
Relação entre a Didáctica de Ciências Naturais e outras Ciências 
 
 
A Didáctica de Ciências Naturais não pode ser vista de forma isolada, mas sim de 
forma integrada, considerando que ela se insere no grupo de outras ciências. 
Neste âmbito, a Didáctica de Ciências Naturais, como toda outra didáctica, 
insere-se dentro da Pedagogia, concretamente na Pedagogia do Ensino Escolar. 
Por ser uma ciência pedagógica, enquadra-se no contexto das ciências humanas e 
interactua com elas, buscando delas alguns subsídios para a sua viabilização. 
 
Preste atenção na figura abaixo: 
 
Fig. 1 – Relação entre a Didáctica de Ciências Naturais e outras ciências 
(MÜLLER, 2005: 6 - adaptado) 
 
De acordo com a figura acima, cada ponta da estrela representa uma área de 
conhecimento com um conjunto organizado de conteúdos que fornecem bases 
para o aprofundamento da compreensão na abordagem da Didáctica de Ciências 
Naturais. Por exemplo, no contexto do ensino das Ciências Naturais, se por um 
lado a Didáctica fornece as bases metodológicas de ensino de uma maneira geral, 
a Psicologia fornece os pressupostos psicológicos que devem ser tomados em 
 
 18 
conta no âmbito da planificação e leccionação das aulas, alinhados com os 
conteúdos específicos das Ciências Naturais. 
Importância da Didáctica de Ciências Naturais 
 
 
A importância da Didáctica de Ciências Naturais insere-se na necessidade de 
viabilizar a leccionação das Ciências Naturais no Ensino Básico. 
Segundo COSTA (1999: n.p.), durante muitos anos o ensino das ciências nos 
diferentes níveis de escolaridade esteve centrado na memorização de conteúdos, 
na realização de actividades de mecanização e na aplicação de regras para a 
resolução de questões semelhantes às anteriormente apresentadas e resolvidas 
pelo professor. Esta visão mecanicista entendia as ciências como um corpo 
organizado de conhecimentos e regras a aprender e a aplicar sem qualquer ligação 
com a realidade. 
Uma das razões que justifica a inclusão das Ciências da Natureza no currículo do 
Ensino Básico é a necessidade de os alunos adquirirem um conjunto de 
conhecimentos e competências essenciais para se iniciarem no estudo das 
Ciências. Este é o papel da disciplina de Ciências Naturais visto na perspectiva da 
própria ciência. O papel desta disciplina no currículo justifica-se também na 
perspectiva do indivíduo, pelo seu importante contributo para o desenvolvimento 
de capacidades na criança. Justifica-se, ainda, na perspectiva da sociedade ao 
permitir à criança adquirir uma compreensão científica dos fenómenos e 
acontecimentos que compõem o mundo físico e social de que faz parte 
(PEREIRA, 1992: n.p. apud COSTA 1999: n.p.). 
Segundo LIBÂNEO (1990: 55), é típico da Didática investigaros nexos e 
relações entre o acto de ensinar e o acto de aprender. Neste contexto, a Didáctica 
de Ciências Naturais permite compreender a actividade de mediação para 
promover um encontro formativo e educativo entre o aluno e a matéria de ensino, 
estabelecendo-se um vínculo entre a teoria de Ensino e a teoria de 
Conhecimento. 
 
 
 19 
 
Resumo 
 
 
 
 A Didáctica é a parte da Pedagogia que se ocupa dos métodos e técnicas de 
ensino, destinados a colocar em prática as directrizes da teoria pedagógica. 
 A Didáctica de Ciências constitui-se como uma das ramificações da 
Didáctica que especifica as técnicas e métodos para a transmissão ou 
mediação dos conteúdos específicos das Ciências Naturais. 
 A Didáctica de Ciências Naturais não pode ser vista de forma isolada, mas 
sim de forma integrada, considerando que ela se insere no grupo de 
ciências as quais é dependente e outras que dela dependem (veja a figura 
1). 
 A importância da Didáctica de Ciências Naturais insere-se na necessidade 
de viabilizar a leccionação das Ciências Naturais, permitindo compreender 
a actividade de mediação para promover um encontro formativo e 
educativo entre o aluno e a matéria de ensino. 
 
 
 
Auto-Avaliação 
 
 
 
1. Explique por palavras suas o conceito de Didáctica de Ciências 
Naturais. 
2. Mencione o objecto de estudo da Didáctica de Ciências Naturais. 
3. Enquadre a Didáctica de Ciências Naturais nas Ciências Pedagógicas. 
4. A Didáctica é a Ciência que ensina Ciências. Argumente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20 
 
Comentários 
 
 
 
1. Para responder essa pergunta deve inicialmente ter em conta o conceito 
Didáctica e, em seguinda, fazer um enquadramento no contexo das 
Ciências Naturais. No final compare a sua resposta com a que se encontra 
na parte inicial desta lição. 
 
2. Se tiver optado por responder que o objecto de estudo da Didáctica de 
Ciências Naturais é o saber e a transposição didáctica do conhecimento, o 
sistema do conhecimento científico das Ciências Naturais e os métodos de 
pesquisa bem como as estratégias metodológicas, está no caminho certo. 
 
3. A Didáctica de Ciências Naturais insere-se dentro da Pedagogia, 
concretamente a Pedagogia do Ensino Escolar. 
 
4. Para esta pergunta, deve explorar a sua capacidade de argumentar, sem 
se esquecer de entre outros aspectos, referir-se ao facto de ser através da 
Didáctica que as demais ciências são ensinadas, isto é, todo o 
conhecimento para ser aprendido, precisa de ser transformado e adequado 
didacticamente para o seu ensino. 
 
 
 
 
 
 
 
 21 
Lição no 2: Conteúdos das Ciências Naturais 
 
Introdução 
 
 
Na lição anterior você aprendeu a definir a Didáctica de Ciências Naturais e a 
fazer o seu enquadramento e relacionamento com as outras ciências. Ora, agora 
vamos entender como seleccionar e combinar os conteúdos a leccionar. Nesse 
contexto, devemos estar sempre em alerta pelo facto de que os conteúdos 
científicos que representam as Ciências Naturais são de uma vasta variedade e 
complexidade, pelo que, caberá a si no futuro, como professor, definir de acordo 
com o programa de ensino o que dever ser ensinado e como deve ser ensinado. 
 
 
Objectivos 
 
 
Ao terminar esta lição você será capaz de: 
• Definir o conceito de conteúdo; 
• Classificar os conteúdos das Ciências Naturais; 
• Identificar os critérios de selecção dos conteúdos 
 
Tempo 
 
 
 
 
 
Tempo de Leitura: 45 minutos 
 
Terminologia 
 
Conteúdo, interdisciplinaridade, assimilação activa. 
 
 22 
Conceito de Conteúdo e sua classificação 
 
 Conceito de Conteúdo 
Conteúdo é a escolha consequente dos resultados duma ciência 
organizados pedagógica e didacticamente, tendo em vista a assimilação 
activa e a aplicação pelos alunos na sua prática da vida (MÜLLER, 
2005: 14). 
Classificação dos Conteúdos 
Segundo MÜLLER (2005: 14), o conteúdo de Ciências Naturais pode 
ser classificado em duas categorias: conteúdo do programa de ensino e 
conteúdo de processo de aquisição. 
O conteúdo do programa de ensino é aquele que você encontra patente 
nos programas para as diversas classes, por exemplo a matéria nova e 
as orientações metodológicas. Entretanto, existe uma segunda categoria 
de conteúdos que, não estando necessariamente inscrito nos programas 
de ensino, eles influenciam a aprendizagem do aluno, através do seu 
contacto permanente, por exemplo, as imagens patentes no espaço 
público (cartazes, panfletos, placas, etc.), revistas, bem assim as 
informações que o aluno recebe no seu convívio do quotidiano através 
da aquisição emocional. 
Critérios de Selecção dos Conteúdos 
Quando se pretende seleccionar o conteúdo da matéria nova a ser 
objecto de leccionação é preciso ter em conta vários critérios de modo a 
adequar o conteúdo existente nos programas de ensino. 
 
 
 
 
 
 
 23 
 
 
Actividade 
 
1. Imagine que você tenha que planificar uma aula e tem consigo o 
programa de ensino e o manual do professor, como vai decidir que 
conteúdo deve incluir na sua aula? 
2. Como vai avaliar a aplicabilidade do conteúdo ensinado? 
 
 
 
 
 
 Feedback 
Em relação às actividades de reflexão acima colocadas, compare as suas 
reflexões com as que se seguem. 
 Tendo em conta que o sujeito de aprendizagem é o aluno, logo, o 
primeiro elemento a ter em conta na selecção do conteúdo é o aluno. 
Este, torna-se crucial pois é o epicentro da actividade docente, por 
isso, todo o conteúdo seleccionado deve ter em conta inicialmente sua 
natureza, suas particularidades e anseios de forma a corresponder aos 
seus interesses, no âmbito do desenvolvimento da sua personalidade. 
Em segundo vamos ter em consideração a sociedade onde decorre a 
aprendizagem, tendo em consideração que o aluno não é um sujeito 
isolado, está inserido numa sociedade e a actividade docente deve 
igualmente centrar a sua actuação na satisfação presente e futura da 
sociedade onde o aluno está inserido. Por último, mas não menos 
importante, é necessário que os conteúdos seleccionados 
correspondam à disciplina que se está a leccionar, no caso particular, 
as Ciências Naturais, reflectindo o conjunto de conhecimento 
organizado desta ciência. 
 Em relação a aplicabilidade do conteúdo, é necessário que depois da 
aula, você avalie se a matéria aprendida teria gerado mudanças de 
comportamento, atitudes e convicções nos alunos para o seu 
quotidiano. Certamente que o momento mais marcante desta avaliação 
será nas provas que você irá administrar aos alunos. 
 
 
 
 24 
Em suma, um dos principais critérios para a selecção dos conteúdos é 
considerar o aluno, sociedade e disciplina científica. Esta relação pode ser 
representada da seguinte maneira: 
 
 
Fig. 2 – Critério de selecção dos conteúdos 
 
Entretanto, você pode usar um outro sistema de critérios, que nos remete 
analisar a: 
 Utilidade: os conteúdos devem ter aplicação no quotidiano dos alunos; 
 Validade: os conteúdos devem representar o conjunto de conhecimento 
organizado e actualizado; 
 Significância: os conteúdos devem ter impacto na vida dos alunos; 
 Flexibilidade: os conteúdos devem ser susceptíveis a renovação constante; 
 Viabilidade: os conteúdos devem ser compatíveis com todos os recursos 
(tempo disponível e meios de ensino). 
 
 
 
 
 
 25 
Procedimentos metodológicos para a formulação de conteúdos 
 
 
Para a formulação dos conteúdos, podemos considerar dois procedimentos 
metodológicos ou métodos: métodos dedutivo e indutivo. 
 
Método Indutivo 
De acordo com LAKATOS (1991: 47) este método consiste em partir de uma 
situação particular, para tirar uma conclusão, ou seja, parte-se do específico para 
o geral. 
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados 
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou 
universal, não contida nas partesexaminadas. Portanto, o objectivo dos 
argumentos é levar à conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das 
premissas nas quais se basearam. Esse processo ocorre em três etapas, 
nomeadamente, a observação dos objectos, fenómenos ou processos, em seguida 
descobrir a relação entre eles e finalmente generalizar a relação. Para as Ciências 
Naturais, podemos ter os seguintes exemplos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 26 
Método Dedutivo 
De acordo com LAKATOS (1991: 56), este método caracteriza-se em partir de 
uma situação geral e genérica para uma situação particular. 
A dedução é o processo mental contrário à indução. Através da indução, não 
produzimos conhecimentos novos, porém explicitamos conhecimento que antes 
estava implícito. 
 
Exemplos: 
Todo mamífero tem um coração. 
Ora, todos os cães são mamíferos. 
Logo, todos os cães têm um coração. 
 
 
 
Todo vertebrado possui vértebras. 
Ora, todos os macacos são vertebrados. 
Logo, todos macacos possuem vértebras. 
 
Princípios didácticos da estruturação dos conteúdos 
 
 
A estruturação dos conteúdos significa em outras palavras a selecção e a 
combinação destes. 
 
Deve-se sempre ter em conta que do vasto conteúdo existente na disciplina de 
Ciências Naturais podemos encontrar conteúdo importante e conteúdo essencial, 
tal como mostra o diagrama abaixo. 
 
 27 
 
Fig. 3 – Hierarquia do conteúdo tendo em conta a sua relevância 
 
Na combinação dos conteúdos a leccionar, o professor deve ter em conta alguns 
princípios didácticos, tais como: 
 Princípio de espiral; 
 Princípio da interdisciplinaridade; 
 Princípio da centralização do Homem; 
 Princípio da situação; 
 Princípio da ecologia; 
 Princípio da aplicação; 
 Princípio de consideração do empírico e teórico; 
 Princípio de consideração dos aspectos históricos; 
 Princípio da hierarquia da matéria viva. 
 
Cada princípio didáctico acima indicado apresenta suas características 
específicas. Veja em seguida a descrição de cada princípio didáctico na tabela que 
se segue: 
 
 
 
 
 28 
 
Tabela 1: Princípios didácticos para a estruturação da matéria nova 
Segundo MÜLLER, 2005 (adaptado) 
Princípios 
didácticos 
Características básicas 
Princípio de 
espiral 
Baseia-se no fundamento de que a criança não é um adulto em miniatura e nem 
uma tábua rasa. Por isso, a estruturação dos conteúdos deve sempre ter em conta os 
conhecimentos prévios dos alunos, as suas necessidades presentes e as 
necessidades futuras. No princípio de espiral deve-se ter em consideração a 
possibilidade de abordar o mesmo assunto ao longo de vários níveis de ensino com 
vários níveis de complexidade ou profundidade. 
Princípio da 
situação 
Tendo em conta este princípio, o professor deve estruturar os conteúdos, 
respeitando as vivências dos alunos, baseadas em situações quotidianas. 
Princípio da 
ecologia 
Os conteúdos devem ser estruturados tendo em conta os componentes individuais, 
sociais e ecológicos, isto é, deve-se respeitar a relação entre o Homem e o meio 
ambiente. 
Princípio da 
aplicação 
Os conteúdos devem ser estruturados tendo em conta a satisfação das necessidades 
dos alunos. Todo o processo de aprendizagem deve ter como consequência uma 
modificação no comportamento do educando, como resultado dos conhecimentos, 
habilidades e atitudes adquiridas. Neste âmbito, a aprendizagem ocorre tendo em 
conta o contexto do aluno. 
Princípio da 
centralização do 
Homem 
De acordo com este princípio, o professor deve ter em conta que o Homem está no 
centro das atenções de toda a actividade educativa. 
Princípio da 
interdisciplinarid
ade 
A estruturação do conteúdo deve ter em conta as diversas áreas do saber que estão 
estritamente relacionadas com as Ciências Naturais, tendo em conta uma 
abordagem transversal dos diversos conteúdos. 
Princípio de 
consideração do 
empírico e 
teórico 
Segundo este princípio, o professor deve valorizar os conhecimentos dos alunos, 
adquiridos com a sua experiência, combinando-os e sistematizando-os em teorias e 
leis. 
Princípio de 
consideração dos 
aspectos 
históricos 
A história da ciência é um elemento importante e encorajador para os alunos, pois 
mostra que o conhecimento actualmente existente foi se acumulando ao longo de 
várias gerações e que os alunos participam activamente nessa acumulação. 
Princípio da 
hierarquia da 
matéria viva 
De acordo com este princípio, o professor deve sempre ter em consideração que os 
conteúdos devem ser aprendidos de forma hierárquica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
 
Resumo 
 
 
 
 O conteúdo é a escolha consequente dos resultados duma ciência 
organizados pedagógica e didacticamente, tendo em vista a assimilação 
activa e a aplicação pelos alunos na sua prática da vida. 
 O conteúdo pode ser classificado em duas categorias: conteúdo do 
programa de ensino e conteúdo de processo de aquisição. 
 Um dos sistemas de critérios para a selecção do conteúdo da matéria nova 
considera: aluno, sociedade e disciplina específica. 
 Um outro sistema de critérios para a selecção do conteúdo da matéria nova 
considera: Utilidade, Validade, Significância, Flexibilidade e Viabilidade. 
 Para a estruturação dos conteúdos da matéria nova é necessário ter em 
conta os seguintes princípios didácticos: princípio de espiral, princípio da 
interdisciplinaridade, princípio da centralização do Homem, princípio da 
situação, princípio da ecologia, princípio da aplicação, princípio de 
consideração do empírico e teórico, princípio de consideração dos aspectos 
históricos e princípio da hierarquia da matéria viva. 
 
 
 
Auto-Avaliação 
 
 
 
1. Defina o conceito de Conteúdo. 
2. Classifique os conteúdos de Ciências Naturais. 
3. Indique os critérios que devem ser considerados na selecção do 
conteúdo da matéria nova. 
4. Explique a importância do princípio da interdisciplinaridade na 
estruturação dos conteúdos da matéria nova. 
 
 
 
 
 
 
 30 
 
Comentários 
 
 
 
1. Conteúdo é a escolha consequente dos resultados duma ciência 
organizados pedagógica e didacticamente, tendo em vista a assimilação 
activa e a aplicação pelos alunos na sua prática da vida. 
2. O conteúdo pode ser classificado em conteúdo de introdução, matéria 
nova, consolidação, controle/avaliação e as orientações metodológicas 
constantes nos programas de ensino. 
3. Existem dois critérios usados na selecção de conteúdos da matéria nova, 
que são: 1º sistema de critérios considera o aluno, a sociedade e a 
disciplina de Ciências Naturais. O 2º sistema de critérios considera que o 
conteúdo deve ter utilidade, validade significância e deve ser viável e 
flexível. 
4. Segundo o princípio da interdisciplinaridade, para estruturar o conteúdo 
de Ciências Naturais o professor deve ter em conta as diversas áreas do 
saber que estão estritamente relacionadas com as Ciências Naturais, 
recorrendo a elas quando for necessário. A grande vantagem da aplicação 
deste princípio didáctico é de, além de poupar tempo, evitar uma 
aprendizagem de factos isolados. 
 
 
 31 
 
Lição no 3: Objectivos 
 
Introdução 
 
 
No nosso dia-a-dia temos utilizado com certa frequência a palavra objectivo. 
Recorremos a ela para indicar a finalidade de uma acção, a meta de um percurso, 
entre outros aspectos. Na actividade docente, a reflexão sobre objectivos pode ser 
considerada um complemento à reflexão sobre as estratégias, pois é necessário 
analisar a realidade para se saber onde é que estávamos, onde estamos e para onde 
é que vamos. Nesta lição vamos aprender a definir os objectivos de uma aula, a 
partir dos objectivos e competências emanados no programa de ensino. 
 
 
Objectivos 
 
 
Ao terminar esta lição você será capaz de: 
 Definir o conceito de objectivo; 
 Classificar os objectivos, tendo em conta o critério de projecção e de 
nível de complexidade das operações a realizar pelo aluno; Descrever as características, propriedades e elementos dos objectivos; 
 Formular objectivos para uma aula. 
 
Tempo 
 
 
 
 
 
Tempo de Leitura: 50 minutos 
 
Terminologia 
 
Objectivos, níveis, cognitividade, psicomotricidade, afectividade 
 
 
 32 
Conceito de Objectivo e sua classificação 
 
 
Objectivo é a transformação das orientações estratégicas, quer funções ou 
finalidades, em resultados pré-concebidos e concreto-operacionalizados 
(MÜLLER, 2005: 11). 
No conceito em análise, é necessário ter em conta que no contexto da definição, 
traça-se de forma prévia (significado de objectivos pré-concebidos) uma série de 
propósitos educativos que de maneira estruturada serão alcançados de forma 
satisfatória (significado de objectivos concreto-operacionalizados). 
Classificação dos Objectivos 
Os objectivos podem ser classificados tendo em conta vários critérios. Para a 
Didáctica, existem dois critérios fundamentais: critério de projecção (taxonomia 
de Möller) e critério de níveis de complexidade de operações mentais a realizar 
pelo aluno (taxonomia de Bloom). 
Critério de Projecção 
Na classificação dos objectivos tendo em conta o critério de projecção, de acordo 
com a taxonomia de Möller, considera-se o seguinte: objectivos gerais, 
específicos e mais específicos. (MÜLLER, 2005: 11) 
Agora observe atentamente o esquema abaixo. 
 
 33 
 
 
Fig. 4 – Classificação dos objectivos segundo o critério de projecção (Möller) 
Existe uma outra terminologia para esta taxonomia dos objectivos: os objectivos 
gerais também podem ser designados educacionais e os objectivos específicos e 
mais específicos também podem ser designados por objectivos instrucionais. 
No exercício da operacionalização dos objectivos, deve-se considerar que, de 
acordo com a sua hierarquia, os objectivos específicos subordinam-se aos 
objectivos gerais, isto é, consistem numa especificação dos objectivos gerais. 
 
 
Critério de nível de complexidade das operações a realizar pelo aluno 
 
 
Na classificação dos objectivos tendo em conta o critério de nível de 
complexidade das operações a realizar pelo aluno, de acordo com a taxonomia de 
Bloom (1956), considera-se o seguinte: nível cognitivo, nível psicomotor e nível 
afectivo. 
Tal como no critério anterior, podemos esquematizar este critério da seguinte 
forma: 
 
 
Projecção de 
unidades didácticas 
ou várias aulas 
Projecção de uma 
aula ou fases da aula 
Projecção de um 
ano ou vários anos 
Epecíficos Mais Específicos Gerais 
Objectivos 
podem ser 
Correspondem a Correspondem a Correspondem a 
Ex: Programa de 
ensino 
Ex: Plano analítico Ex: Plano de lição 
 
 34 
Fig. 5 – Classificação dos objectivos segundo o critério dos níveis de 
complexidade das operações (Taxonomia de Bloom) 
O domínio cognitivo engloba os objectivos que implicam uma mobilização de 
conhecimentos e que incidem sobre o desenvolvimento das habilidades e 
capacidades mentais. 
O domínio psicomotor implica operações mentais de cognição e acção, isto é, a 
prontidão em responder às situações de aprendizagem e da vida com destreza, 
flexibilidade, rapidez e exactidão. 
O domínio afectivo compreende os objectivos que descrevem as modificações de 
interesse, as atitudes e os valores, assim como o progresso na capacidade de 
decisão e na capacidade de adaptação. 
Segundo FERRAZ e BELHOT (2010: 424), em relação ao domínio cognitivo, 
Bloom e seus colaboradores categorizaram o domínio cognitivo em seis estágios 
que representam diferentes níveis de complexidade de operações: conhecimento, 
compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. 
 
Fig. 6 - Categorias do domínio cognitivo (FERRAZ e BELHOT, 2010: 424) 
Para a definição de objectivos do domínio cognitivo, existe um conjunto de 
verbos a usar em cada estágio, tal como se ilustra na tabela seguinte: 
Aptidões perceptivas 
Destrezas físicas 
Capacidades 
Habilidades 
Actividades semi-
intelectuais 
Organização 
Exactidão 
 Prontidão 
Valorização 
Interesse 
Atitudes, Convicções 
Valores, Sentimentos 
Conhecimento 
Compreensão 
Aplicação 
Análise 
Síntese 
Avaliação 
Nível Psicomotor Nível Afectivo Nível Cognitivo 
Objectivos 
podem ser definidos no 
Referem-se a Referem-se a Referem-se a 
 
 35 
Tabela 2 - Definição das diferentes categorias do domínio cognitivo 
 
Categoria Definição Verbos usados 
Conhecimento 
Habilidade de lembrar informações e 
conteúdos previamente abordados como 
factos, datas, palavras, teorias, métodos, 
classificações, lugares, regras, critérios, 
procedimentos, etc. 
Enumerar, definir, descrever, identificar, 
denominar, listar, nomear, combinar, realçar, 
apontar, relembrar, recordar, relacionar, 
reproduzir, solucionar, declarar, distinguir, 
rotular, memorizar, ordenar e reconhecer. 
Compreensão 
Habilidade de compreender e dar 
significado ao conteúdo. Essa 
habilidade pode ser demonstrada por 
meio da tradução do conteúdo 
compreendido para uma nova forma 
(oral, escrita, diagramas, etc.) ou 
contexto. 
 
Alterar, construir, converter, descodificar, 
defender, definir, descrever, distinguir, 
discriminar, estimar, explicar, ilustrar, 
generalizar, dar exemplos, inferir, 
reformular, prever, reescrever, resolver, 
resumir, classificar, discutir, identificar, 
interpretar, reconhecer, redefinir, situar, 
seleccionar e traduzir. 
Aplicação 
Habilidade de usar informações, 
métodos e conteúdos aprendidos em 
novas situações concretas. Isso pode 
incluir aplicações de regras, métodos, 
modelos, conceitos, princípios, leis e 
teorias. 
Aplicar, alterar, programar, demonstrar, 
desenvolver, descobrir, dramatizar, 
empregar, ilustrar, interpretar, manipular, 
modificar, operacionalizar, organizar, prever, 
preparar, produzir, relatar, resolver, 
transferir, usar, construir, esboçar, escolher, 
escrever, operar e praticar. 
Análise 
Habilidade de subdividir o conteúdo em 
partes menores com a finalidade de 
entender a estrutura final, incluindo a 
identificação das partes, análise de 
relacionamento entre a identificação das 
partes, análise de relacionamento entre 
as partes e reconhecimento dos 
princípios organizacionais envolvidos. 
Analisar, reduzir, classificar, comparar, 
contrastar, determinar, deduzir, distinguir, 
diferenciar, identificar, ilustrar, apontar, 
inferir, relacionar, seleccionar, separar, 
subdividir, calcular, discriminar, examinar, 
experimentar, testar, esquematizar e 
questionar. 
Síntese 
Habilidade de agregar e juntar partes 
com a finalidade de criar um novo todo 
ou ainda combinar partes não 
organizadas para formar um todo. 
Categorizar, combinar, compilar, compor, 
conceber, construir, criar, desenhar, elaborar, 
estabelecer, explicar, formular, generalizar, 
inventar, modificar, organizar, originar, 
planificar, propor, reorganizar, relacionar, 
rever, reescrever, resumir, sistematizar, 
escrever, montar, desenvolver, estruturar e 
projectar. 
Avaliação 
Habilidade de julgar o valor do material 
(proposta, pesquisa, projecto) para um 
propósito específico. 
 
Avaliar, averiguar, escolher, comparar, 
concluir, contrastar, criticar, decidir, 
defender, discriminar, explicar, interpretar, 
justificar, relatar, resolver, resumir, apoiar, 
validar, detectar, estimar, julgar e 
seleccionar. 
Segundo FERRAZ e BELHOT, 2010 (adaptado) 
 
 36 
 
Características, Propriedades e Elementos dos Objectivos 
 
 Características e propriedades 
Os objectivos definidos para as aulas de Ciências Naturais devem ter em conta 
algumas características e propriedades a saber: pertinentes, compatíveis, 
alcançáveis, lógicos, inequívocos, concretos, observáveis, realizáveis, 
mensuráveis, relevantes, congruentes e observáveis. 
Estas características e propriedades visam reduzir ou eliminar as ambiguidades, 
se não, ora vejamos: (Tabela 3) 
Tabela 3 - Características e Propriedades dos objectivosCaracterística/ 
propriedade 
Significado 
Pertinentes Devem estar relacionados com o conteúdo. 
Compatíveis Devem estar de acordo com os pré-requisitos necessários para a sua materialização. 
Alcançáveis Devem ter um horizonte palpável e possível. 
Lógicos Devem apresentar os mesmos resultados, não devem apresentar contradições. 
Inequívocos Devem ser definidos com precisão indicando o que se pretende exactamente. 
Concretos Não devem apresentar ambiguidades. 
Observáveis Devem possibilitar o alcance do objecto pelo qual foram traçados. 
Realizáveis Devem estar relacionados com o ambiente real do aluno. 
Mensuráveis Devem ser possíveis de medir através de uma escala de avaliação do aluno. 
Relevantes Devem estar relacionados com os interesses reais do sujeito de aprendizagem. 
Congruentes O conteúdo não pode ser diferente dos objectivos. 
Equilibrados Deve haver um equilíbrio entre os âmbitos e níveis pelos quais foram traçados. 
 
Segundo MÜLLER, 2005 (adaptado) 
 
 
 
 37 
 
 
 
Elementos dos Objectivos 
Os objectivos apresentam os seguintes elementos: Sujeito, Actividade, Conteúdo, 
Contexto e Critério. 
Agora observe o esquema abaixo que ilustra as características dos elementos dos 
objectivos: 
 
Tabela 4 - Elementos dos objectivos 
Elementos Características 
Sujeito Quem vai practicar a acção: o aluno 
Actividade Designação do comportamento activo a executar pelo aluno 
Conteúdo 
Conjunto de conhecimentos, capacidades, habilidades e atitudes 
correspondentes à actividade a desempenhar 
Contexto 
Indicação das condições importantes nas quais a actividade se deve 
reproduzir, por exemplo a circunstância requerida ou desejada 
Critério Expressão de um resultado positivo 
 
Segundo MÜLLER, 2005 (adaptado) 
Formulação dos Objectivos 
Tendo em conta todos os elementos que foram descritos acima, para formularmos os objectivos 
de uma aula, devemos reflectir profundamente e actuarmos de acordo com os instrumentos 
recomendados. 
De seguida apresenta-se um exemplo onde você vai aprender a formulação de objectivos mais 
específicos nos níveis cognitivo, psicomotor e afectivo: 
 
Tema: Introdução ao estudo da Poluição (6ª classe - Unidade Temática: Poluição) 
Objectivos da aula 
Nível cognitivo Nível psicomotor Nível afectivo 
O aluno deve: 
 Conhecer os agentes 
poluentes. 
 
O aluno deve ser capaz de: 
 Classificar os tipos de 
poluição tendo em conta 
os agentes poluentes. 
O aluno deve: 
 Dar o seu contributo 
para preservar o meio 
ambiente livre da 
poluição. 
 
 
 38 
 
 
Resumo 
 
 
 
 Objectivo é a transformação das orientações estratégicas, quer funções ou 
finalidades, em resultados pré-concebidos e concreto-operacionalizados; 
 Os objectivos podem ser classificados tendo em conta vários critérios. 
Existem dois critérios fundamentais: critério de projecção (taxonomia de 
Möller) e critério de níveis de complexidade (taxonomia de Bloom). 
 De acordo com a taxonomia de Möller consideram-se três níveis ou esferas 
de projecção: objectivos gerais, específicos e mais específicos. De acordo 
com a taxonomia de Bloom, consideram-se três níveis: cognitivo, 
psicomotor e afectivo. 
 No nível cognitivo, os objectivos focam a aprendizagem de conhecimentos, 
desde a recordação e compreensão de algo estudado, aplicar, analisar e 
reorganizar a aprendizagem de um modo singular e criativo, reordenando o 
material ou combinando-o com ideias ou métodos anteriormente 
aprendidos. 
 No nível psicomotor, os objectivos estão ligados à habilidade motora, 
manipulação de objectos ou acções que requerem coordenação 
neuromuscular. São, geralmente, relacionados à caligrafia, arte mecânica, 
manuseamento de aparelhos ou ferramentas como o microscópio, balanças, 
globos, etc. 
 Em relação ao nível afectivo, os objectivos dão ênfase aos sentimentos, 
emoções, aceitação ou rejeição de algo. 
 Objectivos devem ser: pertinentes, lógicos, observáveis, relevantes, 
compatíveis, realizáveis, inequívocos, congruentes, concretos, 
mensuráveis, equilibrados e alcançáveis. 
 Para a formulação dos objectivos é necessário ter em conta 
fundamentalmente o sujeito, a actividade e o conteúdo, sendo que em 
algumas vezes, deve-se indicar o contexto e o critério. 
 
 
 39 
 
 
 
Exercícios 
Tempo de Resolução: 35 minutos. 
1. Defina o conceito de objectivo. 
2. Classifique os objectivos segundo a taxonomia de Bloom. 
3. “Os objectivos específicos subordinam-se aos objectivos gerais”. 
Argumente esta afirmação. 
4. “Os objectivos devem ser mensuráveis”. Fundamente. 
5. Mencione os elementos a ter em conta para formularmos objectivos 
para uma aula. 
6. Indique na seguinte formulação os elementos dos objectivos. 
“O aluno deve classificar os tipos de flores tendo em conta o número 
de pétalas.” 
7. Classifique os seguintes objectivos segundo a Taxonomia de Möller 
e de Bloom. 
 
Objectivo Taxonomia de Möller Taxonomia de Bloom 
No fim da aula, o aluno deve 
ser carpaz de desenhar uma flor 
completa. 
 
No fim da 9ª classe, o aluno 
deve ter interesse para o estudo 
das plantas. 
 
No fim da unidade 
“Metabolismo”, o aluno deve 
ter conhecimentos sobre os 
diferentes processos 
metabólicos. 
 
 
 
 
 
 40 
 
 
Possíveis 
respostas 
 
 
1. Objectivo é a transformação das orientações estratégicas, quer funções ou 
finalidades em resultados pré-concebidos e concreto-operacionalizados. 
2. De acordo com a taxonomia de Bloom, os objectivos podem ser 
cognitivos, psicomotores e afectivos. 
3. Os objectivos específicos subordinam-se aos objectivos gerais pois os 
objectivos específicos constituem a especificação dos gerais e o seu 
alcance constitui a materialização intermediária dos objectivos gerais. 
4. O objectivos devem ser possíveis de medir através de uma escala de 
avaliação do aluno. 
5. Os elementos dos objectivos são: aluno, actividade e conteúdo (em alguns 
casos, o critério). 
 Critério 
 
6. O aluno deve classificar os tipos de flores tendo em conta o número de pétalas. 
 
Sujeito Actividade Conteúdo 
 
7. 
Objectivo Taxonomia de Möller Taxonomia de Bloom 
No fim da aula, o aluno deve 
ser carpaz de desenhar uma flor 
completa. 
Objectivo mais específico Objectivo no nível psicomotor 
No fim da 9 classe, o aluno 
deve ter interesse para o estudo 
das plantas. 
Objectivo geral Objectivo no nível afectivo 
No fim da unidade 
“Metabolismo”, o aluno deve 
ter conhecimentos sobre os 
diferentes processos 
metabólicos. 
Objectivo específico Objectivo no nível cognitivo 
 
 
 41 
 
 
Actividade 
 
Actividade de GRUPO 
 Tarefa: Formule objectivos de acordo com a taxonomia de Bloom para as 
aulas, com os seguintes temas: 
 Pesca artesanal; 
 Movimentos Respiratórios; 
 Processo Digestivo no Homem; 
 Características dos rios. 
 
Orientações: devem ser formados grupos de 4 a 6 pessoas para resolver a 
tarefa. O tempo para a resolução da mesma é de 30 minutos. Após a sua 
conclusão, comparem os verbos usados com os sugeridos na tabela 2 e 
avaliem as principais características e elementos dos objectivos na vossa 
formulação, usando as tabelas 3 e 4 da lição 3 desta unidade. 
No final dos trabalhos, o tutor geral ou de especialidade poderá fazer a 
avaliação do trabalho. 
 
 
Bibliografia Básica da Unidade 1 
 1. BLOOM, B. S, et al, Taxonomy of Educational Objectives: The 
Classification of Educational Objectives. Hand Book I and II. New York, 
David Mckay, 1956 
2. FERRAZ, Ana Paula do Carmo Marcheti e BELHOT, RenatoVairo, 
Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do 
instrumento para definição de objectivos instrucionais, Revista Gestão da 
Produção e Sistemas, São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010 
3. LAKATOS, Eva M. e MARCONI, Marina A., MetodologiaCientífica, 
São Paulo, Editora Atlas S.A., 1991 
4. LIBÂNEO, J. Didáctica, São Paulo, Cortez Editora, 1992 
5. MÜLLER, Susann, Didáctica das Ciências Naturais, 1ª Edição, Maputo, 
Texto Editores, 2005 
6. NIVAGARA, Daniel, Didáctica Geral, Maputo, Universidade 
Pedagógica, s.d.; 
7. PILETTI, Claudino. Didáctica Geral, São Paulo, Editora Atica; 2004; 
8. SOUSSAN, Georges, COMO ENSINAR AS CIÊNCIAS 
EXPERIMENTAIS?: Didática e Formação, Brasília, ©UNESCO, 2003. 
 
 
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Pág. 43 - 63 
 
Conteúdos 
2
U
N
ID
A
D
E 
Unidade no 2: Métodos, Procedimentos e Meios de Ensino 
das Ciências Naturais 
Lição no 1: Actividades Cognitivas dos Alunos 
Actividades cognitivas 
Função das Actividades Cognitivas 
Classificação das Actividades Cognitivas 
Lição no 2: Meios de Ensino 
Conceito e Função Geral de Meios Didácticos 
Conceito Meios Didácticos 
Função geral dos Meios Didácticos 
Funções específicas dos Meios Didácticos 
Factores para a escolha dos Meios Didácticos 
Classificação dos Meios Didácticos 
Importância dos Meios Didácticos 
Propostas de Temas para Investigação 
 
Métodos, Procedimentos e 
Meios de Ensino das 
Ciências Naturais 
 
 43 
 
Unidade no 2: Métodos, Procedimentos e Meios de Ensino das 
Ciências Naturais 
 
Introdução 
 
 
Bem vindo à segunda unidade do Módulo de Didáctica de Ciências Naturais. 
Certamente que você aprendeu bastante na primeira unidade e já se encontra em 
condições de embarcar para esta unidade. Nesta unidade iremos abordar os 
métodos, procedimentos e meios de ensino para as Ciências Naturais. Tendo 
aprendido na unidade anterior a definição dos objectivos e os critérios para 
seleccionar conteúdos de aprendizagem, já é chegado o tempo de aprender a 
seleccionar os métodos e os meios didácticos adequados para uma determinada 
aula. 
Esta unidade tem 2 lições. O tempo de leitura da unidade é de 80 minutos e o 
tempo de resolução das actividades é de 60 minutos. 
 
 
 
 
 
 Objectivos 
 
Ao terminar esta unidade você será capaz de: 
 Conhecer as actividades cognitivas do aluno; 
 - Compreender a necessidade de usar os meios didácticos nas aulas de 
Ciências Naturais. 
 
 
 44 
Lição no 1: Actividades Cognitivas dos Alunos 
 
Introdução 
 
 
Como professor, você deve ter sempre em mente que a melhor maneira de ajudar 
o seu aluno a aprender é dar-lhe uma actividade para exercer durante a aula. Para 
tal, deve sempre apostar num ensino que deve ser construtivista, para promover a 
mudança conceitual e facilitar a aprendizagem duradoura dos alunos. 
A preocupação actual do ensino de Ciências centra-se na qualidade acima da 
quantidade, o significado acima da memorização e a compreensão acima do 
conhecimento. 
As actividades cognitivas dos alunos são importantes para o desenvolvimento da 
personalidade do aluno e contribuem para a aprendizagem significativa. 
 
 
Objectivos 
 
 
Ao terminar esta lição você será capaz de: 
 Definir o conceito de actividades cognitivas; 
 Classificar as actividades cognitivas; 
 Aplicar as actividades cognitivas na sala de aulas. 
 
Tempo 
 
 
 
 
 
Tempo de Leitura: 45 minutos 
 
Terminologia 
 
 
Observação, descrição, experimentação, fundamentação, classificação 
 
 45 
Actividades cognitivas 
 
 Função das Actividades Cognitivas 
As actividades cognitivas servem para a obtenção de conhecimentos, 
capacidades/habilidades e atitudes/convicções através dum comportamento activo 
do aluno durante o processo de ensino-aprendizagem. 
Classificação das Actividades Cognitivas 
As actividades cognitivas dos alunos manifestam-se durante o processo de 
ensino-aprendizagem e servem para o desenvolvimento integral da personalidade 
do aluno. 
As actividades cognitivas decorrem no nível empírico e teórico. Por sua vez, as 
actividades empíricas são: actividade de observar e experimentar. As actividades 
teóricas são: actividade de classificar, actividade de explicar, actividade de 
fundamentar, actividade de definir. A actividade de descrever pode decorrer tanto 
no nível empírico como no nível teórico. 
 
Actividade Cognitiva de Observar 
Na actividade cognitiva de observar, o aluno verifica as propriedades e 
características dum objecto ou o decorrer dum fenómeno ou processo sem alterar 
o objecto, fenómeno ou processo (MÜLLER, 2005: 21). 
 
A actividade cognitiva de observar pode fazer parte de um método científico. Este 
método é o método de observação. De acordo com MÜLLER (2005: 21), o 
método de observação apresenta a seguinte estruturação: 
 1. Identificação do problema 
 2. Colocação da hipótese 
 3. Revisão da hipótese segundo o método de observação 
 3.1. Dedução das conclusões da hipótese 
 3.2. Observação (formulação da tarefa para a observação; planificação da 
realização da observação e preparação das bases técnico-materiais; 
realização da observação; registo dos resultados da observação) 
 3.3. Comparação dos resultados da observação com as conclusões da 
 
 46 
hipótese 
 3.4. Revisão da veracidade da hipótese 
 4. Resposta ao problema 
 
Actividade cognitiva de Descrever 
De acordo com MÜLLER (2005: 20), na actividade cognitiva de descrever, os 
alunos devem indicar afirmações sobre as características de um objecto, 
fenómeno ou processo. Durante essa actividade, o aluno reflecte um conjunto de 
conhecimentos sistematizados acerca das propriedades do que se pretende 
descrever. Assim, a descrição apresenta a seguinte estrutura lógica: 
 
 
Fig. 7 –Estrutura da actividade cognitiva de descrever (adaptado de MÜLLER, 
2005). 
 
Actividade cognitiva de Experimentar 
Na actividade cognitiva de experimentar, o aluno participa no desenrolar do 
processo ou fenómeno. 
Segundo MÜLLER (2005: 22), a actividade cognitiva de experimentar está 
directamente ligada com o método experimental. Este método apresenta a 
seguinte estruturação: 
 1. Identificação do problema 
 2. Colocação da hipótese 
 3. Revisão da hipótese segundo o método de experimentação 
 3.1. Dedução das conclusões da hipótese experimentalmente prováveis 
 3.2. Experimentação (formulação da tarefa para a observação; 
planificação da realização das actividades práticas e preparação das bases 
técnico-materiais; realização da experimentação ou da experiência; 
observação; registo dos resultados da experimentação ou da experiência) 
 
 47 
 3.3. Comparação dos resultados da observação com as conclusões da 
hipótese experimentalmente prováveis 
 3.4. Revisão da veracidade da hipótese 
 4. Resposta ao problema 
A actividade cognitiva de experimentar está directamente ligada à actividade de 
explicar. 
Actividade cognitiva de Explicar 
Na actividade cognitiva de Explicar, o aluno indica afirmações sobre o ‘’porquê’’ 
da existência das características de um objecto, fenómeno ou processo. Para isso, 
utilizam-se afirmações sobre leis ou afirmações condicionais. 
O resultado da actividade cognitiva de explicar é a explicação. 
Pode se incluir aqui a estrutura duma explicação: Explicans e Explicandum. 
De acordo com MÜLLER (2005: 20), para realizar a actividade cognitiva de 
explicar utiliza-se o seguinte procedimento: 
1. Procurar conceitos ou afirmações que estão relacionados com o 
objecto, fenómeno ou processo observado e/ou descrito. 
2. Indicar as condições/leis sobre as quais aparece o objecto, fenómeno 
ou processo. 
3. Deduzir a partir dos passos 1 e 2 a explicação das características do 
objecto, fenómeno ou processo observado e/ou descrito. 
Actividade cognitiva de Fundamentar 
Na actividade cognitiva de Fundamentar, os alunos devem apresentar argumentos 
que justifiquem a veracidade ou falsidade duma tese. 
Nesta actividade cognitiva, os alunos devem combinar os seguintes elementos: 
 
1. Tese: afirmação que os alunos devem fundamentar. 
2. Argumentos: afirmação quefundamenta a tese. 
3. Metodologia: modo de ordem de argumentos para conclusões a partir das quais 
se deduz a tese. 
O resultado da actividade de fundamentar é o fundamento que possui a seguinte 
estrutura lógica: 
 
 48 
 
Fig. 8 –Estrutura da actividade cognitiva de Fundamentar (adaptado de 
MÜLLER, 2005) 
 
Ao fundamentar os alunos justificam a veracidade ou a falsidade de uma tese. 
Neste sentido, pode-se distinguir entre: 
Comprovar: Para fundamentar a verdade de afirmações, os alunos devem 
argumentar afirmações seguras. A tese resulta obrigatoriamente de argumentos. 
Refutar: Fundamentar a falsidade de uma tese. 
Actividade cognitiva de Classificar 
Na actividade cognitiva de Classificar, os alunos devem repartir ou dividir um 
conjunto (uma classe) de objectos, fenómenos ou processos em partes desta classe 
na base duma característica comum. 
De acordo com MÜLLER (2005: 22), o resultado da actividade cognitiva de 
classificar é um sistema de conceitos ou mapa de conceitos. 
No nível básico, por exemplo, a classificação dos seres vivos pode-se apresentar 
através de um mapa de seguinte configuração: 
 
Fig. 9 –Mapa de conceitos sobre os seres vivos 
 
Os sistemas de conceitos foram inicialmente desenvolvidos pelo investigador 
 
 49 
Joseph Novak por volta 1970, nos Estados Unidos da América. São usados para 
representar e organizar um conjunto de conhecimentos. 
De acordo com MÜLLER (2005: 27), quando se estabelece um sistema de 
conceitos ou mapa de conceitos, é necessário que se tenha em conta os seguintes 
aspectos: 
1. Um conceito precisa sempre de um outro; 
2. Os conceitos devem ser comparáveis; 
3. É necessário assegurar que haja uma comparação intra e 
interespecífica para identificar as características gerais e essenciais. 
 
Os conceitos adquirem significado quando se associam numa unidade semântica 
– a proposição, adquirindo significado quando unidos por palavras de enlace, 
como no exemplo que se segue, para a classificação dos seres vivos: 
 
Fig. 10 –Mapa de conceitos sobre os seres vivos 
 
As palavras de enlace servem para estabelecer a relação supra ou sub específica 
existente entre os diversos conceitos que constituem o sistema. 
No ensino básico o professor pode se deparar com um problema que, de certa 
forma, pode comprometer o sucesso da acção docente: o domínio dos símbolos 
universais de represetação de macho e fêmea. 
A aprendizagem é maioritariamente feita através de símbolos e signos que, 
quando combinados, ganham significado. Entretanto, quanto mais habilidoso for 
o aluno em descodificar os signos e símbolos, mais facilmente poderá aprender. 
Existem alunos que, embora conheçam o sistema alfabético e apresentem um 
domínio aceitável da leitura e escrita enfretam grandes dificuldades na 
interpretação da simbologia científica, para tal, o professor deve ser criativo e 
procurar mecanismos de tornar possível e fácil a compreensão dessa simbologia 
 
 50 
para reduzir o excesso de texto na representação de um conhecimento. 
 
Resumo 
 
 
 
 As actividades cognitivas servem para a obtenção de conhecimentos, 
capacidades/habilidades e atitudes/convicções, através dum comportamento 
activo do aluno durante o processo de ensino-aprendizagem; 
 Existem várias actividades cognitivas, dentre elas: observar, descrever, 
experimentar, fundamentar e classificar, que decorrem ou no nível empírico ou 
no nível teórico. 
 Na actividade cognitiva de observar, o aluno verifica as propriedades e 
características dum objecto ou o decorrer dum fenómeno ou processo sem 
alterar o objecto, fenómeno ou processo; 
 Na actividade cognitiva de descrever, os alunos têm de formular afirmações 
sobre as características de um objecto, fenómeno ou processo; 
 Na actividade cognitiva de experimentar, o aluno, participa no seu desenrolar; 
 Na actividade cognitiva de explicar, os alunos verificam o porquê da 
existência das propriedades e características dum objecto ou decorrer dum 
fenómeno ou processo. 
 Na actividade cognitiva de fundamentar, os alunos devem apresentar 
argumentos que justifiquem a veracidade ou falsidade duma tese; 
 Na actividade cognitiva de classificar, os alunos devem repartir ou dividir um 
conjunto (uma classe) de objectos, fenómenos ou processos em partes desta 
classe na base duma característica comum, formando um mapa de conceitos. 
 
 
 
Exercícios 
Tempo de Resolução: 35 minutos. 
1. Defina o conceito de actividade cognitiva. 
2. Classifique as actividades cognitivas. 
3. Fundamente a seguinte afirmação: “As actividades cognitivas dos 
alunos são importantes para o desenvolvimento da personalidade do 
aluno e contribuem para a aprendizagem significativa”. 
4. Descreva como se pode aplicar a actividade cognitiva de classificar 
para a sistematização dos conteúdos da matéria nova. 
 
 51 
5. Usando a actividade cognitiva de classificar, desenvolva um mapa de 
conceitos, para o tema “Constituição do Solo”. 
 
 
Possíveis 
respostas 
 
 
1. Actividade cognitiva é o meio pelo qual os alunos adquirem 
conhecimentos, capacidades e habilidades em Ciências Naturais, 
didacticamente estruturada. 
2. As actividades cognitivas classificam-se em: empíricas e teóricas. Por sua 
vez, as teóricas podem ser: actividade de classificar, actividade de 
descrever, actividade de experimentar e actividade de fundamentar. As 
actividades de observar e experimentar decorrem no nível empírico. A 
actividade de descrever também pode decorrer no nível empírico. 
3. É através das actividades cognitivas que os alunos adquirem os conceitos 
básicos e percebem processos e fenómenos complexos estudados nas 
Ciências Naturais. 
4. A actividade cognitiva de classificar pode ser aplicada para sistematizar 
os conhecimentos dos alunos através de desenvolvimento de mapas de 
conceitos que estabelecem entre si significado de acordo com a relação 
existente. 
5. Mapas de Conceitos: considerar outros mapas, desde que se respeite a 
super e subordinação dos conceitos. 
Exemplo de um mapa de conceitos para o tema ”Constituição do solo”. 
 
 
 
 
 52 
Lição no 2: Meios de Ensino 
 
Introdução 
 
 
Com certeza você já entendeu que para a planificação de uma aula de Ciências 
Naturais existe um conjunto de regras que deve ser seguido. Para a efectivação de 
uma determinada aula sobre a abordagem de um objecto, fenómeno ou processo, 
nem sempre é possível levá-lo a sala de aulas, daí que você deve criar condições 
de representar esse objecto, fenómeno ou processo através de meios de ensino. 
Nesta lição vamos tratar dos meios de ensino em Ciências Naturais. Existe uma 
diversidade de meios para condução das aulas. A eficácia de cada meio para tratar 
um determinado conteúdo, depende da sua escolha consciente, associando todos 
os elementos importantes a ter em conta. 
Tempo de Leitura: 35 minutos 
 
 
Objectivos 
 
 
Ao terminar esta lição você será capaz de: 
 Conhecer as funções dos meios didácticos; 
 Identificar os factores para escolha dos meios didácticos; 
 Classificar os meios didácticos tendo em conta o grau de abstração; 
 Reconhecer a importância dos meios didácticos. 
 
Tempo 
 
 
 
 
 
Tempo de Leitura: 35 minutos 
 
Terminologia 
 
Meio didáctico, grau de abstração. 
 
 
 53 
Conceito e Função Geral de Meios Didácticos 
 
 Conceito Meios Didácticos 
Os meios didácticos, também designados meios de ensino ou recursos didácticos 
são todos os meios e recursos materiais e humanos utilizados pelo professor e 
pelos alunos para a organização e condução metódica do processo de ensino e 
aprendizagem. 
Você pode encontrar o aprofundamento deste conceito na unidade 5, lições 26 e 
27 do Módulo de Didáctica Geral. 
Função geral dos Meios Didácticos 
Antes de escolher um determinado meio de ensino ou didáctico, é necessário 
reflectir sobre o seu papel. No geral,existem duas categorias de funções que os 
meios didácticos podem assumir, nomeadamente, a função geral e as funções 
específicas. 
Tendo em conta a sua finalidade geral, os meios didácticos são um instrumento 
para auxiliar o professor a alcançar os objectivos previamente traçados e 
contribuem para a redução do grau de abstração nos alunos. 
Funções específicas dos Meios Didácticos 
Os meios didácticos possuem seis funções específicas: motivação, efectivação, 
representação, informação, organização e consolidação (segundo MÜLLER, 
2005: 33). 
Atente na figura abaixo: 
 
 
 54 
 
 
 
 
Fig. 11 Funções específicas dos meios didácticos 
 
Como você pôde concluir na figura acima, as funções específicas dos meios 
didácticos permitem a sua escolha consciente, tendo em conta a natureza do 
conteúdo a transmitir. Portanto, se você pretende decidir por um ou outro meio 
didáctico, deve ter sempre em mente que as funções devem ser conjugadas com 
alguns factores que veremos a seguir. 
Factores para a escolha dos Meios Didácticos 
Para a escolha dos meios didácticos, existem vários factores a saber: tipo de 
aluno, nível de desenvolvimento do pensamento do aluno, o professor, 
conteúdo de ensino-aprendizagem, local de ensino, número de alunos, tempo 
disponível, objectivo de ensino-aprendizagem. 
De forma específica, você deve ter em conta que o tipo de aluno, quer seja tipo 
visual, tipo táctil, tipo auditivo ou abstrato idiomático, define o tipo de meio 
didáctico a usar para uma determinada aula. Entretanto, é necessário que haja 
um equilíbrio ou combinação da categoria de meios, assumindo que estes 
devem satisfazer a necessidade de cada aluno existente na turma. 
O nível de pensamento do aluno está associado à linguagem, na sua vertente de 
instrumento de suporte do pensamento. Desta forma, o desenvolvimento 
cognitivo do aluno está assente na sua capacidade de articular a linguagem para 
construção de novos conceitos. 
Meios Didácticos 
 
Representam a 
realidade 
objectiva que é 
objecto de 
estudo 
 
Estimulam o 
interesse e 
levam a 
participação 
dos alunos 
Facilitam o 
processo de 
compreensão e de 
aquisição de 
conhecimentos e 
capacidades/ 
habilidades, 
poupando tempo 
Possibilitam a 
aquisição 
duradoura dos 
conhecimentos 
e capacidades/ 
habilidades 
Transmitem 
um certo 
conteúdo 
científico 
através de 
modelo 
 
Ajudam a 
estruturar os 
processos de 
condução 
didáctica 
Significa que Significa que Significa que Significa que Significa que Significa que 
Representação Motivação Efectivação Consolidação Informação Organização 
Têm a função de: 
 
 55 
O nível de pensamento do aluno pode ser aferido tendo em conta a sua idade, 
sendo: 
 Pensamento situativo: desde o nascimento aos 5 anos; 
 Pensamento empírico: entre os 4 a 12 anos de idade; 
 Pensamento teórico: a partir da adolescência. 
Portanto, você deve ter em conta que na maior parte das vezes, o seu aluno do 
ensino básico se encontra no nível empírico logo, na escolha dos meios 
didácticos deve partir de algo que ele já teve contacto anterior no seu 
quotidiano. 
Os meios didácticos devem também responder ao comportamento e 
desempenho do professor, nesse caso, você também é um dos factores 
importantes para equilibrar os demais factores, de acordo com a sua 
criatividade, potencialidades e limitações na operação de alguns meios. Para as 
Ciências Naturais, o local da aula determina também a escolha de conteúdos, se 
por exemplo, a aula for dada dentro da sala de aulas, os meios devem 
corresponder a essa realidade mas, se esta for dada fora da sala, por exemplo, 
através de uma excursão, os meios se encontram de forma expressiva no local 
da excursão (pátio escolar, jardim zoológico, fábrica, praia, etc.) e você deverá 
prestar atenção na selecção dos meios de registo e manipulação dos objectos, 
fenómenos ou processos. 
Agora preste atenção na figura que ilustra de forma resumida os factores para a 
escolha dos meios didácticos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 56 
 
Fonte: MÜLLER, 2005 
Fig. 12 Factores para a escolha dos meios didácticos 
 
 
 
 
 
 
 
Actividade 
 
 
Agora que você já sabe quais são as funções dos meios didácticos e 
reflectiu também sobre os factores que influenciam na sua escolha, resolva 
as seguintes actividades: 
1. Fundamente a necessidade de aplicação dos meios didácticos nas aulas de 
Ciências Naturais. 
2. Imagine que você queira leccionar uma aula sobre os movimentos da terra. 
Como você pode decidir que meio usar para aula? 
3. Assumindo as diversas funções dos meios didácticos, diga em que 
circunstâncias pode recorrer a eles para uma aula de controle e avaliação. 
 
 
 
 
 
 
 
 57 
 
Possíveis 
Respostas 
 
 
 Feedback 
1. Com certeza que esta reflexão não pode deixar de trazer as questões de 
fundo relacionadas com as funções dos meios didácticos. Por isso, 
concordamos consigo quando levanta a questão da redução do grau de 
abstração como principal propósito do uso dos meios didácticos. Devido a 
complexidade dos fenómenos naturais estudados nas Ciências Naturais, para a 
efectivação da sua leccionação é necessário recorrer a mecenismos que 
simpliquem o processo de mediação do conhecimento. De uma ou de outra 
maneira, uma das incontornáveis funções dos meios didácticos é a de 
representação ou seja, sempre que não for possível levar o objecto, fenómeno 
ou processo à sala de aulas ou levar os alunos até ele (objecto, fenómeno ou 
processo) recorremos a uma representação do mesmo através de esquemas, 
fotografias, desenhos e símbolos. 
2. Na segunda actividade de reflexão, você devia ter em conta, 
fundamentalmente, a função de representação dos meios didácticos pois, para 
leccionar os conteúdos relacionados com os movimentos da terra, você 
precisa demostrar ao aluno todos os aspectos, nomeadamente, o tipo de órbita 
que a terra executa, o referencial que se usa como marcador e as 
consequências dos movimentos. Ora, a maneira mais fácil de demostrar tudo 
isso é construindo um modelo tridimensional que representa o planeta terra 
fixo no seu eixo imaginário e a estrela central (sol) desempenhando a sua 
função de fonte de energia. 
3. Concordamos plenamente consigo, os meios didácticos como as figuras, 
imagens e objectos tridimensionais sem a respectiva indicação dos elementos 
integrantes (legenda) podem ser usados para as provas escritas ou orais, de 
acordo com a sua função de consolidação. 
 
Classificação dos Meios Didácticos 
Segundo o critério de grau de abstração, os meios didácticos podem ser 
classificados como está indicado na figura abaixo. Na terminologia filosófica, a 
abstração é o processo de pensamento em que as ideias são distanciadas dos 
 
 58 
objectos. A abstração usa a estratégia de simplificação, em que detalhes 
concretos são deixados ambíguos, vagos ou indefinidos. 
 
Fonte: MÜLLER, 2005 
Fig. 13 Classificação dos meios didácticos segundo o critério de abstração. 
Como se pode observar na figura acima, os objectos reais têm um menor grau de 
abstração do que os objectos representativos, sendo que, a palavra escrita, por 
exemplo «planta» representa o maior grau de abstração, por isso não é 
acoselhável ser usado como único meio didáctico. 
 
Importância dos Meios Didácticos 
Infelizmente a maior parte do conteúdo que é transmitido ao aluno se encontra na 
forma de símbolos (palavra escrita ou falada) e representa o maior grau de 
abstração, contribuindo desta forma para o fracasso na compreensão de muitos 
fenómenos ou processos que se pretendem ensinar. É neste contexto que os 
meios didácticos, como por exemplo os modelos, assumem um protagonismo no 
processo de mediação dos conteúdos. 
Os meios didácticos são um instrumento importante para auxiliar o professor no 
tratamento de alguns conteúdos que, pela sua natureza seriam de difícil 
compreensão. Contribuem

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