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I. Cuidados Paliativos Definição (OMS): “Abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameaçam a continuidade da vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento. Requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. “ Princípios básicos: Promover o alivio da dor e sintomas desagradáveis. Afirmar a vida e considerar a morte um processo normal da vida. Não acelerar nem adiar a morte. Integrar aspectos psicológicos e espirituais. Oferecer suporte que possibilite o paciente viver tão ativamente até o momento da morte. Oferecer suporte aos familiares durante a doença e o luto. Oferecer abordagem multiprofissional, inclusive no luto. Melhorar a qualidade de vida. Iniciar precocemente o cuidado paliativo, bem como medidas de prolongamento da vida. Incluir investigações necessárias para melhor compreender e controlar as situações clínicas estressantes. É uma disciplina holística com domínios físicos, psicológicos, espirituais, existenciais, sociais e éticos. Não é restrito à pacientes oncológicos ou em momentos finais de vida. Podem ser programados desde o momento do diagnóstico. Tais cuidados envolvem o atendimento físico, psicológico, social e as necessidades práticas dos pacientes gravemente doentes. Apesar dos melhores esforços e da tecnologia disponível atualmente, a transição entre cuidados terapêuticos e cuidados paliativos é dificultada por duas questões: 1. O desejo de evitar a morte. 2. A incapacidade da medicina para prever o futuro, e para dar aos pacientes um prognóstico preciso, confiável sobre quando a morte virá. Aplicando Cuidados Paliativos: I. Baseia-se em três princípios éticos: 1. Manutenção e retirada do tratamento: É mais confortável manter do que retirar estratégias terapêuticas; Frente a morte iminente, deve-se livrar o paciente de incômodos desnecessários (cateteres, sondas, PIA, exames laboratoriais); Existem ferramentas disponíveis para estabelecer o prognóstico destes pacientes e avaliar a sua capacidade funcional, são as escalas de performance status karnofsky e zubrod e a escala de performance paliativa (PPS - Mais utilizada). Lidando com a morte: Nos EUA, 20% das mortes anuais ocorrem em centros de terapia intensiva; Baseados em protocolos endossados por características éticas e epidemiológicas, as estratégias do tratamento paliativo são compartilhadas com os pacientes e familiares e estes tem a opção de aderir às propostas ou não, se aptos para tal; Transmissão do prognóstico: Segue os mesmos parâmetros do protocolo SPIKES; Informações quantitativas x informações qualitativas; Números não provaram ser melhores; A esperança deve ser respeitada durante a divulgação prognóstico; Manter uma visão realista uma visão realista ao mesmo tempo; “Esperando o melhor, mas preparando-se para o pior”; Elucidar ao paciente/família toda e qualquer atitude a ser tomada; 2. Distinção entre matar e permitir morre: Baseia-se no consenso entre o prognóstico dado pelo médico e o entendimento e aceitação dessa informação pelo paciente/família, que têm o direito de escolher quais serão as estratégias a serem tomadas; 3. Duplo efeito: Duplo efeito entre manter o conforto do paciente mesmo que isso acelere sua morte; Diferente de Eutanásia; Baseia-se na diferença moral entre a administração de medicamentos no intuito de matar x administrá-los visando o conforto do paciente, mesmo que isso acelere sua morte; É uma premissa controversa que leva em conta apenas as intenções do médico; Conclusões: A comunicação de más notícias deve ser uma habilidade presente nas qualificações dos médicos visto a prevalência de infortúnios inerentes à profissão; Saber lidar com o binômio paciente/família ajuda a diminuir o sofrimento e aumenta a confiança; As estratégias de cuidados paliativos devem abranger tanto o conforto do paciente no período pré-óbito, quanto a família após esse período; Medidas farmacológicas em cuidados paliativos: Controle da dor Avaliação objetiva Escala visual analógica da dor Qual a etiologia? Neuropática ou somática? Uso prévio de analgésico? Prescrever analgesia contínua com medicamento de resgate. Para dor leve: Usar analgésico simples como paracetamol, dipirona ou um agente anti-inflamatório não esteroide. Para a dor moderada: use opioides de ação curta (tramadol e codeína). Para dor grave: Titular rapidamente a dose de opióide de ação curta até que a dor seja aliviada ou os efeitos colaterais sejam intoleráveis; Iniciar de opioides de ação prolongada uma vez que a dor esteja controlada. Dispneia É multifatorial; Avaliar gravidade; Causa reversível? Manter cabeceira elevada, preferencialmente paciente sentado e bem ventilado. Oxigênio para tratar a hipóxia induzida pela dispneia (PaO2 < 85). Opioides para aliviar a dispneia sem mensuráveis reduções na saturação de oxigênio ou na frequência respiratória - Dose mais baixa do que para controle de dor. Codeína 30mg VO 4/4h ou Morfina 5mg VO 4/4h Nebulização com morfina 2,5mg + dexametasona 2mg diluído em 2,5mL de SF 0,9%. I. Associar fenoterol se broncoespasmo. II. Dose de morfina pode chegar à 50mg Ventiladores ou ar frio pode funcionar por meio de um ramo do nervo trigêmeo. Considerar os ansiolíticos (benzodiazepínico em dose baixa - Midazolan 5-10mg/dia) e técnicas de relaxamento. Náuseas e vômitos Definir mecanismo Metoclopramida 10-20mg 3-4x/dia EV ou SC Ondasetrona 8mg EV ou V 2-3x/dia Bromoprida 20-60mg/dia Prometazina 25mg 2-3x/dia (ação central e em receptores colinérgicos). Haloperidol 25mg 2-3x/dia (náuseas por uso de opióide). Constipação Usa Opióide? Há impactação fecal? Realizar exame abdominal e toque retal. Hidratação e aumento da ingestão de fibras. Óleo mineral 20-40mL 3X/dia (Atenção ao risco de broncoaspiração). Supositórios de glicerina 2/2 dias (paraplégicos). Laxantes (Bisacodil) para todos os pacientes em uso de opiáceos. Clister glicerinado quando medidas anteriores não surtirem efeito. Hipodermólise: Alternativa para administração de fluidos que usa a via subcutânea e sua vascularização, muito utilizada em cuidados paliativos. Absorção semelhante à via IM, atingindo concentrações séricas menores por mais tempo. Indicada em casos de intolerância à VO e impossibilidade de acesos venoso. Segura, fácil manipulação, desconforto mínimo, pode ter uso em domicílio, baixo custo. Volume diário recomendado 2000 a 3000 mL. As soluções isotônicas e com pH próximo à neutralidade são mais bem toleradas pela via SC. Entre os medicamentos tradicionalmente utilizados estão: clonidina, clorpromazina, dexametasona, fenobarbital, fentanil, furosemida, haloperidol, hioscina, hidrocortisona, quetamina, metadona, metilprednisona, metoclopramida, midazolam, morfina, naloxona, octreotide, ondansetrona, oxicodona, prometazina, ranitidina, tramadol, amicacina, ampicilina, atropina, cefepima, ceftriaxona, Omeprazol, pamidronato, tobramicina. Os medicamentos que têm baixa solubilidade em água e por isso são veiculados em soluções de características oleosas, como o propilenoglicol, não apresentam bom perfil de segurança para utilização desta via. Medicamentos como diazepam, diclofenaco e fenitoína ficam contraindicados. Soluções com extremos de pH (< 2 ou> 11) apresentam risco aumentado de precipitação ou irritação local, sendo incompatíveis com a via SC. II. Comunicação de Más notícias Os objetivos tradicionais dos cuidados intensivos são reduzir a morbidade e mortalidade associadas à doença crítica, manter a função do órgão, e restaurar a saúde. Devido à gravidade do estado de saúde dos pacientes em tratamento intensivo, tais objetivos podem não seguir como o esperado; Piora do quadro inicial, falha terapêutica, surgimento de novas patologias e, por fim, a evolução para o óbito são situações frequentes no manejo desses pacientes; A transmissão de más notícias é prática muito frequente na rotina de profissionais que lidam com pacientes gravemente enfermos; De acordo com estudo feito com 500 profissionais pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) em 1998, 60% indicaram ter dado más notícias aos pacientes entre 5 e 20 vezes por mês e outros 14% mais de 20 vezes por mês; Desenvolver a habilidade de transmitir essas informações é imprescindível para o profissional atuante nessa área; Má notícia pode ser definida como “qualquer informação que afeta seriamente e de forma adversa a visão de um indivíduo sobre seu futuro”. A transmissão da má notícia vai muito além do componente verbal, englobando outras habilidades, como responder às reações emocionais dos pacientes, lidar com o stress criado pelas expectativas de cura, o envolvimento familiar e o dilema de como dar esperança quando a situação é sombria. Ferramentas como a Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton (ESAS) podem ser muito úteis, sendo baseada na pesquisa diária de dor, cansaço, náusea, depressão, sonolência, ansiedade etc. Protocolo SPIKES Devido à mudança dos paradigmas sobre a transmissão de informações ao paciente, tornou-se necessário o desenvolvimento de um método que auxiliasse o médico a transmitir notícias desfavoráveis ao paciente de uma maneira menos impactante e que abordasse todos os aspectos relevantes. O protocolo SPIKES foi criado com base em estudos anteriores que descreviam técnicas de comunicação que facilitam o fluir da informação. S Setting Up the Interview Planejando a entrevista Ensaio mental; Buscar privacidade; Envolver pessoas importantes; Não fuja!!! Conecte-se com o paciente; Evite interrupções; P Perception Avaliando a percepção do Paciente “Antes de contar, pergunte.” Perguntas abertas: “O que já lhe foi dito sobre seu quadro clínico até agora?” “Qual a sua compreensão sobre as razões por que fizemos a Ressonância magnética?” Corrigir desinformações e moldar o paciente para a recepção da má notícia. I Invitation Obtendo o convite do paciente Questionar o paciente à respeito de como e quando quer ser informado sobre o andamento de seu quadro; Discutir o caso durante a propedêutica x discutir frente à piora do quadro; Respeitar o desejo do paciente; K Knowledge Dando conhecimento ao paciente Avisar ao paciente que más notícias estão por vir diminui o choque; “Infelizmente eu tenho más notícias a lhe dar”; “Sinto ter que lhe dizer que...” Observar o nível de instrução e vocabulário do paciente; Evitar jargões ou eufemismos; Evitar dureza excessiva; Dar informações gradativamente, observando a reação do paciente; Evitar frases terminais frente a um prognóstico ruim; E Emotions Abordar as emoções dos Pacientes Oferecer apoio e solidariedade ao paciente com uma resposta afetiva; Observar qualquer emoção; Identificar de qual emoção se trata; Identificar a razão da emoção; Mostrar ao paciente que você ligou a emoção à sua causa; Dar tempo para o paciente assimilar a informação; Manter as perguntas afetivas/exploratórias em caso de emoções veladas; S Strategy and Summary Estratégia e resumo Perguntar ao paciente se é o momento adequado para a discussão do tratamento; Compartilhar a decisão diminui a frustração em casos de falha terapêutica; Garantir conforto e atenuação das comorbidades inerentes ao quadro;
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