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1 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M1 EDUELY TURBINO Sintomas positivos Déficit de dopamina pré-frontal Fármacos para Esquizofrenia PSICOSE “Desordem mental que resulta em distúrbio de personalidade e perda do contato com a realidade” • Distúrbios afetivos (depressão, mania) • Esquizofrenia • Psicoses orgânicas (distúrbios mentais causados por traumatismo encefálico, alcoolismo ou outros tipos de doenças orgânicas) ESQUIZOFRENIA • Patologia do SNC que atinge 1-2% da população mundial • Etiologia não é completamente conhecida; • Participação de fatores genéticos • Manifesta transtornos de percepção, pensamento, fala, emoção e/ou atividades físicas SINTOMAS SINTOMAS POSITIVOS: hiperatividade na região mesolímbica = alucinações e delírios Delírios, crenças distorcidas ou falas e interpretação incorreta das percepções Alucinações, geralmente na forma de vozes Fala desorganizada Comportamento Catatônico Distúrbios do pensamento, incluindo encadeamentos desordenados de pensamento e conclusões irracionais, discurso desorganizado SINTOMAS NEGATIVOS: hipoatividade na região mesocortical = embotamento afetivo Afastamento dos contatos sociais Embotamento afetivo (expressão emocional reduzida, falando em tom de voz monótono, com mímica facial empobrecida) Alogia (diminuição na fluência da fala) Nolição (diminuição da iniciativa de decidir por um comportamento em função da motivação - Falta de iniciativa, desmotivação) Pobreza de linguagem Deficiência cognitiva OBS: Ao melhorar os positivos, piora os negativos O objetivo é tratar um sem afetar o outro HIPÓTESE DOPAMINÉRGICA HIPERATIVIDADE DO SISTEMA DOPAMINÉRGICO ANTIPSICÓTICOS “Capacidade de diminuir os efeitos psicóticos” Mecanismo de ação: bloqueio de receptores D2 2 classes de medicamentos: TÍPICOS: antagonistas dopaminérgicos (antagoniza a dopamina) → melhora sintomas positivos e piora sintomas negativos Clorpromazina, Haloperidol ATÍPICOS: antagoniza dopamina, serotonina, histamina, muscarínico, adrenérgico... → melhora sintomas positivos e não interfere nos sintomas negativos Clozapina, Risperidona, Olanzapina, Quetiapina OBS: Será que a esquizofrenia é mesmo a hiperatividade do sistema dopaminérgico? Ou possuem outros fatores na fisiopatologia? Pois ao usar Excesso de dopamina subcortical Hiperestimulação D2 Hiperestimulação D1 e D2 Sintomas cognitivos e negativos 2 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M1 EDUELY TURBINO os atípicos, que antagonizam outros receptores, as respostas aos sintomas são muito melhores OBS: A farmacologia dos antipsicóticos é uma das mais difíceis de acertar. Assim, para escolha do medicamento é necessário analisar: Fármacos já utilizados Estágio da doença História de resposta Adesão Risco-benefício TÍPICOS ou CLÁSSICOS FAMÍLIAS: Fenotiazinas, Butirofenonas, Tioxantenos Atuam como antagonistas em: receptores D2 (mesolímbico – mesocorticais?) = bloqueia a ação da dopamina FENOTIAZINAS Clorpromazina** Trifluoperazina Tioridazina Levomepromazina Flufenazina Trifluperazina hidrocloreto Pipotiazina Mesoridazinas Perfenazina Proclorfenazina Acetofenazina Tietilperazina BUTIROFENONAS Haloperidol** Penfluridol Espiropirona Droperidol (anestesia) TIOXANTENOS Clorprotixeno Tiotixeno *Vermelho = medicamentos estão na diretriz ATÍPICOS FAMÍLIAS: Benzamidas, Benzisoxazolas, Dibenzodiazepinas, Dibenzotiazepina, Difenilbutilpiperazinas, Imidazolidinone, Tienobenzodiazepina Atuam como antagonistas em: receptores D4, 5HT2, α1, α2, H1 Considerada superior para pacientes não responsivos a outros antipsicóticos BENZAMIDAS: sulpirida, amisulprida, aripiprazol, paliperidona BENZISOXAZOLAS: risperidona, ziprasidona DIBENZODIAZEPINAS: clozapina** DIBENZOTIAZEPINA: quetiapina DIFENILBUTILPIPERAZINAS: pimozida IMIDAZOLIDINONE: sertindol TIENOBENZODIAZEPINA: olanzapina, zuclopentixol • Risperidona: comprimidos de 1, 2 e 3 mg; • Quetiapina: comprimidos de 25, 100, 200 e 300 mg; • Ziprasidona: cápsulas de 40 e 80 mg; • Olanzapina: comprimidos de 5 e 10 mg; • Clozapina: comprimidos de 25 e 100 mg; • Clorpromazina: comprimidos de 25 e 100 mg; solução oral de 40 mg/mL; • Haloperidol: comprimido de 1 e 5 mg, solução oral de 2 mg/mL; • Decanoato de haloperidol: solução injetável de 50 mg/mL ANTIPSICÓTICOS TÍPICOS (ATUAM NOS RECEPTORES D2) SISTEMA LÍMBICO: diminuem a agitação e alucinações esquizofrênicas. FORMAÇÃO RETICULAR: causam indiferença a estímulos externos e efeitos Antipsicóticos que atuam nos receptores D2 GÂNGLIO BASAL (NIGRO-ESTRIATAL): há bloqueio do sistema extrapiramidal, sendo este o motivo dos efeitos colaterais relacionados a esse sistema. HIPOTÁLAMO E NA GLÂNDULA PITUITÁRIA podem causar anorexia, febre e desregulação hormonal. EFEITOS ADVERSOS -SÍNDROME EXTRAPIRAMIDAL AGUDA (Reversível): tremor e rigidez – sintomas semelhantes ao da doença de Parkinson (Parkinsonismo Farmacológico) -Redução de movimentos acinesia ou bradicinesia fraqueza muscular máscara facial rigidez ou tremor. 3 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M1 EDUELY TURBINO Os antipsicóticos típicos causam o Parkinson medicamentoso pela relação com a área nigro estriatal = bloqueia a ação da dopamina no sistema nigroestriatal O Parkinson é a ↓ dopamina = quando usa um antipsicótico típico na esquizofrenia ocorre a ↓ dopamina, pois é um antagonista de dopamina nos receptores D2 Quando ocorre os efeitos extrapiramidais = substituir por um antipsicótico atípico Mas e se só resolver com típico? Já usou os atípicos e não resolve... Como trabalhar os efeitos extrapiramidais? Associar com outras medicações: Biperideno - dose de 1 a 16 mg, divididos em 1 a 4 administrações ao dia; ou Propranolol - dose de 40 a 160mg, divididos em 2 a 3 administrações ao dia. -Em administração prolongada = DISCINESIA TARDIA (MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS) Prejuízo dos movimentos voluntários, movimentos involuntários, estereotipados, repetitivos, da face (laterais de queixo, lábios), tronco e membros 15-20% dos pacientes desenvolvem a síndrome mais prevalente em pacientes mais idosos IRREVERSÍVEL Ao usar tanto antagonista dopaminérgico, na administração prolongada, com bloqueio constante, houve o ↑ número de receptores, causando a discinesia, tipo uma “tolerância” Bloqueio de receptores leva à supersensibilização dos receptores de dopamina nos gânglios da base Com o aumento do número de receptores, ocorre mais estimulo após a liberação de dopamina Tratamento da discinesia: Diminuição da dose = inicialmente a discinesia piora e depois melhora nas semanas seguintes (receptores vão sumindo / dessensibilizando) Aumento da dose = melhora a discinesia, mas a longo prazo os sintomas podem reaparecer (antagoniza tudo = novos receptores = sempre ter que ir aumentando a dose) Substituir por um atípico -HIPERPROLACTINEMIA AMENORRÉIA-GALACTORRÉIA, INFERTILIDADE, DIMINUIÇÃO DA LIBIDO E GINECOMASTIA A via dopaminérgica faz o controle da secreção de prolactina ↓ dopamina = ↑ prolactina Ao bloquear os receptores DA nos antipsicóticos típicos = ocorre aumento da prolactina = produção de leite Isso também acontece em alguns atípicos!!! Deve-se substituir por atípicos, mas as vezes a substituição por atípicos não resolve -EFEITOS MUSCARÍNICOS / ANTICOLINÉRGICOS Bloqueia receptores M1, causando: Efeitos cardíacos Retenção urinária Boca seca Constipação Visão embaçada -EFEITOS HISTAMINÉRGICOS Bloqueia receptoreshistaminérgicos H1, causando: Sonolência Aumento do Apetite Ganho de peso -EFEITOS ALFA-ADRENÉRGICOS Bloqueia receptores alfa-1, causando vasodilação: Hipotensão Impotência Dificuldade de ejaculação O pior é a Tioridazina = maior risco de causar hipotensão -OUTROS: Complicações oculares, Toxicidade cardíaca, Ereções cutâneas, Icterícia, Discrasias sanguíneas 4 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M1 EDUELY TURBINO -SÍNDROME NEUROLÉPTICA MALIGNA Pouca Incidência Sintomas: catatonia, tremores e instabilidade do sistema autonômico (alterações na PA e FC) em casos graves diminui a sudorese e provoca febre) Mortalidade de 10% dos casos Tratamento: anticolinérgicos de ação central EFICÁCIA CLÍNICA • Controlam o comportamento bizarro e diminuem a agitação tratamento prolongado previne ataques de esquizofrenia, permitindo a retirada do paciente do hospital Possuem muitas RAM, mas muitas vezes são os únicos que conseguem controlar e retirar os pacientes internados 50-70% dos esquizofrênicos respondem só com antipsicóticos típicos Liberação lenta Sintomas negativos são os mais resistentes DOSES • HALOPERIDOL: doses fracionadas --dose máxima de 15 mg/dia em situações agudas e de 10 mg/dia para manutenção • DECANOATO DE HALOPERIDOL: 150-200 mg/mês aplicada a cada 4 semanas VANTAGEM: injetável (IM) • CLORPROMAZINA: 50-100 mg, 2-3 vezes ao dia (pode ser administrado 1 vez ao dia). Doses médias variam entre 400-800 mg, sendo 1 g a dose máxima recomendada. Não obteve melhora clinica após 6 semanas Não aderir ao tratamento Distonia significativa (efeitos negativos mais fortes = embotamento afetivo) Efeitos extrapiramidais graves Haloperidol - alergia ao fármaco Clorpromazina – depressão profunda ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS Nova geração de fármacos antipsicóticos • Baixo risco de efeitos extra piramidais Superior para tratar sintomas negativos Menos efeitos extrapiramidais • Apresenta moderada afinidade por receptores: D1, D2, D4, D5, muscarínicos (M3, M4, M5) • Apresenta alta afinidade: Receptores muscarínicos (M1e M2) Receptores serotoninérgicos (5-HT2A, 5-HT2B, 5-HT2C, 5-HT6, 5-HT7) Receptores histaminérgico H1 Receptores adrenérgico α-1 • Os efeitos psicoterapêuticos devem ser mediados por estas interações REAÇÕES ADVERSAS • Salivação, tontura, sudorese, agranulocitose, diminuição do apetite OBS: Os antipsicóticos atípicos atuam também nos receptores dopaminérgicos, então por que eles apresentam baixo risco de efeitos extra piramidais? Porque, além de diminuir dopamina, ele também diminui serotonina, assim, para o feedback negativo da serotonina Na imagem abaixo, é possível observar que no nigroestriatal, quanto ↑ serotonina = ↑ feedback negativo Os típicos diminuíam dopamina e causava os efeitos extrapiramidais; mas como os atípicos diminuem dopamina e serotonina, para o feedback negativo 5 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M1 EDUELY TURBINO FÁRMACOS ATÍPICOS CLOZAPINA • MECANISMO DE AÇÃO: bloqueio maior do receptor D4 → mais eficaz do que outros antipsicóticos Não provoca efeitos extrapiramidais • EFEITOS COLATERAIS: sedação, convulsão, efeitos anticolinérgicos, hipotensores, ganho de peso, discrasias sanguíneas Ingerir junto com alimentos = diminui os efeitos OBS: É o mais eficiente, mas não deve ser o 1º a ser prescrito. Usar ele quando tentou outros e não fez efeito • Deve ser substituído nas seguintes situações: Não mostrar melhora clínica Não aderir ao tratamento e às avaliações (escalas) Convulsões (em pacientes não epilépticos --- diminui o liminar das crises) Discrasia sanguínea → Citopenia (leucócitos totais abaixo de 3.000/mm3 ou neutrófilos abaixo de 1.500/mm3 ou plaquetas abaixo de 100.000/mm3) • Substituir por quetiapina, ziprasidona, olanzapina ou risperidona • Na última década: Melhora clínica demonstrada em 30 a 50% de pacientes resistentes a neurolépticos convencionais → “carro-chefe” • Benefícios podem incluir também: melhora de sintomas negativos e ausência de discinesia tardia; Apesar dos inconvenientes RELAÇÃO CUSTO-BENEFÍCIO É FAVORÁVEL • DOSE: iniciar com 12,5 mg à noite Dose acima de 400 mg (dose máxima) poderão ser fracionadas RISPERIDONA • MECANISMO DE AÇÃO: Antagonismo maior de receptor D2 comparável ao de antipsicóticos tradicionais Bloqueio 5-HT2 significativamente maior que D2 • EFEITOS COLATERAIS: Hiperprolactinemia, amenorreia, alteração de libido, ginecomastia Controlar nível de prolactina (exames) • Deve ser substituído nas seguintes situações: Prolactina (nível sérico acima de 25 ng/ml nas mulheres e acima de 20 ng/ml nos homens) acompanhado ou não de galactorreia Irregularidades menstruais; ou Alterações da libido • DOSE: iniciar com 1 mg, 2 vezes ao dia, aumentando até 6 mg/ dia (3 mg, 2 vezes ao dia) seja alcançada no terceiro dia Iniciar o tratamento sempre desta forma, mesmo para aqueles pacientes que já fizeram uso QUETIAPINA • EFEITOS COLATERAIS: síndrome metabólica (dislipidemia, ganho de peso, ↑ colesterol, DM, HAS) Controlar perfil lipídico, • RECOMENDAÇÕES: Em pacientes com: HAS, dislipidemia, DM ou resistência insulínica (síndrome metabólica → exigem consentimento, por escrito, dando ciência da avaliação do risco-benefício no paciente Mulheres em idade fértil, uso regular de métodos contraceptivos e teste de gravidez antes do início do tratamento → teratogênica 6 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M1 EDUELY TURBINO • Deve ser substituído nas seguintes situações: Não mostrar melhora clínica Não aderir ao tratamento e às avaliações (escalas) Ganho de peso com desenvolvimento de obesidade (IMC acima de 30 kg/m2), cintura com mais de 94 cm, HAS, dislipidemia, DM, resistência insulínica ou gravidez/lactação • DOSE: iniciar com 25 mg, 2 vezes ao dia, com aumentos de 25-50 mg por dose (a cada 2 dias), com o objetivo de alcançar 300-600 mg/dia A dose total poderá ser dividida em 2 ou 3 vezes ao dia, devendo ser alcançada entre o quarto e o sétimo dia de tratamento ZIPRASIDONA • EFEITOS COLATERAIS: Risco de convulsões em pacientes com histórico de epilepsia, traumatismo, aumento do intervalo QT o OBS: Lembrar que haloperidol e ziprasidona aumentam o intervalo QT Mulheres em idade fértil, uso regular de métodos contraceptivos e teste de gravidez antes do início do tratamento → teratogênica • DOSE: iniciar com 40 mg, 2 vezes ao dia, por via oral, sendo administrados com os alimentos. Aumentos de dose deverão ocorrer em intervalos superiores a 2 dias até a dose máxima de 160 mg/dia (80 mg, 2 vezes ao dia). A dose de manutenção ideal é de 40 mg, administrados 2 vezes ao dia. • Deve ser substituído nas seguintes situações: Não mostrar melhora clínica Não aderir ao tratamento e às avaliações (escalas) OLANZAPINA • RECOMENDAÇÕES: Pode associar-se a pacientes portadores ou com história de tumor cerebral, epilepsia ou condições que diminuam o limiar convulsivante • EFEITOS COLATERAIS: ganho de peso (obesidade → IMC > 30; cintura > 94cm; síndrome metabólica • DOSE: Iniciar com 5 mg à noite. Pode-se aumentar a dose em 5 mg após pelo menos 7 dias até uma dose de 20 mg/dia (não deve usar doses maiores). Na ocorrência de efeitos adversos graves de clozapina (agranulocitose, cardiopatia e oclusão intestinal), em pacientes refratários, olanzapina poderá ser utilizada até a dose de 30 mg/dia Não é necessário ajuste de dose em casos de insuficiências renal ou hepática. Pacientes debilitados fisicamente e emagrecidos deverão receber no máximo 5 mg/dia. • Deve ser substituído nas seguintes situações: Não mostrar melhora clínica Não aderir ao tratamento e às avaliações (escalas) Ganho de peso com desenvolvimento de obesidade (IMC acima de 30 kg/m2), cintura com mais de 94 cm, HAS, dislipidemia, DM, resistência insulínica ou gravidez/lactação 7 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M1 EDUELY TURBINO USO DE ANTIPSICÓTICOS NO ENVELHECIMENTO • INDICAÇÃO: Quadros psicóticos de início tardio Pacientes com alterações de comportamento como delírios, alucinações e agitação • PREFERÊNCIAS: Risperidona e Olanzapina Cuidado com a hiperprolactinemia na Risperidona Cuidado com o ganho de peso na Olanzapina • EVITAR: Evitar o uso contínuo de Haloperidol em idosos, devido a maior ocorrência de parkinsonismo medicamentoso (por vezes irreversível), acatisia e discinesia tardia. Evitar uso de Fenotiazinas (Clopromazina) pelo risco de hipotensão postural e de delirum.
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