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INSPEÇÃO DE PESCADO: PONTOS CHAVES NA INSPEÇÃO PARA GARANTIR A QUALIDADE DO PESCADO NA MESA DO CONSUMIDOR Palestrante: Renata Miranda de Carvalho Tathiely Costa Ferreira Lima Entende-se por pescado os peixes, os crustáceos, moluscos, os anfíbios, os répteis, os equinodermos e outros animais aquáticos usados na alimentação humana. No pescado é extremamente importante o controle de temperatura, pois as carnes são de alta digestibilidade, o pH é próximo do neutro e são facilitadores da degradação. Sendo assim, para se produzir o pescado é preciso seguir regras presentes no RISPOA. No art. 205 parágrafo único, diz que o pescado proveniente da fonte produtora não pode ser destinado à venda direta ao consumidor sem que haja prévia fiscalização, sob o ponto de vista industrial e sanitário. No art. 208 descreve que é obrigatório a lavagem prévia do pescado utilizado como matéria-prima para o consumo humano direto ou para a industrialização de forma a promover a limpeza, a remoção de sujidades e microbiota superficial. Além disso, existem outras obrigações dos estabelecimentos descritas no RISPOA bem mais recetentes (Dec. 10.468/2020) onde no art. 207 fala que deve-se garantir a identidade, a qualidade e a rastreabilidade do pescado (obtenção na produção primária até recepção no estabelecimento, incluindo o transporte). Sendo assim, quando o estabelecimento recebe uma produção primária deve-se realizar o cadastro do produtor ou embarcações de pesca e também é responsabilidade do estabelecimento a implementação de programas de melhoria da qualidade de matéria-prima e de educação continuada dos fornecedores. Caso os estabelecimentos use local intermediário é preciso ter controle higiênico sanitário do local e ter declarado no seu PAC, o local não pode oferecer risco a qualidade do pescado. No entanto, a indústria precisa lançar mão de controles presentes no art. 209 que são eles: análises sensoriais, indicadores de frescor, controle de histamina nas espécies formadoras, controle de biotoxinas ou de outras toxinas perigosas para a saúde humana (depuração), controle de parasitas. Todos esses controles são feitos no recebimento do pescado onde se avalia o produto que está sendo recebido. Nas análises sensoriais vão ser avaliados cor, odor, textura, sabor. Nos indicadores de frescor é utilizado um método de índice de qualidade, esse método foi primeiramente desenvolvido na Austrália, para avaliar o frescor e a qualidade do pescado. Nesse método se avalia olhos, pele, escamas, brânquias odor e textura e quanto maior a pontuação pior o pescado. Esse tipo de avaliação deve ser específica para cada espécie pois elas tem suas particularidades. No controle de histamina, nas espécies formadoras, a formação de histamina se dar através dos peixes que possuem uma alta quantidade de histidina (aminoácidos na musculatura), essa histidina juntamente com bactérias irão degradar o aminoácido que vai formar a histamina. Os principais formadores são Scombridae (atum, bonito, cavala), Scomberesocidae (tiravira), Pomatomidae (pomátomo), Coryphaenidae (dourado), Carangidae (olho-de-boi), Clupeidae (arenque, sardinha) e Engraulidae (anchova). No controle de parasitas a avaliação do risco será de acordo com o tipo de processamento e o tipo de pescado. Além disso, a origem do pescado também faz muita diferente, por exemplo, se o pescado for expedido inteiro a verificação de parasita deve ser feita de forma externa. Em ralação aos fatores que influenciam na qualidade do pescado podemos citar o tipo de pesca, se ela é extrativa (artesanal ou industrial). Dentre esse tipo de pesca temos o espinhel fixo ou de fundo, que pode ter variação grande de tempo entre o primeiro peixe pescado e o último, deve-se ter atenção com peixes produtores de histamina, pois podem causar perda de qualidade. Na pesca de rede de emalhe de fundo ou fixa existe um problema pois pode-se pescar de forma acidental várias espécies e assim é preciso ter mais atenção na hora da separação. Outro tipo de pesca é o arrasto duplo que é uma modalidade muito utilizada pela frota comercial, que se destina à captura de peixes demersais ao longo da costa, essa modalidade é prejudicial ao meio ambiente, pois é uma pesca de espécies incidental e causa destruição do ecossistema (corais, sedimentos). Além do mais, outro fator que pode influenciar a qualidade do pescado é a aquicultura, pois a qualidade do pescado vai depender muito da qualidade da agua, manejo, qualidade da ração e jejum pré abate. Existem dois tipos de aquicultura que é a de tanque e rede onde o peixe tem menos espaço, nada menos, sofre mais estresse. O peixe tem tendência a ter o corpo longilíneo e a pele geralmente é mais escura devido a maior produção de melanina. Já a de tanque escavado é preciso um grande reservatório de agua para que haja troca da agua a cada arraçoamento. O peixe tem mais espaço para nadar, o lombo tende a ter maior altura, sofre menos estresse e a pele é mais escura. As fases do processamento do pescado são recebimento, lavagem, processamento e expedição. No recebimento é feito a verificação documental para garantir a rastreabilidade. Todo pescador deve ter o seu RGP (Registro geral de atividade pesqueira) registrado no MAPA, esse número deve estar citado na nota fiscal, assim como o número do SIF onde o pescado será inspecionado. Para produtos oriundos de aquicultura é preciso ter o GTA e boletim sanitário. No recebimento além de conferir a documentação é preciso verificar a higiene do caminhão, se existe odores de contaminações químicas, observar a temperatura do pescado (para os peixes formadores de histamina 4,4°C), quantidade de gelo, tamanho do pescado se estar de acordo com a solicitação comercial e com o tamanho mínimo autorizado pelo IBAMA, conferência da espécie pois algumas espécies tem período de defeso (período que o pescado não pode ser capturado). Na lavagem é utilizada agua potável, porem geralmente se lava com agua hiperclorada variando de 2 a 5 PPM CL reduzindo a microbiota contaminante. Diante disso, é possível concluir que o pescado é um produto altamente perecível, requerendo uma série de normas específicas e cuidados adicionais durante seu transporte, beneficiamento e armazenamento, de forma a garantir sua inocuidade e qualidade. Desse modo, por força de lei, é preciso resguardar a segurança do alimento, sendo assim, o produto pescado não pode ser destinado à venda direta ao consumidor sem que haja prévia fiscalização, sob o ponto de vista industrial e sanitário.
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