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1 ANA CAROLINA TEIXEIRA BASTOS – MEDICINA – 7 SEMESTRE Edema Agudo De Pulmão DEFINIÇÃO • Edema agudo de pulmão é uma emergência médica com alto risco de mortalidade. • Caracteriza-se por extravasamen-to de líquido para o espaço alveolar, decorrente do aumento da pressão hidrostática no capilar ou alteração da permeabi-lidade capilar. O quadro clínico típico consiste em dispneia de rápida pro-gressão, taquipneia, sinais de esforço ventilatório (tiragem in-tercostal, retração de fúrcula, batimento de asa de nariz), sudo-rese, estertores crepitantes bilaterais, tosse seca ou com expectoração de coloração rosada e, eventualmente, sibilos. • resultado de um desequilíbrio entre os fatores reguladores do transporte de líquido da microcirculação pulmonar para o espaço intersticial pulmonar, ou seja, desequilíbrio entre as pressões hidrostática e oncótica. EPIDEMIOLOGIA • A mortalidade intra-hospitalar pode alcançar até 21%.2 • Em média, 1 terço dos pacientes admitidos com edema agudo de pulmão e emergência hipertensiva tem a função do ventrículo esquerdo preservada. CLASSIFICAÇÃO EDEMA PULMONAR CARDIOGÊNICO • também denominado hidrostático ou hemodinâmico edema pulmonar não cardiogênico etiologia NÃO CARDIOGÊNICA O conhecimento das prin-cipais etiologias não cardiogênicas é essencial para a suspeita, uma vez que a maior parte delas tem desencadeantes bem de-finidos e características clínicas distintas • causas neurogênicas ( convulsão, trauma, hemorragia subaracnoide) • causas tóxicas com dano alveolar como a inalação de gases tóxicos ou aspiração de conteúdo gástrico • contusão pulmonar, afogamento, • reexpansão após pneumectomia ou grande toracocentese • reperfusão (após embolia de pulmão ou após transplante) • transfusões múltiplas • infecção grave • politraumas • fístula arteriovenosa pulmonar e alta altitude CARDIOGÊNICA • a doença arterial coronária crônica • síndrome coronariana aguda 2 ANA CAROLINA TEIXEIRA BASTOS – MEDICINA – 7 SEMESTRE • arritmias, principalmente a fibrilação atrial com alta resposta ventricular • crise hipertensiva • lesões valvares agudas, etc. FISIOPATOLOGIA • Na gênese do edema pulmonar, é importante considerar a fisiopatologia presente, a depender se de origem cardiogênica ou não cardiogênica. edema pulmonar não cardiogênico • está associado ao aumento do líquido no interstício pulmonar por alteração da permeabilidade do capilar pulmonar; • são exemplos dessa condição o edema pulmonar na síndrome do desconforto respiratório agudo e o edema pulmonar das grandes altitudes. a pressão hidrostática do capilar pulmonar encontra-se normal (abaixo de 18 mmHg), e não há hipertensão pulmonar. edema pulmonar cardiogênico • o mecanismo principal fisiopatológico é a ação da pressão hidrostática capilar elevada (hiper-tensão pulmonar acima de 18 mmHg). • que determina o aumento do edema intersticial pulmonar por falência da drenagem linfática e redistribuição de líquido pelos compartimentos pulmonares, incluindo alvéolos, território venoso e arterial pulmonar. Pode estar associado à hipervolemia, mas não é condição necessária para o EAP, como acontece na insuficiência mitral aguda e no infarto do miocárdio. A disfunção diastólica representa a redução da capacidade ventricular esquerda de receber o volume de sangue que chega pelo átrio esquerdo e pelas veias pulmonares (redução da complacência ventricular). o que provoca a elevação da pressão de enchimento do ventrículo esquerdo (pressão diastólica final), que se transmite ao átrio esquerdo, às veias pulmonares e aos capilares e vasos linfáticos pulmonares. O aumento da pressão hidrostática capilar pulmonar determina o extravasamento de líquido para o interstício pulmonar e, quando é excedida a capacidade de drenagem do sistema linfático dos pulmões, também para os alvéolos. ▪ Associado a isso, há ativação neuro- hormonal e disfunção na barreira endotelial, forçando o fluido capilar para o espaço intersticial e para dentro dos alvéolos. 3 ANA CAROLINA TEIXEIRA BASTOS – MEDICINA – 7 SEMESTRE ▪ Diferente da IC, no EAP não há necessidade de haver um estado de hipervolemia para que o aconteça a inundação alveolar; o que ocorre é uma ruptura no equilibrio da distribuição de líquido para os pulmões, levando ao EAP RELAÇÃO COM A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Insuficiência cardíaca nova ETIOLOGIAS ▪ Ruptura de músculo papilar ▪ Síndrome coronariana aguda Característica clínica ▪ Congestão pulmonar sem hipervolemia periférico Objetivo de tratamento ▪ Redistribuição de volume por meio de vasodilatadores e suporte ventilatório; uso judicioso de diuréticos. Insuficiência cardíaca crônica agudizada ETIOLOGIAS ▪ Má adesão clínica ▪ Aumento da ingesta de sódio e água Característica clínica ▪ Congestão pulmonar e sistêmica Objetivo de tratamento ▪ Redução da volemia; uso em larga escala de diuréticos. ▪ Associar vasodilatadores ou inotrópicos conforme a indicação QUADRO CLÍNICO O quadro clínico do EAP cardiogênio e não cardiogênico é semelhante. O edema intersticial leva à dispneia, o preenchimento alveolar por líquido causa hipoxemia, podendo estar associado à tosse e à expectoração de líquido espumoso. • intensa falta de ar (dispneia) → geralmente súbita • ortopneia • taquipneia • tosse com expectoração rósea • dor torácica, mesmo na ausência de isquemia EXAME FISICO • Taquicardia • Palidez • sudorese fria • agitação psicomotora • ansiedade. exame pulmonar • há crepitações inspiratórias e expiratórias em todo o tórax • sibilos, o que sugere edema da parede brônquica. Podem estar presentes as tiragens intercostal e infraclavicular Edema pulmonar cardiogênico buscando sintomas compatíveis com: insuficiência ventricular esquerda • cansaço aos esforços, ortopneia, dispneia paroxística noturna etc. cardiopatia isquêmica • dor precordial aguda ou crônica, em repouso ou aos esforços, que pode ser 4 ANA CAROLINA TEIXEIRA BASTOS – MEDICINA – 7 SEMESTRE aliviada com nitratos; cansaço e outros equivalentes anginosos infarto agudo do miocárdio • dor precordial aguda, cansaço, etc.), arritmias (história de síncope, palpitações etc.) miocardites • infecção viral recente, sensação de taquicardia. observar o nível de consciência, atentando para sinais de fadiga da musculatura respiratória, hipercapnia e hipóxia, como sonolência, queda rápida da frequência respiratória, gasping, agitação psicomotora e desorientação no tempo e no espaço, que sugerem hipoxemia grave. Edema pulmonar não cardiogênico • O quadro clínico do edema pulmonar não cardiogênico consiste em sinais e sintomas da doença de base e do próprio edema. • A ausculta pulmonar revelará estertores crepitantes em bases ou em toda a extensão de ambos os hemitóraces. • O paciente apresenta ansiedade, taquidispneia, sinais de esforço respiratório, pode haver cianose e outros sinais de hipoxemia. DIAGNÓSTICO O diagnóstico do edema agudo pulmonar é essencialmente clínico e deve ser obtido com base em dados da história e do exame físico. Exames laboratoriais Peptídeo natriurético • BNP é secretado predominantemente pelos ventrículos em resposta ao estiramento da parede e ao aumento da pressão intracardíaca. • Um nível de BNP abaixo 100 pg/mL indica que a insuficiência cardíaca é improvável (valor preditivo negativo,> 90%) • considerando que um nível de BNP superior a 500 pg/mL indica que é provável a insuficiência cardíaca (valor preditivo positivo,> 90%) radiografia de tórax • a radiografia de tórax mostra infiltrado no espaço peribroncovascular e linhas septais (linhas B de Kerley), podendo haver áreas de maior condensação. • A periferia é relativamente poupadano EAP cardiogênico. • Nas formas congestivas de edema pode haver inversão do padrão vascular pulmonar, com acentuação dos vasos nos terços superiores. MARCADORES • A coleta de marcadores de necrose miocárdica deve ser feita em todos os pacientes com EAP, preferencialmente a troponina T ou I, mas se não disponíveis, a CK-MB. 5 ANA CAROLINA TEIXEIRA BASTOS – MEDICINA – 7 SEMESTRE Gasometria arterial • é um exame fundamental para estimar o grau de hipoxemia, detectar hipercapnia (que sugere fadiga muscular e falência respiratória) com acidose respiratória e avaliar acidose metabólica associada. TC de tórax • pode ajudar no diagnóstico diferencial entre as duas formas de edema pulmonar. Pode detectar áreas de condensação pulmonar secundárias a infecção pulmonar, áreas atelectasiadas por compressão, entre outras alterações. Tratamento O tratamento do EAP visa restabelecer o equilíbrio ventilatório e hemodinâmico. 1. Manobras de proteção: monitorização, oferta sulementar de oxigênio e obtenção de acesso venoso. 2. Manobras de redução da pressão venosa (pré-carga). 3. Manobras de redução da resistência vascular sistêmica (pós-carga). 4. Suporte inotrópico se baixo débito. 5. Suporte ventilatório se o paciente se mantém hipoxêmico ou desconfortável após medidas iniciais. Os objetivos terapêuticos nos pacientes que chegam ao pronto-socorro com EAP hipertensivo são: ▪ Aliviar rapidamente os sintomas. ▪ Reverter as anormalidades hemodinâmicas agudas. ▪ Reverter o edema pulmonar. ▪ Investigar causas tratáveis de descompensação. Os principais objetivos do manejo desse grupo heterogêneo de pacientes são aliviar os sintomas, o mais importante dos quais é a dispneia extrema, e manter ou restaurar a perfusão vital do órgão. O foco principal da abordagem inicial será dado para a origem cardiogênica. Casos de suspeita de causas não cardio-gênicas devem seguir seu tratamento específico. OXIGENOTERAPIA ▪ A ventilação não invasiva usando uma máscara bem-ajustada para fornecer uma ventilação com pressão positiva reduz o desconforto respiratório e os distúrbios metabólicos mais rapidamente do que a terapia-padrão com oxigênio, mas não tem reduzido a mortalidade em curto prazo. Vasodilatadores NITROPRUSSIATO DE SÓDIO ▪ O nitroprussiato tem efeito vasodilatador arterial e venoso, e a nitroglicerina reduz 6 ANA CAROLINA TEIXEIRA BASTOS – MEDICINA – 7 SEMESTRE a pré-carga por meio de seu efeito venodilata-dor. ▪ Os vasodilatadores promovem melhora clínica por redução da pré e da pós- carga. ▪ No que diz respeito à resistência arterial, o nitroprussiato é o que tem maior efeito, e possui uma maior probabilidade de hipotensão, enquanto que a nitroglicerina tem perda dos efeitos hemodinâmicos. ▪ Dose 0,25 a 10 IJg/kg/min EV NITRATO ▪ : a nitroglicerina melhora os sintomas do EAP hipertensivo, alivia a congestão pulmonar e melhora a perfusão coronariana. ▪ A melhora é resultante primariamente da redução da pré-carga pelo seu efeito venodilatador A dose inicial de nitroglicerina intravenosa é 5-10 mg/min, podendo ser titulada a cada três a cinco minutos até a resposta desejada. A dose máxima é variável, mas gira em torno de 100 a 200 mg/min. DIURETICOS DE ALÇA Furosemida ▪ quando administrada intravenosamente, a furosemida causa venodilatação em quinze minutos, diminuindo a pré-carga tanto do ventrículo direito quanto do ventrículo esquerdo. ▪ A dose inicial é de 0,5 a 1 mg/kg IV (40 a 80 mg); pode ser repetida, conforme resposta do paciente. Uma injeção intravenosa de um diurético de alça (p. ex, furosemida, 50 a 100 mg intravenosa em bolus duas vezes ao dia, ou 10 mg por hora de infusão intravenosa contínua. Morfina ▪ exerce inúmeros efeitos benéficos: diminui a pré-carga, e em menor grau a pós- -carga e a frequência cardíaca, diminui a sensação de dispneia e a ativação do sistema nervoso simpático. Tais efeitos podem resultar em redução significante do consumo de oxigênio pelo miocárdio. Entretanto, a morfina pode causar depressão respiratória e do sistema nervoso central. ▪ A dose usual de morfina é de 2 a 5 mg IV a cada cinco a trinta minutos. O uso de hidralazina e betabloqueadores deve ser evitado, mas nos pacientes que mesmo com EAP necessitem de redução da FC, como no caso de EAP associado com isquemia miocárdica aguda, pode ser considerado o uso de metropolol. PAS < 90 mmHg ou má perfusão periférica Inotrópicos ▪ visam a melhora do débito cardíaco, redu-ção da pós-carga e fluxo adequado para os órgãos. ▪ Apre-sentam como desvantagem: potencial de desenvolvimen-to de arritmias, agravamento de isquemia miocárdica e indução de hipotensão arterial (exceto dobutamina) Noradrenalina ▪ deve ser utilizada em pacientes em cho- que cardiogênico ou hipotensão arterial importante.
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