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Como trabalhar consciência fonológica com uma criança que não quer aprender a ler e escrever? Quando há resistência, a criança apresenta comportame...

Como trabalhar consciência fonológica com uma criança que não quer aprender a ler e escrever? Quando há resistência, a criança apresenta comportamentos evidentes de esquiva, como jogar-se nas almofadas, esconder-se embaixo da mesa, levantar-se continuamente para ir até a estante pegar brinquedos. Estes são comportamentos que revelam condutas evitativas ao processo de aprendizagem. A criança não é um robô que colocamos na nossa frente e pedimos a ela que repita ou reproduza. É preciso desvendar o que este comportamento quer nos dizer. Para algumas crianças, a leitura e escrita é algo que fere, machuca e dói. Se não somos capazes de compreender e lidar com esta demanda, nosso trabalho não fará sentido. Às vezes, fico bastante tempo escutando o que a criança está querendo me mostrar. Escutar no sentido de perceber com meus ouvidos, com meus olhos e com minha sensibilidade. O que essa criança está querendo me mostrar com toda esta agitação? Que medos se escondem ali e que não são ditos ou nem mesmo são percebidos por ela? Uma paciente de oito anos não queria saber de ler e escrever. Em casa, rasgava, furava e cuspia nas atividades que vinham da escola. Na escola, apresentava comportamento hiperativo, desafiador e opositor. Quando chegou ao consultório, iniciei o diagnóstico psicopedagógico e, logo no primeiro encontro, percebi que não responderia aos instrumentos de avaliação que eu havia selecionado, devido ao comportamento. Avaliar a consciência fonológica em crianças com dificuldades de leitura é uma das primeiras coisas que faço após a EOCA, mas com esta criança não foi possível com o instrumento formal (avaliação de rimas, aliterações, manipulação pois peguei as letras em madeira do alfabeto móvel e fui colocando junto às miniaturas que eu havia escolhido. Ela foi me imitando, pegando e colocando ao lado daquelas escolhidas por ela e logo percebi a dificuldade que sentia em fazer a relação da grafia com o fonema. E assim avaliei sua consciência fonológica de forma lúdica e sem sofrimento. Não pedi nada a ela. Eu iniciei a brincadeira comigo mesma e despertei nela a curiosidade, que quis fazer também. O vínculo começou a se estabelecer. As sessões seguintes foram todas na caixa de areia, onde observei lateralidade, orientação espacial, temporal, memória visual e auditiva, criatividade com a construção e linguagem expressiva com a contação de história, cognição com a sequência lógica dos fatos, linguagem compreensiva, planejamento, controle da impulsividade e vínculos com a aprendizagem. Iniciamos a intervenção, e o trabalho com a caixa de areia continuou. Em pouco tempo, estava arriscando a escrita, com plaquinhas em papel grosso que criamos para cada miniatura. Ora eu escrevia, ora ela escrevia. O desafio era ler a placa e identificar a miniatura colocando a placa junto. Ela se divertia cada vez mais e saboreava o gosto da brincadeira e da aprendizagem. Em três meses, estava lendo. Só precisava desbloquear e ressignificar o vínculo com o aprendizado. Não podemos ter instrumentos prontos para aquela demanda, mas se estudamos e nos aprofundamos no caso, será possível perceber as necessidades e construir instrumentos. Esta construção será muito rica se realizada com quem estamos atendendo. A criança fará parte desta construção e será ativa no processo. Neste sentido, gosto muito da ideia de Projeto de Trabalho proposto por Laura Monteserrat. (Veja questão 84.) O exercício do planejar e do construir é um exercício do pensar e de estimular a criatividade. São elementos que devem ser agregados ao trabalho de intervenção psicopedagógica.

Essa pergunta também está no material:

100_Questões_Comentadas_em_Psicopedagogia_Da_Teoria_À_Prática_Simaia
386 pág.

Portfólio de Grupo 4º Semestre Unopar Pedagogia Universidade Norte do ParanáUniversidade Norte do Paraná

Respostas

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Trabalhar a consciência fonológica com uma criança que apresenta resistência à leitura e escrita pode ser um desafio, mas é possível. É importante entender que cada criança é única e pode ter suas próprias razões para evitar o processo de aprendizagem. É necessário escutar e compreender o que a criança está tentando nos mostrar com seus comportamentos evitativos. Uma estratégia que pode ser utilizada é trabalhar a consciência fonológica de forma lúdica e sem sofrimento, como foi feito no exemplo citado na pergunta. Utilizar jogos, brincadeiras e atividades que despertem a curiosidade e o interesse da criança pode ser uma boa opção. Além disso, é importante estabelecer um vínculo de confiança e segurança com a criança, para que ela se sinta à vontade para se expressar e participar das atividades propostas. Outra estratégia é observar as habilidades e interesses da criança e utilizar isso a seu favor. Por exemplo, se a criança gosta de desenhar, pode-se propor atividades que envolvam desenho e escrita. Se a criança gosta de música, pode-se utilizar canções para trabalhar a consciência fonológica. É importante lembrar que cada caso é único e pode exigir abordagens diferentes. Por isso, é fundamental que o profissional que está trabalhando com a criança tenha uma formação adequada e esteja preparado para lidar com as demandas específicas de cada caso.

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