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MED: Especial Aula 7: Otorrinolaringologia 1. Vertigem a) Conceitos iniciais · Ilusão de movimento: rotação · Síndrome do sistema vestibular 1- Anatomia da orelha · Orelha externa: até membrana timpânica · Orelha média: ossículos · Orelha interna: cóclea (estrutura relacionada à audição e origem ao nervo vestíbulo-coclear = VIII par) – os canais semicirculares formam o labirinto, que é responsável pela detecção do nosso movimento 2- Sistema vestibular · Labirinto até o 8º par craniano: distúrbio periférico (80%) · Tronco até o córtex: distúrbio central b) Periférico x central Periférico (80%) Central Causas Posicional, Menière, neurite AVE, tumor (insuficiência vertebrobasilar) Vertigem Súbita, intensa, limitada Insidiosa, crônica Tipo de nistagmo Horizontal, rotatório, unidirecional Inibe com a fixação Vertical, multidirecional Não inibe com fixação Zumbido (+) (-) Disartria (-) (+) Disfasia c) Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) · Acontece em crises, principalmente quando o paciente faz movimentos mais bruscos · O problema está nos canais semicirculares, sendo o posterior mais acometido · Canalitíase: debris de cálcio (= otólitos) nos canais semicirculares · Principal causa periférica 1- Clínica · Mais comum em mulheres e idade > 60 anos · Pode ocorrer por trauma · Episódios rápidos: < 1 minuto · Provocados por movimentos da cabeça 2- Diagnóstico · Manobra de Dix-Hallpike (Nylen-Barany) · Mudamos a cabeça da paciente de direção (45º), em ambos os lados, deixamos sua cabeça pendente e vamos observar se há nistagmo 3- Tratamento · Evitar antivertiginosos (“vertix”): parkinsonismo · Manobras de reposição de partículas: manobra de Epley Obs.: manobra de Dix é para dar o diagnóstico e manobra de Epley épra tratar. d) Outras causas periféricas 1- Doença de Menière · Excesso de endolinfa = hidropsia endolinfática com distorção do labirinto · Vertigem recorrente + zumbido + hipoacusia · Tratamento: dieta hipossódica / beta-histina / diurético / corticoide / cirurgia / reabilitação labiríntica Obs.: as crises podem piorar após ingesta de grande quantidade de sódio. 2- Neurite vestibular (“labirintite”) · Lesão neural inflamatória · Crise vertiginosa após infecção de VAS: é um quadro bem agudo · Tratamento: sintomáticos (dimenidrato = dramin / clonazepam) = “inibição” do labirinto / corticoide / medidas de reabilitação Questão UNIFESP: homem, 42 anos, apresenta vertigem intensa de início súbito. Nega hipoacusia, zumbido ou plenitude aural. EF: PA 120x80mmHg, taquicardia leve, sudorese, palidez cutâneo-mucosa, nistagmo espontâneo horizontal para a direita, que aumenta a velocidade ao olhar para direita e reduz com a fixação ocular; demais pares de nervos cranianos e provas cerebelares normais. A hipótese diagnóstica é: neurite vestibular – vertigem de início súbito com sintomas vegetativos associados (sudorese e palidez) e nistagmo espontâneo deve despertar no examinador a possibilidade de neurite vestibular. Na VPPB o nistagmo é evocado. CASO 1: classificação da vertigem (central x periférica) / vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) e tratamento com manobra de Epley / Não, pois se trata de uma causa periférica. 2. Rinite a) Conceitos iniciais · Inflamação da mucosa nasal · 1 ou + dos seguintes achados: rinorreia hialina, obstrução nasal, prurido e/ou espirros b) Alérgica · Exposição a alérgeno com liberação de IgE e histamina · Perene (ácaro do pó domiciliar) ou sazonal (pólen) · Doenças associadas: conjuntivite alérgica, sinusite aguda ou crônica, asma e dermatite atópica (eczema) – a ptiriase alba é considerada como uma manifestação menor da dermatite atópica 1- Clínica · História de atopia: asma, eczema tópico (lesões avermelhadas e pruriginosas) · Sinais: Dennie-Morgan / saudação alérgica (desenvolvimento de prega nasal) · Rinoscopia: edema + palidez de mucosa 2- Classificação · Intermitente: sintomas < 4 dias/semana ou < 4 semanas · Persistente: sintomas ≥ 4 dias/semana e ≥ 4 semanas · Leve: sono e atividades normais, sem sintomas incômodos · Moderada-grave: atividades comprometidas, incômodo 3- Diagnóstico · Essencialmente clínico · Laboratório: eosinofilia, aumento de IgE · Testes alérgicos: cutâneo, sérico 4- Tratamento Não farmacológico (controle ambiental) Quarto ventilado e ensolarado, evitar tapetes / cortinas / bichos de pelúcia, limpeza sem vassouras ou espanadores, controle do mofo e umidade, evitar animais de pelo e pena, não fumar, evitar produtos de forte odor Solução salina (nasal) Redução do edema e secreção Farmacológico Intermitente ou leve Corticoide tópico (spray nasal): beclometasona, budesonida, fluticasona Anti-histamínico 2ª geração: loratadina, fexofenadina Cromoglicato: < 2 anos (mais segura nessa idade), mas menos efeitov Moderada a grave Corticoide tópico +/- anti-histamínicos Outros: corticoide oral, descongestionantes (pseudoefedrina), antileucotrienos Imunoterapia específica: único que altera o curso da doença Indicações: pacientes NÃO controlados com terapia farmacológica, sensibilização comprovada por testes, relação exposição x manifestação clínica c) Outras causas de rinite · Eosinofílica não-alérgica: IgE normal · Hormonal: gravidez, menstruação · Induzida por drogas: uso prolongado de vasoconstritores (rebote), vasodilatadores (IECA, sildenafil) = congestão nasal, vermelhidão, friabilidade · Atrófica: Klebsiella ozenae · Sistêmica: Wegener, sarcoidose · Idiopática CASO 2: rinite alérgica = rinorreia, espirros, prurido nasal e ocular após exposição a alérgeno, investigação com testes alérgicos / persistente moderada a grave, tratamento com corticoides tópicos +/- anti-histamínico; considerar imunoterapia específica / suporte (VA e estabilização HD) + gerais (assoar nariz, vasoconstritor, compressão) / epistaxe anterior ou posterior; Miguelito = anterior (sangramento visto pela rinoscopia e não é visível na orofaringe) / cauterização. 3. Epistaxe a) Classificação Anterior (mais comum) Plexo de Kiesselbach Criança/adulto jovem, autolimitadas Posterior Ramos posterolaterais da artéria esfenopalativa Relação com coagulopatias, em pacientes mais velhos É mais grave Questão SES 2019: o papiloma de cavidade nasal e seios paranasais é um tumor benigno que pode levar a sintomas importantes como epistaxe, congestão nasal, cefaleia e dor na face. Por se tratar de um tumor benigno, não é necessária ressecção radical ou terapias antineoplásicas como RT/QT. O importante é que a ressecção seja feita com margens livres de neoplasia, pois este é um tumor que tende a recidivar com frequência. b) Abordagem 1- Hemodinâmica / via aérea · Cuidado com obstrução das vias aéreas por coágulos · Reposição com cristaloides se necessário 2- Medidas gerais: ABC · Assoar o nariz: remoção do coágulo · Borrifar vasoconstritor: oximetazolina · Comprimir narina por 10-15 minutos (gelo local) 3- Medidas específicas · Cauterização: química, elétrica, laser · Tamponamento: anterior e posterior (se não tiver material necessário, podemos usar sonda de Foley) · Embolização / cirurgia (ligaduras) · Epistaxe posterior de difícil controle: tamponamento antero-posterior, cauterização endoscópica ou tratamento cirúrgico 4. Síndrome da Apneia / Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS) a) Conceitos iniciais · Obstrução do fluxo aéreo, com comprometimento da ventilação alveolar: bloqueio inspiratório da via respiratória durante o sono (tecido redundante) · Hipoxemia / hiperatividade simpática / resistência à insulina · Mais comum no sexo masculino · Relação com obesidade (outros: hipotireoidismo, acromegalia, Ehler-Danlos) · Mais comum em negros e asiáticos b) Clínica · Roncos + sonolência diurna (sono não reparador: comprometimento do sono profundo) · HAS / AVE / IAM (fator de risco independente) · Depressão, déficit cognitivo, esteatose c) Diagnóstico · Polissonografia (noiteinteira / split-night): IAH (índice de apneia hipopneia) ≥ 5 episódios/hora de sono (assintomáticos... IAH ≥ 15) · Opção: HAST (avaliação do sono domiciliar: home sleep apnea testing) d) Classificação · Leve (AIH 5-15): oli/assintomático · Moderada (IAH 15-30): alteração funcional, HAS · Grave (IAH > 30 ou SatO2 < 90% em > 20% do sono): sintomas francos, aumento do risco cardiovascular e) Tratamento · Todos: perda ponderal, atividade física, abstinência alcóolica · Leve-moderada: CPAP ou dispositivo oral · Grave: CPAP · Intolerância ou refratário: cirurgia CASO 3: SAHOS / medidas comportamentais (perda ponderal), dispositivo oral e CPAP, considerar tratamento cirúrgico