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Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SARA ou SDRA) Introdução e definição “Quadro agudo de alteração de troca gasosa, redução da complacência pulmonar que leva à hipoxemia grave e hipercapnia” Doença pulmonar inflamatória, podendo ser desencadeada por injúria pulmonar primária (SDRA primária: aspiração/pneumonia/lesão inalatória) ou doença inflamatória sistêmica (SDRA secundária: infecção/trauma) Raio X de tórax: evidencia edema pulmonar bilateral, sem evidência de disfunção cardíaca esquerda. Caracterizada por lesão pulmonar heterogênea, sendo as áreas totalmente lesadas, como pode-se ver na imagem ao lado Tomografia de tórax: evidencia áreas de pulmão consolidadas e colapsadas, assim como outras áreas do pulmão quase normais, mas com dimensões reduzidas, semelhante ao tamanho de pulmões de bebês (“baby lung”: pulmão com dimensões reduzidas) Epidemiologia Descrita por Ashbaugh e colaboradores Em uma coorte de 272 pacientes em suporte ventilatório: 12 pacientes com taquipneia, hipoxemia refratária, redução da complacência pulmonar, infiltrado pulmonar bilateral e mortalidade 58%. Anatomopatológico: pulmões pesados, áreas de atelectasia, edema alveolar e intersticial e membranas hialinas Fatores de risco Infecções pulmonares Sepse Pancreatite Choque Aspiração gástrica Trauma torácico Embolia gordurosa Overdose Abuso de álcool Hipoalbuminemia Obesidade Imunossupressão Fatores hospitalares associados com SDRA Múltiplas transfusões sanguíneas Ventilação mecânica com altos volumes correntes Cirurgias de alto risco Importante: fazer hipótese diagnóstica etiológica por infecção por COVID-19 Boa parte dos pacientes com SDRA precisa de ventilação mecânica Malefícios e benefícios da ventilação mecânica na SDRA: Benefícios Melhora troca gasosa Menor inflamação pulmonar Melhor capacidade funcional a médio prazo Malefícios Retorno venoso Débito cardíaco Disfunção de ventrículo direito Barotrauma Piora da troca gasosa (valores excessivos Fisiopatologia Epitélio alveolar normal Pneumócitos tipo I: são mais achatados, recobrem 90% da superfície alveolar e são mais susceptíveis a lesões Pneumócitos tipo II: produzem surfactante, transporte de íons e proliferação e diferenciação em células tipo I Fases Fase exsudativa/inflamatória: Aumento da permeabilidade capilar pulmonar (considerada a característica principal de SRDA) lesão do endotélio capilar e epitélio alveolar redução da capacidade de remoção de fluidos do alvéolo acúmulo de líquido rico em proteínas. Ou seja: o alvéolo que deveria estar aerado está cheio de pus Fase proliferativa: seguimento da fase inflamatória. Possui redução do edema pulmonar, proliferação dos pneumócitos tipo II, fibroblastos, miofibroblastos e deposição de colágeno. Pacientes que desenvolvem fibrose pulmonar evoluem com: redução da complacência pulmonar, hipoxemia progressiva, dependência do ventilador e maior mortalidade Fatores que contribuem para acúmulo de líquidos rico em proteínas nos alvéolos: lesão do endotélio capilar + aumento da permeabilidade do endotélio + destruição do epitélio alveolar Acúmulo do líquido inativa moléculas de surfactante e causa lesão alveolar difusa, com liberação de citonas pró-inflamatórias (ex: TNF- alfa, IL-1, IL-6). Neutrófilos são recrutados, ativados dentro dos alvéolos e também produzem mais mediadores inflamatórios (espécies reativas de oxigênio e proteases); já a presença de membrana hialina, neutrófilos e hemácias dentro dos alvéolos caracterizam lesão alveolar difusa Estresse oxidativo e o processo inflamatório são fundamentais para patogênese da SRDA Sobre a origem do Edema: sintomas respiratórios não explicados por falência cardíaca ou sobrecarga de volume. Se não tiver fatores de risco presentes: ecocardiograma Importante: qualquer coisa que dê inflamação para a pessoa pode resultar em SARA Diagnóstico É usado a definição de Berlim como diagnóstico Principal causa etiológica: pneumonia comunitária (mas também muito comum: COVID-19, pneumocistose, toxoplasmose, aspergilose) Identificação de agente infeccioso Coletar pelo menos 2 hemoculturas Testes de antígenos para SARsCOV2, urinários de legionella e pneumococo Sorologia para bactérias atípicas (ex: micoplasma e lavado broncoalveolar) Tratamento Principais: evitar iatrogenias (relacionada à ventilação mecânica ou ao excesso de fluidos) Causa de SDRA: se for infecção pulmonar deve-se fazer o tratamento correto Ventilação mecânica em SARA/SRDA Deve-se criar um plano terapêutico com metas Ventilação protetora em SDRA Conjunto de ajustes ventilatórios com menor dano ao parênquima pulmonar (há associação a menor mortalidade e morbidade) Componentes essenciais da ventilação protetora: PEEP: mais elevada para abrir os alvéolos colapsados, aumentar a pressão média das vias aéreas e reduzir atelectrauma. A maneira mais utilizada é levar em consideração o valor de PaO2, porém pode ser ajustado de acordo com a curva pressão/volume Ventilação com baixo volume corrente (≤6mL/kg): para não hiperdistender alvéolos normais (poderia levar ao colapso dos mesmos e à piora da inflamação pulmonar) Uso de posição prona (bruços) em casos selecionados: reduz a compressão do tecido pulmonar das áreas dependentes e melhora a relação ventilação/perfusão, porém há pontos negativos também Medidas que reduzem mortalidade Identificação da causa e tratamento, principalmente no caso de infecção Ventilar o paciente com SDRA com volume corrente de 6mL/kg de peso ideal e com pressão platô ≤ 30cm de H20 Posicionar posição prona em pacientes com SDRA grave Utilização de cisatracúrio nas primeiras 48h de pacientes em SDRA grave