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Síndrome Respiratória Aguda Grave Estudante: Luana Gonçalves Ferreira de Araujo Introdução - Há cinquenta anos, Ashbaug e parceiros descrevem doze pacientes com: - Taquipneia - Hipoxemia refratária - Opacidades difusas - Sete pacientes vieram a óbito - Seis destes pacientes apresentaram membranas hialinas proeminentes nos espaços alveolares - Achados específicos da Síndrome do Desconforto Respiratório do Recém-Nascido - A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) ainda é comum e letal ou incapacitante - 10% dos ventilados mecanicamente apresentavam SRAG - A taxa mortalidade entre os pacientes com SRAG foi de 46% Características da síndrome - Permeabilidade pulmonar, edema e inflamação - Berlim propôs em 2012 uma classificação de gravidade de acordo com grau de hipoxemia: - Suave: PO 2 :PIO 2 = 201 a 300 mmHg; mortalidade 27% - Moderada: PO 2 :PIO 2 = 101 a 200 mmHg; mortalidade 32% - Forte: PO 2 :PIO 2 ≤ 100 mmHg; mortalidade 45% - Reconhecimento de um fator de risco, como pneumonia ou sepse, e, após sete dias, o desenvolvimento da SRAG - Tomografia computadorizada pode detectar opacidades pulmonares - ⅓ dos pacientes com SRAG também tem sobrecarga de volume ou insuficiência cardíaca Características da síndrome - Padrão histológico é considerado como “dano alveolar difuso”, descrito por Katzenstein e parceiros: - Congestão capilar - Atelectasia - Hemorragia intra-alveolar - Edema alveolar - Após alguns dias - Membrana hialina - Hiperplasia das células epiteliais - Edema intersticial - Consenso Americano-Europeio, em 1994, relata a baixa especificidade para dano alveolar difuso - Dano presente em 40-58% dos exames post-mortem - Na última década caiu para 41% - Ventilação mecânica Características da síndrome - Caso haja início sem dor ou sem um fator de risco identificável da SRAG, considerar os simuladores de SRAG - Fatores de risco para SRAG - De lesão pulmonar direta: pneumonia, aspiração do conteúdo gástrico, contusão pulmonar, lesão por inalação, um quase afogamento - De lesão pulmonar indireta: trauma não torácico, choque hemorrágico, pancreatite, queimadura grave, overdose, transfusão sanguínea, circulação extracorpórea, edema de reperfusão após transplante - Simuladores de SRAG - Insuficiência cardíaca congestiva - Doença pulmonar intersticial - Câncer - Tuberculose endobrônquica Epidemiologia - Estima-se que o número de casos de SRAG varia entre 10 a 86 casos por 100.00 habitantes - Austrália e Estados unidos - Subnotificação em países de baixa renda - Estudo de Riviello et al. em Kigali, Ruanda, não encontrou nenhum caso - Mas, substituindo a ultrassonografia pulmonar por tomografia ou radiografia e a saturação de oxigênio por gasometria: - Identificação de 4 casos por 1.000 admissões hospitalares com taxa de mortalidade de 50% - Estudo observacional recente mostrou a taxa de reconhecimento clínico entre 51,3% a 78,5% - Discordância sobre a natureza das opacidades radiográficas Suscetibilidade genética - Maioria dos pacientes com fatores de riscos clínicos, como sepse, pneumonia ou trauma, não desenvolvem a SRAG - Isso sugere que outros fatores que regem a patogênese, como a suscetibilidade genética - Diferenças de virulência, condições coexistentes e exposições ambientais dificultam o entendimento do real impacto da genética - Mais de 40 genes são estudados para entender as associações com o desenvolvimento da SRAG. - Enzima conversora de angiotensina (ACE) - Interleucina 10 - Fator de necrose tumoral - Fator de crescimento endotelial vascular Suscetibilidade genética - Observa-se que a proteína ACE2 é receptora para o coronavírus (SARS-CoV) - Lesão pulmonar induzida experimentalmente pelo vírus pode ser atenuada bloqueando a vida renina-angiotensina - Sugestão da explicação para a SRAG que se estabelece após a infecção pelo SARS-CoV e de um possível tratamento - Polimorfismos nos genes que codificam a Arilsulfatase D e XKR3 mostraram diferenças na expressão - Múltiplas variantes modificam o risco e desenvolvimento da SRAG - Tecido pulmonar indisponível para a pesquisa, diversos tipos celulares envolvidos - Limitação no entendimento da influência genética Biomarcadores - SRAG leva a um aumento de biomarcadores plasmáticos - Inflamação sistêmica - IL-6, IL-8 - Lesão epitelial - Proteína D surfactante - Lesão endotelial - Angiopoietina 2 - Coagulação desregulada - Baixos níveis de proteína C - Altos níveis de inibidor do ativador do plasminogênio 1 Patogênese - Lesão inicia por injúria direta ou indireta ao tecido alveolar e microvasculatura associada - Fase exsudativa - Macrófagos alveolares são ativados e liberam mediadores pró-inflamatórios e quimiocinas - Acúmulo de neutrófilos e monócitos - Neutrófilos ativados liberam mediadores tóxicos - Lesão resultante causa a perda de função de barreira e o extravasamento de líquidos no interstício e alvéolos - Fator de necrose tumoral - Agregação plaquetária e formação de microtrombos - Coagulação intra-alveolar e hialina Patogênese - Fases proliferativa - Visa restauração da homeostase do tecido - Função de barreira - Restabelecimento de junções no epitélio - Proliferação de células endoteliais - Edema - Expressa canais iônicos alveolares e aquoporina 5 para reabsorver o fluidos - Drenagem do fluido intersticial pelo sistema linfático - Expansão transitória de fibroblastos residentes - Formação de matriz provisória - Células progenitoras das vias aéreas e células alveolares tipo II se proliferam e diferenciam em células alveolares do tipo I Patogênese - Fase fibrótica - Necessidade de ventilação mecânica - Danos à membrana basal - Reconstituição do epitélio inadequada ou tardia → fibrose intersticial e intra-alveolar - Amplo depósito de matriz extracelular - Oblitera microcapilares Tratamento - Identificação da(s) causa(s) subjacentes - Limitar as lesões pulmonares Fluidoterapia conservadora Ventilação de proteção pulmonar - Volume traumático - Atelectrauma - Biotrauma - Recomendação de ventilação mecânica invasiva após reduzir o volume corrente de 6 ml/kg para 4 ml/kg se a pressão nas vias exceder 30 cm de água Tratamento - Ventilação mecânica - Frequência respiratória - Pressão positiva expiratória final (PEEP) de pelo menos 5 cm de água (média ~ 16 cm) - PEEP baixa → maior mortalidade - Pressão pleural expiratória final positiva em pacientes com SRAG → pressão transpulmonar negativa ao fim da expiração - Atelectrauma - Ajuste do volume corrente ou PEEP para minimizar a diferença de pressão: evita superdistensão Tratamento - Recomenda-se, em SRAG grave, a ventilação do paciente na posição prona reduz a mortalidade e é recomendado - Benefício provável: reduz risco de lesão pulmonar - Sedação profunda e bloqueio neuromuscular - Melhora resultados de pacientes com SRAG moderada a grave, possivelmente, pela sincronia paciente-ventilador - Contudo, sedação profunda pode estar associada com efeitos deletérios - Oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) - Ventilação não invasiva pode aumentar o risco de morte em pacientes com hipoxemia grave Tratamento Terapia farmacológica - Nenhuma mostrou reduzir a mortalidade a curto ou longo prazo - Óxido nítrico inalado melhora, temporariamente, a oxigenação - Associado a lesão renal aguda - Glicocorticóides podem melhorar a oxigenação e pressão das vias aéreas - Em pacientes com pneumonia pode acelerar a melhora radiográfica - Reposição de surfactante, inibição da elastase de neutrófilos e anticoagulantes - Heparina nebulizada: testes iniciais promissores, ensaio em andamento - Nova abordagem inicial: entrega intravenosa de células-tronco mesenquimais Prevenção - Boas práticas na UTI - Volumes correntes mais baixos - Ressuscitação de volume precoce - Antibióticos para sepse - Uso restritivo de transfusão - lesão pulmonar associada à sobrecarga de volume Busca por tratamentos - Pacientes comSRAG mais grave tem: - Maior peso pulmonar - Maior taxa de dano alveolar difuso - Pneumonia (biópsia ou post-mortem) - Maior chance de morrer por hipoxemia refratária do que por falha multiorgânica - Tratamentos em SRAG grave visam prevenir - Lesão pulmonar associada ao ventilador (ventilação na posição prona e PEEP mais alta) - Características histológicas variam muito em todos os subgrupos de Berlim de SRAG - Mecanismos moleculares envolvidos são distintos - Abordagem médica mais precisa - Combinar variáveis clínicas e biológicas com características genéticas Conclusões - A Síndrome Respiratória Aguda Grave é caracterizada por heterogeneidade substancial - Necessidade de maior entendimento das bases biológicas e genéticas da SRAG para chegar a terapias direcionadas - Medidas de combate contra a SRAG que trazem bons resultados - Práticas preventivas na UTI - Tratamento precoce e eficaz - Ventilação com proteção pulmonar - Gerenciamento de fluidos sensíveis Referências M.D., B. Taylor Thompson et al. Acute Respiratory Distress Syndrome. The new england journal of medicine, Massachusets, p. 562-572, 14 ago. 2017.
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