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RADIOBIOLOGIA APLICADA A RADIOTERAPIA TR. MERY MOREIRA CRTR 03963T Radiobiologia Ciência que estuda os efeitos das radiações nos tecidos ou organismos vivos. Importância para a Radioterapia Desenvolver estratégias terapêuticas eficazes e seguras que destruam as células tumorais com o menor dano possível ao tecido sadio. Questionamentos!!!!!!! Qual a importância desse conhecimento para nossa prática diária? Em quais situações devemos estar atentos a aplicar esse conhecimento? Como aumentar nosso conhecimento sobre a radiobiologia? Entendendo a Radiobiologia no Tratamento da Radioterapia A radiobiologia é considerada a farmacologia da radioterapia, ou seja a área da radioterapia que estuda todos os efeitos causados pela radiação ionizante no organismo. Entendendo a Radiobiologia no Tratamento da Radioterapia Para a radiação ser considerada ionizante é necessário que a mesma possua uma energia mínima necessária para quebrar a molécula de água e formar radicais livres e estes pelo fato de serem altamente reagentes, interagem com o núcleo da célula levando à morte celular. Ao interagir com o tecido, a radiação desencadeia uma série de processos físicos, químicos e biológicos que podem determinar diferentes tipos de efeitos dependendo da dose administrada, do fracionamento da dose, do tempo de tratamento e da área irradiada. Considerando radiossensíveis às células que são danificadas com baixas doses de radiação, geralmente são grupos celulares com grande proporção de células em fase de duplicação. Como exemplo existem as células das mucosas, células dos linfomas, leucemias, células germinativas, entre outras. Frequentemente o dano causado pela radiação é reparado pelas próprias células, que apresentam sistemas de reparo específicos, mediados por enzimas, para diferentes tipos de lesão. Entretanto, quando isso não ocorre, temos os seguintes malefícios: MORTE CELULAR; INCAPACIDADE DE REPRODUÇÃO OUAINDA... Modificação celular permanente, devido à alteração das sequências gênicas responsáveis pelo controle da multiplicação celular normal. Essa transformação celular é a primeira de uma série de etapas que pode levar a formação de um CÂNCER. Efeitos Biológicos Determinístico: Dose estabelecida Morte celular Efeitos agudos e tardios Ex. dano medular – 45Gy Catarata – 200 a 500 cGy Efeito Determinístico “A imediata relação “causa e efeito”, entre a exposição de um organismo a uma alta dose de radiação ionizante e os sintomas atribuídos à perda das funções de um tecido biológico, caracterizam o que se chama de efeitos determinísticos” Efeito Determinístico Os efeitos determinísticos apresentam um limiar de dose. O efeito é clinicamente observável apenas quando a dose da radiação é acima deste limiar. O limiar é diferente entre diferentes indivíduos devido à diferença de sensibilidade entre os mesmos. A severidade do dano é proporcional à dose, a partir do limiar. Por exemplo, os efeitos na pele são: Eritema*(de 3 a 5Gy); Descamação úmida(20 Gy); Necrose(50 Gy). *Vermelhidão da pele. Para efeitos determinísticos, as principais fontes de informação vêm de estudos sobre os efeitos colaterais da radioterapia, das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki e de graves acidentes nucleares. Efeitos Biológicos Estocástico: Não existe limiar de dose 1cGy poderá causar dano Mutagênese e Carcinogênese Efeito Estocástico Para baixas taxas de exposição os efeitos das radiações são estocásticos e podem causar efeitos somáticos e hereditários. O dano ao DNA de uma única célula pode gerar uma célula transformada que mantém preservada a capacidade de reprodução. Geralmente tumores originam-se de uma única célula. Um único evento pode ser suficiente, e por causa disso, os efeitos estocásticos das radiações ionizantes não apresentam limiar de dose. Qualquer dose de radiação, mesmo muito pequena, pode resultar em efeito estocástico. Quanto maior a dose, maior a probabilidade de ocorrência. São acumulativos. Efeitos Biológicos da Radiação Ionizante Os Efeitos podem ser classificados em função do nível de dano biológico. Efeitos Somáticos Efeitos Hereditários Efeitos Somáticos Afetam diretamente a pessoa irradiada; Dependem da dose absorvida, da região e da área do corpo irradiada; Exemplo: A medula óssea é muito sensível às radiações ionizantes. Efeitos Hereditários Afetam os descendentes da pessoa irradiada; É acumulativo e não depende da dose de radiação absorvida; Exemplo: Irradiação das células dos órgãos reprodutores. Efeitos Biológicos da Radiação Ionizante Os Efeitos podem ser classificados em função do tempo de manifestação Efeitos Imediatos Efeitos Tardios Efeitos Imediatos Ocorrem a partir de poucas horas ou algumas semanas após a irradiação. Exemplo: Radio dermite(inflamação cutânea resultante da ação de radiação ionizante) e queimaduras. Efeitos Tardios Ocorrem muito tempo após a irradiação. Exemplo: Câncer. Efeitos Teratogênicos É o desenvolvimento de malformações congênitas no concepto. O concepto está vulnerável a teratógenos, pois certas substâncias e vírus podem atravessar as membranas fetais/extra-embrionárias e causar malformações. As anormalidades resultantes de teratogenias podem causar um aborto espontâneo do concepto ou persistir pela vida do bebê, alterando ou não seu estilo de vida, dependendo da gravidade da malformação. Quando a célula é atingida pela radiação ionizante podem acontecer três coisas: Morte Celular (Dano Letal) - Efeito sofrido tanto pela célula normal quanto a tumoral, embora a tumoral, na maioria das vezes, seja a mais sensível. Dano Subletal - Onde o efeito não foi suficiente para levar à morte da célula, existe a possibilidade de recuperação deste dano e também acontece tanto com as células normais quanto com as tumorais. Nenhum Dano - A radiação passa pela célula sem produzir qualquer efeito. A radioterapia normalmente é administrada de forma fracionada. Num tratamento convencional realizam-se em média de 25 a 30 aplicações, uma vez por dia, cinco vezes por semana. Este fracionamento não é realizado de maneira aleatória. Existem motivos para isso: Ao fracionar o tratamento com doses diárias menores, as células normais que sofreram dano subletal conseguem se recuperar entre uma fração e outra de tratamento. Esta capacidade de recuperação do dano é maior entre as células normais. Desta maneira, quando for realizada a segunda fração, a célula normal que sofreu o dano estará recuperada e o mesmo não acontecerá com a célula tumoral. Para esta, a segunda fração de radioterapia irá contribuir para o acúmulo de danos até levá-la a morte. Para que o dano causado pelo radical livre ao DNA da célula se consolide, é muito importante a presença do oxigênio. Assim, os tumores bem oxigenados respondem melhor à radioterapia do que os pouco oxigenados. O tumor possui áreas bem oxigenadas, geralmente localizadas na periferia e áreas com baixo índice de oxigenação que são mais centrais. Quando o tumor recebe o efeito da radioterapia, as células periféricas morrem mais do que as centrais. O intervalo entre uma fração e outra do tratamento permite que o oxigênio que era utilizado por esta célula que morreu seja desviado para as células com baixa concentração de oxigênio. Portanto, numa fração seguinte do tratamento teremos maior número de células oxigenadas, consequentemente mais sensíveis à radiação. Existe um equilíbrio numérico entre as células nas diferentes fases do ciclo celular. Estas fases se diferem em relação à sensibilidade à radiação, ou seja, existem as mais sensíveis e as menos sensíveis. Com uma fração de radioterapia, as célulasda fase mais sensível morrem mais do que as das outras fases. Ocorre o desequilíbrio numérico que volta a se restabelecer entre uma fração e outra do tratamento. Na próxima fração haverá novamente número maior de células na fase mais sensível do ciclo celular. À medida que as células do ciclo celular morrem mais, começa a ocorrer o recrutamento de células que se encontravam em repouso. Desta maneira, o fracionamento faz com que as células avancem das fases mais resistentes para as mais sensíveis do ciclo proporcionando um ganho terapêutico. Fracionamento Convencional – 1,8 a 2 Gy / fração – 2ª a 6ª feira Hiperfracionamento, Hipofracionamento, Dose única Dose total determinada pelo tumor e pelos tecidos normais Pacientes faltosos, suspensos por longos períodos, manutenções e quebras de máquinas, feriados extensos. Erros de Cálculo e Aplicação Em 2012- menina morre por receber dose exagerada de radiação Dose padrão – entre 12Gy a 18Gy – 8 a 10 frações. Estima-se que a criança recebeu por dia a dose prescrita para o tratamento inteiro – Cerca de 100Gy ou 10.000 cGY. Efeitos – alopecia, pele escurecida, lesões no couro cabeludo e orelha de 3º grau, dificuldades na fala e no andar, estado vegetativo, coma e morte. Os efeitos biológicos do fracionamento os 5 "Rs” da radiobiologia Reparo Reoxigenação Redistribuição Repopulação Radiosensibilidade Ocorrem de maneira simultânea e em última análise pode- se afirmar que: o fracionamento contribui para o reparo das células normais que sofreram o dano subletal e para aumentar a sensibilidade do tumor à radiação. Reparo O reparo aumenta a sobrevivência celular depois do fracionamento da radiação, tanto para tecidos normais quanto tumorais. Reparação do DNA DEPENDE do tipo de quebra que ele sofreu: (Dano Reparável) (Dano Irreparável) Redistribuição A redistribuição pode aumentar a taxa de morte celular se estas estiverem em regiões do ciclo celular mais radiosensiveis. Repopulação A repopulação aumenta a sobrevivência de tecido celular normal e tumoral durante um curso do tempo de tratamento prolongado. Reoxigenação A reoxigenarão pode aumentar a taxa de morte celular em áreas previamente hipóxias do tumor, mas não afeta áreas de tecido normais oxigenadas. Radiosensibilidade A radiosensibilidade explica à importância das fases do ciclo celular e sua sensibilidade à radiação. As células são mais sensíveis no período de G2/M, pois não possuem tempo suficiente para reparar o DNA antes de dividir. Ainda, as células se tornam menos sensíveis em G1 e inicio de S, e ainda menos sensível no final de S. Resposta dos Tecidos Resposta rápida - Sistema hematopoiético, mucosas, pele, tecido linfóide, aparelho disgestório, ovário e certos tumores. Resposta lenta – tecido ósseo, conjuntivo, muscular e nervoso. Radiocurabilidade A possibilidade real de controlar um tumor com radioterapia, ou radiocurabilidade, depende de factores que vão desde a sensibilidade intrinseca do tumor e do seu volume , até ao estado geral do doente, que faz variar a capacidade de recuperação dos tecidos normais. Radiocurabilidade A extensão tumoral a tecidos como o osso ou a cartilagem determinam alterações na perfusão levando à hipóxia relativa, fator de resistência. A localização tumoral nas imediações de estruturas vitais com baixa tolerância às radiações impede a administração de doses tumoricidas. Radiocurabilidade A administração numa determinada zona do organismo de uma dose eficaz, minimizando a irradiação dos tecidos sãos é possível recorrendo ao uso simultâneo de várias portas de entrada do feixe de tratamento, usando diversos modificadores do feixe que permitem proteger certas zonas ou modificar a distribuição de dose em profundidade. Limites de Dose Órgão Dose por volume ou pontual máxima Reto 50 Gy (V 50): 50% 60 Gy (V60): 35% 65 Gy (V65): 25% 70 Gy (V70): 20% 75 Gy (V75): 15% Dmáx: 82 Gy Bexiga 65 Gy(V65): 50 % 70 Gy(V70): 35 % 75 Gy (V75): 25% 80 Gy(V80): 15% - (câncer de próstata) Dmáx: 65 Gy (câncer de bexiga) Bulbo Peniano 50 Gy(V50): 90% 70 Gy (V70): 60 – 70 % Dose media: 35 Gy Pelve Limites de Dose Órgão Dose por volume ou pontual máxima Nervos ópticos Dmáx. < 55 Gy Aparelho auditivo Dose média ≤ 45 Gy Retina Dmáx. 54 Gy Cristalino Dmáx. 10 Gy Cérebro Dmáx. 60 – 72 Gy Quiasma óptico Dmáx. 55 Gy Hipófise Dmáx. 55 Gy Tronco cerebral Dmáx. 54 Gy Medula Espinhal (C1- C2) Dmáx. 50 Gy Medula Espinhal (C3 e abaixo) Dmáx. 45 Gy Crânio Limites de Dose Órgão Dose por volume ou pontual máxima Pulmões sem PTV 20 Gy (V20) : 30 % 5 Gy (V5): 42 a 52% Dose média 13 a 18 Gy Esôfago 35 Gy(V35): 50 % 50 Gy(V50): 40 % 70 Gy (V70): Dose media: 34 Gy Coração 30 Gy(V30): 46 % - LH; mediastino 25Gy (V25): 10% - mama Dose média: 26 Gy Medula Espinhal Dmáx. 50 Gy Tórax
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