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SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DO AVC ISQUÊMICO Vários sistemas de classificação dos subtipos de AVCI são conhecidos. A classificação do NINDS – Stroke Data Bank foi derivada da classificação original Harvard Stroke Registry. Ela divide o AVCI em aterotrombótico e embolia de origem arterial, embolia cardíaca, lacuna, e AVCI de causas raras ou de origem indeterminada. Essa classificação restringe o AVC de causa aterotrombótica aos casos com estenoses mais significativas, podendo subestimar o impacto desse tipo de AVC na população estudada. O AVCI lacunar, por outro lado, é classificado sem o auxílio de novas técnicas, como a ressonância magnética por difusão, que permite diferenciar os AVC isquêmicos de pequenas artérias de outras possíveis etiologias das síndromes lacunares. Além disso, métodos como o ecocardiograma transesofágico não eram utilizados de rotina, o que permite a inclusão de um número elevado de AVC de causas indeterminadas, muitos deles de origem cardíaca. Desde 1993, a maioria dos neurologistas utiliza a classificação proposta pelos investigadores do ensaio clínico TOAST (Trial of ORG 10172 in Acute Stroke Treatment). A classificação TOAST é a que até então melhor definiu os grandes subtipos de AVC isquêmico: aterosclerótico de grandes artérias, doença de pequenas artérias, cardioembólico, causas pouco frequentes e indeterminado. Nessa classificação, os infartos lacunares foram definidos pela síndrome clínica e pelo tamanho do infarto; além disso, a avaliação cardíaca deve afastar fonte embólica, e a avaliação das artérias cervicais deve afastar estenoses ipsilaterais maiores do que 50%. Contudo, uma lesão isquêmica pequena, única e profunda, devido à estenose aterosclerótica do segmento M1 da artéria cerebral média, pode ser inadequadamente classificada como doença de pequenas artérias se o médico não tiver o cuidado de avaliar a artéria cerebral média. As embolias de origem cardíaca são classificadas de acordo com o risco. Consequentemente, um médico desatento poderá valorizar a presença de um forame oval patente, em paciente com dissecção distal da artéria vertebral que foi investigado tardiamente. O AVCI de causa indeterminada é o grupo mais heterogêneo do sistema de classificação TOAST. Pacientes com pelo menos duas causas potenciais podem ser agrupados com aqueles que realizam investigação incompleta e em conjunto com pacientes que apresentam doença aterosclerótica de artérias cervicais inferior a 50%. No entanto, os subtipos de AVC isquêmico, definidos pelos critérios TOAST, foram relacionados com a recorrência precoce e tardia de AVC e a mortalidade em estudos clínicos. A classificação CCS (Causative Classification System for Ischemic Stroke) permite uma classificação etiológica causal e fenotípica, aumentando a confiabilidade da classificação TOAST por meio de um algoritmo (http://ccs.mgh.harvard.edu). Essa classificação identifica a associação causal, levando-se em consideração a abrangência da avaliação diagnóstica nos subtipos descritos anteriormente. Por exemplo, a ausência de ecocardiograma pode não alterar o subtipo em paciente com fibrilação atrial e embolia cardíaca, porém pode diminuir o nível de confiança em paciente com aterosclerose de grandes artérias. As dificuldades presentes nas classificações anteriores foram incorporadas nas definições dos subtipos, como nos infartos de pequenas artérias, que são considerados somente quando há evidência de lesão única inferior a 20 mm no maior diâmetro, clinicamente relevante, e localizada nas regiões estratégicas das artérias perfurantes, sem envolvimento da artéria de origem. Após essa identificação, a classificação CCS define cada um desses subtipos em três subcategorias, de acordo com o peso da evidência causal: evidente, provável e possível. Essas estimativas de risco são utilizadas para ordenar os possíveis mecanismos e identificar a causa mais provável. A classificação ASCO é uma classificação fenotípica, na qual os pacientes podem ser categorizados em mais de um subtipo etiológico, a depender do potencial causal em relação aos possíveis mecanismos de AVC isquêmico. Algumas categorias são relacionadas com o evento isquêmico, enquanto outras não apresentam relação causal. Os pacientes são avaliados inicialmente e definidos de acordo com as quatro categorias de AVCI (aterosclerose – A; doença de pequenas artérias – S; doença cardíaca – C; e outras causas – O). Essa classificação define os subtipos de maneira diferente à descrita nos sistemas anteriores. Por exemplo, um diagnóstico definitivo de aterotrombose é considerado quando há aterosclerose em artéria clinicamente relevante, causando mais de 70% de estenose ou inferior a 70% com estenose associada a tromboluminal. A relação causal é quantificada por meio da graduação em três níveis: 1 – definitivamente uma causa potencial do AVC isquêmico; 2 – relação causal incerta; 3 – pouco provável haver relação direta (mas a doença existe). Os pacientes podem ainda ser graduados em grau 0, quando não há doença presente, ou 9, quando a investigação etiológica foi insuficiente para estabelecer uma graduação. Além disso, de acordo com a investigação diagnóstica realizada, os achados podem ser categorizados em 3 níveis: A – demonstração direta por método padrão ouro; B – evidência indireta; C – evidência incerta. AVCI é uma doença heterogênea, com mais de 150 causas conhecidas, muitas ainda criptogênicas. No entanto, mesmo com sistemas de classificação de AVCIs mais sofisticados, há ainda necessidade de neurologistas experientes, que, ao realizarem exame clínico e neurológico cuidadoso do seu paciente, poderão identificar com precisão o mecanismo mais provável do AVCI e indicar a conduta mais adequada.