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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARTIDO POLÍTICO, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob o nº... e no TSE sob o nº..., endereço eletrônico ..., com sede na Rua..., nº..., CEP..., bairro..., Cidade..., Estado..., por meio de seu advogado devidamente instruído (procuração em anexo), com escritório na..., indicado para receber as notificações devidas ( art.77, V, do Código de Processo Civil), vem, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 102, I, “a”, da CRFB/88 e na Lei nº 9.868/99, ajuizar AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONAIDADE COM PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR Em face do PRESIDENTE DA REPÚBLICA e do CONGRESSO NACIONAL, neste ato representado pela pessoa de seu presidente, Sr..., pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: I – DOS FATOS Ao demonstrar preocupação com o aumento de ataques terroristas no mundo, o Governo brasileiro vinculou-se à Convenção sobre Direitos Humanos das Vítimas de Atividades Terroristas, que impõe restrições aos direitos dos presos condenados por crimes ligados a atividades terroristas. O presidente da República assinou o referido tratado, e o encaminhou ao Congresso Nacional, que aprovou o texto na forma de decreto legislativo, posteriormente foi ratificado e promulgado pelo Presidente. Na redação do artigo 22 da supracitada Convenção, fica estabelecido que: “as presas condenadas por crimes resultantes de atividades de terrorismo, logo após darem à luz, deverão deixar seus filhos sob a responsabilidade de entidade pública de assistência social até que cumpram integralmente a pena”. Foi possível averiguar que em todo o país, inúmeros juízes vêm aplicando integralmente esse artigo. II – DA COMPETÊNCIA Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição Federal, competindo-lhe processar e julgar, originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, contrários à Constituição Federal (art. 102,1, "a", da CRFB/88), e o pedido cautelar correspondente (alínea "p” do mesmo dispositivo). Portanto, revela-se inequívoca a competência desta Corte Suprema para o julgamento da presente ação direta. III – DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA A legitimidade ativa para atuar no controle concentrado de constitucionalidade foi entregue a um rol taxativo, presente no art. 103 da Constituição Federal. Logo, o Partido Político com representação no Congresso Nacional detém legitimidade ativa universal para ajuizar a ação direta de inconstitucionalidade, haja vista a previsão do art. 103, VIII, da CRFB/88 e do art. 2º, VIII, da Lei n° 9.868/99. ). Ademais, não é necessário demonstrar pertinência temática, em razão de a jurisprudência do STF ter firmado sua condição de legitimado universal para a propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade. Por outro lado, justifica-se a legitimidade passiva do Presidente da República e do Congresso Nacional (por intermédio de seu Presidente), porque correspondem à autoridade e ao órgão responsáveis pela edição, respectivamente, do Decreto presidencial e do Decreto legislativo, aqui impugnados. IV – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS IV. 1 – DA INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DO ARTIGO 22 DA CONVENÇÃO Embora compreenda uma Convenção Internacional sobre Direitos Humanos, a Convenção sobre Direitos das Vítimas de Atividades Terroristas, tem status de lei ordinária, tendo em vista que fora integrada em nosso ordenamento jurídico pelo rito ordinário, não se impondo quórum qualificado na forma do art. 5º, § 3º da Constituição Federal, mas sim conforme as regras anteriores à EC 45/04, estando, destarte, sujeita ao controle de constitucionalidade. A inconstitucionalidade material evidencia-se quando o conteúdo do ato normativo entra em conflito com os princípios constitucionais. Tal inconstitucionalidade encontra-se presente no art. 22 da Convenção sobre os Direitos Humanos das Vítimas de Atividades Terroristas, visto que o referido dispositivo vai de encontro com o art. 5º, L, da CRFB/88. Nos termos do art. 5º, L, da CRFB/88: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; É evidente a violação do dispositivo no art. 22 da Convenção, frente à Carta Magna, ao dispor nos seguintes termos: "as presas condenadas por crimes resultantes de atividades de terrorismo, logo após darem à luz, deverão deixar seus filhos sob a responsabilidade de entidade pública de assistência social até que cumpram integralmente a pena". Nos termos da esteira fundamentação exposta, resta comprovada a inconstitucionalidade do art. 22 da Convenção, e, portanto, dos decretos legislativo e presidencial, cuja integração dá força e validade à convenção, diante do disposto no art. 5°, L, da CRFB. De forma derradeira, demonstrada a inconstitucionalidade do art. 22 da Convenção sobre Direitos das Vítimas de Atividades Terroristas e dos decretos referenciados, deve-se admitir a presente Ação Direta de Inconstitucionalidade, para que no mérito seja julgada procedente, declarando-se a inconstitucionalidade do referido dispositivo, assim como dos decretos que levaram por sua convalidação. V – DA MEDIDA CAUTELAR Em ação desta natureza, pode a Corte conceder medida cautelar que assegure, temporariamente, tal força e eficácia à futura decisão de mérito. Neste sentido é a previsão do artigo 102, I, alínea “p”, da Constituição Federal de 1988 e do artigo 10 da Lei 9.868/1999. Como anteriormente exposto, o art. 22 da Convenção sobre os Direitos Humanos das Vítimas de Atividades Terroristas afronta diretamente o texto do art. 5º, L, da CF, e, por isso, deve ter seus efeitos suspensos. Há plausibilidade jurídica na arguição de inconstitucionalidade constante da inicial, em virtude da patente contrariedade ao exercício de um direito assegurado pela Constituição (direito da gestante presa de permanecer com seu filho durante o período de amamentação) – “fumus boni iuris”. Está igualmente atendido o requisito do “periculum in mora”, em face do dano irreparável causado aos recém-nascidos que podem ser privados do contato materno, sobretudo na fase de amamentação, sendo desumanamente retirados do convívio de suas mães. Diante disso, com fundamento no art. 102, I, “p”, da Constituição Federal, o Partido Político requer que seja deferida a medida cautelar, nos termos do art. 10 da Lei 9.868/1999, após audiência com o Presidente da República e do Presidente do Congresso Nacional. Isso porque, como já restou demonstrado, estão presentes a relevância do fundamento (fumus boni iuris) e o periculum in mora. Portanto, nota-se que o presente caso, motivo da ação proposta, é totalmente passível de medida cautelar, em razão do cumprimento dos requisitos esbanjados acima, que uma vez constatados, ensejam imediatamente sua concessão, além da repercussão social negativa. Desse modo, deve ser suspensa, de imediato, a norma objeto da presente impugnação, assim como deverá ocorrer a suspensão de todos os processos que tramitam no controle difuso que tenham esta norma como objeto de discussão. VI – DOS PEDIDOS Diante do exposto, vem-se requerer: a) a intimação do Sr. Presidente da República e do Sr. Presidente do Congresso Nacional para que, como autoridades responsáveis pelo ato normativo questionado, manifestem-se no prazo de cinco dias, sobre o pedido de concessão de medida cautelar, com fundamento no artigo 10 da Lei 9.868/1999;b) a concessão de medida cautelar com base no artigo 10 da Lei 9.868/1999, para suspender a eficácia do dispositivo (cópias anexas nos termos do artigo 3.º, parágrafo único, da Lei 9.868/1999); c) a intimação do Sr. Presidente da República e do Sr. Presidente do Congresso Nacional para que, como autoridades responsáveis pela incorporação do tratado questionado, manifestem-se sobre o mérito da presente ação, no prazo de trinta dias, nos termos do artigo 6.º, parágrafo único, da Lei 9.868/1999; d) a intimação do senhor Advogado-Geral da União, para se manifestar sobre o mérito da presente ação, no prazo de quinze dias, nos termos do artigo 8.º da Lei 9.868/1999 e da exigência constitucional do artigo 103, § 3.º, da Constituição Federal de 1988; e) a intimação do senhor Procurador-Geral da República, para emitir seu parecer, no prazo de quinze dias, nos termos do artigo 8.º da Lei 9.868/1999 e da exigência constitucional do artigo 103, § 1.º, da Constituição Federal de 1988; f) a procedência do pedido de mérito, para que seja declarada a inconstitucionalidade do dispositivo [Cópias anexas nos termos do artigo 3.º, parágrafo único, da Lei 9.868/1999]. Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins procedimentais. Termos em que, pede deferimento. Local e data Advogado OAB n.º...