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1 Disciplina: Educação Física inclusiva para pessoas com deficiência (PCD) Autores: M.e Michele Caroline da Silva Rodrigues Revisão de Conteúdos: Esp. Orlei Candido Antunes Revisão Ortográfica: Juliano de Paula Neitzki Ano: 2018 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Michele Caroline da Silva Rodrigues Educação Física inclusiva para pessoas com deficiência (PCD) 1ª Edição 2018 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA RODRIGUES, Michele Caroline da Silva. Educação Física inclusiva para pessoas com deficiência (PCD) / Michele Caroline da Silva Rodrigues. – Curitiba, 2018. 55 p. Revisão de Conteúdos: Orlei Candido Antunes. Revisão Ortográfica: Juliano de Paula Neitzki. Material didático da disciplina Educação Física inclusiva para pessoas com deficiência (PCD) – Faculdade São Braz (FSB), 2018. ISBN: 978-85-5475-235-4 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Introdução da disciplina A disciplina apresenta-se de maneira reflexiva dando subsidio a discussão sobre a educação inclusiva, ao relacionando com a teoria e prática, contribuindo para as relações e desenvolvimento de práticas pedagógicas múltiplas ás diversidades. Inicialmente será apresentado a conceituação e objetivos da Educação Física Adaptada e Especial e a diferença de educação no ensino regular e educação especial. Em seguida, sobre as características da clientela e causas das deficiências. A partir desses conhecimentos prévios, recursos materiais e educacionais, incrementarão a prática esportiva e as atividades motoras, como forma de estimulação; o desenvolvimento e a socialização de crianças e adolescentes autistas. A disciplina finalizará com questões acerca da Legislação, estrutura e funcionamento da Educação Física adaptada na sociedade; mplementação de equipamentos e espaço físico; organização de eventos em Educação Física Adaptada. 6 Aula 1- Conceituação e objetivos da Educação Especial Apresentação da aula 1 Nesta aula será apresentado como se desenvolveram os principais conceitos da Educação Especial, sua construção histórica e objetivos da educação física. A aula iniciará com os apontamentos perante a utilização correta da terminologia em relação ao público atendido pela Educação Especial. Em seguida, será retratado como ocorreu à construção histórica da Educação Especial no Brasil. Abordaremos a educação inclusiva a partir da dimensão sociocultural e política e do princípio da valorização das diferenças no espaço educacional. Em seguida será exposta a construção histórica da educação comum e especial no atendimento às pessoas com deficiência, seus conceitos básicos e objetivos. Entender quais foram os contextos históricos e sociais que levaram à construção da educação especial, permite a reflexão a respeito de muitos pensamentos e práticas existentes ainda nos dias atuais. Desmistificar conceitos preconceituosos e/ou de pouco conhecimento será nossa missão daqui para frente. Assim, veremos a seguir sobre como se dirigir ao público-alvo da educação especial de forma adequada. 1. Conceitos e objetivos da Educação Especial 1.1 Terminologia adequada na Educação Especial Sabendo que a educação inclusiva configura-se em uma proposta de ensino para pessoas com deficiências, para a contextualização e aprofundamento do tema, serão apresentados alguns conceitos no que tange à deficiência. Inicia-se com a concepção de Rubem Alves (1998) apud FERREIRA, GUIMARÃES (2003), que nos apresenta que: O seu corpo é diferente dos corpos “normais”, não é da forma como deveria ter nascido, pertence ao conjunto daqueles que “fugiram da norma”, que são "anormais”. São então classificados como pessoas “portadoras de uma deficiência”. “Deficiência” vem do latim deficiens de decifere, que quer dizer” ter uma falha”. De de+facere, “fazer”. 7 Aquele que não consegue fazer. Um corpo imperfeito, erro da natureza (FERREIRA, GUIMARÃES, 2003, p.24). Os conceitos sobre a deficiência, geralmente advindos de documentos internacionais diversos, ressaltam a “incapacidade”, ou “impedimento”. De acordo com o Programa de Ação Mundial para pessoas com Deficiência, publicado em 1997, pela Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere os seguintes conceitos: Deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica. Incapacidade é toda restrição ou falta (devido a uma deficiência) da capacidade e realizar atividades, na forma ou na medida em que se considera normal para o ser humano. Impedimento é situação desvantajosa para um determinado indivíduo, em consequência de uma deficiência ou de uma incapacidade que lhe limite ou impeça o desempenho de um papel que é normal em seu caso (em função de idade, sexo, fatores sociais e culturais) (FERREIRA, GUIMARÃES, 2003, p. 25). Para dimensionar conceitualmente sobre as pessoas com deficiência (PCD), o Estatuto da Pessoa com Deficiência que argumenta: Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL,2015) É possível observar, por meio destes conceitos, que a deficiência é entendida como um mecanismo diferenciador das relações e condições sociais. Outro ponto de suma relevância refere-se à terminologia adequada ao se referir às pessoas com deficiência. Expressões como: “pessoa portadora de deficiência”, “pessoas portadoras de necessidades especiais” ou “portadoras de necessidades educacionais especiais” não são utilizadas mais na atualidade. Tais expressões intencionam descaracterizar as deficiências, acreditando que o uso da palavra “deficiência” teria uma conotação desagradável e/ou pejorativa. Destaca-se também que: 8 Outra inapropriedade dessas expressões é que, em ambas, o temo “portadoras” parece inadequado. Necessidades não se portam, como objetos; necessidades são experimentadas e manifestam-se. (FERREIRA, GUIMARÃES, 2003, p. 30). Cabe salientar, no que cumpre a distorção do termo “portador de deficiência”, que no Brasil, até 1996,esse termo foi muito utilizado sem o devido questionamento do contexto que a expressão traspassava. Segundo alguns autores, é necessário eliminar a palavra “portadora”, pois a condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa e esta pessoa não porta sua deficiência. Ela tem uma deficiência. Ao longo dos anos, os deficientes passaram a ser designados de maneira indigna e rude. Os sujeitos subjugados como não pertencentes às “normalidades” da sociedade possuíam nomenclaturas e terminologias que reforçariam a segregação e discriminação, rotulando-os como diferentes dos ditos “normais”. Termos como aleijado; defeituoso, retardado, incapacitado; idiota; inválido; ceguinho; manco; débeis mentais, entre outros inúmeros termos, eram frequentes até a década de 80. Naquela época foi muito utilizado o termo “portador com necessidades especiais”, e mais adiante utilizado “portadores de deficiência”. Portanto, tendo em vista as argumentações supracitadas, ressalta-se que a terminologia mais adequada na atualidade é pessoa com deficiência, e deve- se especificar qual tipo (visual, auditiva, sensorialctual ou física). 1.2 Conceitos da Educação Especial Nesta seção serão apresentados os princípios e conceitos que permeiam a Educação Especial. Ainda que a temática sobre a inclusão tenha sido discutida nos dias atuais, são necessárias de novas formas de pensar, agir e assim modificar pensamentos e/ou ações que limitam as potencialidades das pessoas com deficiência. A Educação Especial consiste no atendimento educacional direcionado ao estudante com deficiência, seja ela auditiva, intelectual, visual, física, múltiplas, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades ou superdotação, em escolas regulares ou instituições especializadas. A terminologia “educação especial” refere-se à particularidade de ensino, 9 conteúdos e estudantes. O processo de ensino-aprendizagem vai ao encontro do ritmo e capacidades, dando a cada discente a oportunidade para se desenvolver no âmbito cognitivo, motor ou social. Por meio da educação especial, é possível promover acesso e permanência de condições de acessibilidade e aprendizagem, estimulando o desenvolvimento de recursos pedagógicos que contribuam para o processo de ensino-aprendizagem e para capacitação e progresso dos profissionais atuantes. Sob um discurso de “educação inclusiva”, políticas públicas e pesquisas tem-se debruçado para a efetiva inclusão dos estudantes com deficiência em igualdade de direitos, como previsto na Constituição Brasileira (1988). A inclusão trouxe uma ressignificação educacional, desde as metodologias, recursos e ações pedagógicas, mas também na construção de políticas públicas e currículos que englobam as particularidades e conhecimentos notórios às necessidades dos estudantes com deficiência. Resumindo: o documento Política Nacional de Educação Especial (MEC/SEESP) declara a Educação especial como: Um processo que visa a promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de deficiências, condutas típicas ou altas habilidades, e que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos compatíveis com as necessidades específicas de seu alunado. O processo deve ser integral, fluindo desde a estimulação essencial até os graus superiores de ensino. Sob esse enfoque sistêmico, a educação especial integra o sistema educacional vigente, identificando-se com sua finalidade, que é a de formar cidadãos conscientes e participativos (BRASIL, MEC/SEESP, 1994, p.17). Para Sassaki (1998): [...] a Educação inclusiva é o processo que ocorre em escolas de qualquer nível, preparadas para propiciar um ensino de qualidade a todos os alunos, independentemente de seus atributos pessoais, inteligências, estilos de aprendizagem e necessidades comuns ou especiais. A inclusão escolar é uma forma de inserção em que a escola comum tradicional é modificada para ser capaz de acolher qualquer aluno incondicionalmente e de propiciar-lhe uma educação de qualidade. Na inclusão, as pessoas com deficiência estudam na escola que frequentariam se não fossem deficientes (SASSAKI, 1998, p. 8). Veremos alguns pontos relevantes da história, para compreender melhor como foi a evolução e desenvolvimento das políticas públicas educacionais, 10 voltadas para a educação especial. É de relevância citar os momentos históricos do Brasil e seu contexto social. No primeiro momento, caracterizado pelo Brasil Império, a maioria da população vivia em meio rural, no qual o sustento das famílias era da agricultura. Nesse momento, as pessoas com deficiência, eram impedidas de realizar trabalhos braçais (com a severidade da deficiência) ou segregadas em instituições públicas. A educação, naquela época, ainda era elitizada e excludente aos diferentes. Ví deo Assistam ao filme “Nise – O coração da Loucura” (2016), que conta a história de como a doutora Nise da Silveira (Gloria Pires) propõe uma nova forma de tratamento, por meio do amor e da arte, aos pacientes que sofrem de esquizofrenia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dC2bvk_l8vg No segundo momento, tendo o Brasil no auge de seu desenvolvimento, os processos educativos ainda não eram nada inclusivos, bem pelo contrário. Os deficientes que apresentassem uma proximidade à normalidade poderiam ser aceitos na sociedade, diferente disso, eram excluídos em classes especiais e/ou instituições privadas. No que tange à legalidade nos processos educacionais, destaca-se o surgimento da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 4.024/1961, que previa o direito dos estudantes deficientes à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino. Justificava-se a necessidade, quando possível, da inserção dos estudantes com deficiência ao sistema regular de ensino, para uma tentativa a integração social. Para Refletir Contudo, no título X, da Lei, 4.024/1961 evidenciava que “toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos estaduais de educação, e relativa à educação de excepcionais, receberia dos poderes públicos tratamento https://www.youtube.com/watch?v=dC2bvk_l8vg http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/108164/lei-de-diretrizes-e-base-de-1961-lei-4024-61 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/108164/lei-de-diretrizes-e-base-de-1961-lei-4024-61 11 especial mediante bolsas de estudos, empréstimos e subvenções”. Desse modo, ao mesmo tempo em que havia um estímulo à inserção dos estudantes deficientes nas escolas públicas, em contrapartida, havia também o incentivo às instituições privadas de atendimento aos discentes com dificuldade. Assim, a pauta sobre a educação inclusiva presente nesta Lei, era contraditória e incoerente. No que tange à inclusão das pessoas com deficiência, ainda há um incentivo maior nas instituições privadas de atendimento especializado? Após 10 anos, em 1971, a LDBEN (1961), foi alterada, instituindo o encaminhamento de todos os discentes com defasagem da idade regular ou superdotados para escolas e classes especiais, sob justificativa da incapacidade de atender as particularidades desses estudantes. Em seguida, em 1973, foi criado pelo MEC o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP, incumbido de gerenciar as ações referentes à educação especial, entretanto ainda isoladas do Estado, com caráter assistencialista. Somente em 1988 a Constituição Federal trouxe dois artigos que incorporavam a integração e o acesso aos diretos para as pessoas com deficiência. O art. 3º, inciso IV, estabelece a promoção do bem-estar de TODOS, sem nenhum tipo de preconceito ou discriminação. No que diz respeito à educação, o artigo 205 delibera a educação como um direito de todos, assegurando o desenvolvimento íntegro da pessoa, para o exercício da cidadaniae a qualificação para o trabalho. Nesse sentido, inclui-se também o artigo 206, inciso I, que determina a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino e incumbe, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208). No art. 208 utiliza-se a palavra “preferencialmente” com ressalva, objetivando as possibilidades da escola e quanto às condições do estudante para a inclusão na escola da rede regular de ensino. Sendo assim, quando possível, o estudante deverá ser 12 matriculado em instituições regulares de ensino, e só em casos de muita dificuldade, em escolas especiais. Com o surgimento da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, em 1989, com a Lei 7.853, se estabelece suporte as pessoas com deficiências e integração social. No que se refere ao âmbito educacional, a referida Lei decreta: LEI Nº 7.853 de 24 de Outubro de 1989 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. I- Na área da educação: a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios; . b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e públicas; . c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino; d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a um (um) ano, educandos portadores de deficiência; e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo; f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino. Disponível em: https://presrepublica. jusbrasil.com.br/legislacao/109358/lei-7853-89 Além disso, a Lei citada prevê como crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa: recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos derivados da deficiência que porta. A seguir, vamos conhecer um pouco mais sobre o paralelo da educação especial e educação comum e os principais marcos históricos. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109358/lei-7853-89 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11681419/art-2-da-lei-7853-89 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11681161/art-2-1-inc-i-a-da-lei-7853-89 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11681281/art-2-1-inc-i-b-da-lei-7853-89 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11681229/art-2-1-inc-i-c-da-lei-7853-89 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11681196/art-2-1-inc-i-d-da-lei-7853-89 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26749570/art-2-1-inc-i-e-da-lei-7853-89 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11681123/art-2-1-inc-i-f-da-lei-7853-89 13 1.3 Educação comum e educação especial Neste momento, serão conhecidos alguns marcos relevantes sobre o desenvolvimento da educação especial no ensino comum. Primordialmente destaca-se que durante a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizada em Junho de 1994 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em Salamanca (Espanha), foi acordado garantia dos direitos educacionais. Para assegurar a educação para todos, as escolas regulares são essenciais para o combate ao preconceito. A partir desse momento, houve determinações para o acolhimento e recebimento de todos os sujeitos, independentemente de suas capacidades físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou linguísticas. Alguns princípios de extrema importância da Conferência de Salamanca foram: Todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fundamental à educação; Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas aplicados de modo a respeitar diferenças e peculiaridades; as pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter acesso às escolas comuns e nelas devem encontrar um atendimento adequado às suas necessidades. Amplie Seus Estudos Para ampliar seus conhecimentos, sugere-se a leitura, na íntegra, das propostas e recomendações dadas pela Declaração de Salamanca (1994). Disponível em: http://redeinclusao.pt/media/fl_9.pdf Além desses pontos supracitados, a Declaração de Salamanca foi um marco inicial para a integração dos estudantes com deficiência nas escolas regulares, criando deste modo, ações inclusivas contra a discriminação dos 14 diferentes na sociedade. Após isso, em 20 de dezembro de 1996, foi sancionada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, tendo o capítulo V destinado à Educação Especial, apresentando a garantia da oferta de ensino para alunos com deficiência, na rede regular de ensino, contribuindo assim, com os avanços das políticas educacionais inclusivas. Essa nova LDB contribuiu para a propagação das matrículas de indivíduos com deficiências em escolas regulares e no desenvolvimento de processos e ações que atendessem as singularidades desses alunos. Em 1999, na Convenção da Guatemala, promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956/2001, afirma que: As pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência, toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. Esse Decreto tem importante repercussão na educação, exigindo uma reinterpretação da educação especial, compreendida no contexto da diferenciação adotada para promover a eliminação das barreiras que impedem o acesso à escolarização (BRASIL, 2008, p. 9). Outras contribuições relevantes no âmbito da educação inclusiva ocorreram em 2000 e 2003. No ano 2000, foi afirmado o comprometimento de elaboração de politicas de ensino inclusivo, abrangendo todas as diversidades sociais, culturais, de gênero, com intuito de melhoria ao aprendizado e relações sociais, na Reunião das Américas, preparatória do Fórum Mundial de Educação para Todos. Sugere-se que os procedimentos pedagógicos considerem as diferenças sociais, culturais, de gênero e a capacidade singular, para a melhoria de convivência social. O Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, destaca que “o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana”. Ao estabelecer objetivos e metas para que os sistemas de ensino favoreçam o atendimento aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, aponta um deficit referente à oferta de matrículas para estudantes com deficiência nas classes comuns do ensino regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao atendimento educacional especializado. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php? option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacio http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 15 nal-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva- 05122014&Itemid=30192 Já no ano de 2003, o MEC criou o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, tendo como objetivos: propagar a política de educação inclusiva em todo território brasileiro, desenvolver uma formação de professores e gestores para garantir as mudanças dos sistemas de ensino e efetivar a permanência e um bom atendimento aos estudantes com deficiência, contribuindo com a Resolução do CNE 02/2001 em que determina, por meio dos artigos 1, 2 e 3 a garantia da matricula e atendimento a todas as modalidades de ensino, aos alunos com deficiência. Importante Ancorada nas deliberações da Conferência Nacional de Educação – CONAE/ 2010, no inciso III, parágrafo 1º, do artigo 8º, a Lei nº 13.005/2014, que institui o Plano Nacional de Educação – PNE, determina que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios garantam o atendimento às necessidades específicas na educação especial assegurando o sistema educacional inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades. Com base nesse pressuposto, a meta 4 e respectivas estratégias objetivam universalizar, para as pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, na faixa etária de 04 a 17 anos, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado. O AEE é ofertado preferencialmente na rede regular de ensino, podendo ser realizado por meio de convênios com instituições especializadas, sem prejuízo do sistema educacional inclusivo. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de- educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva- 05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 16 Saiba Mais Saiba mais sobre todas as leis que atuam no processo de educação inclusiva no documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=c om_docman&view=download&alias=16690-politicanacional- de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusi va-05122014&Itemid=30192 A partir da apresentação da evolução e desenvolvimento das políticas públicas, no que tange à educação especial e à inclusão, pudemos observar o aumento em legislações que aos poucos foram inserindo as particularidades das mais variadas deficiências. Muitas dessas Leis ainda não ocorrem em sua plenitude, como descrita em documentos oficiais, pois, infelizmente, a inclusão ainda perpassa por inúmeras questões de preconceito, desconhecimento e ausência de infraestrutura. Cabe a cada um que tenha conhecimento desses direitos, reivindicar e lutar para a efetivação das políticas públicas já instauradas por meio de documentos oficiais. O primeiro passo é o conhecimento. Resumo da Aula Nesta aula viu-se sobre a terminologia adequada nos dias atuais e os termos que foram muito utilizados, mas hoje não são mais coerentes ao público- alvo. Também foram vistos os conceitos sobre deficiência e educação especial. Conheceu-se um pouco sobre a construção histórica da educação especial e no atendimento de pessoas com deficiência no Brasil. Por fim, fez-se um panorama sobre a educação especial, sua aplicabilidade no ensino comum e as legislações que permeiam a questão do acesso educacional em escolas de educação especial e regulares. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 17 Atividade de Aprendizagem A partir dos conhecimentos prévios sobre a Educação Especial, imagine a seguinte situação e responda a pergunta: Você é um(a) diretor(a) de uma instituição de ensino privado e irá receber um estudante autista. Mas, para isso, precisa providenciar uma série de mecanismos para receber esse estudante. Entretanto, há uma resistência dos pais de outras crianças sobre a inclusão desse discente na escola. Conforme a Legislação e conhecimentos sobre o tema, elabore um documento com a justificativa pela qual irá receber esse estudante e quais procedimentos serão providenciados para a garantia de ensino a todos os alunos. Aula 2- Deficiências: Conceitos, Causas e Caracterização Apresentação da aula 2 Como poderíamos falar de educação especial sem ao menos saber quais as deficiências que ela engloba, não é mesmo? Pois bem, nesta seção iremos conhecer quais são as principais deficiências, quais são suas limitações, características e classificações. Ao longo desta aula será apresentado um panorama da população de pessoas com deficiência. Em seguida, discorreremos sobre conceitos, causas e características da deficiência intelectual, física, visual e auditiva e alguns apontamentos relevantes para o trabalho com esses indivíduos. 2.1 Panorama Brasileiro da população com deficiência Inicialmente, serão apresentados dados relevantes sobre a população brasileira com deficiência. De antemão, trago alguns dados do IBGE (2010) para dimensionar a população com deficiência. De acordo com o Censo 2010, existe quase 46 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, cerca de 24% da população. A tabela a seguir elucida um pouco mais sobre os dados: 18 Tabela 2.1- Porcentagem da População, por tipo de deficiência no Brasil Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/20551-pessoas- com-deficiencia.html Ainda sobre os dados do Censo (2010): Curiosidade 67,7% dos idosos possuem alguma deficiência; Quase 1/3 das mulheres negras possuem alguma deficiência; 95,2% das crianças de 6 a 14 anos, com deficiência frequentam escola; Os trabalhadores com deficiência representam 23,6% do total de pessoas ocupadas; 40,2% das pessoas com deficiência e ocupadas possuem carteira assinada e 46,4% das pessoas de 10 anos ou mais com deficiência recebem até 1 salário mínimo ou não têm rendimento. Disponível em: diferenças na Tal levantamento desvelou também que as pessoas com deficiência aindapermanecem com taxas menores em relação a pessoas sem deficiência, no que se refere à igualdade de direitos e escolarização. Outro dado alarmante se refere https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/20551-pessoas-com-deficiencia.html https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/20551-pessoas-com-deficiencia.html 19 às pesquisas dos municípios, em que 96,4% não têm acessibilidade ao turismo, ao lazer (78%), ou promoção de inclusão ao mercado de trabalho (72,6%). Os dados do IBGE (2010) trazem também dados referentes à predominância das deficiências entre sexo e raças, revelando que há mais mulheres com deficiência, o que corresponde a 21,2% de homens e 26,5% mulheres. A tabela a seguir evidencia, com clareza, tais dados: Saiba Mais A Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência – SNPD criou uma cartilha do Censo 2010 - pessoas com deficiência, que mostra as principais pesquisas, ressaltando o segmento das pessoas com deficiência e dados como a geografia, condições físicas, sociais e econômicas. Disponível em: file:///C:/Users/SONY%20VAYO/ Desktop/cartilha-censo-2010-pessoas-comdeficienciareduz ido.pdf Após esta introdução ao panorama nacional das pessoas com deficiência, serão apresentadas as principais deficiências, suas causas e características. 2.2- Deficiência Intelectual Antes de tudo, cabe iniciar aqui sobre o que é o DSM- V, que é o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, tendo sua última atualização em 2014. Nele é possível saber todos os transtornos e distúrbios, conceitos e suas principais características. Pesquise Sugere-se a pesquisa e leitura do DSM-5, 2014 para aprofundamento dos mais diversos transtornos e distúrbios. Disponível em: https://blogs.sapo.pt/cloud/file/b37dfc58aad8 cd477904b9bb2ba8a75b/obaudoeducador/2015/DSM%20V. pdf file:///C:/Users/SONY%20VAYO/Desktop/cartilha-censo-2010-pessoas-comdeficienciareduzido.pdf file:///C:/Users/SONY%20VAYO/Desktop/cartilha-censo-2010-pessoas-comdeficienciareduzido.pdf file:///C:/Users/SONY%20VAYO/Desktop/cartilha-censo-2010-pessoas-comdeficienciareduzido.pdf https://blogs.sapo.pt/cloud/file/b37dfc58aad8cd477904b9bb2ba8a75b/obaudoeducador/2015/DSM%20V.pdf https://blogs.sapo.pt/cloud/file/b37dfc58aad8cd477904b9bb2ba8a75b/obaudoeducador/2015/DSM%20V.pdf https://blogs.sapo.pt/cloud/file/b37dfc58aad8cd477904b9bb2ba8a75b/obaudoeducador/2015/DSM%20V.pdf 20 Assim, o DSM-5 afirma que Deficiência Intelectual deve ser especificada quanto à gravidade atual, classificada como: Leve, Moderada Grave, Profunda ou Atraso Global do Desenvolvimento. Conceitualmente, esse mesmo documento afirma que Deficiência Intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) é um transtorno com início no período do desenvolvimento que inclui déficits funcionais, tanto intelectuais quanto adaptativos, nos domínios conceitual, social e prático, sendo estes que definem a gravidade da deficiência intelectual. Vocabula rio O domínio conceitual (acadêmico): envolve competência em termos de memória, linguagem, leitura, escrita, raciocínio matemático, aquisição de conhecimentos práticos, solução de problemas e julgamento em situações novas, entre outros. O domínio social envolve percepção de pensamentos, sentimentos e experiências dos outros; empatia; habilidades de comunicação interpessoal; habilidades de amizade; julgamento social; entre outros. O domínio prático envolve aprendizagem e autogestão em todos os cenários de vida, inclusive cuidados pessoais, responsabilidades profissionais, controle do dinheiro, recreação, autocontrole comportamental e organização de tarefas escolares e profissionais, entre outros (DSM-V). Disponível em: https://blogs.sapo.pt/cloud/file/b37dfc58 aad8cd477904b9bb2ba8a75b/obaudoeducador/2015/DSM% 20V.pdf A Organização Mundial da Saúde, por um longo período, definiu como Deficiência Intelectual um desenvolvimento cognitivo abaixo da média (QI 70), agregado a limitações no desenvolvimento perceptivo, motor e/ou social. A partir de testes padronizados, realizados nos pacientes, determinava- se o coeficiente intelectual (QI), classificados como: Leve (QI entre 50 e 69), Moderado (QI entre 35 e 49), Severo (QI 20 e 34) e Profundo (QI Abaixo de 20). Na atualidade, a Deficiência Intelectual não tem mais os testes de classificação de coeficiente intelectual. As origens e/ou causas da Deficiência Intelectual são: Genéticas, complicações pré-natais (antes do nascimento), complicações no parto https://blogs.sapo.pt/cloud/file/b37dfc58aad8cd477904b9bb2ba8a75b/obaudoeducador/2015/DSM%20V.pdf https://blogs.sapo.pt/cloud/file/b37dfc58aad8cd477904b9bb2ba8a75b/obaudoeducador/2015/DSM%20V.pdf https://blogs.sapo.pt/cloud/file/b37dfc58aad8cd477904b9bb2ba8a75b/obaudoeducador/2015/DSM%20V.pdf 21 (perinatal), complicações pós-natais (depois do nascimento), socioculturais, e desconhecidas. As causas genéticas referem-se a desordens bioquímicas, como a Fenilcetonúria e a Galactosemia, ou por desordem cromossômica, como a Síndrome de Rett, a Síndrome do X Frágil e a Síndrome de Dowm. Já as complicações pré-natais podem ser ocasionadas pela ação de raios X, ingestão de cigarros, drogas e álcool, doenças adquiridas como rubéola ou infecções hepáticas, sífilis, toxoplasmose ou com a incompatibilidade sanguínea entre mãe e feto. Segundo Gabbard (2000), a herpes, varicela, catapora, sarampo, poliomielite, caxumba, tuberculose e febre amarela são outras infecções associadas ao nascimento de bebês com Deficiência Intelectual. As complicações no parto que ocasionam sequelas no bebê estão relacionadas à prematuridade, má assistência no momento do parto, hipóxia ou anóxia e icterícia grave no recém-nascido. Vocabula rio Anóxia ocorre quando o oxigênio está ausente ou esgotado e incapaz de chegar corretamente aos órgãos ou tecidos. Anóxia pode causar dano cerebral, que pode ter consequências duradouras como amnésia. Hipóxia significa diminuição do aporte de oxigênio ou baixa concentração de oxigênio nos tecidos. Icterícia é uma condição que causa uma coloração amarelada da pele, das mucosas, da urina e das secreções corporais, devido à passagem da bilirrubina do sangue para tecidos e urina. Sobre as complicações pós-natais, são aquelas que ocorrem entre o 30º dia de vida e o final da adolescência. São complicações ocasionadas por desnutrição ou desidratação grave, carência de estimulação global, infecções ou encefalites, febres muito altas (a ponto de destruir células cerebrais) meningites, danos ao sistema nervoso central, intoxicações por meio de remédios, inseticidas, produtos químicos (mercúrio e chumbo), acidentes de trânsito, quedas, afogamentos ou infestações como a neurocisticercose (DIEHL, 2008. p. 83). http://psicoativo.com/2016/01/amnesia.html 22 Diferença entre Deficiência Intelectual X Doença Mental: Para não haver equívocos, é relevante a diferenciação destes dois termos. Pois bem, na deficiência intelectual, a pessoa nasce ou adquire essa condição decorrente de uma desordem do organismo, a qual acarreta a dificuldade de entendimento e pensamento formal. Já a pessoa com doença mental tem distúrbios ocasionados por uma desordem psíquica, alterando sua percepção da realidade. As doenças mentais mais comuns são: Síndrome do Pânico, Esquizofrenia, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Transtorno Bipolar, Transtornos Alimentares (anorexia e bulimia) (DIEHL, 2008. p. 86). Vocabula rio Distúrbio: o termo “distúrbio” sugere a existência de comprometimento neurológico em funções corticais específicas. Transtorno: é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecíveis associados, na maioria dos casos, a sofrimento e interferênciacom funções pessoais. Síndrome: é um conjunto de sintomas que ocorrem ao mesmo tempo e se manifestam por meio de um estado clínico associado com um ou mais problemas de saúde. 2.3 Deficiência Física As pessoas com Deficiência Física são aquelas que apresentam algum comprometimento nos padrões motores esperados, ou na realização de movimentos tais como: caminhar, correr manipular coordenadamente objetos, ou movimentos de estabilização do corpo. Entende-se também a Deficiência Física como a ausência de um ou mais membros do corpo ou partes de membros, tendo dificuldade de movimentar-se de acordo com os padrões corporais. Esse comprometimento pode ocorrer como https://www.minhavida.com.br/temas/saude 23 consequência de condições traumáticas, genéticas ou fisiológicas. As deficiências físicas podem ser de origem articular, óssea, muscular ou neurológicas, afetando diversas áreas motoras (DIEHL, 2008. p. 92). As principais causas de deficiências físicas no Brasil são adquiridas em: [...] acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, devido principalmente à falta de condições adequadas ao trabalho, à negligência dos trabalhadores quanto ao uso de equipamentos de segurança; erros médicos, embora de difícil constatação e comprovação; poliomielite; violência urbana (como tiros); desnutrição. Tais causas podem conduzir o indivíduo à restrição total ou parcial dos seus movimentos expressivos e funcionais e à necessidade de adaptações específicas para a realização dos mesmos (DIEHL, 1998 apud DIEHL, 2008, p. 92). Outras causas da Deficiência Física são: lesão cerebral; paralisia cerebral; lesão medular; distrofias musculares; esclerose múltipla; amputações; malformações congênitas; distúrbios posturais da coluna; sequelas de queimaduras. Saiba Mais Paralisia Cerebral é uma alteração motora ocasionada por uma lesão no cérebro. Quando se diz que uma criança tem paralisia cerebral, significa que existe uma deficiência motora, consequente de uma lesão no cérebro, quando ele ainda não estava completamente desenvolvido. Diante de diversos tipos de Deficiência Física, considera-se uma classificação de acordo com os segmentos corporais, afetados. tais como: Monoplegia – condição rara em que apenas um membro é afetado; Diplegia – quando são afetados os membros superiores; Hemiplegia – quando são afetados os membros do mesmo lado; Triplegia – condição rara em que três membros são afetados; 24 Tetraplegia/ Quadriplegia – quando a paralisia atinge todos os membros, sendo que a maioria dos pacientes com este quadro apresentam lesões na sexta ou sétima vértebra; Paraplegia – quando a paralisia afeta apenas os membros inferiores, podendo ter, como causa resultante, uma lesão medular torácica ou lombar. Este trauma ou doença altera a função medular e produz, como consequência, além de déficits sensitivos e motores, alterações viscerais e sexuais. A partir dessas classificações de segmentos corporais, classifica-se também o grau de comprometimento do quadro, sendo leve (quando a pessoa consegue realizar movimentos próximos à normalidade); moderado (quando há a necessidade de alguma forma de auxílio); ou severo (se a pessoa se torna dependente em função do comprometimento) (DIEHL, 2008, p. 93). Curiosidade Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, é uma das principais causas de morte e de sequelas no mundo e no Brasil, cerca de 68 mil mortes anualmente. As características são variadas e dependem da região lesionada, da gravidade e da combinação de outros traumatismos, duração e profundidade da perda da consciência. Pode causar hemiplegia, afasia (dificuldade da fala), comportamento social e emocional alterados. Sobre as lesões medulares, é imprescindível saber que a medula é protegida por 24 vértebras, subdivididas em 7 vértebras cervicais (C7), 12 vértebras torácicas (T8), 5 vértebras lombares (L5) e 5 vértebras sacrais, sendo interligadas ao Sistema Nervoso Central (SNC), e qualquer lesão na medula, ocasiona danos irreversíveis. O Quadro a seguir apresenta uma breve explicação das lesões, classificações e consequências de traumatismos medulares (DIEHL, 2008, p. 98). 25 Tabela 2.3 - Lesões, classificação e consequências: Altura da Lesão Classificação Consequência Acima da C4 Tetraplegia alta Perda da capacidade respiratória, perda sensitiva e do controle motor dos quatro membros e tronco. Cervicais abaixo da C4 Tetraplegia Perda sensitiva e do controle motor dos quatro membros e tronco Torácicas Paraplegia alta Perda sensitiva e do controle motor dos membros inferiores e tronco. Lombares Paraplegia baixa Perda sensitiva e do controle motor da musculatura do quadril e dos membros inferiores. Sacrais e coccígeas Paralisia Parcial Perda parcial da sensibilidade e do controle motor da musculatura do quadril e dos membros inferiores. Disponível em: (DIEHL, 2008, p. 98). Além das deficiências físicas supracitadas, há também a Distrofia Muscular Progressiva de Duchenne, observada, predominantemente, em meninas, amputações ocasionadas por má formação ou acidentes de trânsito e domésticos, lesões no Sistema Nervoso Central. 2.4 Deficiência Visual A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a deficiência visual de acordo com sua acuidade visual, sendo 20/25 normal, 20/30 e 20/60 próximo ao normal, subnormal moderada entre 20/70 e 20/160, severa entre 20/200 e 20/400, menor ou igual 20 graus profunda entre 20/500 e 20/1.000, com campo visual menor ou igual a 10, Deficiência Visual quase total (DIEHL, 2008, p. 98). 26 Vocabulário A acuidade visual diz respeito ao quanto uma pessoa pode ver bem em diferentes distâncias (SMITH, 2008, p. 331). Conceitualmente, a Deficiência Visual é caracterizada pela redução ou a perda total da capacidade de ver com o melhor olho, mesmo após a melhor correção ótica. Divide-se em dois subgrupos: Baixa visão (visão subnormal) e cegueira. A baixa visão é quando o indivíduo possui uma acuidade visual de 6/20 e 6/60 no melhor olho, após correção máxima. Consiste em resíduos visuais que permitem atividades escolares desde que se utilize recursos didáticos como lentes, lupas etc. Já a cegueira é a ausência ou perda da visão de ambos os olhos. Neste caso, faz-se necessário o uso do método Braille como meio de leitura e escrita, além de equipamentos e recursos didáticos especiais e recursos de orientação e mobilidade, como bengala ou cão-guia. As causas das deficiências visuais são inúmeras. Uma das principais causas da cegueira adulta é o glaucoma, que é a elevação da pressão intraocular, podendo ser primário, secundário ou congênito. Saiba Mais Causas de cegueira e baixa visão em crianças - Patrícia Ribeiro Brito e Sílvia Veitzman. Disponível em: http://www. scielo.br/pdf/abo/v63n1/13605.pdf Fatores etiológicos da Deficiência Visual. Disponível em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/SPP_Arquivos/Pes soascomDeficiencia/FatoresetiologicosdaDeficienciaVisual.p df Outro fator que ocasiona a Deficiência Visual é a retinose pigmentar, iniciando-se por volta dos 12 anos, que leva à cegueira. Consiste na degeneração das células da retina, evoluindo para a atrofia geral de toda http://www.scielo.br/pdf/abo/v63n1/13605.pdf http://www.scielo.br/pdf/abo/v63n1/13605.pdf http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/SPP_Arquivos/PessoascomDeficiencia/FatoresetiologicosdaDeficienciaVisual.pdf http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/SPP_Arquivos/PessoascomDeficiencia/FatoresetiologicosdaDeficienciaVisual.pdf http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/SPP_Arquivos/PessoascomDeficiencia/FatoresetiologicosdaDeficienciaVisual.pdf 27 membrana. Há também a retinoblastoma, que é um tumor intraocular mais comum na infância. É comum tambémpessoas com diabetes ficarem cegas ou desenvolverem catarata. Além desses fatores citados, há também algumas infecções que ocorrem durante a gravidez que são causadoras de cegueira como: a toxoplasmose, a rubéola, o sarampo e a prematuridade. 2.5 Deficiência Auditiva Pessoas com Deficiência Auditiva, também chamadas de surdas, são aquelas que tiveram perda auditiva profunda. Ainda que usem aparelhos auditivos, não possibilitam processar informações sonoras úteis. A perda auditiva ocorre quando os mecanismos da audição são lesados ou obstruídos, e os sons não podem ser percebidos ou entendidos. Há dois tipos de perdas auditivas: a Condutiva e a Neurossensorial. A Condutiva, que é decorrente de bloqueio ou lesão do ouvido externo ou médio, impede a passagem das ondas sonoras para o ouvido interno. Já a perda auditiva neurossensorial ocorre quando há uma lesão no ouvido interno, no nervo auditivo, em geral não pode ser melhorada com medicamento ou cirurgia (SMITH, 2008, p. 301). A causas da Deficiência Auditiva podem ser resultado de doenças ou lesões, mas também por hereditariedade. As causas genéticas são inúmeras, algumas desconhecidas e podem ser congênitas ou nerossensoriais. Já as doenças mais comuns que levam a perda auditiva são: meningite, doença que afeta o sistema nervoso central (atingindo as meninges), na qual as infecções bacteriológicas levam à perda da audição. A otite média é uma infecção do ouvido médio e um acúmulo de líquido atrás do tímpano. Essa infecção pode ser tratada com antibióticos ou outros procedimentos médicos. Outra causa de perda auditiva é a rubéola materna, que é a principal causa de surdez entre recém-nascidos, sendo normalmente neurossensoriais e com prejuízos ao ouvido interno e ao nervo auditivo. Resumindo, as causas mais comuns de perda de audição são: Pré-natais: componentes hereditários, rubéola materna, toxoplasmose, herpes zoster, incompatibilidade de RH, sífilis, ingestão de determinados medicamentos durante a gravidez; 28 Perinatais: anóxia, hipóxia, prematuridade, traumatismos obstétricos, icterícia neonatal ( no parto); Pós-natais: meningite, sarampo, traumatismo craniano e encefalite (FERREIRA, 1994; OLIVEIRA, 1994; ADAMS 1985). Os comprometimentos auditivos levam a uma comunicação visual por meio da língua de sinais, a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Saiba Mais A LIBRAS é uma das linguagens de sinais existentes no mundo inteiro para a comunicação entre surdos. Ela tem origem na Linguagem de Sinais Francesa. As linguagens de sinais não são universais, elas possuem sua própria estrutura de país para país e diferem até mesmo de região para região de um mesmo país, dependendo da cultura daquele determinado local para construir suas expressões ou regionalismos. Segue abaixo, o alfabeto em sinais: ARAUJO, A.P. Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Infoescola: navegando e aprendendo, IG, 2016. Disponível em: http://www.infoescola .com/portugues/lingua-brasileira-de-sinais-libras/ Para aprofundamento sobre cada tipo de deficiência, sugiro a leitura complementar de textos e vídeos propostos. Nesta aula foi apresentado, de modo sucinto, as principais causas e características das deficiências e alguns conhecimentos pertinentes, para a realização do trabalho pedagógico com estas pessoas, lembrando que, a cada dia surgem novas descobertas de causas e/ou deficiências diversas por meio de pesquisas. Por isso, recomenda-se sempre pesquisas, leituras e aprofundamento neste tema, para maior segurança e propriedade de sua atuação profissional. Resumo da Aula Iniciou-se esta aula conhecendo, por meio de dados do Censo (2010), o cenário da população com deficiência em diversos comparativos. Com esses dados foi possível observar a quantidade de pessoas com deficiência e as 29 dificuldades de igualdade de direitos e/ou acesso na sociedade. Partimos, em seguida, para a conceituação, causas e características da Deficiência Intelectual e sua amplitude perante a quantidade de transtornos, síndromes e demais patologias. Após este item, foi apresentado o conceito de Deficiência Física, suas terminologias e principais causas. No item seguinte foi explanado sobre o conceito de Deficiência Visual, principais causas e procedimentos a serem tomados. Por fim, vimos sobre a Deficiência Auditiva, conceito, causas e mecanismos de inserção na sociedade. Atividade de Aprendizagem Considere o ponto de um universo múltiplo e com pluralidades de corpos no ambiente escolar e ações inclusivas. Para a efetivação da inclusão de todos, são necessárias inúmeras adaptações arquitetônicas e metodológicas, recursos didáticos, novas formas de avaliações, de temporalidades e de dar aula. Assim, pensando em uma escola onde nunca teve a inserção de estudantes com deficiência, iniciando um novo ano letivo, com novos desafios de inclusão, que apontamentos e argumentos os profissionais da escola devem discutir, reformular ou construir, para a integração de todos, nas atividades escolares com estudantes das mais variadas deficiências? Crie um texto como apontamentos possíveis para a construção de uma escola inclusiva, atendendo as mais variadas deficiências e particularidades de diversos discentes. Aula 3 - Conceitos e objetivos da Educação Física Adaptada, materiais educacionais e formas de estimulação Apresentação da aula 3 Nesta aula, viu-se sobre os recursos pedagógicos e educacionais que contribuem no desenvolvimento amplo e no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes. Muito além dos conhecimentos escolares, tais recursos contribuem também para autonomia e qualidade de vida das pessoas com deficiência. Serão expostos os principais conceitos e objetivos da educação física adaptada e suas contribuições no processo de desenvolvimento e 30 estimulação de estudantes com deficiência. Esta aula é muito pertinente para o trabalho do Profissional de Educação Física, pois traz aportes da disciplina que compõe e contribui no ensino da educação especial. Boa leitura e bons estudos! 3.1 Recursos e materiais educacionais Da necessidade de facilitar o processo de ensino-aprendizagem, foram criados inúmeros recursos e materiais educacionais específicos para as mais diversas deficiências. Muitos recursos pedagógicos colaboram na minimização das limitações sensoriais, funcionais e motoras, oportunizando o processo de ensino-aprendizagem. Lembrando-se de antemão que o professor deve primeiramente observar, conhecer, refletir e experimentar qual o recurso que realmente favorece o desenvolvimento e aprendizado do discente. Tendo a vista a singularidade de cada estudante, são criados, constantemente, novos recursos pedagógicos que atendam as necessidades específicas de cada indivíduo. Serão apresentados alguns recursos pedagógicos, também chamados de ajudas técnicas, mais comuns no atendimento dos estudantes com deficiência. O documento do Ministério da Educação e Secretaria de Educação Especial, nomeado “A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais deficiência física” (2006), nos apresenta alguns recursos educacionais. Um deles é para crianças com grande dificuldade de comunicação oral, por exemplo, e podem ser beneficiadas com alguns recursos de comunicação alternativa, tais como: Cadernos de comunicação: cadernos que contêm figuras que correspondem a substantivos, adjetivos, verbos e etc.; Prancha temática: prancha na qual o aluno fixa figuras referentes a um eixo temático gerando comunicação sobre o assunto; Pasta frasal: possibilita a comunicação por meio da construção de frases. Para os alunos, cujo comprometimento motor dificulta o processo de escrita, existem recursos pedagógicos que minimizam essa dificuldade: Pulseira com peso: é colocada no braço dacriança para controlar movimentos involuntários; 31 Capacete: nele é acoplado um lápis ou uma ponteira para que a criança movimente a cabeça para executar a escrita ou a digitação; computadores com adaptações: de acordo com a necessidade do aluno; engrossamento do lápis: para facilitar a preensão e outros recursos que o professor, com sua perspicácia e criatividade, é capaz de desenvolver para favorecer o aprendizado de seus alunos (SILVA, CASTRO, BRANCO, 2006, p. 26). Ainda se tratando de estudantes com deficiência física, sugere-se o trabalho de orientação e mobilidade. Este trabalho de orientação e mobilidade é indicado para pessoas com baixa visão e cegueira, sendo incluído o uso de bengala e/ou cão-guia. Há também os auxílios ópticos, que são lentes ou recursos que possibilitam a ampliação de imagem e a visualização de objetos, favorecendo o uso da visão residual para longe e para perto. Exemplos de auxílios ópticos são lupas de mão e de apoio, óculos bifocais ou monoculares e telescópios, entre outros, que não devem ser confundidos com óculos comuns. Curiosidade Segundo os novos dados do censo 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual. Destes, 530 mil são cegos e 6 milhões têm baixa visão ou visão subnormal. O braille está se tornando cada vez mais popular, entretanto, há algumas curiosidades sobre ela que a população cega, de baixa visão e também sem deficiência ainda desconhecem. Confira: 1.O braile foi criado por Louis Braille, na França, há 190 anos e continua se adaptando a toda a evolução da escrita; 2. O Dia Mundial do Braile é comemorado em 04 de janeiro, data de nascimento de Louis Braille; 3. O braile é a combinação de seis pontos que formam 63 caracteres em relevo; 4. Há combinações para a representação de letras, números, símbolos científicos, notas musicais, fonética e informática; 5. Nem toda pessoa cega lê o braile, e isto se dá por diferentes motivos: perda visual na idade adulta, falta de sensibilidade no tato por diferentes patologias etc.; 6. Sua leitura é feita da esquerda para a direita, utilizando-se uma ou ambas as mãos; 7. Cada página em tinta corresponde a aproximadamente três páginas em braile; 32 8.Os livros em braile devem ser preferencialmente transcritos em papel sulfite de gramatura 120; 9. O sistema braile obedece a regras internacionais de altura do relevo e de distância entre pontos, entre celas e entre linhas; 10. O braile também pode ser escrito à mão, utilizando uma ferramenta chamada reglete e outra chamada punção, que funcionam como caderno e caneta. Fonte: https://vidamaislivre.com.br/2017/04/07/curiosidades- sobre-sistema-braille/ Os auxílios não-ópticos referem-se às mudanças relacionadas ao ambiente, ao mobiliário, à iluminação e aos recursos para leitura e para escrita, como contrastes e ampliações, usados de modo complementar ou não aos auxílios ópticos, com a finalidade de melhorar o funcionamento visual. (DOMINGUES, 2010 p. 11). Outros materiais didáticos mais comuns são: reglete; punção; Livro adaptado; livro falado; sorobã ou ábaco (para o ensino de matemática), Máquina Braille; uso de Tecnologias assistivas como o Sistema de dosvox e virtual vision (as atividades executadas pelo sistema são edição de textos para impressão braille, leitura e audição de textos; Utilização de calculadora, agenda, entre outros instrumentos e jogos). 3.2 - Conceituação e objetivos da Educação Física Adaptada O corpo é o principal instrumento da Educação Física. É uma das áreas responsáveis pela disseminação das normativas midiáticas de “corpo ideal”. A idealização de corpos definidos, rígidos, magros e perfeitos, não cabe à pluralidade de corpos existentes na sociedade. Entre os corpos “diferentes” das padronizações sociais, está o corpo com deficiência. Como ocorre o diálogo da Educação Física com o corpo da pessoa com deficiência? Nesta seção, iremos aprender quais são as ações, diálogos e desenvolvimento da Educação Física no âmbito do atendimento aos indivíduos com deficiência. Primordialmente, é necessário realizar uma breve apresentação da construção histórica da Educação Física no contexto da Educação Especial. A concepção construída historicamente de Educação Física e atividade física, recentemente acolheu os deficientes em suas práticas. Por um longo período, a ideia que abrangia os conteúdos e/ou modalidades esportivas visava à perfeição, 33 performance e o corpo perfeito e saudável. Sendo assim, os corpos “defeituosos” eram excluídos desta sociedade esportiva. O esporte adaptado surgiu após a Segunda Guerra em especial, visando à reintegração do soldado na sociedade, tornando-o “útil” novamente. Este esporte adaptado é definido por Winnick (1990) citado em SESI (2001, p. 23) como “experiências esportivas modificadas ou especialmente designada para suprir as necessidades especiais de indivíduos”. Nesse sentido, após o surgimento do esporte adaptado, surgiram também políticas públicas que cumprissem essa prática ao público-alvo. Na Constituição Federal, o Decreto nº 914, de 06 de Setembro de 1993, no capítulo II estabelece no item I - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de modo a assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no contexto socioeducacional e cultural (SESI, 2001, p. 25). Importante Outra normativa da Constituição Federal que podemos destacar refere-se ao artigo 217 que afirma que é “Dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um” isto é, TODOS tem o direito à prática esportiva e ao lazer. Nessa mesma acepção, o Capítulo III Das Diretrizes, Art. 5º, item III apresenta a inclusão da pessoa portadora de deficiência, respeitadas as suas peculiaridades, em todas as iniciativas governamentais relacionadas à educação, saúde, trabalho, edificação pública, seguridade social, transporte, habitação, cultura, esporte e lazer. Podemos destacar também, neste sentido, a criação do: Centro Nacional de Educação Especial (CENESP); na década de 80, a promulgação do parecer do Conselho Nacional de Educação n. 215/1987, que sugere a inclusão da disciplina Educação Física Adaptada para compor os adaptas dos cursos de Graduação em Educação Física bem como, já na década de 90 e nos anos 2000, de uma série de propostas e leis na direção da inclusão no espaço escolar ( GOMES, ALMEIDA E BRACH, 2010, p.8). 34 Nesse contexto, tendo a Educação Física como disciplina obrigatória nas instituições educacionais, questiona-se ainda a adaptação e reformulação dos conteúdos estruturantes dos vários níveis de ensino, tentando romper os estereótipos de educação física escolar já estabelecida e construída historicamente. A partir deste momento, a Educação Física passa a ser chamada de Educação Física Adaptada ou Inclusiva. “Educação Física para pessoas portadoras de necessidades especiais. São consideradas atividades apropriadas e possíveis às atividades desenvolvimentistas, jogos, esportes e atividades rítmicas. Toda a programação deve ser adequada aos interesses, capacidades e limitações dos estudantes” (SEAMAN; De PAUW apud PEDRINELLI, 1994, p.8). Ressalta-se que essa perspectiva de Educação Física não visa performance, técnica, agilidade, competitividade, mas sim uma inserção de todos (as) os (as) alunos (as), de acordo com suas limitações, como apresenta BUENO e RES (1995) afirmando que: Educação Física Adaptada para pessoas com deficiência não se diferencia da Educação Física e seus conteúdos, mas compreende técnicas, métodos e formas de organização que podem ser aplicados ao indivíduo deficiente. É um processo de atuação docente com planejamento, visando atender às necessidadesde seus educandos”. BUENO e RES (1995) Segundo Duarte e Werner (1995, p.9) a Educação Física Adaptada: É uma área da Educação Física que tem como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com necessidades educativas especiais, adequando metodologias de ensino para o atendimento às características de cada portador de deficiência, respeitando suas diferenças individuais (DUARTE; WERNWE, 1995). Por conseguinte, o profissional de Educação Física que atua na Educação Especial deve compreender que o principal objetivo da Educação Física Adaptada é disponibilizar práticas físicas e psicomotoras direcionando o atendimento de todos os alunos, respeitando e adaptando as atividades, 35 buscando um desenvolvimento e crescimento global do aluno, procurando fazer que este evolua, melhore sua autoestima e tenha autonomia durante as atividades solicitadas. Além disso, é essencial que o docente tenha o conhecimento sobre os tipos de deficiências, suas causas, peculiaridades, possíveis ações psicológicas, o histórico do aluno e suas limitações físicas de um modo geral, para depois elaborar atividades de acordo com as condições dos alunos e adequar as atividades durante as aulas de Educação Física. Converse Com Seus Colegas Para dar condições a todos os estudantes com deficiência, faz-se necessário algumas adequações como: - adaptação de material e sua organização na aula: tempo disponível, espaço e recursos materiais; - adaptação no programa: planejamento, atividades e avaliação; - aplicar uma metodologia adequada à compreensão dos alunos, usando estratégias e recursos que despertem neles o interesse e a motivação, por meio de exemplos concretos, incentivando a expressão e criatividade; - adaptações de objetivos e conteúdos, adequando-os, quando for necessário, em função das necessidades especiais, dando prioridade a conteúdos e objetivos próprios, definindo mínimos e introduzindo novos quando for preciso BUENO E RESA (1995) apud CIDADE (2002, p. 5). A partir de tais adequações citadas, converse, entre colegas, sobre a existência ou ausência de adaptações, e possíveis formas de melhorias ou de criação de adaptações necessárias para a acessibilidade de todos os estudantes com deficiência, no ambiente escolar e nas possibilidades da prática de uma atividade adaptada. Assim sendo, o corpo é o principal instrumento da Educação Física. No plano da Educação Especial não é diferente, dado que como já citado, cabe aos profissionais às devidas adaptações necessárias ao ambiente, espaço e público atendido. Logo, fazendo uma reflexão sobre as atividades adaptadas, Rodrigues apud Araújo (1998, p. 17) afirma que: Este termo parece sugerir que a atividade é estandardizada e que, para ser praticada por pessoas com deficiência necessita ser adaptada. [...] A atividade, os materiais, os estilos de ensino, os enquadramentos, etc., têm que ser adaptados porque a 36 pessoa tem menos possibilidade de adaptação. Adaptar uma atividade, sem sentido lato, pode ser, pois, construir uma atividade para um objetivo definido - por exemplo, desenvolver a consciência corporal. Adaptação ou usando um termo mais genérico - a adaptabilidade pode se referir a modificações numa atividade padronizada (RODRIGUES, 1996 apud ARAÚJO, 1998, p.17). Portanto, para uma Educação Física Inclusiva para todos os alunos são necessárias atividades adaptadas, reflexão e análise das possibilidades de cada estudante, com espaços e infraestrutura que contribuam para o desenvolvimento didático-pedagógico dos profissionais. A Educação Física Adaptada não possui receitas prontas de metodologias ou sequências pedagógicas. Sendo um trabalho muito singular, inicialmente o trabalho da educação física é de conhecer o que pode cada corpo, sem subestimá-los em sua universidade de potência. A estimulação e experimentação de práticas corporais devem permear as ações do discente perante aos estudantes. A Educação Física Adaptada deve ensinar os alunos a fazer mudanças dentro de si. Para conseguir isso, deve-se respeitar a individualidade de cada um, respeitar suas diferenças e limitações, trabalhar suas potencialidades, nunca subestimá-los, vibrar com suas conquistas, motivá-los a dar novos passos e oferecer oportunidade para que eles possam desfrutar da alegria proporcionada pela prática recreativa e esportiva (ROSADAS, 1989). Dessa forma, a Educação Física Adaptada objetiva-se criar, desenvolver e/ou aumentar a gama de desenvolvimento corporal, visando melhoria nas habilidades físicas, motoras e na saúde. Além disso, estabelece relações com o corpo perante as capacidades e limitações, as quais são facilitadas no processo de adaptação ao meio, de qualidade de vida, autonomia e autoestima. Além do desenvolvimento físico e motor, as atividades físicas adaptadas proporcionam desenvolvimento intelectual, afetivo e social. Por meio das práticas corporais, os estudantes se desenvolvem no âmbito motor, cognitivo e afetivo. A atividade adaptada tem, como objetivo, o estudo a motricidade humana para as pessoas com deficiência, adequando metodologias de ensino para o atendimento às características de cada pessoa com de deficiência, respeitando 37 suas diferenças individuais (SEAMAN; De PAUW apud PEDRINELLI, 1994). Importante A Educação Física Adaptada é uma parte da Educação Física, cujos objetivos são o estudo e a intervenção profissional no universo das pessoas que apresentam diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físicas. Seu foco é o desenvolvimento da cultura corporal de movimento. Atividades como ginástica, dança, jogos e esportes, conteúdos de qualquer programa de atividade física devem ser considerados tendo em vista o potencial de desenvolvimento pessoal (e não a deficiência em si) (GORGATTI; COSTA, 2005). A Educação Física na Educação Especial divide-se em três níveis: Nível I - Educação Infantil (0 a 6 anos), nível II - Escolarização Inicial (7 a 14 anos) e nível III - Escolarização e profissionalização (acima de 14 anos). De acordo com estes níveis e as capacidades físicas na qual o estudante se encontra, a Educação Física objetiva: Nível I: Estimulação motora; desenvolvimento do sistema motor global por meio da estimulação das percepções motoras, sensitivas e mental, com experiências vividas do movimento global; desenvolvimento dos movimentos fundamentais. Nível II: Estimulação das habilidades básicas; melhoria da educação e aumento da capacidade de combinação dos movimentos fundamentais; desenvolvimento de atividades coletivas, visando à adoção de atitudes cooperativas e solidárias, sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, sexuais ou culturais. Nível III: Estimulação específica e iniciação esportiva; aprendizagem e desenvolvimento de habilidades específicas, visando à iniciação esportiva; treinamento de habilidades esportivas específicas, visando à participação em treinamento e competições (STRAPASSON; CARNIEL, 2007). 38 Ví deo Para ampliar seus conhecimentos sobre Educação Física, segue abaixo alguns vídeos que irão contribuir para melhor entendimento e clareza sobre o tema: E você. Já ouviu falar em Educação Física Adaptada? Disponível em: https://www.y outube.com/watch?v=A6xRbCogybQ 3.3 Promoção da prática esportiva e as atividades motoras como forma de estimulação A Educação Física, em sua construção histórica, já esteve muito atrelada aos aspectos médicos e terapêuticos, no que diz respeito ao atendimento às pessoas com deficiência. Na atualidade, essa área saiu da visão unicamente clínica, e está se desenvolvendo na perspectiva pedagógica, social e de conhecimento mais aprofundado do público-alvo. A Educação Física Adaptada objetiva proporcionar o atendimento de práticas corporais a estudantes comdeficiência, intencionando no desenvolvimento global, desvelando e valorizando as potencialidades desses corpos, mas, sobretudo, respeitando as limitações e capacidades de cada um. Por meio dessas práticas muito singulares a cada estudante, visa-se à facilitação da amplitude de movimentos e autonomia, contribuindo no processo de inclusão social. Desse modo, as práticas esportivas e atividades motoras são grandes ferramentas no processo de estimulação neuromotora e social, lembrando sempre de respeitar o que pode cada corpo, sem minimizar as potencialidades que nele possam ser descobertas. Assim, as práticas corporais devem levar em consideração o comprometimento motor, a idade cronológica e o desenvolvimento cognitivo. Para isso, BUENO e RESA apud CIDADE E FREITAS (2002, p. 43), nos propõe um programa baseado nos seguintes conteúdos essenciais no trabalho da Educação Física Adaptada: Esquema corporal; Coordenação; Equilíbrio; https://www.youtube.com/watch?v=A6xRbCogybQ https://www.youtube.com/watch?v=A6xRbCogybQ 39 Organização espaço-temporal; Qualidades físicas básicas; Socialização; Importante Outra proposta de programa de conteúdos apresenta os seguintes objetivos no trabalho da Educação Física Adaptada: Desenvolver ou aperfeiçoar: autoconceito positivo; competência social, integração sensório-motora; aprendizagem perceptivo- motora; padrões e habilidades motoras; aptidão física e estilo de vida saudável; postura e aparência, competência em jogos; atividades de lazer e relaxamento; habilidades aquáticas e dança; habilidades esportivas e de competição; e desenvolver atitudes e conceitos sobre: habilidades, atividades, movimento, saúde e bem-estar; condicionamento físico. (MAUERBERG DE CASTRO 2005, p. 278, apud CIDADE, FREITAS 2002, p. 43). Para o alcance dos objetivos acima citados, é necessário que o profissional tenha informações relevantes sobre o tipo de deficiência e suas limitações físicas e fisiológicas, cirurgias recentes e informações de diferentes aspectos sobre conhecimentos referentes ao desenvolvimento físico, sensorial, cognitivo, afetivo, social, emocional e neurológico. Outro ponto relevante é mencionar sobre a estimulação, além dos conhecimentos prévios dos estudantes. Refere-se à metodologia que será adotada, levando em consideração o tempo de permanência na atividade e quais as práticas de maior interesse, quais desencadeiam desestabilizações emocionais e/ou comportamentais, adaptação de materiais e/ou espaços, atividades motivacionais que promovam o interesse e expressão dos estudantes e flexibilidade perante o planejamento, objetivos e avaliações. 40 Curiosidade Outros fatores que os profissionais devem saber: pessoas com Síndrome de Down apresentam: 50% de problemas respiratórios, 40% de hipotonia generalizada e quase 100% com obesidade, problemas de linguagem, retardo mental, hérnia umbilical, variação térmica e, muito comum, cardiopatias. Para a estimulação de estudantes com Deficiência Visual, é importante ambientar o discente no espaço físico escolar, por meio de trabalhos de orientação e mobilidade, para conhecimento de declives, subidas, escadas, rampas etc., evitando, assim, possíveis acidentes. Oportuno mencionar os objetivos e conceitos da Educação Física, que suas práticas sejam motivacionais e contribuam para o desenvolvimento global dos estudantes. Desmistificar uma Educação Física linear e sequencial, baseada no movimento pelo movimento, a qual não cabe à realidade de estudantes com deficiência. A sutileza da valorização de todos os movimentos e ações corporais, além da persistência e experimentação constante, são questões norteadoras do processo de ensino na Educação Física Adaptada. Importante também a paciência, pois alguns alunos necessitam de mais tempo, ou suas limitações não permitirão a realização do movimento proposto. Entretanto, a flexibilização de atividades corporais, práticas e do planejamento é primordial. No mais, como cada corpo é singular, o ensino de Educação Física na Educação Especial é também subjetivo, sendo que cada estudante lhe retornará respostas e estímulos diferentes e peculiares. Ser professor de Educação Física na Educação Especial é nunca ter rotina, cada aula é surpreendente. Resumo da Aula Nesta aula foram apresentadas diversos recursos pedagógicos e materiais educacionais para diferentes tipos de deficiência, e como esses mecanismos contribuem na facilitação do processo de ensino-aprendizagem, ou nas atividades de vida diária e de relações sociais. 41 Foi exposto, resumidamente, a construção da Educação Física na Educação Especial, sua evolução e desenvolvimento nos atendimentos as pessoas com deficiência. Apresentamos algumas legislações que garantiram este avanço da atividade física adaptada. Além disso, vimos às capacidades físicas a serem trabalhadas em diferentes níveis de ensino e recomendações de capacidades físicas a serem trabalhadas e/ou estimuladas durante as aulas de Educação Física na Educação Especial. Atividade de Aprendizagem Pensando no uso de materiais didáticos de Tecnologias Assistivas, faça uma pesquisa referente a outras Tecnologias Assistivas que já existem ou ainda estão em fase de construção e materiais didáticos que não foram citados nesta aula, para que cada um deles contribua no processo de ensino-aprendizagem e/ou qualidade de vida de pessoas com deficiência. Aula 4: O desenvolvimento e a socialização de crianças e adolescentes autistas; e Legislação, estrutura, funcionamento e eventos da Educação Física Adaptada na Sociedade Apresentação da aula 4 Nesta aula serão abordados conceitos e características das crianças com autismo e a forma de estimulá-las por meio de atividades corporais nas aulas de Educação Física. Iremos ver também sobre algumas Legislações que promovem a fomentação e funcionamento da Educação Física Adaptada na sociedade. Além disso, veremos algumas políticas públicas e ações que impulsionam a prática da atividade física adaptada. 4.1 O desenvolvimento e a socialização de crianças e adolescentes autistas 42 Um dos temas mais enigmáticos da Educação Especial refere-se ao autismo. Inúmeros estudos tentam desvelar as causas do desenvolvimento do autismo, mas não há certezas ainda sobre o tema. Primeiramente, é essencial saber, pelo menos, as principais características sobre o autismo. O termo advém do grego autós e tem o significado de “si mesmo”. Para ser atestado com autismo, o indivíduo é acometido de uma tríade que envolve dificuldade na interação social, comprometimento na linguagem e ações repetitivas. Atualmente, a tríade de dificuldades perante as interações sociais, linguagem prejudicada e movimentos repetitivos, são nomeadas de Transtorno do Espectro Autista (TEA), tendo o diagnóstico ainda nos primeiros anos de vida. Outros transtornos que fazem parte desta nova nomenclatura do espectro, e que antes tinham diagnósticos distintos são: F84. - Transtornos Globais do Desenvolvimento; F84.0 - Autismo Infantil; F84.1 - Autismo Atípico; F84.5 - Síndrome de Asperger; F84.8 - Outros Transtornos Globais do Desenvolvimento; F84.9 - Transtornos Globais não Especificados do Desenvolvimento. Importante O Autismo Atípico é quando há um comprometimento grave na interação social, da comunicação verbal e na presença de estereotipias (movimentos repetitivos), tendo início em idade tardia (CUNHA, 2009, p. 21). Alguns padrões comportamentais são presentes nas crianças autistas, com formas singulares de interação com o meio. A dificuldade ou a não interação com outras pessoas, o manuseio de objetos de modo anormal, dificuldade na fala e escrita, são alguns exemplos. Por isso, toda a estimulação para as crianças autistas
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