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Cirurgia Cardíaca – Amanda Longo Louzada 1 VALVULOPLASTIA HISTÓRICO: 1923 – Elliot Cutler: 1ª Intervenção cirúrgica na válvula mitral. Após experimentação significativa nos laboratórios de pesquisa do Peter Bent Brigham Hospital em Boston, Elliot Cutler e Peter Levine acompanharam a teoria cirúrgica precoce de Brunton e realizaram a primeira correção cirúrgica da valva mitral em 1923. Sua técnica envolvia a inserção cega de uma lâmina de tenotomia neurocirúrgica, por meio de uma abordagem transventricular, para dividir as comissuras da valva estenótica. Embora sua primeira tentativa clínica de reparo valvar tenha sido bem-sucedida, os procedimentos subsequentes tiveram resultados menos promissores, e essa técnica específica também foi abandonada. 1925 – Henry Souttar: 1ª comissurotomia digital fechada. Uma nova era de intervenção cardíaca foi iniciada logo após o falso começo de Cutler e Levine pela inovação da comissurotomia digital fechada. Neste procedimento, o dedo indicador do operador era inserido no átrio esquerdo (AE) por uma sutura em bolsa e através da valva mitral como meio de dilatação mecânica. O primeiro relato clínico bem-sucedido foi feito por Henry Souttar, na Inglaterra, em 1925. 1948 – Horace Smithy: Realizou a primeira valvotomia aórtica bem-sucedida, utilizando um valvulótomo inserido mediante uma sutura em bolsa no ápice do VE. 1952 – Charles Hufnagel: A primeira implantação bem-sucedida de uma válvula protética foi relatada por Charles Hufnagel, da Universidade de Georgetown, em 1952. Dada a ausência de um meio de acesso à valva aórtica in situ, Hufnagel inovou com a implantação de uma válvula de esfera na aorta descendente em uma série de pacientes com insuficiência aórtica. Neste projeto engenhoso, o fluxo direto de sangue empurrava a bola para fora do orifício para abrir a válvula durante a sístole, enquanto o fluxo regurgitante era evitado quando a bola retornava ao orifício para selar a válvula durante a diástole. Embora este dispositivo extra- anatômico tenha servido para prevenir a regurgitação aórtica, a substituição de válvulas cardíacas in situ ainda precisava aguardar pelo advento da circulação extracorpórea 1960 – Albert Starr e lowell Edwards: 1ª cirurgia de troca valvar mitral (prótese de bolsa). No mesmo ano, Albert Starr, trabalhando com Lowell Edwards, no Oregon, de forma semelhante substituiu a valva mitral usando uma prótese de bola, de design próprio. O que se seguiu foi uma explosão de melhoras no design de válvulas protéticas e técnicas de implantação que levaram a aplicações em milhões de pacientes em todo o mundo nos 50 anos seguintes. ANATOMIA VALVAR: AÓRTICA: As três cúspides das valvas semilunares (aórtica e pulmonar) têm uma forma semilunar a partir da qual deriva o seu nome. Cada cúspide é composta por quatro componentes: a região da charneira, onde a cúspide se conecta ao anel; a parte central, que compõe a maior parte da cúspide; a superfície de coaptação na periferia da cúspide; e as lúnulas que são finos segmentos da cúspide em forma de crescente que circundam um nódulo fibroso central no ponto médio de sua borda livre (denominado nódulo de Arantius na valva aórtica). MITRAL: A valva mitral possui dois folhetos com área superficial aproximadamente igual. O folheto anterior, de forma quadrada, origina-se aproximadamente no terço anterior do anel da valva. O folheto mitral posterior é menos largo (“alto”), mas é maior do que o folheto anterior, ligando-se a mais ou menos dois terços do anel valvar. Os folhetos anteriores e posteriores têm três indentações cada (p. ex., A1, P1), com base em recortes encontrados no folheto posterior. Em comparação, a valva tricúspide é composta de folheto anterior, posterior e septal, dos quais o folheto anterior é o maior e o folheto septal o menor SINAIS E SINTOMAS: Fadiga, Dispneia, Ortopneia, Dispneia paroxística noturna, Aumento da FC (fibrilação atrial, taquicardia supraventricular), Eventos tromboembólicos (AVE, IAM, isquemia renal, mesentérica, membros) - 20%, Rouquidão (compressão do nervo laríngeo), Disfagia, Tosse, Hemoptise, Hepatomegalia, turgência jugular, ascite , edema periférico (IVD, IT). Sopro diastólico fraco melhor auscultado no ápice EXAMES COMPLEMENTARES: RX de tórax: sinal do duplo contorno, vasos pulmonares proeminentes, linfáticos pulmonares congestionados, calcificação mitral. Cirurgia Cardíaca – Amanda Longo Louzada 2 VALVULOPLASTIA ECG: Onda P alargada e entalhada, arritmias Ecocardiograma transtorácico Ecocardiograma transesofágico Ecocardiograma tridimensional TRATAMENTO: Clínico: diuréticos, betabloqueadores, anticoagulantes Tratamento invasivo: Comissurotomia percutâneo por balão (endovascualar) Comissurotomia aberta Substituição valvar aberta Tratamento invasivo (indicações): Sintomáticos com estenose mitral grave (área de 1,5 cm2) Assintomáticos com estenose mitral crítica (área < 1 cm2 Aumento importante do gradiente médio transvalvar > 15 mmHg PCAP > 25 mmHg Presença de fibrilação atrial e embolização sistêmica Tratamento percutâneo (indicações): Escore de Wilkins < 8 (critérios ecocardiográficos) Critérios: mobilidade, espessamento, calcificação,espessamento subvalvar COMISSUROTOMIA ABERTA: Principal forma de reparo cirúrgico: Debridamento de depósitos de cálcio. Divisão das comissuras fundidos Remocão de trombos e ligadura do apêndice atrial esquerdo SUBSTITUIÇÃO VALVAR CIRÚRGICA: Está indicada quando as comissurotomias via percutânea e aberta estão contraindicadas Próteses valvares: mecânica x biológica INSUFICIÊNCIA MITRAL: CLASSIFICAÇÃO: Primária: doença da anel ou folhetos valvares Funcional: função cardíaca anormal Aguda e Crônica SINTOMAS E SINAIS: Insuficiência mitral aguda descompensada: dispneia aguda (edema agudo de pulmão), hipotensão Insuficiência mitral crônica: Sintomas de insuficiência cardíaca do lado esquerdo: dispneia aos esforços, dispneia paroxística noturna, ortopneia), palpitação (fibrilação atrial), Sinais de insuficiência cardíaca direita: turgência jugular, edema de membros inferiores, congestão hepática Sopro holossistólico apical (foco mitral) com irradiação para axila. EXAME COMPLEMENTAR: ECG RX de tórax Ecocardiograma transtorácico Ecocardiograma transesofágico Ressonância cardíaca TRATAMENTO Insuficiência mitral aguda: Clínico: drogas vasodilatadoras intravenosas, diuréticos. Cirúrgico: troca ou plástica valvar (indicação precoce em pacientes sintomáticos) Insuficiência mitral crônica: Clínico: vasodilatadores, diuréticos Cirúrgico: troca ou plástica valvar Insuficiência mitral funcional: Clínico: nitratos, diuréticos, IECA, betabloqueadores, aldosterona Cirúrgico: questionável (preferível troca quando indicado) INDICAÇÃO CIRÚRGICA: Sintomáticos com insuficiência mitral grave Quando há descompensação do VE (FEVE < 60% ou diâmetro sistólico final do VE > 40 mm Fibrilação atrial de início recente, Cirurgia Cardíaca – Amanda Longo Louzada 3 VALVULOPLASTIA Pressão sistólica arterial pulmonar em repouso > 50 mmHg) Morfologia valvar favorável ao reparo, se houver um folheto incompleto ou dilatação atrial esquerda significativa (índice de volume ≥ 60 mL/m2em ritmo sinusal) FE < 30%: o risco cirúrgico é alto ( riscos e benefícios) ESTENOSE AÓRTICA: SINAIS E SINTOMAS: Assintomáticos por um longo período Angina (35%) Pré-síncope (15%) Síncope Dispneia Sinais de insuficiência cardíaca Sopro sistólico crescendo-decrescendo (diamante) melhor audível na borda esternal esquerda comirradiação para carótidas EXAMES COMPLEMENTARES: RX: coração em forma de bota (hipertrofia do VE), calcificações das cúspides valvares ECG: sinais de hipertrofia ventricular esquerda Ecocadiograma transtorácico Ecocardiograma com estresse farmacológica (pacientes com baixo débito cardíaco) Cateterismo cardíaco TRATAMENTO: Tratamento clínico: tratamento dos sinais e sintomas de IC e da HAS Tratamento cirúrgico: substituição (prótese mecânica x biológica). Indicações classe I Sintomáticos com estenose aórtica grave (gradiente médio > 40 mmHg) Estenose aórtica de baixo fluxo e baixo gradiente (gradiente médio < 40 mmHg) com fração de ejeção reduzida e reserva contrátil Estenose aórtica grave e com disfunção sistólica do VE (FE < 50%) não atribuível a outras causa Assintomáticos com estenose aórtica grave e com teste de esforço anormal Tratamento percutâneo: Implante percutâneo e Valvulotomia aórtica INSUFICIÊNCIA AÓRTICA: AGUDA (ENDOCARDITE, DISSECÇÃO AÓRTICA): Dispneia Instabilidade hemodinâmica Choque CRÔNICA: Assintomáticos durante longo período Sintomas de insuficiência cardíaca (dispneia aos esforços, dispneia paroxística noturna). Angina Síncope SINAIS E SINTOMAS: Pulso em martelo de água Pulso de Corrigan: pulso carotídeo delimitador Sinal de Musset: balanço da cabeça com cada batimento cardíaco Sinal de Müller: pulsação da úvula Sinal de Quincke: pulsação capilar Impulso apical difuso, hiperdinâmica, deslocado inferior e lateralmente Sopro diastólico de alta frequência, em decrescendo mais bem auscultado na borda paraesternal esquerda com o paciente sentado e inclinado para frente EXAME COMPLEMENTARES: RX: aguda (sinais de congestão pulmonar), crônica (aumento da silhueta cardíaca) ECG: sinais de sobrecarga ventricular esquerda Ecocardiograma transtorácico Cirurgia Cardíaca – Amanda Longo Louzada 4 VALVULOPLASTIA TRATAMENTO: Aguda: Clínico: vasodilatadores, agentes inotrópicos positivos Cirúrgico: urgência Crônica: Clínico: vasodilatadores, diuréticos Cirúrgico: troca eletiva (prótese mecânica x biológica) INDICAÇÃO CIRÚRGICA: Pacientes em classe funcional III ou IV (NYHA) e função sistólica ventricular preservada (FE > 50%) Pacientes em classe funcional II (NYHA) e função sistólica preservada, mas com dilatação progressiva ou declínio da fração de ejeção em repouso em estudos seriados ou declínio na tolerância ao esforço Pacientes com angina estável classe II ou maior, com ou sem DAC Qualquer grau de sintoma com disfunção ventricular
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