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1 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL CURRÍCULO DE REFERÊNCIA DE MATO GROSSO DO SUL 2018 2 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Reinaldo Azambuja Silva Governador do Estado de Mato Grosso do Sul Rose Modesto Vice-governadora de Mato Grosso do Sul Edvaldo Alves De Queiroz (Tupete) Prefeito de Água Clara Dalmy Crisostomo Da Silva Prefeito de Alcinópolis Edinaldo Luiz De Melo Bandeira Prefeito de Amabai Nildo Alves De Albres Prefeito de Anastácio Edson Stefano Takazono Prefeito de Anaurilândia Roberto Silva Cavalcanti Prefeito de Angélica Marceleide Hartemam Pereira Marques Prefeito de Antônio João Jose Robson Samara Rodrigues De Almeida Prefeito de Aparecida do Taboado Odilon Ferraz Alves Ribeiro Prefeito de Aquidauana Alexandrino Arévalo Garcia Prefeito de Aral Moreira Alvaro Nackle Urt Prefeito de Bandeirantes Pedro Arlei Caravina Prefeito de Bataguassu Jorge Luiz Takahashi Prefeito de Bataypora Reinaldo Miranda Benites Prefeito de Bela Vista Kazuto Horii Prefeito de Bodoquena Odilson Arruda Soares Prefeito de Bonito 3 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Antonio De Padua Thiago Prefeito de Brasilândia Mario Valerio Prefeito de Caarapo Delano De Oliveira Huber Prefeito de Camapuã Marcos Marcelo Trad Prefeito de Campo Grande Manoel Dos Santos Viais Prefeito de Caracol Jair Boni Cogo Prefeito de Cassilandia João Carlos Krug Prefeito de Chapadão do Sul Marcela Ribeiro Lopes Prefeito de Corguinho Rudi Paetzold Prefeito de Coronel Sapucaia Marcelo Aguilar Iunes Prefeito de Corumbá Waldeli Dos Santos Rosa Prefeito de Costa Rica Aluizio Cometki São José Prefeito de Coxim Valdir Luiz Sartor Prefeito de Deodápolis Edilsom Zandona De Souza Prefeito de Dois Irmãos do Buriti Jean Sergio Clavisso Fogaça Prefeito de Douradina Délia Godoy Razuk Prefeito de Dourados Aguinaldo Dos Santos Prefeito de Eldorado Ilda Salado Machado Prefeito de Fátima de Sul Rogério Rodrigues Rosalin Prefeito de Figueirão Aristeu Pereira Nantes Prefeito de Glória de Dourados 4 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Jair Scapini Prefeito de Guia Lopes da Laguna Patricia Denerusson Nelli Prefeito de Iguatemi José Arnaldo Ferreira De Melo Prefeito de Inocência Marcos Antonio Pacco Prefeito de Itaporã Ricardo Favaro Neto Prefeito de Itaquiraí Éder Uilson França Lima Prefeito de Ivinhema Vanderley Bispo De Oliveira Prefeito de Japorã Edson Rodrigues Nogueira Prefeito de Jaraguari Guilherme Alves Monteiro Prefeito de Jardim Eraldo Jorge Leite Prefeito de Jatei Elizangela Martins Biazotti Prefeito de Juti Carlos Anibal Ruso Pedrozo Prefeito de Ladário Itamar Bilibio Prefeito de Laguna Carapã Maurilio Ferreira Azambuja Prefeito de Maracaju Marlene De Matos Bossay Prefeito de Miranda Valdomiro Brischiliari Prefeito de Mundo Novo Jose Izauri De Macedo Prefeito de Naviraí Valdir Couto De Souza Júnior Prefeito de Nioaque Arlei Silva Barbosa Prefeito de Nova Alvorada Sul José Gilberto Garcia Prefeito de Nova Andradina 5 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Marcílio Alvaro Benedito Prefeito de Novo Horizonte do Sul Ivan Da Cruz Pereira Prefeito de Paraíso das Águas Ronaldo José Severino De Lima Prefeito de Paranaíba Dirceu Bettoni Prefeito de Paranhos William Luiz Fontoura Prefeito de Pedro Gomes Helio Peluffo Filho Prefeito de Ponta Porã Derlei João Delevatti Prefeito de Porto Murtinho Paulo Cesar Lima Silveira Prefeito de Ribas do Rio Pardo Donato Lopes Da Silva Prefeito de Rio Brilhante Cleidimar Da Silva Camargo Prefeito de Rio Nego Mário Alberto Kruger Prefeito de Rio Verde Francisco De Paula Ribeiro Junior Prefeito de Rochedo Cacildo Dagno Pereira Prefeito de Santa Rita do Pardo Jeferson Luiz Tomazoni Prefeito de São Gabriel do Oeste José Fernando Barbosa Dos Santos Prefeito de Selviria Francisco Piroli Prefeito de Sete Quedas Marcelo De Araujo Ascoli Prefeito de Sidrolândia Enelto Ramos Da Silva Prefeito de Sonora Carlos Alberto Pelegrini Prefeito de Tacuru 6 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Roberto Tavares Almeida Prefeito de Taquarussu Sebastião Donizete Barraco Prefeito de Terenos Angelo Chaves Guerreiro Prefeito de Três Lagoas Marcos Benedetti Hermenegildo Prefeito de Vicentina Município Secretário(A) De Educação Água Clara/MS Sônia Mara Nogueira Alcinópolis/MS Márcia Izabel De Souza Amambai/MS Zita Centenaro Anastácio/MS Cimara Fernandes De Oliveira Cabral Anaurilândia/MS Adriano Gonçalves Da Silva Angélica/MS Nelson Dalponte Antônio João/MS Sandra Mara Haerter Vetovato Aparecida Do Taboado/MS Maria Margarida De Matos Aquidauana/MS Mauro Luiz Batista Aral Moreira/MS Vanir Ferreira Linares Filha Bandeirantes/MS Marco Antônio Bataguassu/MS Regina Duarte De Barros Dovale Bataypora/MS Claudia Macedo Garcia Ibraim Bela Vista/MS Jane Mary Garcia Mattos Carvalho Bodoquena/MS Eraldo Juarez De Souza Bonito/MS Roseli Fatima Gambim Brasilândia/MS Francisco Aparecido Lins Caarapo/MS Ieda Maria Marran Camapuã/MS Andreia Santos Ferreira Da Silva Campo Grande/MS Elza Fernandes Ortelhado Caracol/MS Mariza Leite Ibanes Cassilandia/MS Welter Arantes De Freitas Chapadão Do Sul/MS Guerino Perius Corguinho/MS Jeffer A. Peres Da Silva Coronel Sapucaia/MS Regiani Peres França Corumbá/MS Genilson Canavarros De Abreu Costa Rica/MS Manuelina Martins Da Silva Arantes Cabral Coxim/MS Raquel Singh Deodápolis/MS Adriano Araujo Pimentel Dois Irmãos Do Buriti/MS Marcos Savitraz Douradina/MS Roseli Ponce Blanco Costa Dourados/MS Denize Portolann De Mora Martins Eldorado/MS Valdecir Roberto Santussi Fátima Do Sul/MS Maria Odete Amaral Figueirão/MS Patrik Talina Do Amaral Glória De Dourados/MS Maria Conceição Amaral Laboissier Guia Lopes Da Laguna/MS Fatima De Deus Souza Correa 7 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Iguatemi/MS Suzana Trevizan Bucioli Inocência/MS Joseli Rita Pires Mariano Itaporã/MS Vera Lucia Amador Alves Itaquirai/MS Valdirene Rodrigues Salomão Ivinhema/MS Maria Aparecida Maia Japorã/MS Nivaldo Dias Lima Jaraguari/MS Odil De Souza Brandão Jardim/MS Eliana Cafure Peixoto Jatei/MS Eleni Teixeira Dos Santos Felipe Juti/MS Claudia De Sena Cabral Ribeiro Ladário/MS Helder Naulle Paes Dos Santos Botelho Laguna Carapã/MS Fanir Cassol Maracaju/MS Cleoerdes Fatima Barbosa Carneiro Miranda/MS Elaine Cristina Dos Santos Brito Mundo Novo/MS Roseli Aparecida Lourenço Brasil Navirai/MS Fátima De Lourdes Ferreira Liuti Nioaque/MS Candida Tereza Nova Alvorada Sul/MS Paulo Roberto De Oliveira Nova Andradina/MS Fabio Zanata Novo Horizonte Do Sul/MS Mauro Cezar Camargo Paraiso Das Águas/MS Ines Dos Santos Pinho Paranaíba/MS Leni Aparecida Souto Miziara Paranhos/MS Flavia Luziano Ramos Pedro Gomes/MS Solange Dias Prudente Scalabrini Ponta Pora/MS Maria Leny Antunes Klais Porto Murtinho/MS Thaís Regina Da Silva Cavalheiro Ribas Do Rio Pardo/MS Douglas Souza Da Silva Rio Brilhante/MS Magali De Araújo Lima Rio Negro/MS Harley De Oliveira Camargo Santos Rio Verde De Mato Grosso/MS Ana Andrade Da Conceição Rochedo/MS Marcos Larreia Alves Santa Rita Do Pardo/MS Katia Cristina Da Silva São Gabriel Do Oeste/MS Kalicia De Brito França Selviria/MSJuraci Barcelos De Mello Sete Quedas/MS Joelba Ferreira Gomes Sidrolândia/MS Alice Aparecida Rosa Gomes Sonora/MS Jose Lidio Dos Santos Junior Tacuru/MS Carlos Vital Espindola De Avalo Taquarussu/MS Luciana De Lima Alves Terenos/MS Hermes Da Silva Três Lagoas/MS Maria Celia Medeiros Vicentina/MS Fernando De Oliveira 8 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Comissão Estadual de Implementação da Base Nacional Comum Curricular Maria Cecilia Amendola da Motta Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul Kalícia de Brito França União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação Helio Queiroz Daher Conselho Estadual de Educação Maria da Glória Paim Barcellos Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de Mato Grosso do Sul Onivan de Lima Correa Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul Antonia Icassati da Silva União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação 9 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Coordenadores Estaduais Helio Queiroz Daher Conselho Nacional de Secretários de Educação – CONSED Manuelina Martins da Silva Arantes Cabral União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME/MS Articuladora do Regime de Colaboração Kalícia de Brito França Coordenadores de Etapa Luziette Aparecida da Silva Amarilha - Educação Infantil Danielle dos Santos Souza - Anos Iniciais do Ensino Fundamental José Flávio Rodrigues Siqueira - Anos Finais do Ensino Fundamental Redatores Educação Infantil Alexsandra Carla Aschi Leusa de Melo Secchi Luziette Aparecida da Silva Amarilha Rejane Aparecida Coutinho Ensino Fundamental Linguagens Alaércio Guimarães Airta Platero Souza Cabreira Célia Maria Vieira Ávalos Daniele Tais Pott Eleida da Silva Arce Adamiski Elisângela Sanches da Silva Primo Fabiano Francisco Soares Flávia de Oliveira Queiroz Barroso Maria Cláudia Córdova Soares Renata Menegale Silva Valéria Rita Souza de Oliveira Ramos Custódio Matemática Adriana Cristina Pereira Adriano da Fonseca Melo Mara Urbano da Silva Ciências da Natureza Adayani Roberta Laquanetti de Souza Cristiane Miranda Magalhães Gondin Valéria Cristina Ferreira da Silva Ciências Humanas Analice Teresinha Talgatti Silva Dielton Eleno de Souza Claudete Soares de Andrade Santos Marcos Vinicius Campelo Junior 10 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Colaboradores Ensino Religioso Aline Costa de Aguiar Abitbol de Meneses Diácono Kalzely Barbosa dos Santos Leossandro Carlos Adamiski Maria Aparecida Borges da Silva Padre Márcio Bogaz Trevisan Rita de Cássia de Souza Sônia da Cunha Urt Colaboradores Ensino Fundamental – Anos Iniciais Andreia Silva dos Santos Ariadene Salma da Silva Pulchério Patrícia Machado da Costa Morais Selma Aparecida Borges Shirley Almada Morais Colaboradores Textos Introdutórios Adriana Aparecida Burato Marques Buytendorp Alessandra Ferreira Beker Daher Ana Celia de Oliveira Ferreira Ana Paula Almeida de Araújo de Sorrilha Ana Virgínia de Oliveira Lemos Alvara Susi Peixoto Simei Edione Maria Lazzari Eleida Arce da Silva Adamiski Estela Mara de Andrade Fábio Germano da Silva Graziela Cristina Jara Jean Carlos Almeida Cordoval José Gomes Pereira Luciana Guilherme da Silva Lucilene Ledesma da Silva Areco Maria Cândida da Silva Abes Maristela Alves da Silva Teixeira Paola Gianotto Braga Rosângela Pereira Alves de Lemos Sophia Gomes Figueiró Teresa Cristina Siqueira Borges Martins Assessores de Implementação Alfredo Souza de Oliveira Larissa Moreira da Silva Analista de Gestão do Programa de Implementação Thais Dias Luz Borges Santos Articuladoras do Conselho Estadual de Educação - MS Lourdes da Costa Cardoso Vera Lúcia Campos Ferreira Articuladora da União Nacional dos Conselhos Municipais – MS Meire Luzia de Souza Pereira 11 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Revisão Ana Claudia Gauto de Sousa Sovernigo Célia Maria Vieira Ávalos Célia Trindade de Araújo e Silva Elçon José de Oliveira Eliana Aparecida Prado Verneque Soares Elizângela do Nascimento Mattos Giani de Oliveira Costa Márcia Proescholdt Wilhelms SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ...................................................................................... 14 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 15 2. A EDUCAÇÃO NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL ................ 20 3. TEMAS CONTEMPORÂNEOS ................................................................. 23 3.1 O ESTUDO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA .................................................................................................. 24 3.2 DIREITOS DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES ........................ 25 3.3 EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS ................................................ 25 3.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL ...................................................................... 26 3.5 EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO ........................................................... 28 3.6 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL ....................................... 29 3.7 EDUCAÇÃO FISCAL ................................................................................ 29 3.8 EDUCAÇÃO FINANCEIRA ...................................................................... 30 3.9 SAÚDE, SEXUALIDADE E GÊNERO, VIDA FAMILIAR E SOCIAL .. 30 3.10 RESPEITO, VALORIZAÇÃO E DIREITOS DOS IDOSOS ..................... 31 3.11 CONSCIENTIZAÇÃO, PREVENÇÃO E COMBATE À INTIMIDAÇÃO SISTEMÁTICA (BULLYING) ....................................... 32 3.12 CULTURA SUL-MATO-GROSSENSE E DIVERSIDADE CULTURAL. 32 3.13 SUPERAÇÃO DE DISCRIMINAÇÕES E PRECONCEITOS COMO RACISMO, SEXISMO, HOMOFOBIA, E OUTROS................................. 33 3.14 CULTURA DIGITAL ................................................................................. 34 4. EDUCAÇÃO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL ............................... 37 5. AVALIAÇÃO ............................................................................................. 39 5.1 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL .............................................................. 40 5.2 AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO DE ESTUDANTES ........................ 41 6. FORMAÇÃO CONTINUADA ................................................................... 42 7. EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................................ 47 7.1 INFÂNCIA E CRIANÇA ............................................................................ 49 7.2 DIREITOS DE APRENDIZAGEM ............................................................ 51 7.3 CAMPOS DE EXPERIÊNCIA ................................................................... 52 7.3.1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO ............. 55 7.4 OS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS E OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO........................................... 55 7.4.1 O EU, O OUTRO E O NÓS ........................................................................ 56 7.4.2 CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS ....................................................... 61 7.4.3 TRAÇO, SONS, CORES E FORMAS ........................................................ 66 7.4.4 ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO .............................. 72 7.4.5 ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES ................................................................................ 77 12 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL 7.5 AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................83 7.6 TRANSIÇÃO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL ................................ 86 7.7 SÍNTESE DE APRENDIZAGENS ............................................................. 87 8. ENSINO FUNDAMENTAL ....................................................................... 89 8.1 AVALIAÇÃO ............................................................................................. 92 8.2 ESTRUTURA DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................................ 94 8.3 ÁREA DE LINGUAGENS ......................................................................... 95 8.3.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LINGUAGENS DE ACORDO COM A BNCC (2017).................................................................................. 95 8.3.2 LÍNGUA PORTUGUESA .......................................................................... 96 8.3.2.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS PARA LÍNGUA PORTUGUESA DE ACORDO COM A BNCC (2017) ............................................................... 98 8.3.2.2 UNIDADES TEMÁTICAS; OBJETOS DO CONHECIMENTO E HABILIDADES – POR ANO ..................................................................... 98 8.3.3 ARTE ........................................................................................................... 357 8.3.3.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ARTE DE ACORDO COM A BNCC (2017) ............................................................................................... 361 8.3.3.2 UNIDADES TEMÁTICAS; OBJETOS DO CONHECIMENTO E HABILIDADES – POR ANO ..................................................................... 362 8.3.4 EDUCAÇÃO FÍSICA ................................................................................. 510 8.3.4.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE ACORDO COM A BNCC (2017) ............................................................... 512 8.3.4.2 UNIDADES TEMÁTICAS; OBJETOS DO CONHECIMENTO E HABILIDADES – POR ANO ..................................................................... 513 8.3.5 LÍNGUA INGLESA .................................................................................... 557 8.3.5.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LÍNGUA INGLESA DE ACORDO COM A BNCC (2017) ............................................................... 560 8.3.5.2 UNIDADES TEMÁTICAS; OBJETOS DO CONHECIMENTO E HABILIDADES – POR ANO ..................................................................... 560 8.3.6 LÍNGUA ESPANHOLA............................................................................. 636 8.3.6.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LÍNGUA ESPANHOLA............ 638 8.3.6.2 UNIDADES TEMÁTICAS; OBJETOS DE CONHECIMENTO E HABILIDADES – POR ANO ................................................................... 639 8.4 MATEMÁTICA .......................................................................................... 679 8.4.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE MATEMÁTICA DE ACORDO COM A BNCC (2017) ................................................................................. 681 8.4.2 UNIDADES TEMÁTICAS; OBJETOS DO CONHECIMENTO E HABILIDADES – POR ANO ..................................................................... 682 8.5 ÁREAS DE CIÊNCIAS DA NATUREZA – COMPONENTE CURRICULAR CIÊNCIAS ........................................................................ 879 8.5.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE CIÊNCIAS DA NATUREZA DE ACORDO COM A BNCC (2017) ............................................................... 880 8.5.2 UNIDADES TEMÁTICAS; OBJETOS DO CONHECIMENTO E HABILIDADES – POR ANO ..................................................................... 881 8.6 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS ........................................................... 956 8.6.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE CIÊNCIAS HUMANAS DE ACORDO COM A BNCC (2017)................................................................ 958 8.6.2 GEOGRAFIA .............................................................................................. 959 8.6.2.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE GEOGRAFIA DE ACORDO COM A BNCC (2017) ................................................................................. 961 13 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL 8.6.2.2 UNIDADES TEMÁTICAS; OBJETOS DO CONHECIMENTO E HABILIDADES – POR ANO ..................................................................... 961 8.6.3 HISTÓRIA ................................................................................................... 1021 8.6.3.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE HISTÓRIA DE ACORDO COM A BNCC (2017) ........................................................................................... 1024 8.6.3.2 UNIDADES TEMÁTICAS; OBJETOS DO CONHECIMENTO E HABILIDADES – POR ANO ..................................................................... 1025 8.7 ENSINO RELIGIOSO ................................................................................ 1184 8.7.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ENSINO RELIGIOSO DE ACORDO COM A BNCC (2017) ............................................................... 1185 8.7.2 UNIDADES TEMÁTICAS; OBJETOS DO CONHECIMENTO E HABILIDADES – POR ANO...................................................................... 1186 9. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 1198 10. COMISSÕES REGIONAIS PARA IMPLEMENTAÇÃO DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR E ARTICULAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO CURRICULAR NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL............................................ 1208 14 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL APRESENTAÇÃO A Base Nacional Comum Curricular, homologada em 20 de dezembro de 2017, impulsionou as discussões para a reestruturação dos currículos. Especificamente em Mato Grosso do Sul, buscou-se estratégias para a elaboração de um currículo sul-mato-grossense. Para essa finalidade, em 28 de agosto de 2017, constituiu-se, por meio de Resolução “P” SED, a Comissão Estadual de Implementação da Base Nacional Comum Curricular sob a presidência da Secretária de Estado de Educação e com representações do Conselho Estadual de Educação, União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de Mato Grosso do Sul e Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul. Dentre as atividades dessa Comissão, destaca-se o compromisso para o estabelecimento e cumprimento do regime de colaboração. Esse regime institucionalizou-se a partir do momento em que todos os Municípios assinaram o Termo de Intenção de Colaboração para Co-Construção de um Currículo único. Assim, o Estado e os Municípios de Mato Grosso do Sul assumem a responsabilidade pela aprendizagem dos sujeitos do território, independentemente de redes de ensino. A partir dessa ação, criaram-se as Comissões Regionais de Implementação integradas por representantes das coordenadorias regionais de educação, União Nacional dos Conselhos Municipais, sindicatos municipais dos trabalhadores em educação e secretarias municipais de educação. Além disso, a estrutura contou com Articuladores dos Conselhos Municipais de Educação. Coube aos membros das Comissões Regionais e dos Articuladores, como principal função, fomentar a participação efetiva dos Municípios do Estado no processo de elaboração do currículo sul-mato-grossense a partir de diálogos com os profissionais da educação, independentemente se pública ou privada. Assim, com organização e planejamento, o Estado do Mato Grosso do Sul caminha no processo de implementação da Base Nacional Comum Curricular, na busca de um currículo único e contextualizado com a diversidade sul-mato-grossense, almejando a promoção da aprendizagem dos sujeitos na perspectiva da Educação Integral. 15 VERSÃO PRELIMINAR 4 –PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL 1. INTRODUÇÃO A escola contemporânea é considerada um espaço privilegiado para o desenvolvimento físico, afetivo, cognitivo e social de crianças, adolescentes e jovens. Desta maneira, torna-se uma instituição social, pois, além de viabilizar o conhecimento científico, que é próprio da educação formal, assume a função de proporcionar formação humana integral aos sujeitos envolvidos. Ao longo do tempo, a sociedade transforma-se e reconfigura a compreensão de educação escolar. Desta forma, a escola torna-se ferramenta de socialização de valores e padrões culturais estabelecidos pela sociedade, a qual vivencia períodos de transformações sociais, econômicas e políticas, caracterizando-se, atualmente, cada vez mais pela conectividade, o que exige formação integral dos sujeitos e princípios inclusivos da escola. A discussão curricular aponta para princípios de inclusão, com os quais o sistema brasileiro está comprometido, conforme evidencia a Resolução n. 04, de 13 de julho de 2010, que dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica: Art. 4º As bases que dão sustentação ao projeto nacional de educação responsabilizam o poder público, a família, a sociedade e a escola pela garantia a todos os educandos de um ensino ministrado de acordo com os princípios de: I – Igualdade de condições para o acesso, inclusão, permanência e sucesso na escola; [...] A mesma resolução, no seu artigo 9º, destaca, ainda, que a escola de qualidade social adota como centralidade as crianças, adolescentes e jovens e a aprendizagem, o que pressupõe atendimento aos seguintes requisitos: “[...] II – consideração sobre a inclusão, a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade cultural, resgatando e respeitando as várias manifestações de cada comunidade”. Esse princípio é reiterado pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC, quando afirma que a Educação Básica deve compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento humano e assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto. Deve, também, promover uma educação com vista ao acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades, e reafirmar que a escola, como espaço de aprendizagem e de democracia inclusiva, deve promover práticas de respeito às diferenças e diversidades. Emerge-se, nesse contexto, uma questão central: combinar a expansão dos direitos universais e a garantia da acessibilidade efetiva para além da igualdade de oportunidades, garantindo maior igualdade de direitos e condições. Destaca-se, para tal, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência n. 13.146, de 6 de julho de 2015, que no artigo 3º, inciso 16 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL IV, define barreiras como “qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros”. O princípio inclusivo requer a conjugação do desenvolvimento das capacidades das crianças, adolescentes e jovens para a participação social, política, cultural e econômica, com a promoção do desenvolvimento das instituições de ensino de modo a oferecer as oportunidades de que necessitam. No que se refere às crianças, adolescentes e jovens, público da educação especial, tem- se uma história marcada por conceber a exclusão como um problema intrínseco dos sujeitos em vez de ser equacionado na relação das crianças, adolescentes e jovens com os seus pares e com o meio escolar. Porém, o princípio inclusivo se aplica a todos, com a diferença que esses necessitam de apoios específicos que podem variar de natureza, tipo e intensidade em todo o seu percurso escolar. O grande desafio da atualidade é retirar a flexibilização e diversificação curricular da discussão periférica sobre a diferença, e elevá-la para a questão central do currículo. Nesse documento, defendemos a construção de um currículo sensível à heterogeneidade e comprometido com a promoção da equidade. O desenvolvimento curricular em sistemas educacionais inclusivos tem por função procurar respostas para qualquer manifestação de diferença que possa ocorrer, transformando o espaço escolar em lócus privilegiado de reflexão, reconhecendo na diferenciação curricular um instrumento que possibilita a concretização dessas respostas. A partir desse raciocínio, entende-se que o sujeito, deste tempo histórico, deve ser capaz de estabelecer relações sociais, integrar-se ao mundo do trabalho, tecer críticas e vivenciar os preceitos da cidadania e da democracia. Para esse propósito, a escola precisa disseminar o conhecimento científico e oportunizar práticas para a compreensão dessa forma de conhecimento, além de desenvolver competências para a vida em sociedade. Em outras palavras, Libâneo (2014) indica que a escola comprometida com a educação integral deve proporcionar ações pedagógicas culturais e científicas, pois assim promoverá o desenvolvimento cognitivo afetivo e moral das crianças, adolescentes e jovens. Com esse objetivo, o currículo de Mato Grosso do Sul propõe aos sujeitos uma Educação Integral que se refere tanto à formação quanto ao desenvolvimento humano global, o que pressupõe romper com a ideia de um currículo que privilegia a dimensão cognitiva em 17 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL detrimento da afetiva, além de promover uma educação que acolha e reconheça o sujeito nas suas singularidades e diversidade (BNCC, 2017). Nesse sentido, a educação integral implica planejar processos educativos que estimulem a formação humana em suas diversas potencialidades, com a intenção de desenvolver plenamente o sujeito, portanto, recorre-se ao protagonismo e à autoria. O protagonismo oportuniza condições para que os sujeitos de aprendizagem sejam capazes de se envolverem em atividades educativas e atuem com compromisso e liberdade. Uma educação que privilegia o protagonismo, cria situações para que as crianças, adolescentes e jovens possam empreender a construção do seu ser, ou seja, a realização de suas potencialidades em termos pessoais e sociais. Assim, esses sujeitos poderão ocupar espaços e mobilizar conhecimentos para iniciar uma mudança social. De maneira análoga, será possível a tomada de decisão baseada em valores vivenciados e na construção da autonomia. Por isso, propõem-se ações protagonistas (COSTA, 2000) nas escolas de Mato Grosso do Sul. A autoria está associada aos processos de produção científica na escola, por parte dos sujeitos que estão no curso da aprendizagem. Desse modo, as crianças, adolescentes e jovens, mediados pelo professor, devem adentrar os conceitos e aspectos técnico, pedagógico, formal e político da pesquisa. Além disso, é importante saber o que fazer com o conhecimento produzido, saber pensar e intervir, propondo alternativas e fazendo-se sujeitos de história individual e coletiva. De maneira concomitante, deve-se também proporcionar processos educativos que auxiliem o sujeito da aprendizagem no desenvolvimento de seu projeto de vida. Esclarece-se que a expressão “projeto de vida” também remonta ao desenvolvimento pleno do sujeito, visto que a educação integral deve proporcionar práticas pedagógicas que auxiliem crianças, adolescentes e jovens na tomada de decisões, na resolução de problemas e em situações não planejadas. Vale ressaltar que, para assegurar as aprendizagens essenciais nos sujeitos, foram definidas dez competências gerais na Base Nacional Comum Curricular as quais o currículo de Mato Grosso do Sul retoma, por entender que a BNCC é um documento normativoe que os componentes curriculares e as áreas de conhecimento proporcionarão aos sujeitos, habilidades e conhecimentos que possibilitarão o alcance às competências gerais. Antes, explicita-se a definição de competência, tal como “a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas cognitivas e 18 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho” (BNCC, p. 8, 2017). Destacam-se, a partir desta definição, as competências do século 21 que visam à promoção da articulação de conhecimentos, atitudes e valores no que se refere às emoções e à autonomia. Por isso, traz-se para este documento algumas competências do século 21 que auxiliam no desenvolvimento pleno de crianças, adolescentes e jovens, tais como: comunicação, colaboração, criatividade, autoconhecimento, responsabilidade, pensamento crítico, resolução de problemas e abertura para o novo. Entende-se que estas competências devem estar presentes durante o processo de aprendizagem das crianças, adolescentes e jovens, por meio da intencionalidade do professor e da utilização de metodologias que integrem conhecimentos e atitudes. Assim, a prática do professor está estruturada no desenvolvimento de habilidades que promoverão o conhecimento científico, a promoção de atitudes e valores para a convivência no século XXI e em metodologias integradoras. A partir disso, torna-se possível o desenvolvimento pleno das crianças, adolescentes e jovens do Estado de Mato Grosso do Sul. Corroborando o que acima se expõe, elencam-se as dez competências gerais da BNCC: 1- Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2- Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3- Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico- cultural. 4- Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5- Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6- Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 19 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL 7- Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8- Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9- Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo- se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10- Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. (BNCC, p. 9-10, 2017). A partir da leitura e compreensão destas competências gerais, assim como das competências específicas para cada componente curricular e área de conhecimento que compõe a BNCC, torna-se necessária a materialização das crianças, adolescentes e jovens que constroem e reconstroem o território que habitam. Por isso, requer-se pensar que o sujeito sul-mato-grossense está imerso em um território com características regionais diversas, pois o Estado de Mato Grosso do Sul: (i) faz divisa com cinco estados brasileiros e fronteira com dois países sul-americanos; (ii) a área de abrangência original do Cerrado e Pantanal cobre a sua quase totalidade; (iii) é composto de várias etnias, tais como: Atikum, Guarani, Kaiowá, Guató, Kadiwéu, Kinikinawa, Ofaié e Terena; comunidades quilombolas; (iv) é coabitado por imigrantes de vários países, tais como: Alemanha, Espanha, Itália, Japão, Paraguai, Bolívia, Portugal, Síria e Líbano, sendo a cultura local resultado de toda essa diversidade. Portanto, ao transpor as competências e habilidades desse currículo para a prática pedagógica, será necessário identificar a criança, o adolescente e o jovem sul-mato-grossense, a fim de garantir os princípios da equidade e da igualdade constantes das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Diante do exposto, salienta-se que o Currículo de Mato Grosso do Sul é instrumento basilar para a Secretaria de Estado de Educação, secretarias municipais de Educação e instituições privadas de ensino, para, a partir da necessidade, elaborarem orientações curriculares e/ou didáticas e auxiliarem nos processos de revisão dos projetos político- pedagógicos das escolas. 20 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL 2. A EDUCAÇÃO NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL ―Ter uma identidade é ter uma memória própria. Por isso, a recuperação da própria história é um direito fundamental das sociedades‖. Manuela Carneiro da Cunha (1998:20) O Estado de Mato Grosso do Sul é um estado novo, formado por grupos diversos e cheios de particularidades, sendo oito etnias indígenas (Atikum, Guarani, Guató, Kadiwéu, Kaiowá, Kiniquinau, Ofaié e Terena), 2 etnias indígenas que circulam nas fronteiras (Kamba Xiquitano), 22 comunidades quilombolas, a população rural e a urbana que se sintetizam formando um estado único. Tem uma história de ocupação complexa e grande diversidade no que diz respeito às expressões culturais e sociais. O Estado, criado em 1977 e implantado em 1979, nasce em um momento singular da história brasileira, período de ditadura militar e também de desenvolvimento do Oeste, iniciado no governo de Getúlio Vargas que lançou um novo projeto para intensificar a ocupação do Centro-Oeste, conhecido como a “Marcha para o Oeste”, na década de 1940. A ocupação e a importância dessa parte do antigo Estado do Mato Grosso, que viria a se tornar Mato Grosso do Sul, nas décadas finais do século XX, já podiam ser notadas desde o século anterior, durante a Guerra do Paraguai, maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul, entre o Paraguai e a Tríplice Aliança,composta por Brasil, Argentina e Uruguai que se estendeu de dezembro de 1864 a março de 1870. No final da guerra, a erva-mate exerceu uma influência muito grande no Estado de Mato Grosso, especialmente no Sul e por muito tempo foi a principal atividade econômica dessa região. Os paraguaios, no final do século XIX e começo do século XX, dominavam as técnicas de elaboração desse produto, prática herdada da tradição indígena guarani (BARBOSA, 2012). Outro fator que contribuiu para a ocupação dessa região foi a criação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND), pelo Decreto Lei n° 5.941, de 28 de outubro de 1943, que teve grande repercussão, devido ao desenvolvimento que possibilitou à região, o que lhe garantiu destaque na memória coletiva da população. As migrações de contingentes oriundos dos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, e imigrações de países como Alemanha, Espanha, Itália, Japão, Paraguai, Bolívia, Portugal, Síria e Líbano foram fundamentais para o povoamento de Mato Grosso do Sul e marcaram a fisionomia dessa região. Todo esse processo histórico de 21 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL ocupação proporcionou a fusão e a formação de uma memória cultural, imersa em temperos e sabores únicos que permite uma reflexão sobre o processo educacional e o quão amplo ele deve ser entendido e repassado. A história desse Estado faz-se não somente com seus migrantes historicamente estabelecidos, mas também com todos os povos que estavam e transitavam por aqui e com os migrantes que não foram imbricados na lista de composição social como os quilombolas, oriundos de Minas e Goiás que formaram seus quilombos na região. Por toda essa história e devido à extensão territorial do estado e a peculiar situação socioeconômica de cada município, é possível identificar perfis de sujeitos aprendizes na Educação de Jovens e Adultos. Nos municípios de maior concentração das atividades econômicas, associadas aos diferentes setores da economia sul-mato-grossense, observa-se que as crianças, os adolescentes e os jovens trabalhadores buscam essa modalidade de ensino como uma oportunidade de concluírem os estudos, muitas vezes por exigência do próprio trabalho. É crescente, entretanto, o desejo das crianças, adolescentes e jovens no sentido de darem continuidade aos estudos com vistas ao ensino superior, uma vez que entendem o valor significativo da educação no exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Neste mesmo contexto, ainda existem sujeitos em distorção idade/série que estão cursando as etapas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, do Ensino Regular, no período diurno e noturno. De acordo com o inciso VII do Art. 4º da Lei de Diretrizes e Bases Nacional - LDBEN n. 9.394/96, o dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante garantia de: Oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidade, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola (BRASIL, 1996). Embora em número significativamente menor que o público atendido na Educação de Jovens e Adultos, os sujeitos em distorção idade/série que ainda não completaram a idade mínima estabelecida para matricular-se nessa modalidade de ensino, conforme as leis vigentes para o Estado de Mato Grosso do Sul, devem ser atendidos por meio de políticas e projetos como forma de garantia dos preceitos legais estabelecidos, bem como de estratégias educativas diferenciadas, que melhor atendam as condições de aprendizagem de sujeitos trabalhadores. Nessa perspectiva, também temos os sujeitos da Educação do Campo, esses são definidos pelas Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas escolas do campo como 22 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL aqueles que incorporam os espaços da floresta, da pecuária, das minas, da agricultura, dos pesqueiros, dos caiçaras, dos ribeirinhos e dos extrativistas. Por isso, para a garantia das especificidades regionais e locais, há que se lembrar da necessidade de adequação dos conteúdos curriculares, das metodologias e da organização escolar à natureza do trabalho na zona rural, todas estas para que as peculiaridades da vida rural e de cada região sejam respeitadas. Isso quer dizer que há de se considerar o campo como: espaço heterogêneo, destacando a diversidade econômica, em função do engajamento das famílias em atividades agrícolas e não-agrícolas (pluriatividade), a presença de fecundos movimentos sociais, a multiculturalidade, as demandas por Educação Básica e a dinâmica que se estabelece no campo a partir da convivência com os meios de comunicação e a cultura letrada (BRASIL, 2013, p. 267-268). Ao mesmo tempo, lembra que a Educação Profissional oportuniza elevação dos níveis de escolaridade da população, inserção no mercado de trabalho, formação profissional e desenvolvimento humano e social do Estado que tem exigido, cada vez mais, profissionais especializados para atuarem em diferentes áreas do setor produtivo. De maneira análoga, os sujeitos da Educação Especial, ou seja, as pessoas com transtorno do espectro autista, com deficiência visual, com deficiência intelectual e altas habilidades/superdotação criam e recriam vivências que contribuem para a formação do Estado de Mato Grosso do Sul. Por isso, no momento em que esses sujeitos são devidamente matriculados na educação básica faz-se necessário pensar em estratégias pedagógicas de inclusão curricular, o que demanda a observação da realidade deste, com o fomento de propostas que digam respeito à realidade desse indivíduo. (SUPLINO, 2011). Para tanto, é essencial que as diferenças individuais sejam compreendidas, com a promoção do respeito a cada um em suas especificidades. Segundo Schmitz e Martins (2014) as adaptações curriculares devem ser entendidas como um processo a ser realizado em três níveis: no projeto político pedagógico da escola; no currículo desenvolvido em sala de aula; e no nível individual, por meio da elaboração e implementação do Programa Educacional Individualizado (PEI). As adequações realizadas podem ser efetivadas por parte do professor durante seu planejamento e na aplicação das atividades em ambiente educacional. Importante dizer que a diversificação curricular dependerá da identificação das características específicas desses sujeitos, tanto individualmente quanto em situações de interação coletiva, especialmente as particularidades inerentes a cada um. Para cada sala de aula comum, é fundamental que o perfil das crianças, dos adolescentes e dos jovens, bem 23 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL como seus tempos e formas de absorver o conteúdo sejam reconhecidos, já que esse reconhecimento é fundamental para que o trabalho de inclusão e as intervenções necessárias sejam feitos de forma adequada. Tal compreensão é indispensável, posto que, quando necessário, a oferta de adaptações razoáveis que assegurem a efetividade e o êxito dos processos de ensino e aprendizagem exigem ampla avaliação de habilidades e competências de cada criança, jovem e adolescente, principalmente quando realizado no Atendimento Educacional Especializado - AEE. Entende-se que todo o processo educacional do Estado do Mato Grosso do Sul deve ser pensado na ótica da diversidade, pois ele se firma e se constrói com as histórias e contribuições que o fizeram, mesmo que de forma distinta e conflituosa, afinal é nas fronteiras que as identidades se afloram e se firmam e para se obter uma identidade sul-mato-grossense, é necessário conhecer e respeitar o outro. Nesse sentido, busca-se um currículo norteado pelo princípio da Educação Integral no qual a educação promova o desenvolvimento dos sujeitos habitantesde Mato Grosso do Sul em todas as suas dimensões (intelectual, física, emocional, social e cultural) e, consequentemente, seja constituído um projeto coletivo que promova a educação em nosso Estado. 3. TEMAS CONTEMPORÂNEOS Tenho o privilégio de não saber quase tudo. E isso explica o resto. Manoel de Barros (2010) A sociedade atual, constantemente em processos de transformação, exige da educação formal mudanças de paradigmas no que se refere à orientação e promoção de valores essenciais à vida, às relações sociais e ao convívio na coletividade. A educação formal tornou- se lócus para a formação ética dos sujeitos, haja vista as inserções de temáticas desse contexto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; nas Diretrizes Nacionais Gerais para Educação Básica, bem como na Legislação Estadual. Essas temáticas devem ser incluídas no currículo na parte diversificada que visa contemplar características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos 24 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL sujeitos. Esses temas não pertencem a componentes curriculares e/ou áreas de conhecimento, por isso a organização do trabalho pedagógico exige a interdisciplinaridade, a contextualização e a transversalidade. 3.1 O Estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena A temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena está prevista no Artigo 26 - A da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, por meio da Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008, que inclui a obrigatoriedade desta temática nos currículos oficiais das redes de ensino. Segundo essa Lei, os conteúdos devem incluir: [...] diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil (BRASIL, 2008). A Lei ainda determina que esses conteúdos sejam abordados em todo o currículo e em especial nas áreas em que se concentram a Arte, a Literatura e a História do Brasil. Reconhece-se para essa temática a Resolução CNE/CP n. 1, de 17 de junho de 2004, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana cujo objetivo é: a divulgação e produção de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam a todos, respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira (BRASIL, 2013, p. 492). Essas Diretrizes postulam que um dos objetivos é “o reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura dos afro-brasileiros, bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorização das raízes africanas da nação brasileira, ao lado das indígenas, europeias, asiáticas” (BRASIL, 2013, p. 492). Especificamente em Mato Grosso do Sul, é possível recorrer ao Parecer Orientativo CEE/MS n. 131, de 2005, que afirma que a população brasileira foi privada, por meio da história contada, dos benefícios de uma cultura evidentemente plural e rica. O documento indica que: [...] a valorização da diversidade, construindo uma nova forma de se relacionar com as matrizes culturais e identidades que compõem a sociedade brasileira, com o elemento enriquecedor das relações raciais é uma das principais formas de introduzir a discussão e trabalhar com esta diversidade (MATO GROSSO DO SUL, 2005, p. 11). 25 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Por fim, o Parecer determina que “a educação é um dos veículos de reprodução do racismo, preconceito e discriminação tão presentes na sociedade, portanto é tarefa da mesma desconstruir e transformar a situação posta” (MATO GROSSO DO SUL, 2005, p. 11). 3.2 Direitos das Crianças e dos Adolescentes A inserção do Direito das Crianças e dos Adolescentes no âmbito escolar está pautada na Lei n. 11.525, de 25 de setembro de 2007, que acrescenta § 5º ao Art. 32 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para incluir conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes no currículo do Ensino Fundamental e na Lei n. 13010, de 26 de junho de 2014 que altera a Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos, ou de tratamento cruel, ou degradante e altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Explica-se que a Lei n. 11.525/2007 torna obrigatório, no currículo do Ensino Fundamental, conhecimentos que tratem dos direitos das crianças e dos adolescentes, conforme o disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente, enquanto a Lei n. 13.010/2014 inclui nos currículos da Educação Básica conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente, de forma transversal, em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Reconhece-se a escola como um espaço de difusão de conhecimentos e de interação social para as crianças e adolescentes, ou seja, os sujeitos frequentadores da escola são os mesmos a quem o Estatuto da Criança e do Adolescente protege. A partir da concepção de que a cidadania só ocorre no exercício da cidadania, a escola, enquanto espaço de formação, neste currículo entendida como educação integral, promoverá a vivência dos direitos e deveres das crianças e adolescentes fornecendo subsídios para a vida em sociedade. 3.3 Educação em Direitos Humanos A Educação em Direitos Humanos está assegurada na Resolução CNE/CP n. 1, de 30 de maio de 2012, que estabelece as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. 26 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Nessas diretrizes encontra-se a explicação de que a Educação em Direitos Humanos é um dos eixos fundamentais do direito à educação. Isto quer dizer que a educação deve pautar- se em práticas educativas alicerçadas nos Direitos Humanos e “em seus processos de promoção, proteção, defesa e aplicação na vida cotidiana e cidadã de sujeitos de direitos e de responsabilidades individuais e coletivas” (BRASIL, 2013, p. 512). O conceito de Direitos Humanos, segundo essas Diretrizes, entende-se por direitos “internacionalmente reconhecidos como um conjunto de direitos civis, políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais, sejam eles individuais, coletivos, transindividuais ou difusos, referem-se à necessidade de igualdade e de defesa da dignidade humana” (BRASIL, 2013, p. 512). Cabe destacar que os conhecimentos da Educação em Direitos Humanos podem ser inseridos no currículo de três formas: I- pela transversalidade e interdisciplinaridade; II- pelos conteúdos específicos de componentes curriculares já existentes; e III- pela combinação da transversalidade e da disciplinaridade. Diante do exposto, evidencia-se que a escola de educação básica é um espaço privilegiado para a formação da cidadania ativa, porque contribui sistematicamente para o desenvolvimento do ser humano. Isto implica em propor aos aprendizes, constantemente, a vivência da Educação em Direitos Humanos, a fim de analisarem, compreenderem e modificarem o ambiente em que estão inseridos. 3.4 Educação Ambiental A Educação Ambiental desenvolvida na escola se constitui pelo princípio de sensibilização e formação crítica de cidadãos conscientes de suas ações em relação ao mundo em quevivem. De acordo com a Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, a Educação Ambiental é entendida como processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente e sustentabilidade. Especificamente, para a educação formal, a referida lei explicita que a Educação Ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, a inserção dos conhecimentos concernentes à Educação Ambiental nos currículos da Educação Básica pode ocorrer de três maneiras: i) pela transversalidade, mediante temas relacionados com o meio ambiente e a sustentabilidade 27 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL socioambiental; ii) como conteúdo dos componentes já constantes do currículo; e iii) pela combinação de transversalidade e de tratamento nos componentes curriculares. Especificamente, em Mato Grosso do Sul, em 06 de junho de 2018, foi lançado o Programa Estadual de Educação Ambiental - PROEEA/MS que aborda a Educação Ambiental no espaço formal e apresenta que: [...] a grande tarefa da escola é proporcionar um ambiente escolar saudável e coerente com aquilo que pretende que seus estudantes aprendam, para que possa, de fato, contribuir para a formação da identidade como cidadãos conscientes de suas responsabilidades com o meio ambiente e capazes de atitudes de proteção e melhoria em relação a ele (MATO GROSSO DO SUL, 2018, p. 17). Assim, o Programa, que está estruturado em ações, prevê para a educação formal o “estímulo à execução de programas, projetos e ações de educação ambiental diretamente para escolas e instituições parceiras” (MATO GROSSO DO SUL, 2018, p. 27); a “promoção, apoio e incentivo à realização de eventos de educação ambiental para as escolas públicas e privadas” (MATO GROSSO DO SUL, 2018, p. 31); a “promoção do intercâmbio das práticas de Educação Ambiental desenvolvidas nas escolas que apresentam particularidades culturais, ambientais, econômicas e sociais, urbanas e rurais, destacando as escolas pantaneiras, indígenas, quilombolas e de assentamentos” (MATO GROSSO DO SUL, 2018, p. 31); a “inserção da educação ambiental na capacitação de agentes multiplicadores e na formação continuada de professores, favorecendo o intercâmbio de informações, materiais e experiências entre instituições, para atuação em Educação Ambiental formal e não formal”; e a “inserção da Educação Ambiental na capacitação de agentes multiplicadores e na formação continuada de professores, favorecendo o intercâmbio de informações, materiais e experiências entre instituições, para atuação em Educação Ambiental formal e não formal” (MATO GROSSO DO SUL, 2018, p. 28). A Educação Ambiental proposta aqui, a partir de todos os dispositivos mencionados, é aquela inserida organicamente na educação integral e que “aponta múltiplos percursos possíveis a serem trilhados pela escola e pela comunidade, com a adoção de princípios e práticas sociais sustentáveis, além de favorecer o envolvimento direto dos sujeitos sociais no processo educativo” (BRASIL, 2011). Essa visão pressupõe a transformação das escolas em Espaços Educadores Sustentáveis, ou seja, em espaços que “mantêm uma relação equilibrada com o meio ambiente e compensam seus impactos com o desenvolvimento de tecnologias apropriadas, de modo a garantir qualidade de vida para as gerações presentes e futuras” (BRASIL, 2011). 28 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Para que essa proposta se efetive, as transformações escolares devem ocorrer em três eixos: espaço físico, gestão e currículo. A transformação no espaço físico envolve pesquisa acerca do uso e do funcionamento das edificações, a arquitetura dos prédios escolares e o atendimento às necessidades locais. As mudanças na gestão estão intimamente relacionadas aos princípios da democracia e da participação, ou seja, a gestão escolar tem responsabilidade compartilhada, inclusive com a Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida - Com- Vida. Por fim, a modificação no currículo pressupõe a inserção da Educação Ambiental no Projeto Político Pedagógico da escola, de forma interdisciplinar e transdisciplinar, para promoção de sujeitos críticos, éticos e pautados em atitudes sustentáveis. Nesse sentido, a escola, enquanto comunidade de aprendizagem, deve ser um dos agentes sociais e engajar-se na proposição de ações que minimizem impactos ambientais e dialogue com os princípios da sustentabilidade. 3.5 Educação para o Trânsito O Código de Trânsito Brasileiro instituído pela Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997, estabelece que a Educação para o Trânsito seja promovida na pré-escola e nas escolas de ensino fundamental e médio por meio de planejamento e ações coordenadas entre entidades dos Sistemas Nacional de Trânsito e de Educação. Por isso, a Educação para o Trânsito está inserida nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica como pertencente à parte diversificada do currículo. O objetivo da Educação para o Trânsito é o de estimular hábitos e comportamentos seguros no trânsito, transformando o conhecimento em ação, por meio de observação, vivências e situações cotidianas; consequentemente a Educação para o Trânsito provoca a interpretação do mundo em que o sujeito vive, ou seja, quando em processo conteúdo pode reconstruir conceitos e valores condizentes ao exercício da cidadania. Ressalta-se que as crianças, os adolescentes e ao jovens enquadram-se na categoria de pedestre e como tal precisam conhecer e conviver com as leis, os símbolos e os agentes de trânsito. Numa proposta contínua de Educação para o Trânsito percebe-se a ampliação dos direitos e deveres do pedestre e futuros motoristas. Desse modo, a Educação para o Trânsito, a médio e longo prazo tende a reduzir acidentes de trânsito porque elevam os níveis de consciência social e responsabilidade individual e coletiva dos cidadãos. Esclarece-se que a Educação para o Trânsito não pode ser reduzida à transmissão de regras de trânsito e representação de símbolos e objetos; sobretudo 29 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL experienciar práticas educativas que abordem, paralelamente, danos ao meio ambiente e à saúde. 3.6 Educação Alimentar e Nutricional A temática da Educação Alimentar e Nutricional foi inserida no artigo n. 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional por meio da Lei n. 13.666, de 16 de maio de 2018. Além disso, há a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), que foi atualizada pela Portaria n. 2.715, de 17 de novembro de 2011, e visa a “melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição” (BRASIL, 2013, p. 21). Entende-se que os momentos de alimentação escolar fazem parte de uma proposta pedagógica pautada no desenvolvimento pleno dos sujeitos. Por isso, ao tratar a temática transversalmente nos currículos torna-se possível orientar os aprendizes a respeito de hábitos alimentares saudáveis. Nesse sentido, a prática educativa para a formação de hábitos alimentares saudáveis deve respeitar os valores culturais, sociais, afetivos e comportamentais, assim como promover a reflexão acerca da cadeia produtiva dos alimentos, com destaque para as questões de meio ambiente e saúde pública. 3.7 Educação Fiscal A Educação Fiscal, de acordo com o Documento-Base do Programa Nacional de Educação Fiscal, é entendida como um processo educativo que visa à construção deuma consciência voltada ao exercício da cidadania, objetivando e propiciando a participação do cidadão no funcionamento e aperfeiçoamento dos instrumentos de controle social e fiscal do Estado. A Educação Fiscal pauta-se na conscientização acerca do pagamento de tributos e no fomento aos cidadãos para monitorarem a aplicação dos tributos visando a melhoria de vida da população. Portanto, é uma temática a ser desenvolvida transversalmente, e que proporciona aos sujeitos aprendizes a compreensão de que os recursos públicos são provenientes do pagamento de tributos realizados por todos os sujeitos que habitam este país, e sobretudo, que esses recursos são limitados. Dessa maneira, práticas educativas de Educação Fiscal 30 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL vinculam-se também à preservação do patrimônio público e aos direitos individuais e coletivos observados na Constituição Federal de 1988. 3.8 Educação Financeira A Educação Financeira revela-se como estratégia educativa a partir do Decreto n. 7.397, de 22 de dezembro de 2010 que institui a Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF. A ENEF visa à promoção da educação financeira e previdenciária e contribuir para o fortalecimento da cidadania, a eficiência e solidez do sistema financeiro nacional e a tomada de decisões conscientes por parte dos consumidores. A ENEF utiliza-se do conceito de Educação Financeira definido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE e que se traduz para esse currículo como sendo “o processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram sua compreensão dos conceitos e dos produtos financeiros, de maneira que, com informação, formação e orientação, adquiram valores e competências necessários para se tornarem conscientes das oportunidades e dos riscos neles envolvidos” (OCDE, 2005). Desse modo, espera-se que os sujeitos sejam comprometidos com o futuro das sociedades. Assim, as estratégias de aprendizagem para a Educação Financeira, geram novos conhecimentos a partir da experiência de vida dos sujeitos, que têm a oportunidade de dialogarem, vivenciarem e refletirem sobre alguns conceitos, tais como: poupança, crédito, administração de recursos, investimento, preços, consumo, dinheiro e renda. Logo, o percurso de aprendizagem no que se refere à Educação Financeira não pode, tão somente, trazer esses conceitos, mas também fazer com que o sujeito compreenda as implicações dele para a sociedade, inclusive no que tange à garantia dos direitos individuais e coletivos observados na Constituição Federal de 1988. 3.9 Saúde, Sexualidade e Gênero, Vida Familiar e Social Entende-se que para o desenvolvimento do ser social, nesse documento nomeado criança, adolescente e jovem, faz-necessário compreender o contexto social e histórico em que esses habitam. A escola é um dos espaços em que os sujeitos em desenvolvimento demonstram situações de relacionamentos que dizem respeito à formação e ao lugar que ocupam na sociedade. Pode-se acreditar que uma das situações mais recorrentes se relaciona às questões de gênero. 31 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL Especificamente para as crianças, a escola é um dos primeiros lugares em que descobre diferenças porque é no cotidiano escolar que os meninos e as meninas compartilham espaços, dividem ideias, entram em conflitos e reproduzem/recriam/superam valores. Entendendo isso, a escola não deve ser o espaço de reprodução de diálogos sobre padrões de comportamento sociais de representações de sexualidade. A sexualidade deve ser pauta tranquila e permanente durante todo o processo de desenvolvimento das crianças e adolescentes dentro do espaço escolar, no viés da saúde e compreensão do funcionamento do corpo. Além do mais, a cultura, os saberes e a educação que as crianças e adolescentes recebem da família e dos outros espaços sociais, fornecem elementos para a compreensão das questões de sexualidade e gênero. Porém, a escola deve evitar a reprodução e/ou criação de estereótipos quanto ao masculino e ao feminino. Dessa maneira, a escola contribui para promoção da saúde, que é entendia pela Organização Mundial da Saúde como “o completo bem-estar físico, mental e social, e não só a ausência de doenças”. Assim, costumeiramente os currículos abordam questões de saúde física, ou seja, àquela preocupada com as condições do corpo em relação a doenças e ao vigor físico. Mas, para que o princípio da educação integral seja alcançado ampliam-se os diálogos de saúde, o que implica a escola em favorecer a saúde mental que se relaciona a qualidade de vida emocional e cognitiva dos sujeitos e a saúde social que se refere à capacidade de o sujeito interagir com outros e conviver bem em ambientes sociais. 3.10 Respeito, Valorização e Direitos dos Idosos Ao estabelecer o Estatuto do Idoso, via Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003, o Brasil inicia a regulação dos direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Consoante ao Estatuto, o idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, assegurando-lhe todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Além disso, o Estatuto traz a responsabilidade à família, à comunidade, à sociedade e ao Poder Público à incumbência, em prioridade, da “efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária” (BRASIL, 2003). Neste tocante, infere-se à escola a responsabilidade na propagação de conhecimentos e experiências 32 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL em que os idosos sejam respeitados e valorizados, além da responsabilidade para com os seus direitos. Assim, retoma-se a discussão de que a escola é lócus para o exercício da cidadania ativa e essa temática é mais uma oportunidade para os sujeitos vivenciarem a coletividade. 3.11 Conscientização, Prevenção e Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) A Lei n. 13.185, de 6 de novembro de 2015, instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (bullying) em todo território nacional. A fim de esclarecimento, o Programa conceitua bullying como “todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas” (BRASIL, 2015). Dentre os objetivos do programa destaca-se o de: IX - promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, com ênfase nas práticas recorrentes de intimidação sistemática (bullying), ou constrangimento físico e psicológico, cometidas por alunos, professores e outros profissionais integrantes de escola e de comunidade escolar (BRASIL, 2015). A lei ainda estabelece às escolas medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate ao bullying. De maneira complementar a este Programa, a Lei n. 13.663/2018 foi sancionada e alterou o artigo 12 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional com a finalidade de incluir que as escolas promovam medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência, em especial ao bullying, e estabeleçam a cultura de paz. Notoriamente, a escola é um espaço de relações sociais, muitas vezes não pautadas nos princípios da igualdade e da equidade, tanto pela influência da sociedade, quanto pelo fato de as crianças, adolescentes e jovens estarem em formação, ou seja, os aspectos físico,afetivo, cognitivo e social estão em desenvolvimento. Por isso, faz-se necessária a mediação dos profissionais da educação, com outras instâncias e profissionais, tais como os da Assistência Social e da Saúde, quando necessário, para que ao longo da formação dos sujeitos, as diversidades sejam reconhecidas e valorizadas. 3.12 Cultura sul-mato-grossense e diversidade cultural O Estado de Mato Grosso do Sul, conforme o Parecer CEE/MS n. 235/2006, do Conselho Estadual de Educação, tem vivenciado experiências que demonstram a relevância das manifestações culturais entre povos diversos, unidos por questões históricas, geográficas, 33 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL políticas e ideológicas. Essas questões se consolidaram no decorrer do ainda Estado de Mato Grosso que, em 1977, foi dividido em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O Parecer também se fundamenta conceitualmente e menciona que a “cultura abrange música, teatro, artes plásticas, artesanato, manifestações étnicas, prédios históricos, dentre outros e tem um caráter que extrapola os limites da estética, mas envolve valores, concepções, ideologias, constituição histórica e diversos outros aspectos que designam um povo” (MATO GROSSO DO SUL, 2006). Em se tratando da cultura de Mato Grosso do Sul torna-se relevante a discussão acerca da divisão político-administrativa do Estado de Mato Grosso, que originou outro Estado, com o qual compartilha referências históricas e culturais. Concomitantemente, a abordagem desse tema deve destacar as contribuições do campo na cultura de Mato Grosso do Sul, nas diversas manifestações artísticas e também na constituição e divisão dos territórios, tanto geográfica quanto historicamente. Nesse sentido, a escola, como espaço de educação formal, deve favorecer o conhecimento das produções regional e local, bem como divulgá-las e valorizá-las. 3.13 Superação de Discriminações e Preconceitos como Racismo, Sexismo, Homofobia e Outros A escola é difusora de conhecimento científico e garantia do direito à educação previstos na Constituição Federal. A Carta Magna determina que todos sejam iguais perante a lei e que não haja distinção de qualquer natureza entre as pessoas, ou seja, não há espaço para discriminações e preconceitos, por isso a escola, como instituição social, deve ser ambiente de combate à violência. Isso não quer dizer que a ela proponha ações de igualdade (padronização), mas sim que oportuniza às crianças, aos adolescentes e aos jovens a apropriação de identidades e a reflexão sobre os padrões de comportamento vivenciados e impostos pela sociedade. Nessa lógica, a escola precisa ser entendida como espaço de convivência de sujeitos cujas ações sejam pautadas em medidas que anulem e atenuem as práticas de discriminação e preconceitos que violam os direitos humanos e sociais. Dessa maneira, o currículo contribui com abordagens educativas, pautadas no diálogo e nas vivências, que superem essas práticas. 34 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL 3.14 Cultura Digital A Deliberação CEE/MS n. 10.814, de 10 de março de 2016, que estabelece normas para a educação básica no Sistema Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul, reforça a utilização das tecnologias da informação e da comunicação como recursos aliados ao desenvolvimento da aprendizagem. Assim, o currículo sul-mato-grossense apresenta a Cultura Digital como tema contemporâneo relevante que deve ser vivenciado nas escolas contemporâneas. O mundo expandiu-se além de fronteiras físicas convencionais e não convencionais e a relação com ele também mudou. As Tecnologias da Informação e Comunicação modificaram a forma como nos comunicamos e o modo como aprendemos. Dessa forma, é necessário promover, nas escolas, estratégias em que a tecnologia se torne um instrumento capaz de incentivar o desenvolvimento de novas soluções para resoluções de problemas, potencializando a aprendizagem das crianças, dos adolescentes e dos jovens e impulsionando a qualidade e a equidade da educação pública. O documento Notas Técnicas, elaborado pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira/CIEB, aponta que: A tecnologia da informação e da comunicação tem modificado a forma como nos comunicamos e o modo como aprendemos. Com isso, a escola precisa estar preparada para oferecer aos alunos subsídios que auxiliem o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para atuar nesse novo contexto com protagonismo, postura ética e visão crítica (CIEB, 2018, p. 4). A escola não pode ser um sistema à parte, e o conhecimento não é privilégio apenas desse espaço. É preciso abrir as portas à comunidade para entender as aproximações e os afastamentos entre espaços escolares e Cultura Digital. Uma mudança de atitude diante das tecnologias significa passar a encará-las como ferramentas de transformação da escola e, consequentemente, da sociedade. Nesse cenário, Prensky (2001) afirma a importância em reconhecer que os sujeitos mudaram, uma vez que nasceram em uma nova cultura e aprendem com nova linguagem. Não menos importante é entender que existem crianças, adolescentes e jovens hábeis no manuseio das TICs, mas com dificuldades para utilizá-las no processo de autogestão do conhecimento, para o desenvolvimento de soluções tecnológicas, a fim de se tornarem usuários críticos e autônomos. O professor que reconhece as crianças, os adolescentes e os jovens como pertencentes a esta geração será capaz de selecionar as mídias, distinguir suas semelhanças e diferenças, 35 VERSÃO PRELIMINAR 4 – PARA UTILIZAÇÃO NO SEMINÁRIO ESTADUAL identificar as tecnologias às quais tem acesso e quais competências digitais já possui ou necessita, que possam ser relevantes para sua formação integral. O professor precisa exercer a curadoria digital, garantir os conteúdos e perceber que os conceitos não podem ser desconsiderados, pois o que mudou e continua mudando, em ritmo acelerado, são as possibilidades de acesso à informação, e filtrá-las é fundamental. Assim, o que se espera dos sujeitos da educação básica, como indivíduo imerso na Cultura Digital, é que compreenda, utilize e crie tecnologias digitais de forma crítica, significativa e ética, nas diversas práticas e espaços sociais (incluindo a escola) nos quais atua e, a partir daí, comunique-se, acesse e produza informações e conhecimentos, resolva problemas e exerça o protagonismo e a autoria em todos os espaços e tempos da sua vida, no mundo contemporâneo. (BNCC³, p.32) A partir desses pressupostos, discute-se a importância da relação da educação com a cultura. Para Santaella (2003), há uma divisão das eras em seis tipos de formação: a cultura oral, a cultura escrita, a cultura impressa, a cultura de massas, a cultura das mídias e a Cultura Digital. A autora defende que não há uma separação entre uma forma de cultura e o ser humano, uma vez que somos essas culturas. Tratar da Cultura Digital requer o entendimento de contextos mais amplos, tanto dentro, como fora da escola, sob a perspectiva de integração dessas linguagens com o currículo. A escola deve assumir o papel de formar cidadãos para a complexidade do mundo e dos desafios que ele propõe. O conceito de Cultura Digital não está consolidado, porém na contemporaneidade ganha destaque. Do ponto de vista teórico ele se aproxima de outros, como sociedade da informação, cibercultura, revolução digital, era digital, utilizados por autores e pensadores, demarcando esta época, na qual as relações humanas são fortemente mediadas por tecnologias e comunicações digitais. Sob essa vertente, pode-se afirmar que os sujeitos estão imersos na Cultura Digital, uma vez que as tecnologias digitais estão inseridas no cotidiano, quando se utiliza os aplicativos de delivery de alimentação, de transporte privado urbano, de bancos digitais,
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