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Introdução Os materiais abordados na disciplina de materiais dentários II, a pesar de haver procedimentos realizados dentro da cavidade bucal, são utilizados na sua grande maioria em procedimentos realizados em laboratório. A moldagem, por exemplo, é feita no consultório. Mas uma prótese já tem que ser feita em laboratório. A base de tudo, no entanto, consiste em saber o quais são os materiais de moldagem, o que é uma moldagem, o que é um molde, quais são os materiais disponíveis e como é feita a seleção dos materiais. Conceitos fundamentais É preciso saber basicamente os conceitos dos quatro termos a seguir: Moldagem; Moldeira; Molde; Modelo. O que é moldar? É o ato de levar o material de moldagem à boca, em uma moldeira, que por sua vez, favorece uma compreensão de moldagem mais uniforme (uniformiza o material ao apertar), facilitando a remoção do molde obtido (devido ao cabo), após a presa do material. Tipos de moldeiras Entre os tipos de moldeiras mais comuns temos as feitas para a aplicação de flúor, que são descartáveis (infantis). Também temos as moldeiras plásticas autoclaváveis. Também existem as moldeiras metálicas com frisos, que possuem alta durabilidade. Existem moldeiras desse tipo para pacientes dentados, parcialmente desdentados e completamente desdentados. Em alguns casos, as moldeiras metálicas são muito largas na parte posterior e, somado a isso, pode acontecer de o paciente ter o túber da maxila mais estreito ou a arcada mais estreita na sua região posterior. Para evitar o incômodo no paciente, é possível apertar essa região posterior da moldeira para que ela se adapte melhor à boca do paciente, quando feita de alumínio. É importante evitar a compra de moldeiras com ângulos muito pontiagudos na porção posterior (ângulos de cerca de 90 graus), pois machucam o paciente. Caso a moldeira adquirida seja desse tipo, aconselha-se realizar o arredondamento das angulações com pedra diamantada e o subsequente polimento, além de observar se o paciente não está sendo incomodado em razão desses ângulos. Além desses tipos citados, existem as moldeiras acrílicas. Elas possuem vários frisos de retenção, mas naturalmente serão substituídas mais rapidamente do que as metálicas. Introdução ao Estudo dos Materiais de Moldagem Entre as moldeiras desse material ou mesmo plásticas temos as moldeiras parciais/individuais, que são feitas para moldar um único dente no qual foi feito um preparo. Também existem as moldeiras feitas para clareamento dental e os aparelhos ortodônticos invisalign (realizam pequenas modificações na arcada, de forma a evitar a utilização de aparelhos fixos). Na imagem a seguir observamos moldeiras para aplicação de flúor, que possuem uma espécie de esponja. Em seguida, observamos moldeiras plásticas comuns e de hemiarcadas que giram (se aperta um botão e a porção responsável pela moldagem gira, se adaptando à porção anterior ou posterior da arcada). Posicionamento Para Moldagem É de suma importância que o cirurgião-dentista saiba de antemão que, para a realização da moldagem da arcada superior ou inferior, o profissional deve se posicionar em pé e por trás do paciente, sem se curvar muito. De forma alguma o profissional deve se curvar muito ou deixar o paciente mais deitado para que tenha uma melhor visualização. O paciente deve estar posicionado com uma angulação de 90 graus, olhando para o horizonte, com o plano sagital bem reto. O dentista deverá ter a visão do plano sagital por cima, observando o cabo da moldeira, que deverá seguir o plano em questão. Caso o cabo da moldeira não esteja posicionado adequadamente, a moldagem será completamente alterada. Durante a compressão da moldeira, não se deve colocar 4 dedos na boca do paciente. Para esse procedimento sempre deve-se utilizar o dedo médio, que possui mais força e é mais longo. Com isso, comprimi a moldeira e deixa o dedo posicionado até o material tomar presa e poder retirar a moldeira. Isso é importante para evitar que o paciente tenha alguma sensação de falta de ar, visto que tem muita coisa na boca dele. É de suma importância que se procure deixar o paciente o mais tranquilo possível durante esse procedimento. Caso o paciente seja posicionado de forma muito voltada para trás, isso irá favorecer o escoamento do material. Caso o material tenha uma consistência muito liquefeita, o paciente terá a tendência de deglutir. A consistência de material para a moldagem vai variar de acordo com o tipo de material especificado. No entanto, de maneira geral, o material sempre apresenta uma consistência gelatinosa, puxando de cremosa para consistência de massa. Essas características da consistência do material são importantes para que se evite o seu escoamento durante a moldagem e o paciente acabe se engasgando e/ou haja problemas na moldagem. Molde - Definição O molde é o produto gerado pela aplicação do material na boca do paciente, que é comprimido e toma presa. Ou seja, molde é o material removido da boca do paciente e já tomado presa. É a reprodução, em negativo, das superfícies dos modelos que serão obtidos. Moldes Os moldes devem apresentar características que permitam, por exemplo, proporcionar a confecção de uma prótese. É muito importante que o material reproduza exatamente o tipo de preparo ou o alinhamento, não alinhamento ou apinhamento dos dentes (no caso da ortodontia). É preciso observar o molde e perceber que ele contém todas as informações necessárias para a confecção do aparelho ortodôntico, aparelho ortopédico, prótese parcial ou total (removível ou para implante) e qualquer outra coisa que se objetive fazer. Com uma moldagem bem feita, parte-se para uma outra etapa, que é o vazamento do gesso para obter o que chamamos de modelo. Se ocorrer algum problema com o molde – se ele não for bem feito e/ou não tenha as características exatamente iguais às do preparo dental – e der prosseguimento com a confecção do modelo, as características erradas do molde irão passar naturalmente para o modelo de gesso. Consequentemente, os produtos confeccionados a partir desse modelo irão apresentar as falhas decorrentes da moldagem. A seguir podemos observar uma moldagem de hemiarcada feita com moldeira de plástico (primeira imagem), uma moldagem de paciente edentado para a confecção de prótese total (segunda imagem), e uma moldagem com material que oferece mais detalhes ao molde (terceira imagem). Modelos Até então falou-se sobre o ato de moldar, que demanda o uso de uma moldeira, e sobre o material para moldar. A partir de agora, onde já se tem o molde, precisa- se de um outro material, que é o gesso. Existem vários tipos de gesso e cabe ao cirurgião- dentista selecionar o mais apropriado para o trabalho a ser realizado, além de utiliza-lo de forma adequada. É necessário que a aplicação do gesso no molde seja feita com a técnica adequada, evitando a formação de pequenas bolhas e de consequentes falhas no modelo. Aos poucos, o material aplicado preenche todos os espaços dos alvéolos/dentes do molde. Finalizado esse processo, temos em mãos o denominado modelo. Na sequência de imagens a seguir vemos primeiro o preenchimento de um molde com gesso. Em seguida, observa-se um modelo de paciente com dentes e, por fim, um modelo de paciente edêntulo. Resumindo tudo o que foi dito, primeiro deve-se selecionar uma moldeira adequada para o procedimento a ser realizado – com tamanho correto para a cavidade do paciente e com o máximo de retenções para que o material de molde não saia da moldeira e fique preso na boca do paciente. Em seguida, deve-se selecionar entre os vários materiais de moldagem qual é o mais adequado para o caso em específico. Por fim, deve-se selecionar o gesso mais propício para a confecçãodo modelo desejado. No tocante aos modelos polidos – os vistos anteriormente são modelos normais, sem a camada brilhosa e protetora dos modelos polidos –, são empregados nos casos que demandam acabamentos mais refinados. Neles se observa a presença das arestas e o aumento da dimensão vertical, que é de extrema importância para a ortodontia e ortopedia, que demandam dessa área livre para a confecção de aparelhos. A altura das moldeiras varia bastante. Com isso, muitas vezes se molda com moldeiras de altura não muito grande. No entanto, é importante que haja esse aumento de dimensão vertical no modelo para que se possa trabalhar buscando a maior proximidade possível do que é encontrado na boca do paciente, sem o excesso de gesso, para que se faça o contorno do aparelho ou da prótese. Em virtude disso, em alguns casso é necessário fazer um murinho de cera no contorno da moldeira para que ela tenha a sua altura elevada. Em casos de pacientes mais sensíveis, esse procedimento pode ser feito não para que se obtenha o aumento da dimensão vertical, mas para que as bordas da moldeira não os incomodem. O formato visto nas bases do modelo acima é obtido por recortes feitos por um equipamento (primeira imagem a seguir) ou pela forma zocalador (segunda imagem a seguir), onde se coloca um gesso que pode ser mais barato dentro e em seguida se coloca o modelo, de forma que os dois gessos se unem e já se obtém o formato com acabamento na base. É fundamental que a base do modelo seja bem reta, pois se trabalha com o modelo na bancada e é preciso que ele fique equilibrado e isso se obtém a partir do equipamento. Requisitos de um Material de Moldagem Na prática, todos os materiais de moldagem apresentam esses requisitos, mas alguns não os apresentam “100%”. Entre os requisitos que esses materiais devem apresentar, temos: Não devem conter componentes tóxicos nem irritantes – Isso é importante para que nem o paciente e nem o profissional inalem essas substâncias durante a moldagem; Devem realizar sua presa completa e de maneira uniforme ainda dentro da cavidade oral do paciente – Em muitos casos, ao longo de algumas horas após a remoção do molde da cavidade bucal, o material acaba aumentando o seu nível de resistência, mas ele já tomou presa na boca; Devem apresentar plasticidade suficiente para uma boa produção e, se for termoplástico, apresentar temperatura compatível com os tecidos bucais – Materiais termoplásticos vão “quentes” para a cavidade do paciente, mas essa temperatura deve ser suportável para os tecidos bucais, de forma a não causar nenhum dano; Devem apresentar consistência ou fluidez adequadas à técnica utilizada; Devem ter estabilidade dimensional e morfológica durante e após sua presa – Não é aceitável por exemplo, que algumas horas após a presa do material ele se expanda ou contraia, visto que o modelo deve refletir o que se tem na cavidade oral do paciente; Não devem ser adesivos – Caso fossem adesivos, esses materiais ficariam aderidos aos dentes, sem ter como remove-lo da cavidade bucal; Não devem sofrer deformações nem fraturas durante a remoção da cavidade bucal – Se o molde deforma após ser retirado da boca, o modelo de gesso irá herdar essas deformações e transmiti-las para a peça a ser produzida. Classificação dos Materiais de Moldagem Os materiais de moldagem podem ser classificados de acordo com o processo de presa e segundo a elasticidade. Segundo o Processo de Presa Com relação ao processo de presa, os materiais podem ser quimioplásticos – que tomam presa a partir de um processo químico, como os hidrocoloides irreversíveis e a pasta de zinco (enólica e elastômeros) – ou podem ser termoplásticos – que tomam presa a partir de um processo térmico, como a godiva, e os hidrocoloides reversíveis. Segundo a elasticidade Com relação à elasticidade, pode-se ter materiais elásticos ou flexíveis e materiais anelásticos ou rígidos. Os materiais elásticos são empregados nos casos em que se tem retenções (dentes). Entre eles temos os hidrocoloides reversíveis e irreversíveis e os elastômeros. Os materiais anelásticos são utilizados em pacientes edentados. Caso houvesse algum dente remanescente na boca do paciente, esse tipo de molde poderia ser quebrado durante a sua remoção. Como exemplo temos a godiva, a pasta zincoenólica e o gesso.
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