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Fagner Fernandes – @Eumedicinando ASPECTOS SEMIOLÓGICOS Dispneia significa “respiração anormal”, sendo um sintoma que traduz a dificuldade para respirar. Por ser uma experiência sensitiva que depende da interpretação do paciente, sua intensidade nem sempre traduz o grau de alteração fisiológica. o ICC: “sufocante”, “fome de ar” e “pesada”. o Asma: “expiração profunda” e “aperto”. DISPNEIA AGUDA: PERGUNTAS FUNDAMENTAIS PARA SUA ABORDAGEM o 1. Apresenta falta de ar em repouso? Se sim, sugere doença grave. o 2. Apresentou dor no peito? Se isso ocorreu, descreva a dor: localização, intensidade, duração, etc. ▪ Dor retroesternal: doença isquêmica coronariana. • Pacientes asmáticos e com dispneia psicogênica podem se queixar dessa dor. ▪ Dor nos ápices pulmonares: pneumotórax espontâneo. ▪ Dor ventilatório-dependente em um hemitórax: traumatismo, pleurite ou tromboembolismo pulmonar. o 3. O que estava fazendo imediatamente antes do início da dispneia? o o 4. Apresenta alguma doença prévia ou foi submetido a procedimento cirúrgico? Serve para compreender as causas da descompensação aguda. ▪ Asmáticos com descompensação aguda: quadro obstrutivo. ▪ DPOC ou doenças intersticiais: pneumotórax ou quadros infecciosos como complicação aguda. ▪ Em tratamento para ansiedade: dispneia psicogênica. Principais causas de dispneia aguda o ICC (26%); o Asma (25%); o DPOC (15%); INSTRUMENTOS PARA MEDIDA Instrumentos para medir a intensidade da dispneia: o Classificação funcional da intensidade de dispneia graduada de 1 a 4, comparativamente a indivíduos da mesma cor, altura e sexo: ▪ 1 → sem limitações às atividades físicas habituais como andar e subir escadas. Dispneia com exercícios intensos e prolongados. ▪ 2 → Discreta limitação às atividades habituais; dispneia ao subir ladeiras ou subir escadas em velocidade normal, andar mais de dois quarteirões planos. ▪ 3 → Limitação importante às atividades habituais, dispneia ao andar um a dois quarteirões DISPINEIA Fagner Fernandes – @Eumedicinando planos ao subir um a dois quarteirões. ▪ 4 → Dispneia em repouso, com incapacidade de realizar qualquer atividade física sem desconforto respiratório. o Escala visual analógica → classificar de 0 a 10, sendo 0 sem dificuldade para respirar e 10 não consegue respirar. Instrumentos para medida: o Escala de Fletcher: correlaciona o grau de dispneia com o tipo de exercício capaz de desencadeá-la. o Escala visual analógica: os pacientes anotam em qual ponto da linha está o grau de disfunção respiratória sentido no momento. ▪ Essa opção tem sido a mais adequada para quantificar mudanças agudas na respiração, sobretudo em pacientes graves, além de não precisar de equipamentos sofisticados nem realização de qualquer atividade física. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Dispneia psicogênica o O sistema límbico interfere em como o indivíduo percebe sua própria respiração. o Pacientes ansiosos/com transtorno de pânico se queixam de dispneia acompanhada de hiperventilação. o Síndrome da hiperventilação: dispneia, palpitações, dor torácica, sensação de “bolo” na garganta ou no peito, tremores, parestesias, “dedos fechados” e flexão do punho. o Os sintomas são semelhantes aos de pacientes com obstrução de vias aéreas, mas não possui correlação com o grau de atividade física. o A intensidade da dispneia é flutuante e não-progressiva. o 10% dos pacientes com doença pulmonar possuem transtorno do pânico, sendo que o diagnóstico prévio da doença pode atrasar o diagnóstico do transtorno. ▪ As doenças pulmonares mais associadas são: DPOC, asma, embolia/edema/hipertensão pulmonar, apneia do sono e disfunção de cordas vocais. Dispneia por descondicionamento o Ocorre em pessoas geralmente sedentárias, que estão descondicionadas e iniciam um programa de exercícios. o Geralmente, os indivíduos sedentários pertecem a uma faixa etária em que doenças pulmonares e cardiovasculares são mais comuns. Sendo assim, deve- se fazer uma investigação se não há uma doença de base que estava, até então, assintomática. Dispneia de origem cardíaca o Pacientes com doenças cardíacas apresentam dispneia por esforço decorrente da elevação da pressão capilar pulmonar (aumento da pressão no AE por disfunção do VE), que causa edema pulmonar. Caso este permaneça por muito tempo, pode haver fibrose do interstício, contribuindo para diminuição da complacência pulmonar. o Em pacientes graves, há fadiga muscular e acidose metabólica modulando a sensação de dispneia. o A dispneia é progressiva, de duração variável, com a intensidade dependendo do nível de atividade física, podendo ocorrer tosse seca (à noite) que piora em decúbito dorsal. o ICC: em decúbito dorsal, aumenta o volume sanguíneo intratorácico e o edema pulmonar. Com a elevação do diafragma, surgem área de menor ventilação, contribuindo para se instalar um distúrbio de ventilação- perfusão. o Diagnóstico Fagner Fernandes – @Eumedicinando ▪ Fatores epidemiológicos: HAS, DM, insuficiência coronariana e febre reumática na infância. ▪ História de dispneia progressiva, ortopneia, dispneia paroxística noturna, palpitações com sintomas de edema progressivo de MMII, hepatomegalia. o Exame clínico: hepatimetria aumentada, estase jugular normalmente móvel, derrame pleural mais frequente à direita etc. o Exames complementares: ECG, radiografia de tórax e ecocardiograma. Dispneia de origem pulmonar o Causas: doenças obstrutivas de vias aéreas proximais/distais, comprometimento dos alvéolos, obstrução vascular, alterações de caixa torácica ou de musculatura respiratória. o Obstrução aguda de vias aéreas proximais: emergência médica. ▪ Aspiração de corpos estranhos ou por reação alérgica com formação de edema, sobretudo na região da glote. ▪ No caso de reação alérgica, o paciente pode apresentar edema facial bilateral, com rubor e calor local. o A presença de sibilos ao exame pulmonar indica que há obstrução de vias aéreas, mas sua ausência não exclui tal possibilidade. o Pacientes com enfisema pulmonar têm histórico de dispneia progressiva, chegando à dispneia de repouso com pouca expectoração e tosse. o Doenças de acometimento alveolar ▪ Quadros clínicos agudos e infecciosos: pneumonias. ▪ Dispneia crônica: pneumoconioses. ▪ Presença de estertores finos: fibrose intersticial. ▪ Ruptura de alvéolos: quadro clínico de instalação súbita por colapso pulmonar e preenchimento do espaço pleural por ar (pneumotórax). o Obstrução vascular pulmonar ▪ Dispneia súbita causada, por exemplo, por êmbolos que frequentemente vêm dos MMII. ▪ Se a oclusão for de um território muito extenso, o paciente pode desenvolver insuficiência ventricular direita aguda. TIPOS E CAUSAS DE DISPNEIA Ortopneia o Dispneia que piora em decúbito dorsal, podendo estar presente na ICC, pericardite, DPOC, obesidade, gestação, ascite, disfunção de musculatura respiratória, tumores de mediastino anterior e traqueomalacia. o ICC: em decúbito dorsal, há redistribuição do fluxo sanguíneo, aumentando a pressão capilar pulmonar, gerando dispneia. o DPOC: pressão intra-abdominal gera uma resistência que causa aumento do trabalho respiratório. Trepopneia o Dispneia desencadeada em um dos decúbitos laterais (no lado do pulmão afetado). o Causas: doença parenquimatosa pulmonar unilateral, derrame pleural unilateral, obstrução brônquica intrínseca/extrínseca unilateral e DPOC. Platipneia o Dispneia ao ficar sentado, melhorando ao deitar-se. Fagner Fernandes – @Eumedicinandoo Causada por alterações pulmonares que levam à presença de “shunts”, os quais são mais comuns nas bases. ▪ Isso faz com que o fluxo sanguíneo seja direcionado para lá na posição sentada, aumentando o distúrbio ventilação-perfusão e consequente hipóxia. REFERÊNCIAS KASPER, Dennis L.. Medicina interna de Harrison. 19 ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2017.
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