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● Processo Administrativo Fiscal Tributário O processo administrativo fiscal (PAF) contempla os procedimentos – litigiosos ou não – de natureza tributária que o contribuinte pode promover diretamente perante Fazenda Pública, a fim de buscar a solução de sua pretensão. Tais procedimentos podem ser requeridos em quaisquer das três esferas federativas: - No âmbito da União, na Secretaria da Receita Federal; - Na esfera dos Estados, o PAF será promovido na respectiva Secretaria de Fazenda Estadual; - Na competência municipal, será tramitado perante a Secretaria de Fazenda Municipal. No âmbito federal, o processo administrativo fiscal é regido pelo Decreto nº 70.235/1972, ao passo que, nos Estados, Municípios e Distrito Federal, cada ente federativo deverá possuir a sua própria legislação disciplinando o respectivo procedimento perante os seus órgãos fazendários. O processo administrativo fiscal caracteriza-se por ser “bilateral” e, embora não possua a figura do “juiz” e os requerimentos e impugnações do contribuinte sejam apreciados pela própria Administração Tributária, esta atuará de maneira vinculada à lei e pautada pelos princípios da Administração Pública, razão pela qual seus atos e decisões são considerados imparciais e impessoais. ⟶ Ação fiscal e autuação No caso de tributos ordinariamente submetidos ao lançamento de ofício, assim como aqueles sujeitos a lançamento por declaração e por homologação, o procedimento preparatório do lançamento é relativamente simples. No caso de lançamento de ofício revisional, a legislação disciplina com maior rigor o procedimento a ser seguido, este se desenvolve no âmbito de uma fiscalização. A fiscalização enseja a ingerência do Fisco no âmbito das atividades desempenhadas pelo sujeito passivo, com a entrada de agentes fiscais em seus estabelecimentos, a retenção e o exame de documentos fiscais etc. Os procedimentos de fiscalização são instaurados mediante expedição prévia de Termo de Distribuição do Procedimento Fiscal — TDPF, documento esse que constitui ordem do Delegado da Receita para que um auditor-fiscal realize determinada fiscalização. O TDPF, ao mesmo tempo que autoriza a ação do auditor-fiscal, delimita o objeto da fiscalização, definindo a abrangência do trabalho a ser realizado. O prazo para o cumprimento do TDPF-F (Fiscalização) é de 120 dias, prorrogáveis. A existência de TDPF é requisito para que a fiscalização ocorra de modo válido; sua ausência implica nulidade do procedimento. A ação fiscal poderá abranger apenas os tributos e períodos de apuração constantes no TDPF, sendo que a sua ampliação depende de registro no próprio Termo. Essa limitação está intimamente ligada à finalidade de controle administrativo. O contribuinte tem o direito de não fornecer informações e documentos que sejam pertinentes a tributo ou a período não abrangidos pelo TDPF, com a cautela de, em resposta a eventual intimação neste sentido, destacar que o fundamento da recusa é justamente inexistência de prévio TDPF com a abrangência pretendida. A não apresentação, pelo contribuinte, dos elementos solicitados abrangidos pelo TDPF implica descumprimento de obrigação tributária acessória, podendo configurar, por si só, infração autônoma sujeita a multa. Além disso, a falta de elementos para a análise da real atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte dá ensejo ao arbitramento dos tributos devidos. Concluído o procedimento de fiscalização e verificada a ocorrência de infrações decorrentes do descumprimento de obrigações principais e/ou acessórias, é lavrado Auto de Infração (AI), documento que formaliza a constituição do crédito, apontando o tributo devido e/ou aplicando a multa. O Auto de Infração, portanto, consubstancia lançamento de ofício do crédito tributário. O AI normalmente é acompanhado de documentos que detalham o trabalho realizado e a exigência fiscal. O primeiro deles é o Relatório Fiscal que indica o modo como foram apurados os créditos, as razões de direito e de fato que lhe dão sustentação. O segundo é o Discriminativo de Débito , com o detalhamento dos valores devidos, por competência, a partir de seus valores originários. Se a fiscalização apurar a existência de quantias devidas e não pagas, efetuando então o lançamento de ofício revisional destinado a constituir o crédito tributário a elas relativo. A notificação ao contribuinte conclui o procedimento de lançamento, sem ela, não se tem lançamento concluído, mas um procedimento inacabado e ineficaz. A notificação é essencial para que se tenha por efetivamente lançado o tributo e, assim, exercido pelo Fisco o direito de constituir o crédito tributário, afastando o decurso do prazo decadencial. ⟶ Notificação e intimação As notificações e intimações para apresentação de documentos, ciência de decisões, pagamento, oferecimento de impugnação ou recurso e para o que mais se fizer necessário no processo administrativo-fiscal podem ser feitas de modo pessoa, via postal ou por meio eletrônico, ou ainda de forma excepcional por edital. ⟶ Impugnação Caracteriza-se por se tratar de um procedimento de natureza contenciosa, que visa contestar um ato administrativo tido por irregular ou ilegal pelo contribuinte, instaurando-se um litígio a ser dirimido na esfera administrativa. A impugnação administrativa será materializada em um processo administrativo fiscal, que deverá ser protocolizado, no prazo de 30 dias, perante o órgão fazendário responsável, instruído com uma petição inicial do contribuinte contendo todos os argumentos de fato e de direito necessários e suficientes para fundamentar o requerido, bem como com todos os elementos comprobatórios pertinentes. Quando for oferecida impugnação parcial, a parte não impugnada poderá ser de pronto exigida. Um dos efeitos da impugnação é a suspensão da exigibilidade do crédito tributário até o seu julgamento final. Nesse sentido, prescreve o art. 151, III do CTN que suspendem a exigibilidade do crédito tributário as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo. Analisado o processo administrativo fiscal, e proferida uma decisão pela Administração Tributária (decisão colegiada, mesmo em primeirainstância), caso a impugnação do contribuinte seja julgada procedente, anula-se o ato administrativo fiscal impugnado. Por outro lado, caso seja julgada total ou parcialmente improcedente, caberá recurso à instância administrativa superior. No âmbito federal, trata-se do CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. No âmbito estadual e municipal, em regra, o órgão de segunda instância administrativa tributária chama-se “Conselho de Contribuintes”. Para interpor recurso, tem-se o prazo de 30 dias. Súmulas sobre recurso: Súmula Vinculante 21 do STF: “É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo”. A Súmula 373 do STJ já dispunha: “É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade A decisão administrativa fiscal produz apenas a denominada “coisa julgada administrativa”, significando a possibilidade de questionamento pelo contribuinte na esfera judicial quando for de seu interesse, ou seja, uma impugnação julgada improcedente, no todo ou em parte. OBS: Não apresentada impugnação tempestivamente, preclui o direito do contribuinte de se opor administrativamente contra a exigência tributária. Com isso, considera-se o crédito tributário definitivamente constituído. Passa a correr, então, o prazo prescricional quinquenal. Nesse prazo, o Fisco deve proceder à cobrança do crédito, seja amigavelmente através de Aviso de Cobrança, seja judicialmente mediante inscrição em dívida ativa e subsequente ajuizamento de execução judicial. ⟶ Outros procedimentos administrativos Consulta fiscal: é um procedimento administrativo de natureza voluntária, preventiva e não litigiosa, em que o contribuinte apresenta uma indagação perante a Administração Tributária responsável pela obrigação fiscal, a respeito de uma situação de fato ou de direito, de entendimento controvertido ou duvidoso, que possa ensejar a criação de uma obrigação tributária, seja principal ou acessória. A sua finalidade, portanto, é retirar a incerteza e conferir segurança jurídica ao contribuinte que seja diligente e esteja de boa-fé para o fiel e regular cumprimento de suas obrigações tributárias, uma vez que, a partir da resposta e com base nela, o contribuinte terá um parâmetro de como agir em relação àquela dada situação fiscal, vinculando a Fazenda Pública aos seus termos, de acordo com os fatos e o direito analisados. Requerimento de regime especial: é um procedimento administrativo fiscal de natureza voluntária, preventiva e não litigiosa, em que o contribuinte visa obter da Administração Tributária autorização para o cumprimento de obrigações acessórias de forma diversa da prevista na legislação vigente. A concessão do regime especial é ato discricionário da Administração Tributária, a ser deliberado por meio de despacho que deve esclarecer as normas especiais a serem observadas pelo contribuinte e o período de sua vigência, sendo que o regime especial poderá ser, a qualquer tempo e a critério da Fazenda, alterado ou suspenso. Denúncia espontânea: é o procedimento preventivo, voluntário e não litigioso, por meio do qual o contribuinte paga o tributo devido atrasado (já em mora), porém antes do início de qualquer procedimento administrativo, fiscalização ou autuação, tendo como objetivo a exclusão da infração (multa ou crime fiscal). Trata-se, portanto, de uma espécie de sanção premial, ou seja, um estímulo visando ao cumprimento da lei e, no Direito Tributário, dirigindo-se para a regularização da situação fiscal do contribuinte. Restituição e compensação tributária: enquadra-se também dentro da modalidade voluntária e não litigiosa de solução de uma pretensão tributária do contribuinte perante a Administração Tributária. Sendo considerado este pedido realizado na via administrativa como um direito potestativo do contribuinte, podendo ser realizado no prazo de cinco anos contados da data do pagamento indevido (extinção do crédito). No requerimento administrativo o contribuinte deverá identificar a origem e o valor do crédito solicitado, o motivo do pedido e a demonstração do cálculo do ressarcimento pretendido, juntando todas as guias de pagamento e demais documentos comprobatórios, por se tratar de um indébito tributário. Devem ser restituídas pela Administração Tributária competente as quantias recolhidas pelo contribuinte a título de tributo sob sua administração, nas seguintes hipóteses: I. cobrança ou pagamento espontâneo, indevido ou em valor maior que o devido; II. erro na identificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III. reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. ● Processo Judicial Tributário O processo judicial tributário (PJT) envolve todas as medidas judiciais dispostas no ordenamento jurídico para a solução de um conflito de interesses de natureza litigiosa entre o contribuinte e a Fazenda Pública. As medidas judiciais que o contribuinte pode mover em face da Fazenda Pública para defender os seus interesses de natureza tributária são: a) mandado de segurança; b) ação declaratória; c) ação anulatória; d) ação consignatória; e) ação de repetição de indébito. Por sua vez, as que a Fazenda Pública pode mover em face do contribuinte para recuperar o crédito tributário são: a) ação de execução fiscal; b) medida cautelar fiscal. Ações de iniciativa do contribuinte ⟶ Mandado de Segurança É utilizado sempre que o contribuinte se sente ameaçado por uma imposição tributária indevida e não se faça necessária dilação probatória. Também é para a solução de problemas relacionados a certidões negativas de débitos quando o contribuinte se sinta lesado pela omissão do Fisco, que deixe escoar o prazo de 10 dias para a expedição de certidão sem disponibilizá-la, ou quando o Fisco se nega a expedir Certidão Negativa de Débitos ou Certidão Positiva com Efeitos de Negativa. Sua grande vantagem é o rito célere (pequeno prazo para o oferecimento de informações, vista ao Ministério Público e imediata conclusão para sentença) e a não condenação em ônus sucumbenciais. O mandadode segurança pode ser interposto de duas formas: a. repressiva (suspensiva): quando o ato coator já estiver produzindo efeitos; b. preventiva: quando o ato coator estiver na iminência de ocorrer; Competência para a impetração do mandado de segurança é de natureza absoluta, delimitada pela natureza da autoridade coatora e sua sede funcional, sendo a autoridade coatora entendida como aquela apta a desfazer o ato ilegal ou abusivo. Como pressupostos para a impetração do mandado de segurança, temos: a. ato de autoridade pública: a autoridade coatora é aquela dotada de competência para corrigir a ilegalidade, por ação ou omissão; b. ato arbitrário: é o ato que viola direito do contribuinte, e deve estar eivado de vício de legitimidade, legalidade ou inconstitucionalidade; c. ato operante ou iminente: como não cabe a utilização da medida em face de lei em tese, deve haver um fato concreto de natureza tributária – fato gerador – ocorrido, em andamento ou prestes a ocorrer; d. contribuinte titular do direito: o contribuinte deve ser aquele que sofre ou que está na iminência de sofrer a violação do seu direito; e. direito líquido e certo: o contribuinte deverá comprovar inequivocamente, de plano e documentalmente, ser o seu direito incontroverso, pois não cabe dilação probatória no rito do writ; f. prazo decadencial de 120 dias: para sua impetração, o prazo é de 120 dias da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Havendo possibilidade da alegação do contribuinte e se, do ato impugnado, puder resultar a ineficácia da medida, poderá o magistrado conceder medida liminar. Um dos efeitos da concessão de medida liminar em mandado de segurança é a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, e sendo concedida liminar para suspender a exigibilidade de crédito tributário antes de este ter sido constituído, entende-se que pode a Fazenda Pública lançá-lo com a única finalidade de evitar a ocorrência da decadência, cujo prazo não se interrompe. OBS: Não cabe a concessão de medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários ou a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, porém embora não possa ser autorizada compensação através de medida liminar, o mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributário. Todavia, é incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte, o que se justifica pela impossibilidade de dilação probatória. Ademais, é também incabível a utilização do mandado de segurança para repetição do indébito tributário, dada a ausência de efeito condenatório patrimonial desta medida. Sentença transitada em julgado em mandado de segurança produz efeito de coisa julgada, atingindo apenas o fato e o direito objetos do mandado, sendo certo que novo ato coator da autoridade tributária, ainda que idêntico àquele anterior atacado e afastado pela ação mandamental, deverá ser objeto de outro mandado de segurança, salvo se tratar-se de uma relação tributária de natureza continuativa, como no caso de tributos cujos fatos geradores ocorrem repetindo-se mensalmente em uma relação tributária de trato sucessivo (por exemplo: Cofins, CSLL etc.). ⟶ Ação declaratória tributária Trata-se de uma medida judicial destinada a afastar um estado de incerteza ou controvérsia sobre a existência ou inexistência de relação jurídica de natureza tributária. Obs: Diferentemente do Mandado de Segurança, que não contempla dilação probatória, a ação declaratória é medida judicial de amplo conhecimento, cabendo todas as formas de prova para ambas as partes, inclusive perícia. O legitimado (autor) da ação declaratória tributária será o sujeito passivo da obrigação tributária, seja ele o contribuinte ou responsável, uma vez que será ele o beneficiário da declaração judicial a respeito da existência ou não da obrigação tributária, principal ou acessória, tendo no sujeito ativo da obrigação tributária a figura do réu desta ação. Assim, a ação declaratória tributária poderá ser: a) positiva: quando visa confirmar a existência de uma relação jurídica de natureza tributária; b) negativa: quando se busca declarar a inexistência de uma relação jurídica de natureza tributária. Na ação declaratória tributária podemos encontrar pedidos cumulativos. Algumas aplicações da ação declaratória em matéria tributária: a) para declarar existente ou inexistente uma obrigação tributária principal ou acessória em face de uma situação jurídica (inconstitucionalidade ou ilegalidade) ou situação de fato (realização do fato gerador); b) para que se reconheça a prescrição de uma obrigação tributária; c) para que se interprete uma norma legal aplicável a uma situação de fato; d) para que se interprete uma cláusula contratual em face de preceito legal tributário; e) para que se declare a aplicação de atualização monetária, juros e demais encargos incidentes; f) para que se declare a validade de determinado documento. ⟶ Ação anulatória tributária A ação anulatória tributária tem como objeto um lançamento tributário tido por ilegal ou irregular pelo contribuinte, ou uma decisão administrativa fiscal. O prazo prescricional para o ajuizamento da ação anulatória é de cinco anos, contatos da notificação do lançamento ou da decisão final do processo administrativo. A prestação jurisdicional pretendida tem eficácia predominantemente desconstitutiva . O valor da causa, na ação anulatória pura, será o valor consolidado da dívida que o contribuinte pretende anular. A condenação em honorários incidirá sobre tal valor. Pode-se cumular pedidos declaratório e anulatório, a fim de obter tanto o reconhecimento de que inexiste a obrigação de pagar tributo. A ação anulatória pode fazer as vezes dos embargos quando já exista ou sobrevenha execução fiscal devidamente garantida por penhora. Assim, garantido o juízo, pode ser requerida a suspensão da execução até que seja julgada a ação anulatória, o que será deferido se houver fundamentos relevantes. Obs: O ajuizamento de ação anulatória implica renúncia à esfera administrativa, de maneira que, se houver alguma impug- nação ou recurso administrativo pendentesde julgamento, serão considerados preju- dicados pela autoridade julgadora. Obs: Diferentemente da ação declaratória, que é proposta antes da constituição do crédito tributário, a ação anulatória será proposta após o ato administrativo de lançamento, visando invalidá-lo. Assim, pode ser promovida em momento seguinte ao lançamento tributário (notificação), quer durante o processo administrativo fiscal em que impugna aquele ato (renunciando à esfera administrativa), ou ainda mesmo após a inscrição em dívida ativa. ⟶ Ação consignatória tributária É uma medida judicial promovida pelo contribuinte contra a Administração Pública, visando extinguir regularmente a sua obrigação tributária, diante de uma recusa no recebimento do tributo ou da sua subordinação ao pagamento de penalidade ou cumprimento de exigências administrativas, assim como cabível quando houver mais de uma entidade tributante exigindo o respectivo pagamento. A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar. Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades. Esta ação poderá ser proposta tanto pelo sujeito passivo da obrigação tributária (contribuinte ou responsável), quanto por terceiro interessado em quitar a dívida em favor do devedor tributário. E o réu na ação de consignação de tributo será aquela pessoa jurídica dotada do poder de tributar e de exigir o cumprimento da obrigação objeto da ação. Obs: quando o contribuinte estiver diante de duas pessoas jurídicas distintas exigindo o tributo sobre o mesmo fato gerador, restarão aplicáveis as normas de competência e foro processual (hierarquia e/ou local do pagamento ou domicílio do credor). ⟶ Ação de repetição de indébito tributário Medida judicial utilizada pelo contribuinte que busca judicialmente o ressarcimento da Administração Pública pelo tributo indevidamente pago por ele. Haverá um pedido de reconhecimento judicial do pagamento indevido, cumulado com a condenação à restituição. O autor da ação, após requerer a declaração de existência parcial ou de inexistência total da relação jurídico-tributária que ensejou o pagamento tido como indevido, demanda ao juízo a condenação da Fazenda Pública à sua devolução (ou compensação) do que fora pago indevidamente ou a maior. Conforme estabelece o art. 165 do CTN: o sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, nos seguintes casos: I. cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II. erro na identificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III. reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. No caso de repetição de tributos indiretos, além de comprovar o pagamento do tributo indevido, caso se trate de exação que comporte a transferência do ônus financeiro para terceiros, o autor da ação deverá comprovar também que assumiu o encargo do pagamento ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la. O prazo para propor a ação é de cinco anos contados da data da extinção do crédito tributário – que ocorre geralmente com o pagamento do indébito –, sendo certo que, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, considera-se o momento do pagamento antecipado. Ações de iniciativa do Fisco ⟶ Ação de execução fiscal A ação de execução fiscal é a via processual adequada para o sujeito ativo da relação tributária, munido da Certidão de Dívida Ativa (CDA) como título executivo extrajudicial, obter do sujeito passivo (contribuinte, substituto ou responsável tributário), a satisfação compulsória do seu crédito. Após tornar-se definitivo o lançamento do tributo e não sendo pago espontaneamente pelo contribuinte, o crédito tributário é inscrito na dívida ativa e dela é extraída a Certidão da Dívida Ativa, que será o título executivo extrajudicial objeto da ação de cobrança judicial promovida pela Fazenda Pública contra o contribuinte devedor. Dada a sua natureza, este título é dotado de presunção de liquidez e certeza iuris tantum, fazendo com que o executado tenha o ônus da prova para demonstrar, de forma inequívoca, o que alegar contra o título objeto da cobrança Obs: se a Fazenda Pública não dispuser do título executivo próprio, deverá mover uma ação ordinária de conhecimento em face do devedor para constituir o seu direito de cobrança. Estando a execução fiscal devidamente instruída e ajuizada, em que se requer a citação do devedor para pagar a dívida em cinco dias, sob pena de penhora de bens no limite do valor devido, interrompe a prescrição a partir do despacho do juiz que, ao deferir a inicial, ordenar a citação. Se o devedor citado pagar totalmente a dívida, extingue-se a execução; se este pagar parcialmente a dívida (parcela incontroversa), a execução seguirá pela parcela não quitada. Sob pena de penhora ou arresto, o devedor citado e que não pagar a dívida deverá garantir a execução por: a. depósito em dinheiro; b. fiança bancária ou seguro garantia; c. nomear bens à penhora; d. indicar à penhora bens oferecidos por terceiros para serem aceitos pela Fazenda Pública. Obs: Não ocorrendo o pagamento, nem a garantia da execução, a penhora poderá recair em qualquer bem do executado, exceto os que a lei declare absolutamente impenhoráveis. A defesa do executado na execução fiscal é feita através dos embargos à execução, desde que garantida a execução (garantido o juízo), no prazo de 30 dias, contados: a. do depósito; b. da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia; c. da intimação da penhora (no momento que o oficialde justiça faz a intimação). Nos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e juntar aos autos os documentos e rol de testemunhas. Obs: Não existe contestação em execução. O executado poderá defender-se através da EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE Tal exceção constitui simples petição apresentada nos autos da execução fiscal podendo apontar apenas a ausência de alguma das condições da ação, de pressuposto processual ou mesmo de causas suspensivas da exigibilidade ou extintivas do crédito que não demandem dilação probatória (matérias que posso provar de plano). A exceção não tem prazo para ser oposta. Mesmo preclusos os embargos, poderá o executado, através da exceção de pré-executividade, suscitar matérias passíveis de serem conhecidas de ofício pelo Juiz.
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