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Julia Paris Malaco – UCT17 SP4 – anticoagulantes Os anticoagulantes são uma classe de medicamento que atuam na inibição dos fatores de coagulação (ex.: heparina) ou na interferência na sua síntese desses fatores (ex.: antagonistas de vitamina K). Juntos com os trombolíticos (fibrinolíticos) e anti-agregantes, as três classes de fármacos são empregados no tratamento de disfunções da homeostasia. O objetivo da terapia antitrombótica é manter a fluidez vascular Os agentes fibrinolíticos ativam o plasminogênio em sua transformação para plasmina, que possui capacidade para degradar a fibrina, o maior componente do trombo (ativa fibriogenio aumenta plasmina aumenta degradação de fibrina Os anticoagulantes são usados tanto no tratamento como na profilaxia de eventos tromboembolíticos relacionados a patologias de base como fibrilação atrial, tromboembolismo venoso profundo e pulmonar (TVP e TEP), uso de próteses valvares, associadas a cardiopatias estruturais ou secundárias a complicações de um infarto, etc. Assim, eles atuam impedindo a ocorrência de trombose, limitando a lesão por reperfusão. A dose ideal e segura dos anticoagulantes é pautada por meio de exames laboratoriais como o tempo de protrombina (TP) e o índice internacional normalizado (INR), auxiliando a manutenção entre o poder terapêutico desse fármaco e seu efeito adverso principal: sangramento (o INR auxilia no acompanhamento de anticoagulantes orais). Os valores de referências, respectivos de cada exame, são: TP: 10 e 13 segundos INR (RNI): 0,8 a 1 No entanto, em caso de pacientes com alguma patologia homeostática em uso de anticoagulantes orais, consideramos como valor de referência entre 2 e 3 Os principais anticoagulantes são: heparina; argatrobana; bivalirudina e desirudina; fondaparinux; dabigatrana; rivaroxabana e apixabana; e varfarina. Antagonistas de vitamina K (cumarinicos) – orais Mecanismo de ação: Fatores II, VII, IX e X + Proteínas C e S – dependentes de vitamina K (fatores ativados: CO, O2 e vitK reduzida) Fatores II (comum) Fator VII (via extrínseca) Fator IX (via intrínseca) Fator X (via comum) Proteínas C e S – fibrinolise Proteína C e S: Proteína C ativada (APC): degrada os fatores Va e VIIIa Anticoagulante plasmático natural A diminuição das proteínas C ou/e S decorrente de causas genéticas ou adquiridas predispõe à trombose venosa Podem ser dosados: Para auxiliar na investigação de episódio trombótico ou para determinar se o paciente apresenta deficiência hereditária de proteína C ou de proteína S TAP: via extrínseca - O tempo entre a adição do cálcio e a coagulação é chamado tempo de protrombina TTPa ou KTTp: via intrínseca - Tempo gasto para ocorrer a coagulação do plasma recalcificado em presença de cefalina Varfarina O mecanismo de ação desse antagonista consiste na inibição do enzima que reduzi a vitamina K em cofator necessário para produção dos fatores de coagulação. Essa enzima é conhecida como vitamina K-epóxido-redutase. Sendo assim, após essa vitamina sofrer a oxidação durante a produção do resíduo de γ-carboxiglutamila, a varfarina inibe a redução, produzindo menos Julia Paris Malaco – UCT17 vitamina K reduzida para formação de mais fatores de coagulação A varfarina é indicada para: Prevenção e no tratamento de TVP e TEP; Prevenção de AVE em paciente com/sem FA e/ ou válvulas cardíacas prostéticas; Deficiência de proteína C e S; Síndrome antifosfolipídica; Profilaxia de TVP após procedimentos cirúrgicos ortopédicos ou ginecológicos A varfarina possui rápida absorção pelo trato GI, tendo biodisponibilidade de 100% e se ligando bem a albumina (evitando sua difusão para líquor, urina e leita materno). Seu pico de ativação ocorre em 90 minutos Meia-vida de 36 a 42 horas. Atua no corpo por 2 a 5 dias Rápida absorção no trato GI Metabolização: São biotransformados no fígado e seus metabólicos são eliminados na urina e fezes (enzima CYP2C9 hepática que metaboliza a Varfarina) Efeito farmacológico potencializado: amiodarona, fluoxetina, fluconazol (uso agudo de álcool também potencializa) metabolizados pela mesma enzima disputam ela alargam o INR metaboliza menos aumenta anticoagulação) Atenuação: barbitúricos, álcool crônico, carbamazepina, dicloxacilina e rifampicina deixam a enzima mais ativa, consome mais Tem interação com alimentos, por isso deve ser usado longe das refeições Não deve ser usado em gravidas - hipersensibilidade: CYP2C9 e VKORC1 Como efeitos adversos, a varfarina apresenta: hemorragia; dermatite; necrose da mama, da parede abdominal, pênis e pele nas extremidades inferiores; irritação gastrointestinal, urticária; elevação das transaminases. Seu antídoto consiste na administração de vitamina K por via oral ou IV, a depende da gravidade, tendo reversão dos sintomas após 24 horas. Novos anticoagulantes orais Dabigratana: inibe Fator II (protrombina) Esse anticoagulante consiste num inibidor direto de trombina de ação lenta, aumentando a velocidade na ação inibitória da ATIII na trombina livre e na ligada ao coágulo. Seu uso terapêutico é recomendado na profilaxia de AVE e tromboembolismo nos pacientes com fibrilação atrial não valvar. É uma alternativa à enoxaparina na profilaxia de trombose em cirurgia ortopédicas por possuir farmacocinética previsível, não precisando de monitorização. Rivaroxabana e apixabana: Ambos são inibidores do fator Xa. Se ligam ao centro ativo dessa enzima e impedindo a conversão de protrombina em trombina. O rivaroxabano é recomendado para a profilaxia tromboembólica (TEP, TVP e AVE) em pacientes com fibrilação atrial não valvar. O apixabano é indicado como profilaxia de AVE na fibrilação atrial não valvar. Anticoagulantes parenterais Heparina As heparinas são anticoagulantes injetáveis de rápida ação, sendo usadas com frequência para interferir/limitar na formação de trombos. As mais usadas são a heparina não fracionada (HNF) e a de baixo peso molecular (HBPM). Ambas possuem mesma função (aceleram a inativação dos fatores de coagulação pela antitrombina), mesmo uso terapêutico e mesmos efeitos adversos, apenas divergindo quanto mecanismo de ação e farmacocinética. Uso terapêutico: Tratamento de tromboembolismos venoso agudo Profilaxia de trombose venosa profunda (TVP) Tromboembolismo pulmonar (TEP) em paciente com síndrome coronariana aguda (SCA) ou pós-cirurgia (ficar muito tempo acamado) e com arritmia, como fibrilação atrial (FA) Julia Paris Malaco – UCT17 Heparina não fracionada (HNF): O efeito anticoagulante da HNF ocorre por meio de sua interação com antitrombina III (ATIII), resultando numa rápida inativação da coagulação. Essa alfa-globulina que atua na inibindo os fatores IIa (trombina), Xa, IXa, XIa e XIIa. A HNF apenas acelera essa inibição. Após a ligação com a ATIII, há uma alteração conformacional na HNF que ajuda na catálise de inúmeras outras ATIII; Cataliza uma reação de aumento de afinidade de ligação entre os fatores Xa e II (trombina) com a antitrombina Não são bem absorvidas pelo trato gastrointestinal, sendo administradas por via subcutânea ou intravenosa contínua. Precisa ser monitorada com TTPa - igual a 1,5 e 2,5 vezes o valor de referência Heparina de baixo peso molecular (HBPM): Ao se ligarem com a ATIII, inativam, predominantemente, o fator Xa, se ligando menos a trombina. Após a ligação com a ATIII, há uma alteração conformacional na HBPM que ajuda na catálise de inúmeras outras ATIII; Age parcialmente no fator IIa São administradas via SC, tendo ativação máxima após 4 h da injeção. A monitorização dos valores de coagulação não é necessária, sendo o teste preconizado a dosagem dos níveis de anti-Xa. Heparinas são contraindicadas em pacientes com: hipersensibilidade a heparina; lactantes; distúrbio de coagulação; alcoolismo; neurocirurgias recentes no cérebro ou medula; procedimentos cirúrgicos oftálmicos. Antídoto: sulfato de protamina Efeito adverso/complicação - Trombocitopenia induzida por heparina (HIT): Plaquetas < 150 mil Queda > 50% a partir de 5 dias de uso Mais comum em paciente do sexo feminino; paciente cirúrgicoSíndromeimuno- hematológica Mecanismo: IgG contra complexo heparina- fator plaquetário IV Quadro clínico: trombose venosa ou arterial – complexos formados Anticorpos: promovem ativação plaquetaria através de seus receptores Fc Plaquetas: liberam fator 4 plaquetario – afinidade de ligação com a heparina Complexo multimolecular – heparina + fator 4 plaquetario – alvo antigênico dos anticorpos heparina dependentes Ligação dos anticorpos aos antígenos ocorre na superfície das plaquetas e na superfície das células endoteliais, resultando em agregação e destruição plaquetaria e em lesão das células endoteliais Ativação da cascata de coagulação e aumento da síntese se trombina Fondaparinux: Esse anticoagulante é um inibidor seletivo do fator Xa. Ao se ligar a ATIII, o fondaparinux potencializa a inibição natural do fator Xa pela ATIII. É usado como tratamento de TVP e TEP, além de servir como profilaxia de trombose venosa em pacientes acamados após cirurgias ortopédicas a e abdominais. É administrado por via SC e tem farmacocinética previsível e, por isso, não necessita de monitorização de mesma magnitude que a HNF. Possui meia-vida de 17-21 horas e é eliminada, praticamente inalterada, por via urinária. Argatrobana: Esse anticoagulante é um inibidor direto de trombina, sendo usada na prevenção de trombose em pacientes com trombocitopenia induzida por heparina (TIH) e em pacientes que serão submetidos a intervenção coronária percutânea (ICP). Ao ser optado esse tratamento, devemos monitorar o TTPa, hemoglobina e hematócrito do paciente. Bivalirudina e desirudina: São análogos a hirudina, um inibidor da trombina derivado da saliva de sanguessuga. Assim, atuam como inibidores reversíveis diretos seletivos das trombinas, agindo tanto nos centros catalíticos dessas enzimas livres, como naquelas ligadas ao coágulos. Por inibirem a trombina, acabam aumentando o TTPa, sendo recomendado sua monitorização. São administrados por via IV. A bivalirudina é uma alternativa a heparina em pacientes que são submetidos: à ICP, que tem risco ou podem desenvolver TIH; à angioplastia, tendo histórico de angina instável. Já a desirudina, é indicada como prevenção de TVP em pacientes acamados após cirurgia de substituição de bacia.
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