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1 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA Fármacos úteis no tratamento dos distúrbios da hemostasia. Trombose = formação de um coágulo dentro dos vasos sanguíneos. Trombose arterial: ocorre mais em vasos de tamanho médio tornados trombogênicos por aterosclerose; em geral consiste em um coágulo rico em plaquetas. Trombose venosa: iniciada pela estase sanguínea ou pela ativação imprópria da cascata de coagulação; em geral envolve um coágulo rico em fibrina. Distúrbios trombóticos: • IAM • TVP • EP • AVEi agudo Essas condições são tratadas com anticoagulantes e fibrinolíticos. Distúrbios de sangramento envolvendo falhas da hemostasia são menos comuns: • Hemofilia – tratada com transfusão de fator VIII recombinante • Deficiência de vitamina K – tratada com suplementação dessa vitamina. Trombo: coágulo que adere a uma parede vascular. Êmbolo: coágulo intravascular que flutua no sangue. RESPOSTA PLAQUETÁRIA À LESÃO VASCULAR: O trauma leva a interações entre plaquetas, células endoteliais e cascata de coagulação buscando a hemostasia ou a interrupção na perda de sangue por vasos sanguíneos danificados. Inicialmente ocorre vasoespasmo no vaso danificado para prevenir perda de sangue adicional. Depois há a formação de tampão de fibrina e plaquetas no local da punção. Criação de um trombo indesejado = coagulação normal, mas o estímulo disparador é uma condição patológica no sistema vascular, em vez de traumatismo físico externo. PLAQUETAS EM REPOUSO: Mediadores químicos: Plaquetas são sentinelas vasculares e monitoram a integridade do endotélio. Na ausência de lesão, as plaquetas em repouso circulam livremente, pois a sinalização química indica que o sistema vascular não está lesado. As células endoteliais intactas sintetizam prostaciclinas e óxido nítrico que atuam como inibidores da aglutinação das plaquetas. Prostaciclinas (prostaglandina I2): atuam ligando-se a receptores de membrana plaquetários acoplados à síntese de monofosfato cíclico de adenosina (AMPc) – níveis elevados de AMPc estão associados à diminuição no cálcio intracelular. Isso evita a aglutinação das plaquetas e a subsequente liberação de fatores de agregação plaquetária. Células endoteliais lesadas sintetizam menos prostaciclina resultando em níveis baixos de prostaciclina. Havendo menos prostaciclina para ligar receptores de plaquetas, menos AMPc intracelular é sintetizado, levando à aglutinação das plaquetas. Trombina, tromboxano e colágeno: A membrana da plaqueta contém receptores que podem fixar trombina, tromboxanos e colágeno exposto. No vaso intacto: níveis de trombina e tromboxano circulantes são baixos e o endotélio cobre o colágeno nas camadas subendoteliais. Os receptores das plaquetas estão desocupados e por isso não ocorre ativação/agregação de plaquetas. Quando ocupados, cada um dos receptores inicia uma série de reações que leva à liberação de grânulos intracelulares pelas plaquetas na circulação, estimulando a aglutinação das plaquetas. ADESÃO PLAQUETÁRIA: Quando o endotélio está lesado, as plaquetas aderem e cobrem o colágeno exposto do subendotélio. Isso inicia reações químicas resultando na ativação plaquetária. ATIVAÇÃO PLAQUETÁRIA: Os receptores das plaquetas são ativados pelo colágeno do tecido conectivo subjacente causando alterações morfológicas nas plaquetas e liberação de grânulos de plaquetas contendo mediadores químicos como: difosfato de adenosina (ADP), tromboxano A2, serotonina, fator de ativação plaquetária e trombina. Esses sinalizadores se ligam aos receptores das plaquetas em repouso circulantes vizinhas. As plaquetas previamente dormentes se tornam ativadas e iniciam a aglutinação. Essas ações são mediadas por vários sistemas mensageiros que, no final, resultam na elevação dos níveis de cálcio e na diminuição da concentração de AMPc dentro da plaqueta. AGLUTINAÇÃO DAS PLAQUETAS: 2 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA O aumento do cálcio citosólico que acompanha a ativação decorre da liberação de estoques armazenados no interior da plaqueta. Isso leva: • À liberação de grânulos de plaquetas contendo mediadores, como ADP e serotonina, que ativam outras plaquetas • À ativação da síntese de tromboxano A2 • À ativação dos receptores de glicoproteínas (GPs) IIb/IIIa que ligam fibrinogênio e regulam as interações plaquetas-plaquetas e a formação do trombo. O fibrinogênio, uma GP plasmática solúvel, liga-se simultaneamente aos receptores de GP IIb/IIIa de duas plaquetas vizinhas, resultando na ligação cruzada entre plaquetas e na sua aglutinação. Isso leva a uma avalanche de aglutinação plaquetária, pois cada plaqueta ativada pode recrutar outras plaquetas. FORMAÇÃO DO COÁGULO: A estimulação local da cascata de coagulação pelos fatores teciduais liberados dos tecidos lesados e pelos mediadores da superfície das plaquetas resulta na formação de trombina (fator IIA). A trombina catalisa a hidrólise do fibrinogênio em fibrina, que é incorporada no coágulo. Ligações cruzadas subsequentes das tiras de fibrina estabilizam o coágulo e formam um tampão fibrina- plaquetas hemostático. FIBRINÓLISE: Durante a formação do tampão, a via fibrinolítica é ativada localmente. O plasminogênio é processado à plasmina (fibrinolisina) enzimaticamente pelos ativadores de plasminogênio nos tecidos. A plasmina limita o crescimento do coágulo e dissolve a rede de fibrina à medida que ocorre a cicatrização. INIBIDORES PLAQUETÁRIOS: Diminuem a formação de um coágulo rico em plaquetas ou diminuem a ação dos sinais químicos promotores da aglutinação. Inibem a cicloxigenase-1 (COX-1) ou bloqueiam os receptores de GP IIb/IIIa ou ADP, interferindo, assim, no sinal que promove a aglutinação plaquetária. Os fármacos tem diferentes mecanismos de ação e por isso, efeitos sinérgicos ou aditivos podem ser obtidos quando fármacos de classes diferentes são associados. Esses fármacos são benéficos: • na prevenção e no tratamento de doenças cardiovasculares oclusivas • na manutenção de transplantes vasculares • na patência arterial • e como auxiliares dos inibidores da trombina ou tratamento trombolítico no IAM. ÁCIDO ACETILSALICÍLICO: Mecanismo de ação: Inibe a síntese do tramboxano A2 por acetilação do resíduo serina no centro ativo da COX-1, inativando irreversivelmente a enzima. Relembrando... Trombina, colágeno e ADP estimulam as plaquetas resultando na ativação das fosfolipases de membrana das plaquetas que liberam ácido araquidônico dos fosfolipídeos da membrana. O ácido araquidônico liberado é convertido em prostaglandina H2 pela COX-1. A prostaglandina A2 é metabolizada a tromboxano A2, que é liberado no plasma. O tromboxano A2 promove o processo de aglutinação, que é essencial par a rápida formação do tampão hemostático. Isso desloca o equilíbrio dos mediadores químicos em favor dos efeitos antiaglutinantes da prostaciclina prevenindo a aglutinação plaquetária. 3 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA O AAS é o único fármaco antiplaquetário que inibe irreversivelmente a função das plaquetas. Uso terapêutico: Usado no tratamento profilático da isquemia cerebral transitória, para reduzir a incidência de IAM recorrente e para diminuir a mortalidade nas situações de prevenção do IAM primário e secundário. • Ocorre inativação completa das plaquetas com 75 mg diários de AAS. • A dose recomendada vai de 50 a 325 mg/dia Farmacocinética: • Via oral • Absorvido por difusão passiva e hidrolisado a ácido salicílico no fígado • Parte é excretada inalterada com a urina. • Meia-vida do AAS de 15 a 20 minutos • Meia vida do ácido salicílico de 3 a 12 horas Efeitos adversos: • Dosagens mais altas: aumentam sua toxicidade e a probabilidade de inibir também a produção de prostaciclina. • Tempo de sangramento éalongado – causa complicações como AVEh e sangramento gastrointestinal (GI). • AINES (ibuprofeno) inibem a COX-1 por competição transitória no centro catalítico, se tomado dentro de 2 horas antes do AAS, pode impedir o acesso do AAS ao resíduo serina antagonizando a inibição das plaquetas pelo AAS. Por isso, AAS de liberação imediata deve ser tomado no mínimo 60 minutos antes ou pelo menos 8 horas depois do ibuprofeno. • Celecoxibe – inibidor seletivo da COX-2 – não interfere na atividade antiaglutinante do AAS, mas há evidencias de que ele contribui para os eventos cardiovasculares deslocando o equilíbrio dos mediadores químicos em favor do tromboxano A2. TICLOPIDINA, CLOPIDOGREL, PRASUGREL E TICAGRELOR: São inibidores do receptor P2y12ADP – também bloqueia a aglutinação das plaquetas. Mecanismo de ação: Inibem a ligação do ADP aos seus receptores nas plaquetas inibindo a ativação dos receptores GP IIb/IIIa necessários para que as plaquetas se liguem ao fibrinogênio e umas às outras. • Ticagrelor se liga reversivelmente • Restante se liga irreversivelmente. • A inibição máxima da aglutinação das plaquetas é obtida em 1 e 3 horas com ticagrelor, 2 e 4 horas com prasugrel, 3 e 4 dias com ticlopidina e 3 e 5 dias com clopidogrel. Quando o tratamento é suspendo, o sistema plaquetário necessita de tempo para recuperação. Usos terapêuticos: Clopidogrel: • Prevenção de eventos ateroscleróticos em pacientes com IAM ou AVE recentes e naqueles com doença arterial periférica estabelecida. • Profilaxia de eventos trombóticos na síndrome coronária aguda (angina instável ou IAM sem elevação do segmento ST) • Prevenir eventos trombóticos associados com intervenção coronária percutânea (ICP) com ou sem stent coronário. Ticlopidina: • Prevenção de ataques isquêmicos transitórios (AITs) e AVEs em pcts com evento trombótico cerebral prévio • Reservada para pcts intolerantes a outros tratamentos – devido a reações adversas hematológicas ameaçadoras à vida. Prasugrel: • Diminuir os eventos trombóticos cardiovasculares em pacientes com síndromes coronárias agudas (angina instável, IAM sem supra de ST e IAM com supra de ST tratado com ICP. Ticagrelor: • Prevenção do tromboembolismo arterial em pcts com angina instável e IAM Farmacocinética: Requerem doses de carga para efeito antiplaquetário mais rápido. Alimentos interferem com a absorção da ticlopidina. 4 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA Após ingestão oral, eles são extensamente ligados às proteínas plasmáticas. Sofrem biotransformação hepática pelo sistema CYP450 a metabólitos ativos. Eliminação por via renal e fecal. Clopidogrel é um pró-fármaco – sua eficácia depende do metabólito ativo produzido via biotransformação pela CYP2C19. Obs: o polimorfismo genético da CYP2C19 leva a respostas clínicas diminuídas em pacientes que são “maus biotransformadores” de clopidogrel. E outros fármacos que inibem a CYP2C19 – omeprazol e esomeprazol – não devem ser administrados junto com o clopidogrel. Efeitos adversos: • Prolongar o tempo de sangramento – não existe antídoto • Ticlopidina – associada com graves reações hematológicas como granulocitose, agranulocitose, púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) e anemia aplástica • Clopidogrel – incidência de neutropenia é menor, relatos de PTT. • Prasugrel: relatos de PTT, contraindicado para pcts com histórico de AIT ou AVE. • Ticagrelor: advertência para diminuição de eficácia quando é usado com AAS em dose acima de 100 mg. ABCIXIMABE, EPTIFIBATIDA E TIROFIBANA: Mecanismo de ação: Bloqueiam o receptor GP IIb/IIIa Anticorpo monoclonal quimérico abciximabe: inibe o complexo receptor GP IIb/IIIa bloqueando a ligação do fibrinogênio e do fator de von Willebrand e consequentemente não acontece aglutinação. Peptídeo cíclico Eptifibatida: se liga ao GP IIb/IIIa no local que interage com a sequência arginina-glicina- ácido aspártico do fibrinogênio. Tirofibana: bloqueia o mesmo local que a eptifibatida. Usos terapêuticos: Adm via IV junto com heparina e AAS – como um auxiliar da ICP para a prevenção de complicações cardíacas isquêmicas. Abciximabe – aprovado para pcts com angina instável que não respondem ao tratamento médico convencional quando a ICP é planejada para as próximas 24h. Farmacocinética: Abciximabe – adm em bólus IV, seguido de infusão IV, alcançando pico de inibição das plaquetas em 30 minutos. Após interromper a infusão do abciximabe, a função plaquetária gradualmente retorna ao normal, com o efeito antiplaquetário persistindo entre 24 e 48 horas. Quando a infusão IV de eptifibatida ou tirofibana é interrompida, ambos são rapidamente depurados do plasma. A eptifibatida e seus metabólitos são excretados pelos rins. A tirofibana é excretada, principalmente inalterada, pelos rins e nas fezes. Efeitos adversos: Sangramentos – especialmente se forem usados com anticoagulantes. Medicação in bolus ou push: É a forma de adm um medicamento em dose mais concentrada em um tempo igual ou menor do que 1 minuto. Produz um nível máximo quase imediato na circulação sanguínea. DIPIRIDAMOL: • Vasodilatador coronário. • Aumenta os níveis intracelulares de AMPc inibindo o nucleotídeo cíclico fosfodiesterase, resultando em diminuição da síntese de tromboxano A2. • Pode potencializar o efeito da prostaciclina no antagonismo da adesividade das plaquetas e diminuir sua aderência às superfícies trombogênicas. • Usado para prevenção de AVEs e adm com AAS. • Tem biodisponibilidade variável por adm oral e • Sofre biotransformação hepática, por glicuronidação. • Excretado principalmente com as fezes. • Pcts com angina – não usam devido à sua propriedade vasodilatadora que pode agravar a isquemia (roubo coronário). • Causa cefaleia e pode causar hipotensão ortostática - especialmente na adm IV. CILOSTAZOL: 5 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA • Antiplaquetário de uso oral. • Tem atividade vasodilatadora. • Inibe a fosfodiesterase tipo III que previne a degradação do AMPc aumentando seus níveis nas plaquetas e nos tecidos vasculares. • O aumento nos níveis de AMPc nas plaquetas e nos vasos previne a aglutinação das plaquetas e promove a vasodilatação. • Altera de modo favorável o perfil lipídico – diminui triglicerídeos plasmáticos, aumenta a lipoproteína de alta densidade colesterol (HDL). • Aprovado para diminuição dos sintomas da claudicação intermitente. • É biotransformado no fígado pelas isoenzimas CYP3A2, CYP2C19 e CYP1A2. • Tem várias interações farmacológicas. • Via primária de eliminação renal. • Efeitos adversos: cefaleia e sintomas GI (diarreia, fezes anormais, dispepsia e dor abdominal). • Aumenta a mortalidade em pcts com insuficiência cardíaca avançada. COAGULAÇÃO DO SANGUE: O processo de coagulação que gera trombina consiste em: • Sistema extrínseco – inicia com ativação do fator de coagulação VII pelo fator tecidual (tromboplastina) que em resposta a uma lesão no vaso, fica exposto ao sangue. • Sistema intrínseco – iniciado pela ativação do fator de coagulação XII quando o sangue entra em contato com o colágeno na parede lesada de um vaso sanguíneo. Esses sistemas envolvem uma cascata de reações enzimáticas que transformam fatores plasmáticos (pró-enzimas) em enzimas. FORMAÇÃO DA FIBRINA: Ao final da cascata é produzido o fator Xa que converte protrombina (fator II) em trombina (fator IIa). Trombina – é responsável pela produção de fibrina que forma a malha matriz do coágulo. Se não se forma trombina ou se sua função é impedida, a coagulação é inibida. Obs: a forma ativa é assinalada pela letra a. INIBIDORES DA COAGULAÇÃO: É importante que a coagulação fique restrita ao local da lesão vascular. Inibidores endógenos dos fatores de coagulação:• Proteína C • Proteína S • Antitrombina III • Inibidor da via do fator tissular O mecanismo de ação dos vários anticoagulantes envolve a ativação desses inibidores endógenos. ANTICOAGULANTES: Inibem a ação dos fatores de coagulação ou interferem com a síntese dos fatores de coagulação. HEPARINA E HEPARINAS DE BAIXO PESO MOLECULAR: • Anticoagulante injetável de ação rápida. 6 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA • Usada com frequência para interferir agudamente na formação de trombos. • Heparina normalmente ocorre como uma macromolécula complexada com histamina nos mastócitos. • É extraída da mucosa intestinal suína. • Heparina não fracionada é uma mistura – é muito ácida devido à presença de sulfato e grupos de ácido carboxílico. • A constatação de que formas de heparina de baixo peso molecular (HBPM) também podem atuar como anticoagulantes levou ao isolamento de enoxaparina, produzida por despolimerização enzimática da heparina não fracionada. • Outras HBPMs: dalteparina, tinzaparina. • HBPMs são heterogêneos e têm cerca de um terço do tamanho da heparina não fracionada. Mecanismo de ação: • Atua em inúmeros alvos. • Seu efeito anticoagulante é consequência da ligação à antitrombina III – com a rápida inativação subsequente dos fatores de coagulação. • Na ausência de heparina a antitrombina III interage lentamente com a trombina e o fator Xa. • Quando a heparina se liga à antitrombina, ocorre uma alteração conformacional que catalisa a inibição da trombina cerca de mil vezes. • As HBPMs complexam com a antitrombina III e inativam o fator Xa (incluindo o localizado nas superfícies das plaquetas), mas não se ligam tão avidamente à trombina. Antitrombina III – é uma alfa globulina que inibe serinoproteases da trombina (fator IIa) e fator Xa. Usos terapêuticos: • Limitam a expansão dos trombos, prevenindo a formação de fibrina. • Usados no tto de tromboembolismo venoso agudo (DVT ou PE). • Profilaxia da trombose venosa pós-cirúrgica • São os anticoagulantes de escolha para o tratamento da gestante pois não atravessam a placenta devido ao grande tamanho e à carga negativa. • HBPMs não exigem monitoração intensa que a heparina exige – sendo útil para poupar custos e para pcts hospitalizados e ambulatoriais Farmacocinética: • Via subcutânea ou IV – pois não atravessa membranas com facilidade. • HBPMs adm por via SC • Heparina adm por via IV em bólus para obter anticoagulação imediata. Seguido de doses menores ou infusão contínua de heparina, titulando a dose de forma que o tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa) seja 1,5-2,5 vezes o do controle normal. • O efeito anticoagulante com heparina ocorre minutos após a adm IV (ou em 1-2 horas após injeção SC). • A atividade antifator Xa máxima das HBPMs ocorre cerca de 4 horas após injeção SC. • Não é preciso monitorar os valores de coagulação com as HBPMs – os níveis plasmáticos são previsíveis. • É recomendado monitorar o nível do fator Xa em pacientes obesos, gestantes ou com insuficiência renal tratados com HBPM. No sangue, a heparina se fixa em várias proteínas que neutralizam sua atividade, causando farmacocinética imprevisível. A ligação da heparina às proteínas plasmáticas é variável em pacientes com doença tromboembólica. Embora geralmente restrita à circulação, a heparina é captada pelo sistema monócitos/macrófagos e sofre despolimerização e dessulfatação a produtos inativos. Os metabó- litos inativos, bem como alguma heparina original e HBPMs, são excretados na urina. A insuficiência renal prolonga a meia-vida da HBPMs. Por isso, a dose de HBPMs deve ser reduzida em pacien- tes com insuficiência renal. A meia-vida da heparina é de cerca de 1,5 hora, ao passo que das HBPMs é duas a quatro vezes mais longa, variando de 3 a 12 horas. Efeitos adversos: • Principal complicação é o sangramento. O sangramento excessivo pode ser controlado interrompendo o uso da heparina ou adm sulfato de protamina (1mg para cada 100 unidades de heparina administrada) • Podem ser antigênicos – possíveis reações: calafrios, febre, urticária e choque anafilático. • Trombocitopenia induzida por heparina (TIH) é uma condição grave na qual o sangue circulante tem uma quantidade anormalmente baixa de plaquetas. Essa reação é imunomediada e traz risco de embolismo venoso e arterial. 7 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA • O tratamento com heparina deve ser interrompido em pcts que apresentam trombocitopenia acentuada. • No caso de TIH a heparina pode ser substituída por outro anticoagulante. • HBPMs não são recomendadas na TIH pois pode ter sensibilidade cruzada. • Foi observada osteoporose em pcts sob tratamento prolongado com heparina. A heparina e as HBPMs são contraindicadas em pacientes que têm: • hipersensibilidade à heparina, • distúrbios de coagulação, • alcoolismo • ou que foram recentemente operados no cérebro, nos olhos ou na medula espinal. ARGATROBANA: • Anticoagulante sintético parenteral derivado da L- arginina. • É inibidor direto da trombina. • Usada preventivamente no tto da trombose em pcts com TIH. • Aprovada para uso durante ICP em pacientes que apresentam ou estão sob risco de TIH. • É biotransformada no fígado e tem meia-vida de 39 a 51 minutos – pode ser usada em pcts com disfunção renal e com cautela nos que têm insuficiência hepática. • Monitoração inclui TTPa, hemoglobina e hematócrito. • Principal efeito adverso é a hemorragia. BIVALIRUDINA E DESIRUDINA: • Anticoagulantes parenterais análogos à hirudina – um inibidor da trombina derivado da saliva da sanguessuga. • São inibidores diretos seletivos da trombina e inibem reversivelmente o centro catalítico da trombina livre e da ligada ao coágulo. • A bivalirudina é uma alternativa à heparina em pacientes que serão submetidos a ICP que têm ou poderão ter risco de desenvolver TIH, e tambe ́m pacientes com angina instável a ser submetidos a angioplastia. • A meia vida da bivalirudina é de 25 minutos em pcts com função renal normal – a dose deve ser ajustada em pcts com disfunção renal. • A desirudina é indicada para prevenção da TVP em pacientes submetidos a cirurgia de substituição de bacia. • Efeito adverso: hemorragia. FONDAPARINUX: • Pentassacarídeo anticoagulante derivado sinteticamente. • Inibe seletivamente apenas o fator Xa – ligando-se seletivamente à antitrombina III, o fondaparinux potencializa a neutralização inata do fator Xa pela antitrombina III. • Aprovado para o tratamento da TVP e EP e para profilaxia do tromboembolismo venoso nos casos de cirurgias ortopédicas e abdominais. • Bem absorvido pela via SC com perfil farmacocinético previsível – exige menos monitoramento. • É eliminado com a urina inalterado, com meia- vida de eliminação entre 17 a 21 horas. • Contraindicado em pcts com insuficiência renal grave. • Efeito adverso: hemorragia. • Não existe fármaco para reverter o sangramento associado com esse fármaco. • TIH é uma possibilidade. • Não deve ser usado em casos de punção lombar ou cirurgia de medula espinal. ETEXILATO DE DABIGATRANA: Mecanismo de ação: É o pró-fármaco da molécula ativa dabigatrana, que é um inibidor direto de trombina de uso oral. A trombina livre e a ligada ao coágulo são inibidas por dabigatrana. Usos terapêuticos: • Aprovado para prevenção de AVE e embolismo sistêmico em pcts com FA não valvar. • Pode ser utilizado como alternativa à enoxaparina para a tromboprofilaxia em cirurgias ortopédicas. Farmacocinética: • Adm por via oral • Devido à hidrólise do produto e à redução da potência quando expostos à umidade, as cápsulas devem ser armazenadas na embalagem original e ingeridas inteiras. • É hidrolisado ao fármaco ativopelas várias esterases do plasma. • O sistema CYP450 não tem função na biotransformação da dabigatrana. • A dabigatrana é substrato da glicoproteína P (gpP) e eliminado por via renal. Efeitos adversos: • Hemorragia. • Deve ser usada com cautela na insuficiência renal ou em pcts com mais de 75 anos – o risco de hemorragia é maior. • Não há antídoto aprovado para reverter a hemorragia associada. • A dabigatrana não requer monitoração de rotina da relação internacional normalizada (INR) – teste padrão usado para monitorar a atividade anticoagulante da varfarina • Comparada com a varfarina, tem poucas interações com outros fármacos. • Efeitos GI são comuns – dispepsia, dor abdominal, esofagite e sangramento GI. • Interrupção abrupta deve ser evitada – pcts estarão sob risco de eventos trombóticos. 8 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA • Contraindicado em pcts com válvulas cardíacas prostéticas mecânicas e não é recomendado em pcts com válvulas cardíacas bioprostéticas. RIVAROXABANA E APIXABANA: Mecanismo de ação: São inibidores do fator Xa, de uso oral. Se ligam ao centro ativo do fator Xa prevenindo sua habilidade de converter protrombina em trombina. Usos terapêuticos: • Rivaroxabana – aprovado para tto e prevenção da TVP, do EP e do acidente vascular em fibrilação atrial não valvar. • Apixabana – prevenção do AVE na fibrilação atrial não valvar Farmacocinética: • Absorvidos por adm oral e amplamente ligados a proteínas. • O alimento pode aumentar a absorção de rivaroxabana – é biotransformada pelas isoenzimas CYP3A4/5 e CYP2J2 a metabólitos inativos • Cerca de 1/3 do fármaco é excretado inalterado na urina. • Os metabólitos inativos são excretados na urina e nas fezes. • Apixabana é biotransformada primariamente pela CYP3A4. • Rivaroxabana e apixabana são substratos da gpP. • Comparados com a varfarina, rivaroxabana e apixabana têm menos interações farmacológicas. • Não há exigências de monitoração laboratorial para ambas. Efeitos adversos: • Sangramento. • Não há antídoto disponível para reverter a hemorragia. • São eliminadas por via renal – função renal insuficiente pode prolongar o efeito desses fármacos e aumentar o risco de hemorragia. • Nenhuma das duas devem ser usadas em disfunção renal grave – depuração de creatinina menor do que 15ml/min. • A interrupção abrupta deve ser evitada. VARFARINA: Anticoagulante cumarínico – antagoniza a função de cofator da vitamina K. A INR é o padrão pelo qual a atividade anticoagulante da varfarina é monitorada – corrige variações que ocorrem em diferentes reagentes da tromboplastina. O objetivo do tratamento com varfarina é uma INR de 2-3 para a maioria das indicações e INR de 1,5-3,5 para algumas válvulas mecânicas e outras. A varfarina tem um índice terapêutico estreito – pode ser necessário monitorar com frequência. Mecanismo de ação: Os fatores II, VII, IX e X precisam da vitamina K como um cofator para sua síntese pelo fígado – alguns de seus resíduos de ácido glutâmico são carboxilados para formar resíduos de ácido y-carboxiglutâmico. Os resíduos de y-carboxiglutamil ligam íons cálcio, que são essenciais para a interação entre os fatores de coagulação e as membranas das plaquetas. A vitamina K é regenerada do epóxido pela vitamina K epóxido redutase, a enzima que é inibida pela varfarina. O tratamento com varfarina resulta na produção de fatores de coagulação menos ativos (de 10 a 40% do normal), pois lhes faltam suficientes cadeias laterais y- carboxiglutamil. Os efeitos anticoagulantes da varfarina não são observados imediatamente após a administração – o pico do efeito pode atrasar por 72 a 96 horas, tempo necessário para esgotar a reserva de fatores de coagulação circulantes. O efeito anticoagulante da varfarina pode ser anulado com a administração de vitamina K – contudo, a reversão após adm de vitamina K demora 24 horas (tempo necessário para a degradação dos fatores de coagulação já sintetizados). Usos terapêuticos: • Prevenção e tratamento da TVP e da EP • Prevenção do AVE e do AVE na condição de fibrilação ventricular e/ou válvulas cardíacas prostéticas, na deficiência de proteína C e S e na síndrome antifosfolipídica. • Prevenção do tromboembolismo venoso durante cirurgias ortopédicas ou ginecológicas Farmacocinética: • Rapidamente absorvida após adm via oral – 100% de biodisponibilidade. 9 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA • Extensamente ligada à albumina plasmática – evita sua difusão para o líquido cerebrospinal, para urina e para o leite materno. • Fármacos que tenham maior afinidade pelo local de ligação da albumina, como as sulfonamidas, podem deslocar os anticoagulantes e levar a um aumento transitório da atividade. • Fármacos que afetam a ligação da varfarina às proteínas plasmáticas causam variabilidade na resposta terapêutica à varfarina. • Atravessa a placenta. • Meia-vida média de cerca de 40 horas. • Biotransformada pela CYP450 a compostos inativos. • Após conjugação ao ácido glicurônico, os metabólitos inativos são excretados na urina e nas fezes. • A varfarina tem numerosas interações que podem potencializar ou atenuar seu efeito anticoagulante. Efeitos adversos: • Hemorragia – importante monitorar com frequência a INR e ajustar a dosagem do fármaco. Pequenos sangramentos são controlados com a suspensão da varfarina ou com a administração de vitamina K1 por via oral, mas sangramentos graves exigem doses maiores da vitamina K administrada por via IV. Sangue total, plasma congelado e concentrados plasmáticos dos fatores sanguíneos também podem ser usados para reverter a ação da varfarina rapidamente. • Lesões de pele e necrose são complicações raras do tratamento com varfarina. • Síndrome do dedo roxo, uma coloração violácea de dedo, dolorosa e rara, causada por êmbolos de colesterol a partir de placas, também foi observada no tratamento com varfarina. • A varfarina é teratogênica e nunca deve ser usada durante a gestação. Se o tratamento anticoagulante é necessário durante a gestação, deve-se administrar heparina ou HBPM. Whalen, Karen, et al. Farmacologia Ilustrada. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo A, 2016. https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/ aas.pdf https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/i scover.pdf https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/aas.pdf https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/aas.pdf https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/iscover.pdf https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/iscover.pdf
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