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Comércio Exterior de Serviços Créditos Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância Diretor Regional Luiz Francisco de Assis Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Reitor Sidney Zaganin Latorre Diretor de Graduação Eduardo Mazzaferro Ehlers Diretor de Pós-Graduação e Extensão Daniel Garcia Correa Gerentes de Desenvolvimento Claudio Luiz de Souza Silva Luciana Bon Duarte Roland Anton Zottele Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas Coordenadora de Desenvolvimento Tecnologias Aplicadas à Educação Regina Helena Ribeiro Coordenador de Operação Educação a Distância Alcir Vilela Junior Professores Autores Sônia Maria de Oliveira Rodrigo Martins Baptista Revisor Técnico Donizetti Leonidas de Paiva Técnica de Desenvolvimento Regina Jardim Taise Santana de Macedo Coordenadoras Pedagógicas Ariádiny Carolina Brasileiro Silva Izabella Saadi Cerutti Leal Reis Nivia Pereira Maseri de Moraes Otacília da Paz Pereira Equipe de Design Educacional Alexsandra Cristiane Santos da Silva Ana Claudia Neif Sanches Yasuraoka Angélica Lúcia Kanô Any Frida Silva Paula Cristina Yurie Takahashi Diogo Maxwell Santos Felizardo Flaviana Neri Francisco Shoiti Tanaka Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida Hágara Rosa da Cunha Araújo Janandrea Nelci do Espirito Santo Jackeline Duarte Kodaira João Francisco Correia de Souza Juliana Quitério Lopez Salvaia Jussara Cristina Cubbo Kamila Harumi Sakurai Simões Katya Martinez Almeida Lilian Brito Santos Luciana Marcheze Miguel Mariana Valeria Gulin Melcon Mônica Maria Penalber de Menezes Mônica Rodrigues dos Santos Nathália Barros de Souza Santos Rivia Lima Garcia Sueli Brianezi Carvalho Thiago Martins Navarro Wallace Roberto Bernardo Equipe de Qualidade Ana Paula Pigossi Papalia Josivaldo Petronilo da Silva Katia Aparecida Nascimento Passos Coordenador Multimídia e Audiovisual Ricardo Regis Untem Equipe de Design Audiovisual Adriana Mitsue Matsuda Caio Souza Santos Camila Lazaresko Madrid Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo Christian Ratajczyk Puig Danilo Dos Santos Netto Hugo Naoto Takizawa Ferreira Inácio de Assis Bento Nehme Karina de Morais Vaz Bonna Marcela Burgarelli Corrente Marcio Rodrigo dos Reis Renan Ferreira Alves Renata Mendes Ribeiro Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti Thamires Lopes de Castro Vandré Luiz dos Santos Victor Giriotas Marçon William Mordoch Equipe de Design Multimídia Alexandre Lemes da Silva Cristiane Marinho de Souza Elina Naomi Sakurabu Emília Correa Abreu Fernando Eduardo Castro da Silva Mayra Aoki Aniya Michel Iuiti Navarro Moreno Renan Carlos Nunes De Souza Rodrigo Benites Gonçalves da Silva Wagner Ferri Comércio Exterior de Serviços Aula 01 Introdução do Comércio Exterior de Serviços Objetivos Específicos • Familiarizar o aluno com os principais conceitos do comércio exterior de serviços dentro do contexto histórico. Temas Introdução 1 Breve contextualização histórica das instituições internacionais na área do comércio 2 Acordo Geral de Serviços Considerações finais Referências Sônia Maria Leite de Oliveira Professora Autora Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Comércio Exterior de Serviços 3 Introdução A cada dia, o setor de serviços ganha mais espaço no mercado nacional e internacional. Atualmente, esse setor se encontra em posição de destaque na economia, por meio da participação no Produto Interno Bruto (PIB), na geração de emprego e renda e na sua mobilidade internacional. Nesta aula, vamos contextualizar historicamente as instituições internacionais do comércio, partindo para uma descrição e um panorama normativo do Acordo Geral de Serviço (General Agreement on Trade in Service – GATS). 1 Breve contextualização histórica das instituições internacionais na área do comércio 1.1 OIC e GATT Para a reconstrução da ordem econômica após a Segunda Guerra Mundial, em Bretton Woods, nos EUA, foi sugerida a criação de três instituições internacionais econômicas (DIAS; RODRIGUES, 2007; SEGRE, 2007): a. Fundo Monetário Internacional (FMI) – que objetivava estabelecer a cooperação econômica entre as nações, por meio da manutenção da estabilidade das taxas de câmbio e de assistência aos países-membros; b. Banco Mundial ou Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) – a fim de financiar a reconstrução dos países envolvidos em guerra, em projetos de infraestrutura, em programas educacionais e ambientais e geração de emprego e renda em países em desenvolvimento; c. Organização Internacional do Comércio (OIC) – com a missão de construir, coordenar e supervisionar o comércio internacional com os princípios do multilateralismo e liberalismo. No entanto, ele não obteve sucesso porque o Congresso Americano não ratificou a Carta de Havana1, por considerá-la uma restrição à soberania do país. Assim, em seu lugar, ficou o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (General Agreement on Tariffs and Trade – GATT2), visto que esse acordo tinha um caráter executivo e não exigia a aprovação pelo Congresso. O GATT surgiu para atender às negociações das tarifas tributárias e das normas no comércio internacional. Ele serviu de base institucional para negociações até o final da 1 Foi um documento elaborado para criação da OIC. 2 Para não abolir totalmente as diretrizes da OIC, utilizou-se uma parte do Acordo Provisório, que sinalizava a negociação das tarifas tributárias e as regras de comércio internacional para a liberação deste comércio e se formou um tratado denominado GATT (SEGRE, 2007). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Comércio Exterior de Serviços 4 Rodada Uruguai3 e foi substituído, em 1995, pela Organização Mundial do Comércio (OMC), tornando-se um órgão auxiliar para os assuntos do comércio. Diferentemente do FMI e do BIRD, o GATT não é uma instituição, mas um fórum de reunião entre os países-membros. Sob sua coordenação, foram realizadas oito rodadas de negociações multilaterais do comércio (Multilateral Trade Negotiations – MTN). A seguir, apresentamos um quadro simplificado dessas rodadas: Quadro 1 – Rodadas de negociação Rodadas de negociação Data Local Nº de participantes Tema 1. 1947 Genebra 23 Redução de tarifas 2. 1949 Annecy 13 Redução de tarifas 3. 1950/1951 Torquay 38 Redução de tarifas 4. 1955/1956 Genebra 26 Redução de tarifas 5. 1960/1961 Dillon 26 Redução de tarifas 6. 1964/1967 Kennedy 62 Redução de tarifas e medidas antidumping 7. 1973/1979 Tóquio 102 Redução de tarifas, medidas não tarifárias, cláusula de habilitação. 8. 1986/1994 Uruguai 123 Redução de tarifas, agricultura, serviços, propriedade intelectual, medidas de investimento, novo marco jurídico e institucionalização do OMC. Fonte: Adaptado de OMC (1995). Como se percebe no Quadro 1, o setor dos serviços foi contemplado na Rodada Uruguai, em 1994, devido à enorme pressão dos Estados Unidos para a inserção deste tema, porque o seu país perdia mercado na manufatura em relação aos serviços, principalmente nos setores da tecnologia, seguros, telecomunicações e finanças. No entanto, em um primeiro momento, os Estados Unidos não tiveram apoio dos países europeus, pois eles não viam retorno financeiro imediato com o setor de serviços. E os países em desenvolvimento, em especial Brasil e Índia, resistiram no começo, considerando o setor agrícola e o fato de a reestruturação do GATT atender mais aos interesses políticos e econômicos de outros países; mas aprovaram o acordo, pois perceberem a possibilidade de crescimento econômico dos seus países por meio do setor de serviços (ABREU, 2005). 1.2 Organização Mundial do Comércio (OMC) A Organização Mundial de Comércio (OMC) é uma instituição multilateral – criada em 1995, após as rodadas Uruguai, entre 1986 e 1994 –, sediada em Genebra (Suíça). 3 A rodada ocorreu por meio de fóruns de discussões para implementação da OMC. Senac São Paulo - Todos os Direitos ReservadosComércio Exterior de Serviços 5 Possui atualmente 160 Estados-membros que se reúnem bienalmente com tomadas de decisões por consenso. O OMC incorporou o GATT e acrescentou a regulamentação de serviços e de propriedade intelectual ao seu campo normativo. Constituem atribuições da OMC (SEGRE, 2007): 1. Administrar os acordos comerciais entre os Estados-membros; 2. Atuar como um fórum para negociações comerciais; 3. Resolver disputas comerciais; 4. Monitorar as políticas nacionais de comércio; 5. Dar a assistência técnica e treinamento para os países em desenvolvimento; 6. Cooperar com outras organizações internacionais. Para formar a base das relações internacionais na área do comércio, a OMC formulou os objetivos de trazer maior previsibilidade das condições em que operam o comércio internacional, a fim de garantir aos produtores de bens e serviços, aos exportadores e importadores o acesso a mercados justos, além de auxiliar os governos a alcançarem os seus objetivos sociais e ambientais. E para o cumprimento desses objetivos, os países-membros seguem estes postulados: 1. Não discriminação: os países-membros não podem discriminar os seus interlocutores comerciais, com a cláusula da “Nação Mais Favorecida”, tampouco poderão discriminar os seus produtos e seus serviços em relação aos produtos e aos serviços de outros países (o conhecido “tratamento nacional”); 2. Livre comércio: de forma gradual, os Estados-membros devem reduzir os obstáculos nas negociações comerciais; 3. Previsibilidade e transparência: os Estados-membros devem confiar em países com os quais não se estabeleceram arbitrariamente obstáculos comerciais; 4. Promoção do desenvolvimento aos países em desenvolvimento: é fundamental oferecer mais tempo para os países em desenvolvimento se adaptarem a normas e procedimentos do comércio internacional e oferecer a assistência técnica necessária. Na estrutura orgânica e normativa da OMC funciona, em seu topo, a Conferência Ministerial, com a composição dos ministros das Relações Exteriores e/ou os ministros de Comércio Exterior dos países-membros da OMC. As conferências são realizadas ao menos uma vez a cada dois anos para abordar os assuntos pautados, revisar temas negociados, avaliar os prazos de implementação e seus resultados, assim como tratar de novos acordos comerciais. Confira uma síntese das conferências. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Comércio Exterior de Serviços 6 Quadro 2 – Conferência Ministerial Conferência Ministerial Data Local Pauta 1996 Cingapura Comércio e investimento, comércio e competividade, transparência nas aquisições governamentais e facilitação de comércio. 1998 Genebra Celebração dos 50 anos de OMC e recomendações para a III Conferência Ministerial. 1999 Seattle Impasse nas negociações. 2001 Doha Agenda do desenvolvimento com dois temas: a agricultura e serviços. 2003 Cancun Os impasses gerados nas discussões a respeito do comércio agrícola por parte dos países em desenvolvimento pelo Grupo dos 20 com os Estados Unidos e a União Europeia. Outros temas discutidos foram investimentos, concorrência, transparência nas compras governamentais e facilitação do comércio. 2005 Hong Kong Acesso ao mercado de produtos agrícolas, à agricultura e ao desenvolvimento. 2009 Genebra OMC e a economia atual no mundo. 2011 Genebra Analisar as atividades da OMC e dar as boas-vindas aos novos membros: Samoa, Rússia e Montenegro. 2013 Bali Agilizar o comércio e dar aos países em desenvolvimento mais opções de seguridade alimentar. Aprovação do Yemen como novo membro da OMC. Fonte: Adaptado de OMC (1995). Os trabalhos ordinários são realizados por diversos órgãos, sendo o principal deles o Conselho Geral, formado por embaixadores ou chefes de delegações dos Estados-membros, cabendo as seguintes funções: zelar pelos Acordos Multilaterais; administrar as atividades diárias da OMC; executar as decisões das conferências ministeriais; normatizar as suas atividades; aprovar os regulamentos internos dos Comitês e estabelecer consultas e cooperação com organizações não governamentais que tenham afinidades com temas da OMC. Na sua subordinação, há os órgãos: GATT, para tratar de comércio e tarifas; GATS ou Acordo Geral de Serviços, para estabelecer normas e regras para o comércio de serviço; TRIPS e Comitê de Negociações Comerciais da Agenda do Desenvolvimento. E para auxiliá-lo nos trabalhos: Órgão de Solução de Controvérsia (OSC) e Órgão de Revisão de Política Comercial (ORPC). Um caso para exemplificar a atuação da OMC em solução de controvérsia foi o contencioso do algodão entre Brasil e Estados Unidos, que teve início em setembro de 2002, quando o Brasil enviou um pedido de consulta ao governo estadunidense questionando os subsídios pagos ao setor cotonicultor. Não tendo conseguido solucionar o problema pela via diplomática, o governo brasileiro solicitou a abertura de um painel na OMC, em março 2003, e obteve, em 2009, ganho de causa. Este foi um resultado envolvendo política agrícola nunca dado a um país em desenvolvimento, trazendo, por consequência, retaliações nos setores de serviços e de propriedade intelectual (ANDRADE, 2010). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Comércio Exterior de Serviços 7 Para saber mais sobre esse caso, leia o processo negociação do contencioso do algodão entre Brasil e Estados Unidos e pesquise informações no site do IPEA e do Ministério da Agricultura. 2 Acordo Geral de Serviços Atualmente, o comércio de serviços representa uma contribuição vital para a economia nacional e internacional. A globalização do comércio de mercadorias levou à expansão paralela do comércio de serviços, já que estes viabilizam sua própria existência, por exemplo, transporte, telecomunicações, finanças etc. Cabe destacarmos que os setores que mais se internacionalizaram foram de entretenimento, Tecnologia de Informação, turismo e transporte. O quadro a seguir mostra os setores de serviços que internacionalizaram. Quadro 3 – Internacionalização dos setores de serviços Internacionalização dos setores de serviços Setor de serviços Atividade representativa Arquitetura, construção e engenharia Construção, usinas de energia elétrica, projetos, serviços de engenharia para aeroportos, hospitais e represas. Bancos, financeiras e seguradoras Operações bancárias, seguros, avaliação e gestão de risco. Educação, treinamento e publicações Treinamento gerencial, cursos técnicos, cursos de língua inglesa. Entretenimento Filmes, gravações de músicas, atividades de lazer pela internet. Tecnologia da Informação Comércio eletrônico, e-mail, transferência de fundos, intercâmbio de dados, processamento de dados, serviços de rede e serviços de informática. Serviços profissionais Contabilidade, publicidade, assessoria jurídica e consultoria em gestão. Transporte Setor de transporte aéreo, marítimo, ferroviário, de caminhão e os aeroportos. Viagens e turismo Transporte, hospedagem, alimentação, recreação, viagem aérea, marítima e ferroviária. Fonte: Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010). Para contemplar e regularizar as operações internacionais desses setores, a OMC definiu a GATS a partir das discussões realizadas nas Rodadas do Uruguai cujos resultados entraram em vigor em 1995. Seus integrantes são os mesmos da OMC e têm compromissos em setores específicos. O GATS é aplicado a todos os setores de serviços, exceto em dois casos: nos serviços de autoridades governamentais e no transporte aéreo. E como o GATS conceitua serviços? Ele define a prestação de serviços de quatro modos (GIANESI; CORRÊA, 2008): • Modo 1: Comércio Transfronteiriço (Cross-Border) – do território de um país ao território de outro país, por exemplo, software comercializado pela internet, serviços bancários e consultoria de arquitetura por meio de plataformas on-line; Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Comércio Exterior de Serviços 8 • Modo 2: Consumo no Exterior (ConsumptionAbroad) – o consumidor se desloca ao território do país para consumir o serviço especializado, por exemplo, o turismo internacional; • Modo 3: Presença Comercial (Commercial Presence) – a pessoa jurídica se instala no país estrangeiro para prestar um serviço, em qualquer tipo de estabelecimento comercial ou profissional, como as subsidiárias, filiais e escritórios de representação; • Modo 4: Movimento de Pessoas Físicas (Movement of Natural Persons) – são indivíduos que se deslocam por tempo limitado a um país estrangeiro para executar um serviço, por exemplo, um advogado se desloca para outro país a fim de prestar consultoria jurídica. O GATS classifica ainda os serviços em “12 setores”, subdivididos em subsetores que permitem sua abrangência: comunicações; serviços prestados a empresas; construção e serviços de engenharia relacionados; educação; distribuição; meio ambiente; serviços financeiros; serviços sociais e de saúde; turismo; transporte; energia e distribuição e outros serviços não incluídos anteriormente. Sabendo os tipos de serviços que mais se internalizam e os “modos” de prestações de serviços dado pelo GATS, realize uma pesquisa sobre quais são os setores predominantes na atuação do Brasil no cenário internacional. Pesquise mais sobre o assunto nos sites do IPEA e do Ministério do Desenvolvimento. De acordo com os dados analisados pelos órgãos governamentais brasileiros, os setores de serviço que mais se expandiram na sua exportação e importação foram: transporte, viagens e entretenimento, além de tecnologia de informações. 2.1 Acordo Geral de Serviços: aspectos normativos 2.1.1 Objetivos e princípios O Acordo Geral de Serviços tem o objetivo de proporcionar a expansão mundial do desenvolvimento econômico por meio do serviço com a fomentação da liberação progressiva do setor, com regras e normas confiáveis para não ocorrer trato diferenciado entre os países- membros (princípio da não discriminação). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Comércio Exterior de Serviços 9 Os princípios do GATS são: d. Nação Mais Favorecida (NMF): quando um membro da OMC favorecer algum serviço a outro Estado-membro, tem que estendê-lo aos demais membros, de forma imediata e incondicional, ou seja, deve assegurar a igualdade de oportunidades de importar e exportar para todos os membros. Para exemplificarmos, caso um Estado- membro autorize a instalação e a operação de uma instituição no seu território para um determinado membro, essa decisão será concedida automaticamente para todos os membros da OMC; e. Tratamento Nacional (TN): estipula que os serviços e os prestadores de um Estado- membro deverão receber do Estado importador um trato idêntico ao oferecido aos serviços e prestadores similares locais. Portanto, haverá condições iguais de concorrência entre os países envolvidos; por exemplo, se um país-membro instalar um serviço de comunicação no território nacional, essa nação deverá receber o mesmo tratamento regulatório dos serviços e prestadores similares locais. 2.1.2 Obrigações dos Estados-membros O GATS coloca obrigações aos Estados-membros no setor de serviços, sendo a mais relevante a cláusula da Nação Mais Favorecida (MFN), a qual dispõe que “[...] qualquer medida coberta por este Acordo, cada membro deve conceder imediatamente e incondicionalmente aos serviços e a prestações de serviços de qualquer outro membro tratamento não menos favorável do que aquele concedido a serviços e prestadores de serviços similares de qualquer outro país” (MDIC, 1995, p. 5). Ainda, temos no âmbito das obrigações gerais do GATS o Princípio do Tratamento Nacional, não permitindo que fornecedores estrangeiros de serviços sejam tratados de forma diferenciada dos fornecedores nacionais. Para maior previsibilidade e segurança no comércio exterior de serviços, foi adotado o Princípio da Transparência, por meio do qual os membros se comprometem a fazer publicações oficiais das atividades no setor de serviços dos seus países, não somente as que afetam o seu país, mas também as que interferem no funcionamento do GATS, inclusive novas legislações, normas administrativas, novos regulamentos ou modificações no ordenamento jurídico (OMC, 1995). 2.1.3 A liberação progressiva do comércio de serviço O GATS prevê que cada membro deve elaborar uma Lista de Compromissos que estipula quais os modos de serviços e de prestação de serviços serão atingidos, critérios e obrigações essenciais para a liberação do comércio. E essa lista só poderá ser alterada com o acordo comum das partes envolvidas e no prazo de três anos. Sua validade é de Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Comércio Exterior de Serviços 10 dez anos e está sujeita à revisão. A Lista de Compromissos deve conter termos, limites e condições de acesso ao mercado, condições e qualificações ao tratamento nacional e comprometimentos adicionais e cronograma. Uma vez assumido o compromisso específico, o país não pode colocar limitações sobre o número de prestadores de serviços; limitações sobre o valor total das transações de serviços ou ativos em formas de quotas numéricas de necessidade econômica; limitações sobre o número total de operações de serviços ou na quantidade total do fornecimento do serviço; em termos numéricos, medidas que restrinjam ou exijam um tipo de pessoa jurídica; limitações sobre a participação de capital estrangeiro e em termos de máxima porcentagem ou participação acionária, ou sobre o valor total do investimento individual ou agregado. Para ilustrar, o Brasil firmou na OMC, em 1994, uma Lista de Compromissos que contemplava: serviços prestados a empresas; serviços de comunicação; serviços de construção e serviços de engenharia relacionados; serviços de distribuição; serviços financeiros; serviços educativos; serviços turísticos e serviços de transporte. Considerações finais Chegamos ao fim desta aula. Nela, aprendemos a contextualização histórica das instituições internacionais do comércio – OIC, GATT e OMC –, para chegarmos à formação do GATS, que regulamenta o comércio exterior de serviços. Foi possível verificar que o setor de serviços, atualmente, apresenta importante fonte geradora de divisas, rendas e empregos altamente qualificados para os países exportadores. Como forma de regulamentar essas operações, a OMC instituiu o GATS para a liberalização, de forma progressiva e gradual, do comércio de serviços pelos Estados-membros, seguindo os preceitos de Nação Mais Favorecida (NMF), Tratamento Nacional e Transparência para a operacionalização eficaz do comércio exterior de serviços. Referências ANDRADE, Paula Coury. A vitória do Brasil na OMC e suas implicações para os países em desenvolvimento. 2010. Disponível em: <http://mundorama.net/2010/05/19/a-vitoria-do- brasil-na-omc-e-suas-implicacoes-para-os-paises-em-desenvolvimento-por-paula-coury- andrade/>. Acesso em: 3 abr. 2015. http://mundorama.net/2010/05/19/a-vitoria-do-brasil-na-omc-e-suas-implicacoes-para-os-paises-em-desenvolvimento-por-paula-coury-andrade/ http://mundorama.net/2010/05/19/a-vitoria-do-brasil-na-omc-e-suas-implicacoes-para-os-paises-em-desenvolvimento-por-paula-coury-andrade/ http://mundorama.net/2010/05/19/a-vitoria-do-brasil-na-omc-e-suas-implicacoes-para-os-paises-em-desenvolvimento-por-paula-coury-andrade/ Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Comércio Exterior de Serviços 11 ASSUMPÇÃO, Rossandra Mara. Exportação e importação: conceitos e procedimentos básicos. Curitiba: IBPEX, 2007. CAVUSGIL, S. Tamer; KNIGHT, Gary; RIESENBERGER, John R. Negócios Internacionais: estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. DIAS, Reinaldo; RODRIGUES, Waldemar (Orgs.). Comércio Exterior: teoria e gestão. São Paulo: Atlas, 2007. GIANESI, Irineu Gustavo Nogueira; CORRÊA, Henrique Luiz. Administração estratégica de serviços. São Paulo: Atlas, 2008. MINERVINI, Nicola. O exportador: ferramentas para atuar com o sucesso no mercadointernacional. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Acordo Geral sobre o comércio de serviços. 1995. Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/ dwnl_1244492330.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2015. OLIVEIRA, Ivan Tiago Machado. A atuação do Brasil no Sistema de Solução de Controvérsias na OMC: o caso do contencioso do algodão contra EUA. Boletim de Economia e Política Internacional, nº 2, p. 18-27, abr. 2010. Disponível em: <http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/boletim_ internacional/100622_boletim_internacional02_cap3.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2015. OMC. El acuerdo general sobre el comercio de servicios (AGCS): objetivos, alcances y disciplinas. 1995. Disponível em: <https://www.wto.org/spanish/docs_s/legal_s/26-gats.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2015. ______. Servicios. [s. d.]. 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