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29 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA Unidade II 3 A COZINHA DA REGIÃO SUDESTE 3.1 Os italianos Até 1860, os italianos no Brasil não eram numerosos. Mas os quase 1 milhão de indivíduos que aqui chegaram entre 1860 e 1890 deram início à grande imigração italiana. Uma parte espalhou‑se pelos estados do Sul. A maioria, porém, estabeleceu‑se em São Paulo, alguns trabalhando nas fazendas de café, outros nas emergentes indústrias em expansão. Segundo Cascudo (2011), os italianos são responsáveis pela preferência nacional por massas de farinha de trigo, acompanhadas de molhos espessos e condimentados, resistindo às seduções da pimenta, teimando no azeite doce e na banha de porco contra o dendê e o leite de coco. Foram os únicos imigrantes capazes de impor os seus pratos e os seus ingredientes ao povo brasileiro, aceitando somente o tomate. De fácil preparo, a massa caiu nas mãos das cozinheiras nativas e se manteve íntegra, com a variação incidindo sobre os molhos. Por volta de 1950, o macarrão já fazia parte do cardápio dos almoços dominicais paulistas. Às quintas‑feiras, os paulistas também adotaram o macarrão. Este muitas vezes é acompanhado de frango, e sua presença à mesa duas vezes por semana se tornou quase obrigatória. Os italianos difundiram também as sopas grossas, as polentas, as douradas minestras, as massas com variedades quase infinitas, do vermicelli fininho ao grosso strozzapreti (que não podia ser engolido facilmente pelos padres), a pizza napolitana, o nhoque, o ravióli, a lasanha, a valorização do queijo, o risoto – com isso, defenderam suas tradições e venceram o clima brasileiro. O queijo é uma influência trazida pelos portugueses. No entanto, conforme Cascudo (2011), no Brasil ele associou‑se formalmente aos doces, causando espanto aos europeus, que o serviam sozinho ou com vinho tinto. Queijo com banana tornou‑se um prato nacional, muito comum pelo Brasil, em especial no estado de Minas Gerais – exceto na Região Norte, em que preferem a farinha de mandioca como acompanhamento. De acordo com Cascudo (2011), apenas mineiros e sertanejos nordestinos, do ciclo pastoril, comem o queijo sozinho. Melhor dizer, comiam, porque, de muitos anos para cá, o queijo pede complemento direto e não constitui uma refeição completa. Há inclusive um prato chamado mineiro com botas (goiabada, queijo e bananas). No sertão, o queijo era quase sempre assado; nas fazendas mais afortunadas, era saboreado com farofa de ovos duros, sal e manteiga da terra. Um estrangeiro ainda pode comer queijo e depois beber um copo de vinho. Um brasileiro dificilmente o fará. Por volta de 1940, João Peretti dava‑me uma merenda em sua casa de Caxangá, no Recife. Serviço de velha porcelana brasonada, cristais da Boêmia, 30 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II vinhos franceses, conjunto delicado de coisas deliciosas. Estavam presentes D. João de Bragança, Plúblio Dias e Guilherme Áuler, médicos e eu. João Peretti avisou‑nos haver um famoso pé de moleque, feito com os rigores da tradição pernambucana. O criado, negro, alto, sisudo, obedecia aos olhares e gestos discretos do anfitrião. Bandeja com infinidade de queijos da França, Itália, Holanda e Portugal. Pusemos um pedaço no prato. O telefone tocou e Peretti foi atender. O criado, impossível e grave, olhou‑nos com surpresa e, sem vacilar, serviu‑nos de uma vasta tora de pé de moleque junto ao mais aristocrático dos queijos franceses. Não compreendia queijo sem mais alguma coisa. Volta Peretti, com seu ar de gentil‑homem apressado, e vê nos nossos pratos o queijo e o pé de moleque, que hurlaient de se trouver ensemble, e ergue lentamente os braços para o alto, num mudo desespero irreprimível. Rimos o resto da tarde. E brasileiramente não dispensamos de comer o queijo com o pé de moleque e Bourgogne (CASCUDO, 2011, p. 622‑623). 3.2 A bebida nacional Os índios brasileiros conheciam e consumiam bebidas alcoólicas fermentadas. O português, embora já dominasse o processo de destilação, tinha como bebida preferida o vinho fermentado. No Brasil, os nativos usavam frutas e raízes para produzir suas cauinagens. A bebida ordinária dos indígenas era a água fria das fontes ou dos rios. Mas, vez por outra, depois de vários dias de preparação a cargo das mulheres – que mastigavam diversos tipos de ingrediente, juntos ou separados, e os cuspiam numa espécie de tacho no qual os deixavam fermentar por determinado tempo para alcoolizar –, eles tomavam bebidas alcoólicas. Segundo Cascudo (2011), os cauins eram feitos principalmente com mandioca, mas também eram produzidos com caju, banana‑da‑terra, milho, ananás (abacaxi), batata, jenipapo, farinha de mandioca e mel de abelha. Com mel, preparava‑se ainda um licor sem necessidade de cozimento, apenas misturando‑o com água da fonte e deixando‑o ao relento. Os nativos costumavam beber a seiva das palmeiras, mas não sabiam conservar o sumo, que depressa se fermentava e se tornava picante. O ácido ascórbico, presente na seiva, desaparecia pela oxidação. Os índios não apreciaram o vinho português, primeira bebida estrangeira apresentada a eles. No entanto, gostaram imensamente das bebidas destiladas, que chamaram de cauim‑tatá (bebida de fogo), e da garapa, que os escravos negros conseguiam com a borra do mel nos engenhos de açúcar. A maneira como os índios consumiam a bebida alcoólica era distinta daquela de portugueses e demais europeus, que consideravam as cauinagens uma maneira aleatória de se embriagar e, sobretudo, pecaminosa. Ao vê‑los cambaleantes e alegres, os europeus achavam que os índios estavam possuídos, endemoniados. Os nativos tinham um bom conhecimento do que seria uma bebida de qualidade. Nos primeiros encontros com os portugueses, quando estes ofereciam vinho aos índios, eles recusavam de imediato. 31 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA Não se sabe exatamente se essa recusa era devida à qualidade e ao sabor do vinho ou se à alteração do sabor (talvez avinagrado) causada pelas longas viagens dos portugueses. O número total das bebidas indígenas é uma incógnita; conhecem‑se apenas aquelas que foram anotadas no litoral por cronistas portugueses e alemães dos séculos XVI e XVII. O que haveria pela imensidão do território brasileiro? As técnicas usadas eram bastante variadas: a mastigação prévia para ativar a fermentação pela diástase da saliva, a prática de sorver a seiva na própria palmeira, a pilagem. Ainda em 1884, porém, algumas tribos no rio Xingu desconheciam esses processos fermentativos (CASCUDO, 2011). Cascudo (2011) comenta que o português, ao fundar no Brasil a indústria do açúcar, criou a fabricação do álcool. Segundo o autor, a mais antiga notícia da produção de aguardente é uma referência de Pyrard de Laval, que esteve na Bahia em 1610. Laval informou que se fazia vinho com o sumo da cana, que era barato, mas só para os escravos e os filhos da terra. Somente cerca de trinta anos mais tarde é que aparece a primeira descrição, por Guilherme Piso, da fabricação da bebida. Anteriormente, nos séculos XVI e XVII, a Europa bebia eau‑de‑vie de frutas, Kirschenwasser, quetsch, marasquin, e o rum abria caminho para a vulgarização. O rum consistia na fermentação e destilação do mel da cana‑de‑açúcar e era feito com matéria‑prima proveniente da América. Nos países antilhanos, era forte o crescimento da produção de tafia ou ratafia, destilação do xarope da espuma do melaço de cana. A cachaça portuguesa, produzida no Minho, era feita com a borra do vinho, como a cachaza espanhola.Cascudo (2011) afirma que essas técnicas teriam levado o português a destilar aguardente no Brasil, devido à abundância de mel de cana. Existindo rum e tafia, por que não fazer outra bebida, dessa vez criada por eles, um eau‑de‑vie brasileiro? O que se deu a seguir foi uma verdadeira popularização da cachaça, que no começo era chamada de água ardente. O domínio da técnica e a preferência pela bebida determinaram sua fabricação em larga escala no Brasil a partir do século XIX. Tanto pequenos e modestos plantadores de cana quanto grandes produtores tinham um engenho para a produção de cachaça. Isso também contribuiu para o fortalecimento do comércio e o hábito do brasileiro de gostar de cachaça. Atualmente, a cachaça é produzida em todo o território brasileiro. Em algumas regiões, porém, a bebida é consumida não somente em ocasiões especiais, mas no dia a dia. Minas Gerais, em especial, é considerado o estado onde se produzem as melhores cachaças do País, e no Sudeste encontram‑se talvez os maiores consumidores, o que se deve aos tropeiros que ajudaram a difundir o costume por toda a região. Saiba mais Você pode encontrar mais histórias e informações sobre a cachaça no livro: CÂMARA, M. Cachaça: prazer brasileiro. Rio de Janeiro: Mauad, 2004. 32 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II 4 A COZINHA DE CADA ESTADO 4.1 Rio de Janeiro Os cariocas que viviam na corte deram início a uma grande experiência culinária e a regras de etiqueta – foi lá que a família real aportou em 1808. A cozinha carioca é uma mistura de culinária portuguesa, culinária africana e ingredientes brasileiros. A origem da maioria de suas receitas é desconhecida. Embora não se saiba o lugar do País em que surgiu pela primeira vez, a feijoada é divulgada como prato carioca. Prato nacional e carioca por excelência, é uma mistura de feijão (sempre preto) com carne de porco (desde o focinho até o rabo do animal). Do toucinho, são feitas as pururucas, crocantes e douradas, que nos botecos são companheiras da caipirinha e da cerveja. Do lombo, são retirados os bifes com parte do osso, as costeletas. Das tripas lavadas, surgem diversas linguiças. Também compõem a feijoada a carne‑seca e o bacon. A feijoada completa‑se com banana‑da‑terra, farofa à brasileira (com a insubstituível farinha de mandioca), arroz (sempre branco), laranja, couve mineira, molho de pimenta‑malagueta e a tradicional cachaça. A cozinha carioca utiliza pouca gordura no preparo de suas receitas. O coentro, o cominho e o louro são empregados com cuidado. Alguns pratos são resultado de misturas ocorridas com o tempo, com grande influência portuguesa. O camarão com chuchu, o cozido carioca, a sopa à Leão Veloso, a buchada de bode, o Manezinho Araújo, o caldo verde, as iscas de fígado e o bacalhau à Gomes de Sá são populares, saborosos e muito consumidos pelos cariocas, e tornaram‑se presença marcante em quase todos os bares e botequins da capital. Alguns restaurantes mais antigos ou clássicos servem comida mais aportuguesada. Sobre a origem de certos pratos: • No restaurante Minhota, surgiu o filé à Osvaldo Aranha. O diplomata Osvaldo Aranha sempre pedia para pôr alho frito sobre o filé e que este fosse acompanhado de arroz, batata portuguesa e farofa. Vencidos pela insistência do cliente, deram o nome do diplomata ao prato, que se popularizou e se transformou em marca registrada do restaurante. • No restaurante Rio Minho, originou‑se a sopa de peixes à Leão Veloso. Essa sopa tem aproximadamente cem anos de história e também foi criada por um diplomata, o embaixador Paulo Leão Veloso, a partir da adaptação de uma tradicional receita de sopa de frutos do mar, bouillabaisse, originária da cidade francesa de Marselha. • No restaurante Cabeça Chata, surgiu o doce Manezinho Araújo, nome do músico e compositor que era dono do restaurante junto com sua esposa Alaíde. 33 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA • Nos restaurantes Sacha’s e A Polonesa, lançou‑se o estrogonofe no País. • Do Nino e do Antonio’s, vieram os pratos com influência italiana. Outro fator importante foi a chegada da Nouvelle Cuisine Française ao Brasil, trazida para a cidade do Rio de Janeiro por chefes, como Claude Troisgros e Gaston Lenôtre. Logo vieram outros, que ajudaram a desenvolver e a difundir pelo País as técnicas gastronômicas mais avançadas. Lembrete A cozinha carioca usa pouca gordura em seus preparos. Em geral, utiliza‑se azeite de oliva na maioria dos pratos. Um dos motivos é a presença de peixes e frutos do mar nas receitas mais clássicas. Bolinho de bacalhau INGREDIENTES 200 g de bacalhau dessalgado 200 g de batata‑monalisa ½ cebola em brunoise 20 ml de azeite Salsinha finamente picada 1 ovo Óleo vegetal para fritura Noz‑moscada a gosto Sal e pimenta‑do‑reino a gosto Para servir 1 limão‑taiti Molho de pimenta vermelha 34 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II MODO DE PREPARO 1. Cozinhe o bacalhau em água fervente, retire a pele e as espinhas e desfie‑o. 2. Cozinhe as batatas com casca em abundante água fervente. Quando estiverem macias, descasque‑as e passe‑as por uma peneira para obter um purê. Reserve. 3. Numa frigideira, aqueça o azeite e refogue a cebola. Em seguida, junte o bacalhau. Reserve. 4. Num mesmo recipiente, junte o refogado de bacalhau com cebola, o purê de batatas e a salsinha picada. Tempere com sal, pimenta‑do‑reino e noz‑moscada. 5. Separe a gema da clara. Junte a gema ao composto de bacalhau e bata a clara em ponto de neve. Agregue a clara ao mesmo composto delicadamente, para não desfazer o ponto de neve. 6. Com o auxílio de duas colheres de sopa, faça quenelles e frite em imersão no óleo bem quente. 7. Sirva imediatamente com limão‑taiti e molho de pimenta vermelha. 4.2 São Paulo Da fundação da vila de São Vicente, em 1532, por Martim Afonso de Sousa, até o Ciclo do Café, os hábitos alimentares dos habitantes do estado de São Paulo pouco mudaram. Os jesuítas, que subiram a Serra do Mar em direção ao planalto e fundaram o colégio destinado à catequização dos índios, iniciaram a cultura de criação de animais de pequeno porte, como porcos e galinhas, e a agricultura de subsistência, plantando mandioca, milho, cará e, principalmente, feijão. Frutas, como jabuticaba, araçá, pitanga e cambuci e outros alimentos consumidos pelos indígenas foram, incorporados à alimentação paulista, adaptados à herança europeia (COZINHA…, 2009). Os primeiros habitantes da região da vila de São Vicente tentaram plantar cana‑de‑açúcar em larga escala, empreitada que não foi bem‑sucedida. Com isso, tiveram que procurar outros meios de sobrevivência. Uma das formas encontradas foi a saída de bandeirantes, tropeiros e desbravadores em direção ao interior de São Paulo e a estados vizinhos, em busca de índios para escravizar. Foram eles que difundiram uma dieta composta de alimentos não perecíveis, resultado das longas viagens, como feijão, carne‑seca, toucinho, farinha de mandioca, açúcar (rapadura), gordura de porco, mandioca, milho, frutas que aprenderam a consumir com os índios e carne de caça (capivara, anta, tatu, paca, porco‑do‑mato, perdizes, macuco, nhambu e outros pequenos mamíferos). Essa combinação foi responsável pelo surgimento do prato paulista mais conhecido: o virado de feijão. O preparo era simples: o feijão era cozido junto com a carne‑seca; em outra panela, derretia‑se a gordura do toucinho, que era acrescentada ao feijão para temperá‑lo; depois, misturava‑se tudo com a farinha de mandiocaou de milho (COZINHA…, 2009). 35 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA Segundo Romio (2000, p. 86‑87): Era também do milho que vinham quireras (milho triturado) e burés (papas de milho), e da farinha de milho misturada ao feijão ia surgindo aquele que iria transformar‑se num dos mais tradicionais pratos paulistas, o virado. Por que virado? Porque, depois de virado na panela, o alimento era muitas vezes guardado na mochila embrulhado num pedaço de pano, que, quando aberto, mostrava uma comida pela segunda vez revirada. Outro clássico da culinária brasileira, como já visto, é a feijoada, cuja origem é controversa. Em São Paulo, ela tem presença obrigatória nos cardápios e mesas dos restaurantes dois dias por semana: às quartas‑feiras e aos sábados (TREVISANI et al., 2004). Em muitos restaurantes de São Paulo, o virado à paulista é vendido às segundas‑feiras e é feito com as sobras da feijoada de sábado. Os bandeirantes e tropeiros levaram o virado para Minas Gerais, onde o prato sofreu alterações e passou a se chamar de tutu à mineira. A principal diferença é que o tutu mineiro é feito com feijão batido ou moído, e o virado à paulista com grãos inteiros. Tradicionalmente, serve‑se o virado acompanhado de bisteca ou costeleta suína frita, linguiça frita, banana empanada e frita, ovo estrelado, de preferência com a gema mole, couve cortada em tiras e refogada na gordura, torresmo crocante feito na hora e arroz. Na prática, o virado deve ser uma refeição completa. Virado à paulista INGREDIENTES 350 g de feijão cozido, batido no liquidificador 2 dentes de alho picados ou amassados 1 cebola picada Sal e pimenta‑do‑reino a gosto 60 g de farinha de mandioca crua 20 ml de óleo de soja ou azeite 500 ml de água 2 bistecas Suco de ½ limão Óleo para fritura 36 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II 350 g de linguiça toscana 2.000 ml de água fervente 2 bananas nanicas 1 ovo batido com 100 ml de leite Farinha de trigo (para empanar) 1 maço de couve, lavado e cortado em chiffonade 350 g de barriga de porco 10 g de bicarbonato de sódio (opcional) 1 ovo MODO DE PREPARO Para o tutu de feijão 1. Numa panela, aqueça o óleo e refogue a cebola e o alho. 2. Quando amolecer a cebola (estiver transparente), junte o feijão e deixe ferver por cerca de 10 minutos para apurar os temperos. 3. Acrescente 500 ml de água e sal a gosto. 4. Quando estiver encorpado (reduzir 50%), junte a farinha de mandioca até que fique uma papa. Talvez não seja necessário utilizar toda a farinha. 5. Mexa até que tome o aspecto de um pirão grosso. Mantenha aquecido. Para as bistecas 1. Temperar as bistecas com o suco de limão, o sal e a pimenta‑do‑reino a gosto. 2. Deixe marinar por no mínimo 30 minutos. 3. Numa frigideira, aqueça o óleo ou o azeite e grelhe as bistecas. Se necessário, acrescente um pouco de água para mantê‑las hidratadas. 4. Reserve e sirva como acompanhamento. 37 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA Para as linguiças 1. Cozinhe as linguiças em água fervente de 15 a 20 minutos. Reserve e deixe esfriar. 2. Corte‑as em rodelas ou ao meio (no sentido do comprimento) e grelhe‑as numa frigideira com óleo quente. Se preferir, pode fritá‑las. Para as bananas 1. Corte as bananas ao meio ou em três partes e passe‑as pelo ovo batido, pela farinha de trigo e, por último, pela farinha de rosca. Aperte levemente para firmar o empanamento. 2. Frite em óleo quente e por imersão. Para o ovo 1. Aqueça o óleo numa frigideira antiaderente e, em seguida, coloque o ovo. 2. Acrescente sal. Deixe fritar de um lado e, com uma colher, vá jogando óleo quente por cima do ovo até atingir o ponto desejado. 3. Retire da frigideira e sirva. Para a couve 1. Retire o talo das folhas de couve e corte‑as finamente. 2. Numa panela preaquecida, acrescente o óleo e refogue a couve mexendo rapidamente. Acerte o sal e sirva. Para o torresmo 1. Corte a barriga em tiras de aproximadamente 2 cm. 2. Numa panela com água fervente, coloque o bicarbonato e cozinhe a barriga por cerca de 20 minutos. 3. Em seguida, escorra e frite em óleo bem quente, com a panela tampada. 4. Retire da fritura e escorra em papel toalha. Obs.: se preferir, pode temperar a barriga com antecedência com sal e cachaça. No momento em que cozinhar, pode optar por não retirar e escorrer, e sim deixar secar a água e fritar na própria gordura. 38 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II Finalização Para montar o prato, coloque o tutu de feijão no prato, a bisteca ao lado, o ovo por cima da bisteca e as demais preparações ao lado. Sirva com molho de pimenta. Cuscuz paulista INGREDIENTES 250 g de camarão graúdo limpo 2 tomates maduros (concassé) ½ cebola em cubos pequenos 1 dente de alho picado 50 g de azeitonas verdes sem caroço ¼ de pimentão vermelho em cubos ¼ de pimentão amarelo em cubos 2 ovos cozidos Salsa e cebolinha picadas q.b. 50 ml de azeite de oliva 50 g de ervilha fresca cozida 150 ml de molho de tomate (opcional) Molho de pimenta a gosto 80 g de palmito cortado em rodelas 1 lata de sardinha em conserva Sal e pimenta‑do‑reino a gosto Limão q.b. 39 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA 100 g (aproximadamente) de farinha de milho 20 g de farinha de mandioca Água quente ou caldo de camarão q.b. MODO DE PREPARO 1. Tempere os camarões limpos e salteie‑os. Reserve. 2. Unte a fôrma do cuscuz com óleo e enfeite‑a com alguns dos ingredientes da receita. Decore‑a com alguns camarões e deixe o restante para juntar ao cuscuz. 3. Aqueça o azeite em uma panela média. Refogue o alho e a cebola. 4. Em seguida, junte os pimentões e as azeitonas. Deixe apurar por cerca de 3 minutos. 5. Acrescente os tomates e o molho de tomate e deixe apurar por mais 2 minutos. 6. Coloque o caldo de camarão quente e deixe ferver. Acerte o sal e a pimenta‑do‑reino. 7. Quando ferver novamente, acrescente aos poucos a farinha de mandioca, mexendo sem parar para não empelotar. Deixe cozinhar por 2 minutos e, em seguida, acrescente aos poucos a farinha de milho. Não pare de mexer. 8. Adicione a sardinha com a conserva, o palmito, as ervilhas, a salsa e a cebolinha. 9. Na sequência, adicione os camarões e o molho de pimenta e deixe cozinhar por mais 2 minutos. 10. Acerte os temperos e, se necessário, coloque mais caldo para acertar o ponto. Cuidado para não ficar uma massa grossa, pois isso deixa o cuscuz pesado e duro. Cozinhe até amaciar e desgrudar da panela. 11. Para finalizar, acrescente o ovo picado e misture. Em seguida, preencha a fôrma enfeitada com a massa, apertando de leve para não ficar buracos. Deixe esfriar e desenforme. Observação O cuscuz é um prato simples que se alterou ao longo do tempo e por onde passou. Em São Paulo, ele é rico em ingredientes e técnicas de preparo. 40 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II Outras características da época dos bandeirantes e tropeiros: • A mandioca e o milho tiveram uma importância fundamental, dando a São Paulo vários tipos de bolo e biscoito. • Era costume dos bandeirantes transportar o milho e a mandiocareduzidos em farinhas; socados nos pilões com carne‑seca, viravam paçocas. • O milho era consumido verde, cozido ou assado, transformado em curaus, cremes, mingaus, pamonhas e pudins; também seco, como canjica, e pelo avesso, como pipoca. • O fubá era um produto muito apreciado e produzido do grosso e do mimoso (fino). Até hoje, sua importância se faz notar na culinária dos sertanejos, com os seus biscoitos, bolos e broas; o fubá grosso era usado para fazer angus e farofas. • Em meados do século XVIII, surgiu a cultura do arroz no Brasil, e a combinação básica de arroz com feijão passou a ser muito comum. • Os tropeiros tinham o hábito de cultivar pequenas hortas e criar, no fundo dos quintais, galinhas e porcos, que eram usados no abastecimento das casas (prática também conhecida como economia de subsistência). • As flores e os brotos (cambuquira) de abóbora eram consumidos à milanesa ou como ingrediente de caldos e sopas. Foi no Vale do Paraíba que a vasta culinária dos tropeiros tornou‑se mais enraizada. O afogado, um ensopado de carne bovina (ponta de filé ou alcatra) cozida entre 8 e 10 horas em fogo baixo, até desmanchar, tradicional na cidade de São Luiz do Paraitinga, tem influência indígena (mandioca, milho, cará, inhame, as folhas carnudas da taioba e alguns tipos de palmito, como indaiá, caraguatá e jerivá), africana (quiabo e jiló) e portuguesa (carnes salgadas e temperos). Outra iguaria curiosa que sobreviveu ao tempo foi a farofa de içá, feita com a parte traseira da formiga tanajura – mais uma herança indígena (COZINHA…, 2009). Os doces tradicionais paulistas são, em sua maioria, dos tempos coloniais. O doce de mamão verde, o furrundum (também conhecido, no Nordeste, como furrundu), é bem antigo, assim como a canjica, a paçoca de amendoim, a marmelada, a bananada e os doces de batata‑doce e de abóbora, que continuam muito populares. Nas fazendas ainda se produzem compotas de frutas, como a goiaba, para que durem mais tempo. Além desses doces, o bolinho de chuva, o arroz‑doce, o biscoito de polvilho, o pão de ló e o creme de ovos até hoje integram cadernos de receitas das famílias do interior, apesar da grande concorrência dos produtos industrializados (COZINHA…, 2009). Não se pode esquecer que esses pratos tão tradicionais vêm de uma época em que a comida fumegava lentamente sobre o fogão, por um longo tempo. Por isso, não se pode apressar o cozimento de alguns ingredientes, como a maioria das carnes: sempre se perde parte do sabor que os antigos métodos 41 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA traziam às mesas. Mesmo que a falta de tempo do mundo moderno imponha algumas adequações, é importante preservar os pratos mais característicos da culinária tradicional (TREVISANI et al., 2004). A cozinha litorânea paulista se divide em duas linhas principais. A cozinha do Litoral Norte, com influência indígena, é composta de frutas, pirão, peixes assados em folha de bananeira ou cozidos em panelas de ferro ou de barro – caso do azul‑marinho, preparado com peixe e banana verde; nesse prato, ocorre uma reação química do ferro da panela com o tanino da banana, deixando o caldo do cozimento numa cor azulada. Na Baixada Santista, por sua vez, a influência portuguesa é mais forte, com as suas caldeiradas de peixe e frutos do mar e os guisados temperados com molhos, pimentão, cebola e cheiro‑verde (salsa, coentro e cebolinha). Somente no final do século XX São Paulo passa a ser considerada uma das maiores metrópoles gastronômicas do mundo. O encontro dos nativos com as civilizações europeia e asiática, por meio dos imigrantes, ajudou a enriquecer esse polo de influências exóticas, produzindo o caldeirão de sabores que é hoje a cidade de São Paulo. Observação No paulistano, em especial, existe uma forte e inegável influência italiana, o que é notável em seu sotaque, em sua maneira de falar e em sua preferência por comidas, como massas e pizzas. Essa influência pode ser comparada à que o carioca tem dos portugueses. 4.3 Minas Gerais De acordo com Bosisio, Christo e Rocha (1998), a descoberta de ouro no interior da colônia fez com que o bandeirante Fernão Dias Paes, em 1674, desse início a uma grande empreitada. Foi nessa data que ele entrou no sertão de Minas Gerais, abrindo largamente as portas da região aurífera, preparando o caminho para os futuros tropeiros, descobridores e exploradores de pedras e metais preciosos, como diamante e ouro. O transcurso da viagem em busca de riqueza era árduo, muitas vezes mortal. Cada um colocava seu alimento na sacola e partia, confiante, desvairado pela miragem do ouro. Esperava‑o, muitas vezes, o pior dos padecimentos: a fome (BOSISIO; CHRISTO; ROCHA, 1998). Mas, pelas estradas, quando se acabavam as provisões (farnel) ou as roças plantadas no caminho não eram suficientes para matar a fome, assavam‑se peixes dentro de folhas, em moquéns, assim como as demais caças. Caçava‑se o que aparecesse pela frente: antas, aves, capivaras, cobras, lagartos, macacos, onças, quatis, veados e outros. Às vezes, quando encontravam, usavam também o mel de abelha e algumas frutas e raízes: cará, banana, palmito, maracujá, abacate, goiaba, mamão, batata e até broto de samambaia‑do‑mato (ROMIO, 2000). Rapidamente, estabeleceu‑se uma corrente comercial ativa entre as cidades litorâneas e Minas Gerais. Formaram‑se caminhos percorridos por mercadores, tropeiros, comboieiros e boiadeiros – que 42 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II iam e vinham por eles, diferentemente dos que, levados pela febre do ouro, apenas pensavam na ida, e não na volta (BOSISIO; CHRISTO; ROCHA, 1998). Os anos que sucederam às descobertas foram muito difíceis na região, mas teriam sido piores sem os mantimentos e gêneros provenientes das cidades e vilas de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia: boiadas, toucinho, aguardente, açúcar, farinha, feijão, milho, calçados, remédios, algodão e enxadas, além de artigos importados, como sal, azeite, vinagre, trigo, ferro, pólvora, vidros, vinho, armas, tecidos e milhares de escravos africanos (BOSISIO; CHRISTO; ROCHA, 1998). Com o tempo, segundo Bosisio, Christo e Rocha (1998), os tropeiros e viajantes passaram a encontrar pelos caminhos de Minas Gerais quatro modalidades de alojamento: • Pouso: um acampamento simples em terreno aberto, onde os viajantes preparavam o almoço ou o jantar e passavam a noite ao relento. Com autorização do proprietário da terra, o tropeiro alimentava seus animais e se acomodava com seus companheiros de jornada, dormindo no meio de arreios, couros, bruacas (malas de couro para transporte de objetos sobre cavalgaduras) e canastras (cestas largas e baixas, feitas de vime ou madeira, geralmente com tampa) da tropa. • Rancho: erguido sobre esteios de madeira ou pilastras de cimento e cobertura de sapé, esse galpão acomodava as tropas de maneira um pouco mais confortável do que o pouso. Os camaradas faziam uma fogueira e sobre ela armavam um tripé de pau, em que eram pendurados o caldeirão com feijão e carne‑seca e a chaleira de café. Dormiam em chão de terra batida, deitados sobre os couros. • Venda: pequeno comércio em que se podia achar de quase tudo: cachaça, sal, açúcar, feijão, carne‑seca, fumo de corda, ferraduras, cabeças de alho, armas de fogo e livros de missa. Algumas vendas ofereciam quartos, onde os viajantes dormiam em jiraus (espécie de cama feita com grades de varas, sobre esteios fixados no chão) ou catres (camas de viagem dobráveis de lona). • Estalagem ou hospedaria: tinha geralmente dois ou três quartos de terra batida, teto sem forro, jiraus com colchão e travesseiros com palha de milho.Havia também um penico de ferro estanhado e uma lamparina de azeite. O café da manhã era ralo e adoçado com rapadura, acompanhado de queijo e biscoito de polvilho. No almoço, serviam feijão com angu, torresmo, chuchu, quiabo ou abobrinha. De vez em quando, matava‑se uma galinha. Após a fase da mineração no século XVIII, ficou a herança dos costumes gerados pelo tropeirismo – as fazendas. O hábito de cultivar a terra e criar pequenos animais, a fome e a dificuldade das viagens contribuíram para que muitos viajantes se estabelecessem em locais fixos e, posteriormente, formassem famílias e conquistassem a terra. Segundo Trevisani et al. (2004), nos rincões afastados das cidades, o mineiro ainda conserva o fogão a lenha e as técnicas dos mais antigos de preparar o leitão assado; o hábito de comer, no café da manhã, cuscuz ou mandioca cozida, quentinha e polvilhada com açúcar; o costume de pescar seu lambari nos rios e ribeirões perto de casa. Além disso, ele mantém em seu cardápio o mexidinho de linguiça, sobras 43 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA de carne com ovos e farinha e o feijão‑tropeiro com torresmos, enfeitado com rodelas grossas de ovo cozido. Enfim, os mineiros preservam sua deliciosa e personalíssima maneira de cozinhar. Trevisani et al. (2004) assinalam também que, para o mineiro, a comida salgada é realmente salgada e quase sempre com pimenta. Os doces, por sua vez, são bastante doces. Para eles, pode‑se dizer que não há pratos especiais, reservados para os dias de festa, pois a comida é sempre a autêntica comida mineira, uma das mais tradicionais do Brasil. Um grande exemplo é o tutu de feijão, que pode ser servido nas refeições de domingo ou durante a semana. Não por acaso, não há capital brasileira que não tenha um ou mais restaurantes mineiros, que oferecem delícias, como tutu de feijão, couve à mineira, leitão à pururuca, doces e salgados de milho, pães, bons‑bocados, amanteigados, licores e o tão famoso pão de queijo, que já é conhecido internacionalmente (TREVISANI et al., 2004). A sobremesa é com toda a certeza a parte mais aguardada da refeição, porque é também nela que a arte culinária mineira se destaca, tendo transformado a rica tradição herdada dos portugueses: o doce de leite, as compotas feitas com todos os tipos de fruta da terra (pêssego, goiaba, laranja, banana, mamão, abacaxi, cidra, figo, jaca, ameixa, marmelo, manga, jenipapo etc.), o quebra‑quebra, a brevidade, o sonho, as broas de fubá, os sequilhos, as línguas de sogra – tudo isso sempre acompanhado com os melhores queijos mineiros. Diferentemente dos europeus, que comem o queijo e depois o doce, em Minas eles formam um par perfeito. O tradicional queijo de minas presta‑se divinamente a essa combinação. A doçaria mineira é muito rica. Nela, encontramos ainda o doce de buriti, rocamboles recheados com doce de leite, geleias de jabuticaba, doces de calda e massa, pudins, bolos, o doce de abóbora com coco, pés de moleque e frutas cristalizadas (secas por fora e macias por dentro). Além dos já mencionados, outros pratos clássicos de Minas Gerais, que têm presença garantida nos restaurantes e nas casas mais tradicionais, são: costelinha com canjiquinha, frango com quiabo (xi‑angu), bambá de couve, maneco com jaleco, refogado de ora‑pro‑nóbis, vaca atolada, suã de porco com arroz, e muitos outros. Costelinha com canjiquinha INGREDIENTES 350 g de costelinha de porco 100 g de costelinha de porco defumada 2 dentes de alho picados 1 cebola picada Suco de ½ limão 44 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II 1 tomate sem semente picado ½ maço de couve‑manteiga rasgada grosseiramente ¼ de pimentão verde ou vermelho pequeno em cubos (opcional) Cheiro‑verde (salsa e cebolinha) a gosto 30 ml de óleo ou gordura de porco 150 g de quirera de milho (canjiquinha ou xerém) 1.000 ml de caldo de legumes Sal e pimenta‑do‑reino a gosto MODO DE PREPARO 1. Cozinhe a quirera com caldo de legumes até amaciar, mexendo sempre. Reserve. 2. Tempere as costelinhas com limão, alho, sal e pimenta. Deixe marinar por no mínimo 30 minutos. 3. Numa panela, aqueça o óleo ou gordura e frite as costelinhas até dourar bem. 4. Em seguida, acrescente a cebola e deixe dourar. Junte o pimentão e os tomates na mesma panela. 5. Coloque o caldo aos poucos e deixe cozinhar até que as costelinhas estejam macias. 6. Quando as costelinhas ficarem macias, junte a quirera e um pouco de caldo e deixe apurar. 7. Acerte os temperos e finalize com o cheiro‑verde picado. 8. Acrescente a couve, misture e desligue o fogo. 9. Sirva quente. 45 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA Vaca atolada INGREDIENTES 500 g de costela bovina cortada em pedaços 1 cebola picada 2 dentes de alho picados 20 ml de óleo 2 tomates maduros sem sementes e em cubos 15 ml de vinagre de vinho tinto Salsa picada a gosto Cebolinha picada a gosto 1.000 ml de caldo de legumes 500 g de mandioca descascada e cortada em pedaços Sal e pimenta‑do‑reino a gosto MODO DE PREPARO 1. Tempere as costelas com sal, vinagre, cebola e alho. Deixe marinar por 20 minutos. 2. Numa panela, aqueça o óleo e frite a carne até dourar. 3. Acrescente os tomates, a salsa e a cebolinha e refogue. Em seguida, junte metade do caldo e cozinhe até que a carne fique macia. Se necessário, coloque mais caldo. 4. Quando a carne da costela estiver quase macia, acrescente a mandioca e o restante do caldo e deixe cozinhar até que fique macia. 5. A textura final deve ser a de um creme, com as costelas atoladas nele. 46 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II Frango com quiabo (xi‑angu) INGREDIENTES 1 frango inteiro cortado em pedaços ½ limão‑cravo ou limão‑taiti 50 g de bacon cortado em cubos pequenos 30 ml de óleo vegetal 2 dentes de alho picados 1 cebola média em brunoise 2 tomates maduros sem sementes 10 g de colorau (opcional) 200 g de quiabo cortado em pedaços de 2 cm Caldo de galinha ou água (o necessário) Sal e pimenta‑do‑reino a gosto Para o angu 100 g de fubá de milho 500 ml (ou mais) de água MODO DE PREPARO 1. Tempere o frango com limão, sal e pimenta‑do‑reino. Deixe marinar por cerca de 20 minutos. 2. Numa panela, aqueça o óleo e doure o bacon. Retire‑o e reserve. 3. Na mesma panela, coloque o frango e deixe dourar bem. 4. Adicione a cebola e o alho e deixe dourar bem. Em seguida, coloque o colorau (opcional) e refogue por mais uns 3 minutos. 47 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA 5. Junte o bacon, o tomate e um pouco do caldo sem cobrir o frango. O caldo deve ser colocado sempre aos poucos. Deixe cozinhar por aproximadamente 25 minutos ou até que o frango esteja macio. Coloque mais caldo quando for necessário. 6. Numa frigideira, aqueça um pouco de óleo e salteie o quiabo em fogo bem baixo, até que fique sequinho e quase sem baba. 7. Quando o frango estiver cozido e o molho encorpado, coloque o quiabo salteado e deixe cozinhar por 3 minutos. Acerte o tempero e sirva sobre o angu. Para o angu Numa panela, misture a água e o fubá e leve ao fogo baixo, mexendo sempre, até cozinhar bem (aproximadamente 40 minutos). Coloque água aos poucos até cozinhar. Obs.: no início do cozimento, não pare de mexer para quenão empelote; quando começar a ferver, mexa de vez em quando. Lembrete A Região Sudeste foi a que mais sofreu influência dos bandeirantes e tropeiros, que criaram e espalharam hábitos e costumes e foram responsáveis, em grande parte, pela formação da cultura regional. 4.3.1 Quitandas e quitutes A palavra quitanda é de origem africana (do quimbundo kitanda) e significa feira ou venda. Diversos produtos eram vendidos em tabuleiros – biscoitos, bolos, broas, roscas, doces, frutas, legumes, verduras ou o que pudesse ser comercializado. Mas quitanda, por definição, é a pastelaria caseira (o biscoito, a broa, a rosca, o sequilho, o bolo), e quitandeira é quem fabrica e vende esses produtos (BOSISIO; CHRISTO; ROCHA, 1998). Na cozinha mineira, a quitanda abrange tudo aquilo que pode ser servido no café da manhã, no café da tarde ou durante um simples cafezinho. No Brasil, as quitandas podem tomar outras proporções e ir além da pastelaria caseira, podendo também ser vendidos ou servidos doces em compotas e doces caseiros diversos. É possível definir os quitutes como pratos de almoço ou salgados – tutu de feijão, frango com quiabo (xi‑angu), torresmo, costelinha com canjiquinha e outros pratos que se tornaram clássicos da cozinha mineira. Pode‑se dizer que os quitutes são uma extensão das quitandas, pois começaram com as comidas feitas nas festas juninas para ajudar no orçamento da casa. 48 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II Saiba mais Para mais informações sobre quitandas e quitutes e suas receitas, consulte: CHRISTO, M. S. L. Fogão a lenha: quitandas e quitutes de Minas Gerais. São Paulo: Garamond, 2008. 4.4 Espírito Santo Nos dicionários brasileiros, a palavra capixaba significa: pessoa nascida na capital do Espírito Santo, Vitória. Mas, na tradução, eles divergem em seu significado: alguns afirmam que, na língua tupi, quer dizer roça de milho; outros, plantação de mandioca. O certo é que o capixaba se farta com suas roças à beira‑mar. Os pratos de peixes e suas variantes continuam predominantes. Zarvos e Ditadi (2000, p. 120) comentam sobre a história da região: Começava pela construção de casas de pau a pique e de canoas mediante a utilização de troncos de guapuruvu (o que agora é proibido por causa da política de preservação ambiental). Prosseguia pela feitura dos instrumentos de pesca, em que se observava a influência de técnicas indígenas. Passava pela agricultura, a coleta (hoje também prejudicada pela proibição oficial de retirar o palmito‑juçara do que resta da Mata Atlântica), a produção de farinha, nas casas de farinha, e da cachaça, nos toscos alambiques. Os terrenos alagadiços lhes davam os caranguejos. Vasculhando a areia à beira d’água, encontravam os siris. Do mar, retiravam camarões, lagostas e mariscos, além de uma variedade de peixes: garoupas, cavalas, carapaus, arraias, cações, anchovas, robalos, vermelhos, pescadas, corvinas, cambucus, bagres e badejos. Por último, fabricavam, geralmente com barro, os utensílios utilizados na preparação dos alimentos. A tradição pesqueira, os portugueses e a herança indígena e negra influenciaram profundamente a cultura e a culinária capixaba, tornando‑a variada e eclética. Com a chegada dos imigrantes europeus, a cozinha capixaba ganhou novos pratos. Dos italianos, por exemplo, temos o agnolini (capeletti), o tortei, a sopa pavese, o risoto e a polenta. Mineiros e baianos também trouxeram influências de suas terras e pratos típicos, como o pela égua (canjiquinha com costelinha de porco) e o vatapá (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, [s.d.]). Entre os pratos mais famosos da região estão a muma de siri, a caranguejada, as moquecas (que vão à mesa fumegando) e a torta capixaba de frutos do mar (por exemplo, siri desfiado, camarão, mexilhão, ostra, sururu, além de bacalhau com palmito, tradicional durante a Semana Santa), acompanhada de vinho do Porto, engarrafado ou em barril. Essa torta deve ser preparada com duas moquecas: uma com os desfiados (siri, caranguejo e bacalhau dessalgado) e outra com os sólidos (ostra, sururu, camarão, lagosta, peixe fresco e palmitos frescos). Na montagem, misturam‑se as duas 49 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA moquecas, que são levadas para a panela de barro e cobertas com um suspiro de ovos batidos. Para decorar, rodelas de cebolas e azeitonas. Famosa internacionalmente, a moqueca capixaba é, sem dúvida, o prato mais conhecido da culinária do Espírito Santo. O nome moqueca é devido à técnica de preparo do alimento, que consiste no cozimento sem água, apenas com os vegetais e os frutos do mar – estes ficam moqueados, escondidos em meio aos vegetais. Ao contrário da moqueca baiana, a capixaba não recebe azeite de dendê nem leite de coco – no lugar do dendê, acrescenta‑se azeite de oliva com urucum (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, [s.d.]). Entre os tipos de moqueca, encontram‑se a de camarão, lagosta, ostra, siri, peixe simples e mista. Para as moquecas, o capixaba prefere os seguintes peixes: badejo, robalo, namorado e vermelho (conhecido como papa‑terra). No Espírito Santo, em qualquer mês do ano, nunca faltam mariscos, crustáceos e peixes das mais variadas espécies. A influência indígena está presente nos pratos coloridos pela semente de urucum (termo que significa vermelho, em tupi), de sabor marcante, preparada em óleo (azeite de oliva ou óleo vegetal) aquecido lentamente e, em seguida, coado. Os índios usavam o urucum para tingir o corpo e protegê‑lo contra os mosquitos. Hoje em dia, ele é vendido nos mercados como colorau ou colorífico (fubá tingido) – não confundir com os coloraus espanhóis, derivados de pimentões vermelhos ou pistilos de açafrão, ou com o açafrão‑da‑terra (cúrcuma), que é uma raiz amarela. A banana é outro acompanhamento frequente para os pratos preparados com peixes, sendo servida também em sobremesas – a banana‑da‑terra é comum com paçoca de coco ralado, e pode ser frita com canela e açúcar. Moqueca capixaba INGREDIENTES 400 g de posta de peixe (cação, badejo, robalo ou namorado) 2 dentes de alho picados Suco de ½ limão 1 cebola em rodelas 2 tomates maduros em rodelas 30 ml de azeite de urucum Coentro picado a gosto 50 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II Salsa picada a gosto Cebolinha picada a gosto Pimenta‑de‑cheiro ou pimenta‑malagueta picada a gosto Sal a gosto MODO DE PREPARO 1. Tempere as postas de peixe com sal e suco do limão. 2. Numa panela de barro, em fogo médio, refogue o alho no azeite de urucum e, em seguida, faça camadas alternadas de cebola e tomate, sal e pimenta. 3. Coloque as postas de peixe e repita as camadas sobre elas (de cebola e tomate). 4. Finalize com o coentro, a salsa e a cebolinha. 5. Deixe a panela tampada e cozinhe até amaciar bem todos os ingredientes. 6. Sirva guarnecido com farinha de mandioca e arroz. Torta capixaba INGREDIENTES 300 g de filé de peixe branco (cação, badejo, robalo ou namorado) 150 g de camarão médio 100 g de mexilhão (sururu) 100 g de carne de siri 150 g de bacalhau 50 g de azeitonas verdes 1 cebola em rodelas 2 dentes de alho picados 51 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA 2 tomates em cubos 200 g de palmito em rodelas Cheiro‑verde (coentro, salsa e cebolinha) picado 1 limão 30 ml de azeite de oliva 30 ml de azeite de urucum Sal e pimenta‑do‑reino a gosto4 ovos MODO DE PREPARO Fazer dois refogados separadamente. 1º refogado 1. Refogue a cebola e o alho em azeite de urucum. 2. Junte o bacalhau (demolhado e desfiado) com o siri (limpo) e refogue. Não deixe o refogado muito úmido. 2º refogado 1. Tempere o camarão e o peixe com sal e limão. 2. Numa panela de barro, refogue as azeitonas em azeite de oliva e, em seguida, acrescente o tomate e o sururu. Coloque o peixe e deixe cozinhar por 5 minutos. 3. Em seguida, coloque o camarão e a pimenta. 4. Acrescente o palmito e acerte o tempero. Para a montagem 1. Bata as claras em neve e misture as gemas. 2. Na panela de barro do 2º refogado, junte o 1° refogado, misture tudo e acrescente o cheiro‑verde. 52 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II 3. Cubra com os ovos batidos e decore com tomate e cebola em rodelas e azeitonas. 4. Asse em forno preaquecido a 160 °C até dourar. Sirva. 4.4.1 A panela de barro A panela de barro é quase um símbolo capixaba, uma das maiores expressões da cultura popular do Espírito Santo. Constitui o principal elemento cultural na elaboração de pratos típicos da culinária do estado. Desde a sua origem, indígena, até os dias de hoje, a técnica de sua produção pouco mudou. O trabalho artesanal das paneleiras garante a sobrevivência econômica de seus familiares. A produção é constante, e as peças prontas são vendidas a turistas e à população da Grande Vitória (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, [s.d.]). A regra, segundo a tradição capixaba, é fazer e servir as moquecas sempre nessas panelas – panelas que, quase que obrigatoriamente, devem ser feitas pelas paneleiras do bairro de Goiabeiras, em Vitória. São artesanais e fabricadas conforme as regras e costumes dos mais antigos. O ensinamento é transmitido de geração a geração, com avós, mães, filhas e netas exercendo o mesmo ofício. A coloração preta das panelas é a principal característica delas. Essa cor é obtida pela impregnação do tanino, extraído da árvore do mangue‑vermelho (Rhizophora mangle). Para impregnar o tanino, é feito o açoite, com a panela ainda quente, recém‑saída do forno, com uma vassourinha embebida nele. Esse processo ajuda a conservar a panela, pois o tanino penetra nos poros da cerâmica, tornando‑a impermeável e protegida de fungos que causam o esfarelamento do barro. Resumo Nesta unidade, abordamos as principais influências presentes na Região Sudeste, em especial a dos imigrantes, seus costumes e suas culturas. Também foi apresentado o papel desempenhado por bandeirantes e tropeiros, que contribuíram para a formação e o crescimento dessa região, legando‑nos receitas que hoje fazem parte da culinária brasileira. Mencionamos a influência dos portugueses – suas técnicas de cozimento e fritura, a produção de doces, o uso dos temperos e a cultura religiosa – e a dos italianos, que trouxeram o consumo de massas (pizzas, macarrão, nhoque, lasanha, polentas, risotos etc.), vinhos e embutidos, com uma rica contribuição principalmente para a culinária paulista. 53 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA Exercícios Questão 1. (Enade 2015) A cozinha brasileira é bastante diversificada, o que faz com que existam diversas cozinhas brasileiras espalhadas pelo território. O feijão é uma categoria alimentar que afirma a unicidade da dieta nacional, mas, em cada lugar, ele se materializa como um produto botânico distinto, pois cada um come o tipo de feijão que é particular do lugar onde vive. DÓRIA, C. A. A formação da culinária brasileira. São Paulo: Publifolha, 2009. Adaptado. Em face do exposto e a respeito das diversas variedades de feijão no Brasil bem como sua aplicação na cozinha brasileira, é correto afirmar que: A) O feijão‑preto, encontrado em todas as regiões do Brasil, além de ser o ingrediente‑base da feijoada carioca, é consumido em preparações como saladas, sopas, caldos e como acompanhamento do arroz branco. B) O feijão‑carioca, ou carioquinha, típico da Região Sudeste do Brasil, é consumido em outras regiões do País e é comumente servido como acompanhamento do arroz branco, sendo indispensável na feijoada paulista. C) O feijão‑verde, também chamado de feijão‑de‑corda, é uma variedade característica da Região Norte do Brasil, sendo a base do baião de dois, prato típico em cuja preparação são misturados arroz, feijão, carnes, queijo coalho e queijo de garrafa. D) O feijão‑azuqui, variedade característica da Região Sul do Brasil, acompanha o arroz de carreteiro, prato típico da região, no qual se misturam arroz, charque, tomate e temperos. E) O feijão‑fradinho, também chamado de feijão‑de‑corda, variedade característica da Região Centro‑Oeste, é muito utilizado no preparo de saladas e do feijão‑tropeiro, prato típico dessa região, no qual se misturam, ao feijão, farinha de mandioca, torresmo, linguiça, ovos e temperos. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: o feijão‑preto é encontrado em todas as regiões do Brasil e consumido nas preparações citadas, mesmo que outros tipos façam parte do hábito do brasileiro, a depender da região. B) Alternativa incorreta. Justificativa: o feijão‑carioca não é indispensável na feijoada paulista. 54 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 Unidade II C) Alternativa incorreta. Justificativa: o baião de dois não leva queijo de garrafa, e o feijão‑de‑corda é mais encontrado na Região Nordeste. D) Alternativa incorreta. Justificativa: o feijão não é um ingrediente do arroz de carreteiro. E) Alternativa incorreta. Justificativa: nem sempre se utiliza feijão‑fradinho para o feijão‑tropeiro, e essa é uma preparação muito presente na culinária da Região Sudeste. Questão 2. (Enade 2015) Do Fundo do Quintal, Saberes e Sabores na Sapucaí... Xande de Pilares, Jassa, Betinho de Pilares, Miudinho, Luiz Pião e W. Correa 1 Tem amor nesse tempero... Salgueiro 15 O branco, o negro e seus costumes Esse trem é bom demais Trazendo muito mais variedade Vem dos tempos, dos meus ancestrais Um elo em comunhão Foi o índio que ensinou E a culinária virou arte e tradição 5 Com sua sabedoria É no tacho... Na panela... Mexe com a colher de pau O jeito de aproveitar, tudo o que a terra dá, no dia a dia 20 Saberes e sabores lá do fundo do quintal É de dar água na boca, se lambuzar Peça a Nossa Senhora pra não deixar faltar Visitar o paraíso... E sonhar É divina... Que delícia... Pronta pra saborear O danado desse cheiro sô... Ô sinhá Prepara a mesa, bota a fé no coração 10 Atiçou meu paladar... Ô sinhá Numa só voz vai meu samba em louvação Já bebi uma purinha, vim sambar na academia 25 É o meu Salgueiro com gosto de quero mais E não quero mais parar Oh, Minas Gerais! O ouro desperta ambição Da fome nasce a criatividade O samba‑enredo da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, do estado do Rio de Janeiro, expressa características da mineiridade, por meio da formação da sua rica culinária. A partir da letra da música, avalie as afirmativas a seguir: I – Depreende‑se da música que os mineiros utilizavam, na confecção de seus pratos, alimentos disponíveis em suas fazendas e quintais. 55 Re vi sã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 07 /1 7 GASTRONOMIA REGIONAL BRASILEIRA II – No verso “Já bebi uma purinha” (v. 11), os autores do samba‑enredo estão se referindo à cachaça, bebida originária da Europa, especialmente do Alentejo, Portugal. III – O milho e a mandioca,de origem indígena americana, foram utilizados como alimentos, sobretudo na forma de farinha, pelos bandeirantes que adentraram Minas Gerais, no ciclo do ouro, deixando um legado culinário nessa região. IV – São receitas consumidas pelos mineiros a canjica, a vaca atolada e a galinha cozida com os frutos do quiabo, acompanhados do angu, espécie de polenta sem tempero. V – No verso “É no tacho... Na panela... Mexe com a colher de pau” (v. 19), faz‑se referência a utensílios das três culturas formadoras da identidade brasileira. Dos africanos, herdaram‑se alguidares, caldeirões, potes, tachos de cobre; dos portugueses, as panelas de barro (cerâmica), o pilão, a cabaça; e dos índios, as colheres de pau e as peneiras. É correto apenas o que se afirma em: A) I, II e III. B) I, II e V. C) I, III e IV. D) II, IV e V. E) III, IV e V. Resolução desta questão na plataforma.
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