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1 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto RELEMBRANDO A ANATOMIA DA LARINGE ➢ Corresponde à parte superior das vias aéreas inferiores, sendo formada por uma estrutura musculoligamentar oca ➢ Estabelece uma conexão entre a parte inferior da faringe com a parte superior da traqueia ➢ Função → é uma estrutura valvar que permite a abertura e o fechamento da via aérea inferior e também é responsável pela produção de som durante a fala ➢ Localização → na linha média do pescoço, anteriormente à 4ª, 5ª e 6ª vértebras cervicais • No adulto → a laringe atinge cerca de 5cm no sexo masculino e é um pouco menor no sexo feminino • Na criança → tem anatomia diferente, ficando mais alta no pescoço, com a cartilagem cricoide ao nível da 4ª vértebra cervical, permitindo que a epiglote fique em contato com o palato ➢ Mobilidade: • Na deglutição → a laringe se movimenta para cima e para frente, fechando o ádito da laringe e abrindo o esôfago para que o alimento seja conduzido para o trato digestivo, impedindo sua entrada nas vias respiratórias inferiores ➢ Cartilagens → é formada por: • 3 cartilagens ímpares: ▪ Cricóidea → é a mais inferior das cartilagens, envolvendo completamente a via respiratória ▪ Tireóidea → forma a proeminência laríngea (pomo de adão), palpável no pescoço ▪ Epiglote: ✓ É uma cartilagem em formato de folha que se fixa no osso hioide e na cartilagem tireoide ✓ Quando está aberta → permite que o fluxo de ar adentre as vias respiratórias ✓ Quando está fechada → conduz os alimentos para o esôfago • 3 cartilagens pares: ▪ Aritenóideas ▪ Corniculada ▪ Cuneiforme ▪ ➢ Fonação → durante a fonação, as cordas vocais vibram devido a adução das cartilagens aritenóides e das pregas vocais, que permite a passagem forçada do ar pela rima da glote fechada. Além da vibração das cordas vocais, o som é alterado por estruturas mais altas das vias aéreas e da cavidade oral ➢ Laringe normal: ➢ DIFERENÇAS DA LARINGE → ADULTO x CRIANÇA: • Nas crianças as laringites tendem a complicar mais do que nos adultos, principalmente devido às diferenças anatômicas da laringe dos adultos e das crianças • Crianças: ▪ Há predomínio de fibras musculares tipo 2, principalmente nos recém-nascidos → são fibras de contração rápida ✓ Devido a isso, pode-se ter um surgimento mais precoce de laringoespasmo, que ocorre quando toda a região da supraglote “tomba” sobre a região glótica e fecha completamente, impedindo a passagem do ar para a via aérea inferior o O laringoespasmo é uma situação de emergência o O que se faz nos casos de laringite é se antecipar ao surgimento do laringoespasmo, realizando-se uma Intubação Orotraqueal (IOT) no momento certo, antes que ocorra esse laringoespasmo, pois ele dificulta o acesso e deixa a intubação mais difícil ▪ A epiglote é desproporcionalmente maior que o restante da laringe. Além disso, tem-se uma maior riqueza de tecido linfóide e de tecido frouxo submucoso. Assim, isso facilita a instalação de um edema importante na região supraglotica, fazendo com que se aumente o “peso” da epiglote e, consequentemente, essa epiglote tomba sobre a glote, impedindo a passagem do ar para a via aérea inferior, causando uma maior repercussão respiratória • Adultos: ▪ Predomínio de fibras musculares tipo 1 → são fibras de contração mais lenta 2 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto LARINGITES INTRODUÇÃO ➢ CONCEITO → trata-se de todo processo inflamatório da mucosa laríngea • Há uma resposta local ao dano tecidual, caracterizada por dilatação capilar e infiltração leucocitária ➢ CLASSIFICAÇÃO: • Laringites Agudas → são mais comuns em crianças ▪ Também podem ocorrer em adultos ▪ Crianças → a evolução da doença costuma ser mais rápida porque as crianças têm um tamanho reduzido da via aérea e da cartilagem aritenoide, além de levar em conta o grau de edema de mucosa e exsudato formado ▪ Doenças agudas da laringe são, frequentemente, precedidas por infecção do trato respiratório superior • Laringites Crônicas → são mais comuns em adultos ▪ Também podem ocorrer em crianças ▪ São mais indolentes, levando mais de semanas desde a sua instalação até o início dos sintomas ▪ A resposta inflamatória estimula a fibrose, que pode levar a alterações permanentes na função laríngea ▪ Exposição passiva à fumaça ou agentes irritantes químicos podem levar à irritação laríngea crônica ➢ SINTOMAS GERAIS QUE PODEM SER ENCONTRADOS: • Rouquidão → é o sintoma mais comum, independente da causa ▪ Pode ter duração e severidade variáveis • Dor • Odinofagia (dor à deglutição) ou Odinofonia (dor ao falar ou sensação de ouvido entupido) → podem ocorrer no local da inflamação ou podem ser referidas, com frequência, na orelha • Tosse, estridor, afonia e dispneia • Disfagia → é uma manifestação rara da disfunção laríngea isolada • Febre → pode estar presente tanto em processos inflamatórios de origem infecciosa quanto de origem não infecciosa ➢ Algumas informações importantes: • As complicações das laringites são mais frequentes nas crianças • O sistema imune do paciente deve ser sempre avaliado: ▪ Pacientes que receberam quimioterapia e pacientes com AIDS têm baixa resposta imune, permitindo que muitos microrganismos sejam patógenos das vias aéreas superiores • Tabagismo associada a etilismo em pacientes de 50 a 60 anos aumenta o risco de neoplasias malignas de laringe • Sintomas que fazem o médico suspeitar de inflamação laríngea secundária ao Refluxo Gastroesofágico: ▪ Desconforto subesternal ▪ Sensação de corpo estranho na garganta ▪ Eructação frequente AVALIAÇÃO DO PACIENTE COM LARINGITE ➢ Anamnese Detalhada: • É importante avaliar: ▪ Grau de dispneia ▪ Sintomas sistêmicos e regionais associados ▪ Fatores predisponentes • Não há correlação consistente entre a gravidade dos sintomas e a morbidade causada pelo processo • Quadros Agudos → deve-se diferenciar a laringite viral decorrente de um processo gripal simples da Epiglotite e da Crupe • Quadros Crônicos → deve-se diferenciar malignidade de doenças infecciosas simples, pois o quadro pode ser semelhante ➢ Exame detalhado da cabeça e do pescoço → deve-se procurar por sinais de: • Inflamação auricular • Otite média serosa (em busca de policondrite ou patologia concomitante de nasofaringe) • Limitações na mobilidade da Articulação Temporomandibular (ATM) • Linfonodos cervicais ➢ Laringoscopia → é um exame específico para visualização da laringe • Pode ser com ótica rígida ou flexível, a depender do que se tenha à disposição no momento • Laringoscopia indireta (associada à Fibroscopia, se possível) → para uma melhor avaliação da patência da via aérea, mobilidade das cordas vocais, presença de edema e eritema laríngeos, granulomas e estenose laríngea • Laringoscopia Direta → inspeção detalhada da laringe e obtenção de material para anatomopatológico e cultura ➢ Ausculta Pulmonar → caso não se tenha a laringoscopia pode- se fazer a ausculta pulmonar • Estridores Laríngeos → devido ao estreitamento da laringe, surgem alguns ruídos respiratórios, os Estridores, que são ruídos inspiratórios. Em contrapartida, a maioria dos ruídos pulmonares são expiratórios (Ex: Broncoespasmo, Sibilo...). Assim, por exemplo, às vezes chega uma criança no consultório apresentando um “chiado” inspiratório, que é um ruído mais alto e que provavelmente decorre de um estreitamento da região da laringe ➢ Raio-x de pescoço (RX) → em um pronto-socorro, é útil para mostrar qual a altura da obstrução da via aérea do paciente ➢ Tomografia Computadorizada (TC) → • Avalia o edema de partes moles, a destruição cartilaginosa e a adenopatia cervical • Pede-se quando se consegueestabilizar o paciente que chegou no pronto-socorro, por exemplo • Algumas vezes, tem-se abscessos cervicais que precisam ser drenados, sendo necessária a TC para avaliar isso ➢ Ressonância Magnética (RM): 3 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto • Traz informações de partes moles que não foram possíveis de serem visualizadas pela TC LARINGITES AGUDAS CARACTERÍSTICAS ➢ A maioria são benignas ➢ Normalmente, se iniciam com sintomas típicos de Infecção de Via Aérea Superior (IVAS) • Ex: criança que inicialmente estava resfriada e que evoluiu com tosse, rouquidão e falta de ar ➢ Duração média → 8 dias ➢ São autolimitadas, pois, na maioria dos casos, são de origem viral ➢ Faixa etária pediátrica → as laringites agudas complicam com mais facilidade, constituindo casos mais graves, e podem levar ao óbito por insuficiência respiratória ➢ Sintomas mais comuns das laringites agudas: • Crianças → Dispneia • Adultos → Disfonia ➢ Como ocorre a processo da laringite aguda: • Decorre de invasão direta ou por contiguidade de processos infecciosos da faringe • É raro o acometimento laríngeo isolado • Processos infeciosos de estruturas adjacentes à laringe podem induzir sintomas sem o acometimento do órgão, através da compressão direta ou pressão sobre o nervo laríngeo recorrente ➢ TIPOS DE LARINGITES AGUDAS: • Laringotraqueobronquite (Laringotrequeíte ou Crupe Viral) → é o mais comum ▪ Atinge a laringe, a traqueia e os brônquios do paciente • Supraglotite (Epiglotite) → acomete principalmente a região supraglotica • Laringite Estridulosa (Crupe Espasmódico ou Falso Crupe) → é muito parecida com a Crupe viral, porém, normalmente, não é de origem infecciosa • Laringotrequeíte Bacteriana (Crupe Membranoso, Traqueíte Bacteriana ou Laringotraqueobronquite Membranosa) → tem amplo espectro bacteriano LARINGOTRAQUEOBRONQUITE (CRUPE VIRAL) ➢ DEFINIÇÃO → condição inflamatória que compromete laringe, traqueia e brônquios ➢ CARACTERÍSTICAS: • É uma infecção viral subaguda de vias aéreas caracterizada por tosse tipo “latido de cachorro”, febre e estridor • Geralmente, tem curso benigno e resolução gradual • A crupe viral é a causa mais comum de estridor agudo na criança (excetuando-se a laringomalácia) ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Mais comum em: ▪ Crianças de 6 meses a 3 anos ✓ Assim, faz diagnóstico diferencial com Bronquiolite ▪ Sexo masculino (2:1) → na proporção de 2 homens para cada 1 mulher • Duração média → 3 a 7 dias • Período de incubação → 2 a 6 dias • É mais frequente no outono e inverno → pois as doenças respiratórias ocorrem mais nesse período ➢ Apresentação atípica: • Quando ocorre em menores de 6 meses, durando mais de 7 dias • Ou quando não responde ao tratamento → pensar em corpo estranho, estenose subglótica ou traqueíte bacteriana ➢ PRINCIPAL LOCAL DE OCORRÊNCIA → Subglote • O fator crucial da doença é o edema da área subglótica → pois em menores de 3 anos esse é o ponto de maior estreitamento das vias aéreas altas, além de ser a única porção do trato respiratório alto onde existe o fechamento completo do anel cartilaginoso, tornando a obstrução do lúmen mais importante: ▪ Estridor de repouso → não ocorre até uma obstrução de 80% do lúmen ▪ Uma rolha de secreção pode ser fatal em uma via aérea já comprometida ➢ ETIOLOGIA: • Principais agentes etiológicos: ▪ Paramixovirus (80% dos casos): ✓ Parainfluenza I (50 a 70% dos casos, sendo o mais relacionado), II e III → é o paramixovírus que mais causa a crupe viral • Viral → outros vírus que podem causar: ▪ Adenovírus ▪ Varicela ▪ Rinovírus ▪ Coxsackie ▪ Herpes simples ▪ Enterovírus ▪ Influenza tipo A e B • Bacteriana → pode-se ter uma infecção bacteriana secundária (um crupe viral evoluindo para uma Laringotraqueobronquite bacteriana) ▪ Staphylococcus aureus ▪ Streptococcus pyogenes • Fungos → é muito raro, mas portadores de imunodeficiências podem evoluir com contaminação fúngica ➢ QUADRO CLÍNICO: • Manifestações clínicas iniciais → Quadro de IVAS: ▪ Congestão nasal ▪ Rinorreia ▪ Angina • Dias depois (após o quando inicial de IVAS): ▪ Disfonia ▪ Tosse rouca não produtiva → em “latido de cachorro” ✓ Piora à noite 4 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto ✓ Vai ficando cada vez mais intensa e persistente ✓ Geralmente é autolimitada ▪ Febre ▪ Estridor Laríngeo ▪ Dispneia → na criança, essa dispneia é mais intensa do que no adulto ➢ DIAGNÓSTICO: • Geralmente, o Diagnóstico é Clínico → pela história clínica tem-se o diagnóstico de suspeição • Quando se está em um hospital e o paciente chega com o quadro de crupe viral, pode-se pedir os seguintes exames com os seguintes achados: ▪ Raio x simples cervical → mostra o sinal clássico da “torre da igreja”, causado pelo estreitamento subglótico ✓ É importante no diagnóstico diferencial com corpo estranho ✓ Em casos de crupe recorrente → pensar em estenose subglótica como fator predisponente associado ▪ Hemograma → leucocitose sem desvio ➢ TRATAMENTO: • Medidas Gerais: ▪ Umidificação das vias aéreas ▪ Hidratação → para facilitar a expectoração de secreção ▪ Repouso vocal • De acordo com o quadro clínico: ▪ Crupe Viral Leve (paciente sem desconforto respiratório): ✓ Repouso ✓ Medicações sintomáticas (dor, febre...) ✓ Repouso vocal ✓ Inalação com solução salina → para fluidificar as secreções ✓ Expectorantes → as literaturas indicam, mas não há evidências de que os expectorantes tem efeito ▪ Crupe Viral Moderada (paciente taquidispneico e com função neurológica preservada): ✓ Inalação com Adrenalina → a adrenalina é um potente vasoconstrictor, diminuindo a congestão mucosa e melhorando a função respiratória ✓ Repouso ✓ Repouso vocal ✓ Medicações sintomáticas ▪ Crupe Viral Grave (paciente com rebaixamento da consciência, taquidispneico...): ✓ Internação hospitalar ✓ Monitorização do paciente → avaliar também o estado neurológico para saber qual o melhor momento para intubar ✓ Corticosteroides endovenosos • Antibióticos → apenas em casos de infecção bacteriana secundária • Em casos de dispneia severa → para regressão do edema, pode-se fazer uso de um dos seguintes: ▪ Adrenalina inalatória ▪ Corticosteroide: DEXAMETASONA • Para eventual necessidade de intubação ou traqueostomia deve-se sempre observar os seguintes: ▪ Alterações do estado neurológico ▪ Diminuição da frequência respiratória ▪ Aumento dos níveis de CO2 ▪ Exemplo de quando intubar → paciente que não está melhorando com as medicações, apresentando aumento da frequência respiratória, cianose, com rebaixamento do nível de consciência e pouco responsivo SUPRAGLOTITE (EPIGLOTITE) ➢ DEFINIÇÃO → trata-se de uma inflamação aguda das estruturas supraglóticas que pode levar à obstrução respiratória e, portanto, ser fatal • Também há acometimento da prega vestibular, da face lingual da epiglote e das pregas ariepiglóticas ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Ocorre principalmente em crianças com 2 a 7 anos ➢ ETIOLOGIA: • Causas infecciosas: ▪ Haemophilus influenzae tipo B → é o agente etiológico mais comum (causa bacteriana) ▪ Menos comuns: ✓ Streptococcus pneumoniae ✓ Staphylococcus aureus ✓ Pseudomonas ✓ Nisseria ✓ Klebsiella pneumoniae ✓ Candida ✓ Ou até mesmo Vírus • Causas não infecciosas: ▪ Trauma direto → Ex: acidente de carro Sinal da Torre da Igreja - Quando se vê o estreitamento na região subglotica (seta azul) Laringoscopia normal x Paciente com Crupe Viral - Cordas vocais (seta azul) - Edema da cricóide (seta amarela) 5 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto ▪ Agressão térmica → Ex: tabagista, pessoas que tomam bebidasmuito quentes... ▪ Agentes cáusticos (Ex: mistura de produtos de limpeza...) ▪ Inalação de fumaça → Ex: pacientes vítimas de incêndio ▪ Cocaína e Crack ➢ QUADRO CLÍNICO: • Dor de garganta • Odinofagia • Disfagia • Babação intensa • Desidratação • Febre • Dispneia ao deitar → isso ocorre porque, ao se deitar, a epiglote tomba sobre a glote • Letargia • É uma doença agressiva e de rápida evolução, com os sintomas tendendo a piorar entre 4 a 8 horas, levando à angustia respiratória, na qual o paciente apresenta: ▪ Voz abafada (Hot potato voice) → é uma voz como se o paciente estivesse com a boca cheia ▪ Estridor inspiratório tardio • O paciente assume uma postura clássica da epiglotite, chamada de “Posição de Tripé”: ▪ Hiperextensão do pescoço, boca aberta e língua para a frente → para tentar levar todo o conteúdo da laringe para cima e para frente, para conseguir respirar melhor ➢ DIAGNÓSTICO: • Anamnese • Inspeção de estruturas supraglóticas → pode ser feita por: ▪ Laringoscopia → é o ideal a ser feito, se possível ▪ Raio x lateral do pescoço (sempre deve ser feito, principalmente para tirar a dúvida diagnóstica com um corpo estranho, por exemplo) → mostra o “sinal do polegar” ➢ TRATAMENTO: • Manter via aérea pérvia • Antibioticoterapia adequada para H. influenza → pode ser um dos seguintes: Ampicilina Cefalosporina de 2ª Geração (Axetil-cefuroxima) Cefalosporina de 3ª Geração (Ceftriaxona) ▪ O ideal é começar do antibiótico de menor espectro (Ampicilina) e, se não resolver, ir para os de maior espectro (Cefalosporina de 3ª geração) ▪ Se vai-se internar o paciente e ele já se apresenta com complicações → usar antibiótico de maior espectro • Corticoide Sistêmico e/ou Corticoide inalatório → sempre prescrever ▪ Na urgência → deve-se fazer o corticoide com maior biodisponibilidade (corticoide sistêmico), pois agem mais rapidamente Dexametasona Metilprednisolona Hidrocortisona ▪ Corticoide inalatório: Nebulização com Pulmicort Bombinha de Fluticazona → é um corticoide potente e com baixa biodisponibilidade, com menores riscos de efeito colateral ➢ SUPRAGLOTITE PEDIÁTRICA X SUPRAGLOTITE ADULTA: • Supraglotite Pediátrica: ▪ Agente etiológico mais comum → Haemophilus influenza B ▪ Faixa etária → 2 a 4 anos ✓ Crianças são protegidas contra a infecção até os 3 meses de idade, através de anticorpos maternos contra germes encapsulados ▪ Tem evolução rápida e instalação do quadro em 2 a 6 horas ▪ Quadro clínico: ✓ Febre alta ✓ Salivação ✓ Posição sentada com o tórax flexionado para a frente e o queixo levemente elevado ✓ Estridor inspiratório proeminente ✓ Voz abafada ✓ Odinofagia → devido ao processo inflamatório supraglótico ✓ Obstrução aérea → ocorre pelo edema de epiglote e prega ariepiglotixa, e pela produção Laringoscopia Criança Saudável x Supraglotite - Na epiglotite a epiglote encontra-se edemaciada Sinal do Polegar - Esse sinal demonstra a espessura da epiglote que se encontra edemaciada 6 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto excessiva de secreção espessa, podendo ocorrer de modo súbito em casos de obstrução por uma rolha de secreção ou laringoespasmo. O laringoespasmo pode ocorrer quando a criança é examinada agressivamente ▪ Diagnóstico: ✓ É clínico, tendo como base a história e o exame físico ✓ Laringoscopia → pode precipitar uma obstrução respiratória, por isso não é recomendada ✓ Radiografia lateral cervical → revela espessamento de tecidos moles (sinal do “polegar” = epiglote edemaciada) ✓ Os exames não devem retardar o início do tratamento! ▪ Diagnóstico diferencial: ✓ Laringotraqueíte → é o principal diagnóstico diferencial ✓ Corpo estranho na porção respiratória alta ✓ Asma ✓ Faringite simples ▪ Tratamento: ✓ Criança com suspeita de Supraglotite → deve ser levada diretamente para a sala de emergência, pois evoluem com maior frequência para obstrução respiratória do que os adultos ✓ O tratamento consiste em: o Manter a via aérea pérvia → em muitos casos, pode-se necessitar de: ❖ Intubação Orotraqueal ou Nasotraqueal → é mantida por 48 a 72 horas ❖ Traqueostomia → leva a um maior tempo de canulação e hospitalização, sendo raramente utilizada o Antibioticoterapia: Ceftriaxone 50mg/kg 1 vez ao dia ▪ Com a introdução da vacina contra o H. influenza tipo B houve uma grande queda dos casos de Supraglotite em crianças • Supraglotite Adulta: ▪ É um quadro diferente do pediátrico ▪ Não costuma levar ao comprometimento das vias aéreas, sendo apenas um pequeno grupo (0 a 8%) que pode evoluir com um quadro de obstrução importante ▪ Faixa etária → 18 e 40 anos de idade ▪ Agente etiológico → não é bem definido, pois somente 20 a 30% dos casos apresenta hemocultura positiva, e a maioria é para Haemophilus influenza B ▪ Diagnóstico: ✓ Radiografia cervical ✓ Laringoscopia indireta → a epiglote apresenta- se edematosa e opacificada (diferentemente da criança, que se apresenta avermelhada e brilhante) ▪ Tratamento: ✓ Observação ✓ Hemocultura ✓ Antibioticoterapia com cobertura para H. influenza ✓ Intubação (caso necessária) → indicam necessidade de intervenção de via aérea: o Estridor, taquipneia, postura elevada e sintomas de evolução rápida ▪ Complicação → Abscesso Epiglótico: ✓ É uma complicação rara da epiglotite, vista exclusivamente no adulto ✓ Localização → ocorre mais frequentemente na face lingual da epiglote, resultando em obstrução da via respiratória ✓ Agente etiológico → espécies de Estreptococos ou Estafilococos ✓ Tratamento → Traqueostomia + Drenagem LARINGITE ESTRIDULOSA (FALSO CRUPE) ➢ DEFINIÇÃO → é uma forma não infecciosa de inflamação laríngea • É um falso crupe porque tem muitas semelhanças com o crupe, mas não tem uma etiologia definida • Normalmente, não há história de IVAS • O quadro surge como uma dispneia súbita, geralmente no meio da noite • Também ocorre uma melhora súbita dos sintomas ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Comum em crianças com 2 anos de idade • Mais comum no sexo masculino ➢ ETIOLOGIA → ainda não é definida, estando associada à múltiplas etiologias: • Alergia • Refluxo gastroesofágico → crianças de 2 anos costumam ter, e esse refluxo acaba favorecendo o surgimento do quadro de dispneia súbita • Infecção viral frustra • Fatores psicológicos → Ex: crianças que vivem em ambientes inadequados, com pais agressivos, pais usuários de drogas e álcool... • Adenoidite Crônica: ▪ A adenoide é um tecido linfoide que participa da proteção do organismo produzindo imunoglobulinas. Além disso, a adenoide é começa a funcionar a partir de 1 ano de idade e é altamente funcionante entre 4 e 7 anos de idade, produzindo bastante secreção retronasal, que pode causar gotejamento posterior e causar sensação de falta de ar, tosse crônica... • Deficiência de Cálcio e Deficiência de Vitamina D → estudos demonstram, mas não é comprovado • Pode estar associada com infecção do trato respiratório ➢ QUADRO CLÍNICO: • A criança acorda à noite com tosse, estridor e dispneia moderada de início súbito • Tosse Paroxística: 7 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto ▪ Pode ser seguida de vômitos, que terminam o ataque de tosse ▪ Esses episódios de tosse podem ser isolados ou se repetirem por 2 a 3 noites, sendo a criança geralmente assintomática durante o dia ➢ DIAGNÓSTICO: • Anamnese → instalação súbita dos sinais e sintomas • Laringoscopia → indica congestão da mucosa ▪ A mucosa laríngea se encontra eritematosa, com edema em subglote ➢ TRATAMENTO: • Como os sintomas podem melhorar subitamente: ▪ Manter a criança em ambiente calmo eem observação → pois se for um falso crupe pode-se ter recidivas da dispneia súbita no mesmo dia ▪ Realizar Umidificação do ar → é útil para aliviar os sintomas ✓ Inalação com soro fisiológico • Em casos mais prolongados (criança continua tossindo ao longo da noite) → pode-se fazer uso de: ▪ Corticoides ▪ Anti-histamínicos • Oxigenação e Antibióticos → são desnecessários ➢ Exemplo → mãe chega ao hospital com a criança afirmando que ela iniciou subitamente um quadro de tosse e dispneia. Porém, ao chegar ao hospital a criança não apresenta mais os sintomas, estando aparentemente bem. Assim, deve-se manter essa criança em observação e realizar a umidificação do ar, pois nesse caso suspeita-se de um falso crupe, que pode ter recidiva dos sintomas no mesmo dia • Nesses casos não se deve pensar que a mãe sofre da Síndrome de Munchausen por Procuração antes de avaliar se essa criança realmente pode ter um falso crupe LARINGOTRAQUEÍTE BACTERIANA (CRUPE MEMBRANOSO) ➢ DEFINIÇÃO → trata-se de uma infecção pulmonar pediátrica que, em seus estágios iniciais, pode ser difícil de diferenciar do crupe, e cujo principal sintoma inicial é o estridor • Geralmente é acompanhada de febre alta e leucocitose importante • Pode apresentar-se como uma sequela do crupe ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Comum em crianças de 6 meses a 8 anos, com idade média de 5 anos ➢ ETIOLOGIA: • Staphylococcus aureus • Haemophilus influenzae • Streptococcus do grupo A • Moraxella catarrhalis • Assim, devido a essa grande quantidade de agentes infecciosos, deve-se fazer uso de um antibiótico de alto espectro ➢ QUADRO CLÍNICO: • É semelhante ao crupe → porém, o quadro de crupe viral evolui com febre leve a moderada, enquanto o do crupe membranoso evolui com: ▪ Febre alta • O paciente já pode abrir o quadro de crupe membranoso com: ▪ Pneumonia ▪ Obstrução de vias aéreas superiores • Não responde ao tratamento do crupe convencional! ▪ Ex: paciente chega no hospital e acredita-se que se trata de um crupe. Assim, inicia-se o tratamento com umidificação da via aérea e com uso de medicamentos sintomáticos, reavaliando-se essa criança após 3 a 4 dias. Porém, essa criança volta com queda do estado geral, mantendo a febre ainda muito alta e estando toxemiada. Assim, pode-se solicitar um hemograma, um VHS e um PCR, que trarão mais informações e irão orientar sobre a origem da infecção dessa criança ➢ DIAGNÓSTICO: • Baseia-se na presença de secreção espessa, principalmente em uma criança que não apresenta melhora após tratamento medicamentoso para crupe, com febre alta e leucocitose • Nesses casos deve ser realizada broncoscopia para observar a presença de secreção, com coleta de material para cultura ➢ TRATAMENTO: • Intubação: ▪ Deve-se observar se é o melhor momento para realizar a intubação, pois na laringite sempre deve-se preocupar com a manutenção da via aérea do paciente • Aspiração periódica: ▪ Pois essa é uma infecção de forma múltiplas membranas que podem entupir o trato respiratório do paciente • Antibioticoterapia de amplo espectro por 10 a 14 dias → Cefalosporina de 3ª geração: Ceftriaxone Cefotaxima • Fisioterapia Respiratória LARINGITES CRÔNICAS CARACTERÍSTICAS ➢ DEFINIÇÃO → é um processo inflamatório que determina alteração irreversível da mucosa laríngea ➢ Patologia: • Os principais fatores patogênicos são os processos reativos e reparadores da laringe que podem persistir mesmo após a retirada do fator lesivo • Encontra-se fibrose localizada, cicatrização e necrose tecidual ➢ Comumente se apresentam como um quadro semelhante ao câncer laríngeo, com rouquidão, dispneia, dor, eventual perda de peso, história de tabagismo e alcoolismo 8 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto • Assim, devido a isso deve-se afastar o diagnóstico de câncer laríngeo ➢ Lesões discretas podem simular um câncer → assim, a biópsia é essencial para o diagnóstico correto. Além disso, é importante enviar material para pesquisa e cultura de fungos e de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) ➢ EPIDEMIOLOGIA: • As principais laringites crônicas ocorrem em adultos ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sinais e Sintomas → são menos intensos que os das laringites agudas ▪ Disfonia → é a queixa mais comum ▪ Tosse ▪ Globus faríngeo → sensação de corpo estranho na garganta (como se houvesse algo “entalado”) ▪ Dispneia ▪ Disfagia ➢ CLASSIFICAÇÃO: • Inespecíficas: ▪ Refluxo Gastroesofágico ▪ Tabagismo ▪ Fonotrauma • Específicas → por infecções: ▪ Fungos ▪ Bactérias → a mais comum é a laringite tuberculosa ▪ Parasitas LARINGITE POR DOENÇA DO REFLUXO ➢ EPIDEMIOLOGIA: • É a etiologia mais comum de Laringite Crônica em não fumantes • O refluxo acomete cerca de 35% da população acima de 40 anos ➢ FISIOPATOLOGIA: • Devido à proximidade, a laringe torna-se suscetível à exposição ao suco gástrico e à bile, que podem causar lesão direta, alteração da função mucociliar, alteração de cicatrização de lesões pré-existentes, alteração da função neuromuscular e até mesmo metaplasia • A gravidade do quadro clínico depende do tempo de exposição e da acidez gástrica, sendo a maioria dos doentes assintomáticos • Pode-se formar na laringe: ▪ Inflamação e edema ▪ Formação de granulomas ▪ Pólipos ▪ Artrite da articulação cricoaritenóidea... ➢ QUADRO CLÍNICO: • Não existem sinais e sintomas patognomônico • Além dos sintomas referentes ao refluxo, o paciente apresenta: ▪ Disfonia ▪ Alteração da qualidade vocal e rouquidão ▪ Expectoração mucocatarral ▪ Tosse ▪ Necessidade de clareamento laríngeo frequente → paciente fica pigarreando frequentemente ▪ Otalgia (como dor referida) ▪ Glóbulos faríngeo ▪ Apneia ▪ Laringoespasmo recorrente → é muito comum que pacientes com doença do refluxo acordem no meio da madrugada sufocando • Pode ocorrer transformação neoplásica e até mesmo morte súbita • O paciente não precisa ter os sintomas típicos do refluxo, podendo apresentar apenas os sintomas atípicos ➢ DIAGNÓSTICO: • Laringoscopia: ▪ Deve ser feita principalmente da região posterior da laringe, onde se tem as aritenoides e as pregas interaritenoideas, encontrando-se: ✓ Edema, hiperemia e espessamento interaritenoideo ▪ Também pode-se encontrar: ✓ Hiperplasia ✓ Hiperqueratose (principalmente das porções posteriores da laringe) ✓ Úlcera de contato ou granuloma (geralmente posterior, sobre o processo vocal) ✓ Estenose subglótica → com o tempo, as lesões sucessivas na mucosa laríngea podem fazer com que o paciente evolua com estenose subglotica, com necessidade de encaminhamento para o cirurgião torácico para realização de uma dilatação de região subglotica ✓ Estenose posterior da glote ✓ Hiperemia e hiperplasia linfoide da região posterior da faringe ✓ Tumores • Tratamento empírico (com IBP) → o sucesso com esse tratamento pode confirmar que a lesão realmente se deve ao refluxo - Nas duas imagens de cima → tem-se o edema intearitenoideo (seta azul), que é mais facilmente visualizado durante a fonação - Início da formação de um pequeno granuloma de processo vocal da aritenoidea (seta vermelha) - Granuloma mais aparente (seta amarela) → granulomas podem aparecer nos traumas por intubação prolongada, na laringite por refluxo, nos traumas cirúrgicos e na tuberculose laríngea - A laringe por refluxo causa muito mais granulomatose na laringe do que a tuberculose - Espessamento/paquidermia da mucosa laríngea (seta verde) 9 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto • Phmetria com duplo probe (padrão-ouro) → coloca-se dois sensores, um no esfíncter inferior do esôfago e outro no esfíncter superior do esfago ➢ PREVENÇÃO e TRATAMENTO: • TratamentoEmpírico (quando há suspeição) → na suspeição da doença deve-se instituir essa terapia empírica com medidas comportamentais e: Inibidor de Bomba de Prótons por 2 a 3 meses ▪ A melhora do quadro praticamente confirma o diagnóstico • Reeducação Alimentar • Tratamento Medicamentoso → normalmente, a laringite por refluxo é mais difícil de tratar do que a doença gastroesofágica Inibidor de Bomba de Prótons (IBP) 40mg de 12/12h, por no mínimo 2 meses LARINGITE POR TABAGISMO ➢ O uso prolongado ou exposição crônica leva a inflamação crônica por contato, hiperemia, edema e desidratação da mucosa laríngea, podendo causar a metaplasia do epitélio ➢ DIAGNÓSTICO: • Todas as lesões da laringite por tabaco são lesões pré- malignas, por isso que se necessita de Biópsia para fazer o diagnóstico e o acompanhamento ao longo dos anos, para saber se a lesão irá se transformar em uma displasia ➢ TRATAMENTO: • Evitar o agente agressor • Melhorar o nível de hidratação sistêmica local • Evitar cafeína LESÕES BENIGNAS DA LARINGE EM RELAÇÃO À ANATOMIA DA LARINGE ➢ 2/3 anteriores → região fonatória • Todas as lesões que ocupem essa região causam muito mais queixas fonatórias do que queixas respiratórias ➢ 1/3 posterior → região respiratória • Assim, as lesões posteriores causam muito mais desconforto respiratório do que queixas fonatórias ➢ Se as lesões forem muito grandes: • Lesões anteriores podem causar queixas respiratórias no paciente • Lesões posteriores podem causar queixas fonatórias no paciente CARACTERÍSTICAS ➢ As patologias benignas da laringe podem ser de origem epitelial, conjuntiva ou cartilaginosa ➢ Sintomas principais ou mais comumente referidos: • Rouquidão • Sensação de corpo estranho na garganta ➢ Diagnóstico: • É baseado em: ▪ História clínica com avaliação da qualidade vocal ▪ Exame físico ▪ Propedêutica armada • Propedêutica Armada: ▪ Nasofibrolaringoscopia: ✓ É mais facilmente utilizada do que a telescopia rígida da laringe, principalmente em pacientes mais sensíveis, devido ao maior conforto ✓ Pode ser utilizada intraoperatoriamente → Ex: na modulação da voz durante uma tireoplastia ✓ Permite a visualização da laringe e da orofaringe durante a fala articulada ▪ Telescopia de Laringe: ✓ Sua vantagem é a qualidade da imagem e a iluminação que proporciona ✓ Pode ser utilizada para o diagnóstico diferencial de algumas lesões que necessitam de análise mais minuciosa ▪ Estromboscopia: ✓ Permite a visualização das pregas vocais em câmera lenta através da “semi-sincronia” entre os flashes de luz estromboscópica e a vibração das pregas vocais captada pelo microfone/sensor que é colocado no pescoço ▪ Tomografia Computadorizada (TC): ✓ É pouco útil nos casos de lesões benignas da laringe ✓ É útil para visualizar a anatomia do arcabouço laríngeo → Ex: para estadiamento de infiltração tumoral ou para verificar o grau de extensão de uma laringocele ▪ Ressonância Nuclear Magnética (RNM): ✓ É útil para analisar a configuração laríngea → Ex: após um procedimento fonocirúrgico ✓ Identifica com precisão o local em que as substâncias são injetadas ou em que enxertos são colocados ▪ Laringoscopia Direta com ou sem Biópsia: ✓ É o exame de escolha, pois permite a palpação da lesão ➢ Tratamento → de forma geral, o tratamento consiste em: • RESSECÇÃO DAS LESÕES + FONOTERAPIA - Áreas Leucoplásicas (seta azul) - Úlceras (seta amarela) - Áreas Eritroplásicas → são áreas mais hiperemiadas 10 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto ➢ Termos: • Eufonia → paciente com boa qualidade vocal • Disfonia → quando há distúrbio na qualidade vocal do paciente ▪ Para que um paciente tenha disfonia não é necessário que a lesão esteja localizada na laringe, pois tem-se a laringe, que é uma estrutura fonatória, mas para que a voz saia de forma harmônica e inteligível é necessário que se tenha estruturas articulatórias e de ressonância ✓ Estruturas articulatórias → faringe, mandíbula, assoalho de boca, língua, dentes, maxila... ✓ Estruturas de ressonância → faringe, cavidades paranasais, nariz... ✓ Assim, as doenças que acometem essas estruturas podem causar alteração na qualidade vocal, trazendo ao paciente um tipo de disfonia ➢ CLASSIFICAÇÃO DAS DISFONIAS: • Funcionais → decorre do excesso de função ▪ Ex: pessoa que fala muito • Orgânicas → disfonias que decorrem de alguma lesão ▪ Ex: nódulo vocal ▪ Ex: paciente teve um trauma de pescoço e evoluiu com paralisia de prega vocal ▪ Ex: tumor de lobo pulmonar superior que comprime a região do mediastino, paralisando o nervo laríngeo inferior ▪ Ex: cisto na prega vocal • Organo-Funcionais → decorrem de uma lesão associada ao excesso de função ▪ Ex: paciente com nódulo vocal e que fala muito NÓDULOS VOCAIS ➢ DEFINIÇÃO → são protuberâncias bilaterais quase sempre simétricas que se localizam na extremidade livre e superfície inferior próximo ao ponto médio da porção membranosa das pregas vocais • É popularmente conhecido como “calo de prega vocal” • É uma lesão fonotraumática • Forma de apresentação mais comum: ▪ Bilaterais ▪ Simétricos ▪ Esbranquiçados ▪ Firmes ▪ Entre o 1/3 médio e o 1/3 anterior das pregas vocais • Também pode se apresentar das seguintes formas: ▪ Com tamanhos diferentes → devido às assimetrias anatômicas e/ou vibratórias entre as pregas vocais ▪ Volumosos e de aspecto edematoso → mais comum em crianças ▪ Pontiagudos ou Espessados • Quanto mais antigo o nódulo, mais fibroso e, portanto, com coloração esbranquiçada ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Crianças (sexo masculino) e Mulheres Adultas → apresentam nódulos vocais com mais frequência ▪ Os nódulos vocais são mais frequentes em mulheres devido a frequência fundamental da voz feminina → para que a voz feminina seja aguda (atingir frequências mais altas) é necessário tracionar mais antero- posteriormente a prega vocal do que nos homens (a prega vocal masculina trabalha mais relaxada). Assim, quando se aumenta a tensão, aumenta-se o atrito entre as pregas vocais (e é o músculo cricotireoideo quem atua tracionando as cordas vocais) • É muito comum em professores e em demais profissionais da voz (devido ao uso excessivo da voz) ➢ FISIOPATOLOGIA: • Os nódulos vocais resultam de um trauma contínuo sobre a mucosa das pregas vocais, decorrente principalmente do abuso ou uso incorreto da voz • O processo se inicia com vasodilatação e congestão vascular induzidas por trauma, resultando em acúmulo de líquido na camada superficial no espaço de Reinke. A falta de drenagem linfática nesse espaço facilita o acúmulo de líquidos nessa região. Assim, o processo evolui com hialinização, proliferação de fibroblastos e fibrose do tecido conjuntivo • HISTOLOGIA → caracteriza-se por alterações epiteliais que se caracterizam por queratose, disqueratose, hiperqueratose e espessamento da membrana basal ➢ ETIOLOGIA: • Trauma contínuo (abuso vocal) → devido ao uso excessivo e/ou incorreto da voz • Também podem estar associados à gênese dos nódulos vocais: ▪ Infecção de Vias Aéreas Superiores (IVAS) ▪ Crises alérgicas repetidas (Ex: rinite) ▪ Refluxo gastroesofágico → Refluxo Faringolaríngeo (RFL) ▪ Distúrbios da tireoide → principalmente o hipotireoidismo, no qual o paciente pode evoluir com mixedema (edema duro e com aspecto de pele opaca) que pode comprometer também as cordas vocais ➢ QUADRO CLÍNICO: • Quadro Clássico: ▪ Disfonia intermitente que piora com abuso vocal ✓ É intermitente porque o que causa a disfonia é o espaço entre uma prega e outra, que é chamado de fenda, e quando se tem um nódulo muito pequeno não se tem essa fenda muito pronunciada, fazendo com que a qualidade vocal não fique tãoalterada. Porém, em determinados Nódulos Vocais 11 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto casos, como quando se tem um resfriado, que causa edema de via aérea, faz com que o edema da prega e a cobertura do nódulo aumentem, fazendo com que a fenda fique mais evidente e, consequentemente, a qualidade vocal piora ▪ Episódios de afonia ✓ Ex: paciente utilizou a voz em excesso (como cantar, gritar...) e no outro dia estava sem voz • Voz → frequência baixa e intensidade alta • Disfonia aguda persistente ou recorrente: ▪ Vem acompanhada de história de abuso vocal ▪ Frequentemente o paciente associa o início da disfonia após episódio de IVAS, deixando de lado o seu comportamento de uso excessivo da voz • Pitch vocal (sensação auditiva que o paciente tem sobre a altura da voz) → pode estar diminuído • Dor e Fadiga vocal ➢ EXAMES COMPLEMENTARES: • Laringoscopia Indireta: ▪ Vê-se lesões abauladas, simétricas, bilaterais e entre o terço anterior e médio da prega vocal ▪ Observam-se lesões: ✓ Brancas e brilhantes ✓ Com base alargada ✓ Simétricas ✓ Indistinguíveis da mucosa normal ✓ Situadas na junção dos 1/3 anterior e médio das pregas vocais ▪ Essas lesões podem varias em tamanho, cor, simetria e contornos, dependendo do tempo de história, do uso da voz e de fatores individuais ▪ Pode-se formar vários tipos de fendas (espaço entre as pregar vocais), sendo as mais comuns: ✓ Fenda em Ampulheta → em lesões maiores o A fenda é aberta nas extremidades e fechada no meio ✓ Fenda Triangular Posterior → lesões pequenas o Permite a coaptação glótica da região anterior ➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: • Cistos Intracordais: ▪ São unilaterais ou assimétricos ▪ Podem ser confundidos com os nódulos devido ao aspecto da prega vocal contralateral com lesão irritativa ou fibrose por contato com o cisto • Papilomatose Recorrente → pode ser confundida principalmente em crianças e quando as lesões são pequenas ➢ TRATAMENTO: • Primeiramente, deve-se sempre identificar e corrigir os fatores predisponentes para o desenvolvimento dos nódulos, como: ▪ Alergia de vias aéreas superiores ▪ Infecções recorrentes ▪ Refluxo gastroesofágico ▪ Hidratação insuficiente ▪ Comportamento vocal incorreto ▪ Hipotireoidismo descompensado • Em crianças → os nódulos tendem a desaparecer, pois à medida em que essa criança vai crescendo a frequência fundamental da voz vai mudando e essa hiperfunção da voz vai desaparecer • Tratamento Clínico → FONOTERAPIA + REPOUSO VOCAL ▪ Fonoterapia → tem como objetivo propiciar uma coaptação/adaptação das pregas vocais às características biomecânicas da laringe • Tratamento Cirúrgico (Fonocirurgia): ▪ Indicação: ✓ Nódulos grandes e fibróticos, onde a fonoterapia não melhorou a qualidade vocal ✓ Nos casos em que o tratamento fonoterápico não apresentou resultados favoráveis após 6 meses o Isso pode ocorrer quando os nódulos são mais fibrosos ou em nódulos unilaterais que podem corresponder a outros tipos de lesões ▪ Problemas da fonocirurgia: ✓ A cirurgia gera uma cicatriz e, às vezes, a depender da extensão dessa cicatriz, troca-se um tipo de disfonia por outra → é por isso que se deve selecionar muito bem os pacientes candidatos à cirurgia ▪ Técnica com Laser: ✓ Como é → vaporiza o nódulo até que a mucosa e submucosa saudáveis sejam alcançadas ✓ Vantagens: o Precisão do laser o Pouco sangramento ✓ Desvantagens: o Risco de lesão pelo calor o Exame anatomopatológico não pode ser realizado ▪ Técnica a Frio → preensão do nódulo, com identificação de plano de clivagem seguida de ressecção com bisturi ou tesoura ✓ Para diminuir o sangramento e facilitar a remoção, pode-se usar a técnica de hidrodissecção, em que pequenas quantidades de solução salina com epinefrina ou esteroide são injetadas Fenda Triangular x Fenda em Ampulheta 12 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto ▪ Conduta Pós-operatória → AINES, Antibióticos, IBP, Repouso vocal (é importante para manter as bordas da incisão alinhadas) e iniciar fonoterapia após 2 semanas • Recomendações: ▪ Documentação com vídeo e foto, bem como gravação da voz no pré e pós-tratamento clínico ou cirúrgico para comparar se houve melhorias e também por motivos médico-legais ▪ Repouso vocal um dia antes da cirurgia e hidratação PÓLIPOS VOCAIS ➢ DEFINIÇÃO → apresentam grande variabilidade quanto à forma, tamanho e coloração • Localização → borda livre do 1/3 anterior da porção membranosa da prega vocal • Quase sempre são unilaterais • Quando são bilaterais também são assimétricos • Podem apresentar-se de diversas maneiras: ▪ Lesões globosas ou alongadas de tamanho variável ▪ Implantação séssil ou pendiculada → na pendiculada, tem-se a presença de movimento pendulares da lesão durante a respiração • Dependendo da profundidade do pólipo, pode-se ter envolvimento de vasos → assim, o uso abusivo da voz (Ex: gritar muito) pode causar microlesões vasculares, fazendo com que o pólipo evolua com um hematoma • Os pólipos podem ser divididos em: ▪ Pólipos Mucosos: ✓ Gelatinosos → lesões translúcidas, de aspecto gelatinoso, amolecidas, insufladas e cheias de material liquefeito. Além disso, suas paredes são finas e podem apresenta vasos sanguíneos em suas paredes ✓ Fibrosos → tem coloração rosa ou esbranquiçada, paredes espessas e eventualmente tem áreas de leucoplasia ▪ Pólipos Angiomatosos → são lesões escuras, avermelhadas e apresentam vascularização abundante e presença de sufusão hemorrágica no espaço de Reinke (provavelmente por fonotrauma recente) ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Observa-se predominância em: ▪ Adultos do sexo masculino (2:1) → é duas vezes mais comum nos homens do que nas mulheres ▪ Idade → 30 a 50 anos ➢ FISIOPATOLOGIA: • Acredita-se que a formação desses pólipos está relacionada com trauma da vascularização da região do espaço de Reinke: ▪ Ocorre lesão vascular e extravasamento de líquidos. Assim, a pobre drenagem linfática desse espaço que dificulta a reabsorção de líquidos, associada ao processo de proliferação tecidual, resulta na formação de pólipos vocais • Localização → região anterior das pregas vocais • Não se observa íntima relação entre coaptação glótica (tipos de fendas glóticas) e gênese de pólipos • 15% dos pólipos são secundários a alterações estruturais contralaterais → assim, não é raro de se observar associação entre pólipos vocais e outras lesões benignas na prega vocal contralateral ▪ Essas outras lesões benignas podem ser → sulcos, sulcos-bolsas, pontes mucosas e cistos, por exemplo ▪ Essas lesões estão relacionadas ao desenvolvimento de pólipos por alterarem as propriedades viscoelásticas e aerodinâmicas locais • Muitos pacientes com diagnóstico de pólipo relatam inicio do quadro após trauma vocal intenso e agudo (Ex: grito ou demanda vocal episódica e intensa) ➢ ETIOLOGIA: • Fonotrauma • Tabagismo • Alergia • Doenças Tireoidianas • Refluxo gastroesofágico → Refluxo Faringolaríngeo (RFL) ➢ QUADRO CLÍNICO: • O impacto da qualidade vocal depende do tamanho, localização e mobilidade da lesão • Disfonia persistente/permanente associada a períodos de Afonia Aguda: ▪ Disfonia de graus variaveis→ podendo-se apresentar como: ✓ Rouca ou soprosa: o Rouca → Ex: paciente apresenta-se rouco em determinado momento e depois apresenta uma piora dessa rouquidão, por isso que é de graus variáveis o Soprosa → pois forma-se uma fenda e tem- se escape de ar subglótico, fazendo com que o paciente tenha essa voz mais cansada ✓ Ou até mesmo como “pitch instável” e dificuldade na variação de intensidade ▪ Essa disfonia piora após abuso vocal, podendo causar hemorragia• Sensação de corpo estranho e desconforto na garganta ➢ EXAMES COMPLEMENTARES: • Laringoscopia → Laringoscopia Flexível (LF), Laringoscopia Rígida e Laringoestroboscopia ▪ Laringoestroboscopia → laringoscopia feita com luz estroboscópica, que dá a sensação de lentificação do Pólipo Vocal 13 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto movimento, permitindo uma melhor visualização da localização da lesão e uma melhor descrição dessa lesão ✓ Essa lentificação do movimento é importante porque o ciclo laríngeo (quantidade de vezes que as pregas vocais se movimentam, que tende a aumentar quando a voz é mais aguda) está diretamente relacionado à frequência fundamental da voz ▪ Vê-se a lesão polipóide no 1/3 anterior da prega vocal ▪ Pólipos mucosos → lesões translúcidas, acinzentadas e com pouca vascularização ▪ Pólipos Angiomatosos → são avermelhados, protuberantes e podem ser multinodulares ▪ Formas mistas (mucosa/angiomatosa) → dependem da extensão da resposta inflamatória e fibrose ➢ TRATAMENTO: • Tratamento Cirúrgico: ▪ Objetivo → a retirada de pólipos vocais deve sempre levar em consideração a preservação da mucosa sadia e a ressecção apenas da lesão, procurando sempre que possível a regularidade das bordas das pregas vocais ▪ Pode-se realizar desde a simples retirada de todo o pólipo até o esvaziamento do conteúdo do pólipo após elevação de um “microflap” ▪ Laser de CO2 → é indicada na remoção de pólipos angiomatosos volumosos, devido à propriedade hemostática com mínima formação de edema ▪ Pós-operatório: ✓ Repouso vocal completo (na 1ª semana) ✓ Repouso vocal parcial (na 2ª semana) ✓ Fonoterapia (após 2 semanas) ✓ AINES ✓ Tratar o Refluxo Gastroesofágico → ✓ Hidratação ✓ Abstenção do fumo ✓ Antibióticos de rotina → não são indicados • Fonoterapia: ▪ É essencial que seja feita no pré-operatório, pois os exercícios fonoterápicos diminuem a extensão do processo inflamatório. Assim, diminuindo-se a extensão da doença diminui-se também a extensão da cicatriz que será feita na cirurgia ▪ Também deve ser feita após o tratamento cirúrgico, cerca de 2 semanas depois EDEMA DE REINKE ➢ DEFINIÇÃO → acúmulo de líquido ou material gelatinoso (ou ainda semi-sólido) na camada superficial da lâmina própria (espaço de Reinke) das pregas vocais, fortemente associado ao tabagismo de longa data e abuso vocal • É um edema crônico da camada especial da lâmina própria da prega vocal (espaço de Reinke) • Raramente se tem placas leucoplásicas sobre o edema → nesses casos, quando não se tem o desaparecimento com o tratamento clinico, indica-se a decorticação • É uma lesão ocasionada pelo tabagismo • Geralmente, é uma lesão translúcida e simétrica, em ambas as pregas vocais ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Mais comum em: ▪ Indivíduos acima de 40 ou 50 anos de idade ▪ Mulheres → embora acredita-se que acomete homens e mulheres igualmente, mas as mulheres procuram mais ajuda médica do que os homens, o que explica essa predominância ▪ Tabagistas ➢ FISIOPATOLOGIA: • Espaço de Reinke → é a camada superficial da lâmina própria das pregas vocais • O desenvolvimento do edema de Reinke tem início com a exposição crônica a fatores agressores da laringe (sendo o principal o tabagismo) associado ao uso abusivo da voz. Assim, como essa região apresenta uma pobre drenagem linfática, ocorre o acúmulo de líquidos, a congestão e a estase vascular, que não são rapidamente absorvidos, organizam-se e se tornam permanentes • Histologia: ▪ Membrana basal difusamente espessada e aumento da espessura (dilatação) de vasos sanguíneos da lâmina própria ▪ Edema do espaço de Reinke ▪ Queratose com atipia ➢ ETIOLOGIA: • Tabagismo → é a principal causa • Etilismo • Abuso vocal • Refluxo gastroesofágico → Refluxo Faringolaríngeo (RFL) • Hipotireoidismo • Envelhecimento ➢ QUADRO CLÍNICO: • História típica → rouquidão persistente, lentamente progressiva, em indivíduos que fumam muito e fazem uso intensivo da voz ▪ Algumas mulheres queixam-se de ser confundidas com homens ao telefone (pela voz) ▪ Disfonia permanente ▪ Obstrução glótica e dispneia (nos casos de Edema de Reinke de alto grau) ▪ Voz grave e rouca • Pode-se ter também → sintomas de refluxo gastroesofágico Edema de Reinke 14 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto • Voz → é fluida, aveludada e grave • O Edema de Reinke pode assumir grandes volumes, inclusive com obstrução de vias aéreas, em casos extremos ➢ EXAMES COMPLEMENTARES: • Laringoscopia → Laringoscopia Flexível (LF), Laringoscopia Rígida e Laringoestroboscopia ▪ Visualizam-se pregas vocais aumentadas pela formação de grandes “bolsas” de aspecto gelatinoso e flácido que se movimentam durante a respiração ▪ Visualiza-se: ✓ Edema de pregas vocais de grau variável → assim, a conduta é de acordo com esses graus o Leve, moderado e acentuado ✓ Associação com: o Pólipos o Sinais de Refluxo Faringolaringeo o Áreas de leucoplasia ou de Eritroplasia (áreas de lesão pré-maligna) ❖ Leucoplasia = Biópsia (deve-se realizar a biópsia sempre!) ▪ Consegue-se visualizar bem o edema quando se faz uma Fonação inspiratória durante o exame de laringoscopia: ✓ Essa fonação inspiratória mobiliza toda a superfície da prega vocal, favorecendo uma boa visualização ✓ Vê-se claramente o edema com acúmulo de material no espaço de Reinke ➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: • Mixedema do Hipotireoidismo ➢ TRATAMENTO: • De acordo com o grau de edema: ▪ Edema leve → tratamento clínico ▪ Edema moderado a severo → tratamento clínico + cirúrgico • Tratamento Inicial: ▪ Afastar fatores irritativos: ✓ Cessar tabagismo ✓ Cessar etilismo ✓ Ajustar a dieta ▪ Fonoterapia ▪ Tratar doença do refluxo ▪ Corticoide → para diminuir o edema • Tratamento Cirúrgico: ▪ Indicações: ✓ Quando não houver melhora da qualidade vocal com o tratamento inicial ✓ Quando o indivíduo não estiver satisfeito com a sua voz ▪ Procedimento: ✓ Não remover todo o espaço de Reinke! → para evitar a fibrose da camada superficial da lâmina própria ✓ Realiza-se uma incisão da mucosa ao longo da corda vocal e aspira-se o conteúdo gelatinoso ✓ O ideal é deixar uma pequena quantidade do conteúdo gelatinoso para promover o deslizamento da superfície da prega vocal sobre o espaço de Reinke ✓ Deve-se ressecar o excesso de mucosa após a retirada do material gelatinoso e, se possível, fazer a aproximação da mucosa ▪ Pós-operatório: ✓ A melhora da voz é observada em 3 a 4 semanas ✓ Exercícios fonoterápicos com sons vibratórios → devem ser feitos 20 dias após a cirurgia para redução do edema GRANULOMAS INESPECÍFICOS ➢ DEFINIÇÃO: • Localização: ▪ Região do 1/3 posterior da laringe ▪ Mais comumente no processo vocal e no corpo da cartilagem aritenoide • Características: ▪ Unilaterais, com área de irritação por contato no processo vocal oposto ▪ Tamanho variável ▪ Pode ser lisa, biloculada ou multiloculada ▪ Coloração → branca, amarela ou avermelhada ➢ EPIDEMIOLOGIA: • É mais comum no sexo masculino ➢ FISIOPATOLOGIA: • O processo inicia-se com trauma da região posterior da laringe. Assim, ocorre o desenvolvimento de pericondrite devido a uma lesão abrasiva ou necrose do processo vocal que expõe a cartilagem. A resposta da área traumatizada é ulceração ou produção de granuloma. Depois, segue-se a formação de um pólipo inflamatório pela proliferação de tecido central e epitelização da periferia • O refluxo gastroesofágico pode intensificar o processo inflamatório no processo vocal ➢ ETIOLOGIA: • Intubação Orotraqueal (IOT) prolongada: ▪ Intubação e extubação traumáticas, tamanho, flexibilidade e posicionamento da cânula de IOT e duração daIOT são fatores a serem considerados na formação de granulomas ▪ Granulomas por intubação podem ser subglóticos também • Refluxo Gastroesofágico Granuloma Inespecífico 15 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto • Tosse Crônica • Trauma Laríngeo • Abuso vocal • Pode ser piorado com → tabagismo, álcool, alergias e processos infeciosos ➢ QUADRO CLÍNICO: • Disfonia pouco frequente → pode acontecer, mas apenas quando o granuloma é muito grande (pois a região posterior da laringe é uma região respiratória, e não fonatória) • Dependendo da localização do granuloma, pode-se ter: ▪ Sensação de corpo estranho na garganta (globus faríngeo) ▪ Sensação de pigarro na garganta com tosse frequente para limpá-la ▪ Dor de garganta e ardência cervical • A depender da extensão da lesão, pode provocar: ▪ Tosse ▪ Dispneia • Obstrução da via aérea → é rara e ocorre com lesões grandes, especialmente subglóticas, provenientes de IOT traumática ou IOT prolongada ➢ EXAMES COMPLEMENTARES: • Videolaringoscopia: ▪ Observa-se eritema local em áreas ulceradas e granulosas ▪ Granulomas secundários à IOT → costumam ser massas sésseis de base alargada com aspecto polipóide entre as aritenoides e, com a evolução do processo, tornam-se pediculados ➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: • Carcinoma • Laringite por refluxo gastroesofágico ➢ TRATAMENTO: • Remover o fator precipitante da irritação crônica • Fonoterapia → sempre deve ser feita, principalmente para granulomas provocados por fala hipercinética, obtendo-se um bom prognóstico • Tratar o Refluxo Gastroesofágico → Inibidor de Bomba de Prótons (IBP) • Corticoides Inalatórios e/ou injeção local de esteroides na base da lesão → para diminuir o edema • Tratamento Cirúrgico: ▪ Indicação → para alívio dos sintomas quando houver falha no tratamento clínico ▪ A recorrência pós-operatória é comum ▪ Laser de CO2 → é ideal para a completa exérese da lesão e posterior vaporização de tecido de granulação remanescente ▪ Não se deve realizar a exposição da cartilagem do processo vocal subjacente e da aritenoide ▪ Pode-se considerar a injeção de esteroides de depósito na base do granuloma ressecado ▪ Pós-operatório: ✓ Repouso vocal por 1 semana ✓ Reeducação vocal ✓ Antibioticoterapia de amplo espectro por 3 a 4 semanas ✓ Esteroides Sistêmicos → podem ser usados até que se obtenha uma cicatrização satisfatória do sítio operatório Prednisona 20 – 40mg/dia • Toxina Botulínica → para diminuir o risco de recorrência ▪ Como o granuloma laríngeo pode ser uma lesão altamente recidivante, aplica-se toxina botulínica para diminuir o atrito entre as pregas vocais, diminuindo a recorrência CISTOS ➢ DEFINIÇÃO → cavidade fechada delimitada por uma cápsula revestida por tecido epitelial • Ocorre acúmulo de queratina na lâmina própria e os cistos são envoltos por epitélio escamoso • Cistos intracordais → podem se desenvolver em várias regiões da prega vocal, o que dificulta o diagnóstico, podendo-se confundir com outras patologias, como os nódulos. Assim, a laringoestroboscopia ajuda nesse diagnóstico diferencial • Tem-se 2 tipos de cistos vocais verdadeiros: ▪ Cisto de retenção mucosa: ✓ Tem parede fina de revestimento constituído por tecido epitelial cubóide ou cilíndrico e tem em seu interior acúmulo de material PAS-positivo, o que comprova sua origem mucoide ✓ É frequentemente translúcido e apoiado na margem livre das pregas vocais ✓ Pode ser decorrente de glândula anômala congênita posicionada fora do local habitual e que inflama devido a fonotrauma ✓ É de origem adquirida ▪ Cisto Epidermoide: ✓ Apresenta epitélio de revestimento malpighiano, pluriestratificado, tendo em seu interior acúmulo de produto de descamação epitelial, como queratina e cristais de colesterol ✓ A grande maioria dos cistos epidermóides se apresenta como um pequeno espessamento inflamatório da prega vocal, acompanhado ✓ de hiperemia de mucosas adjacentes e ectasia vascular. Cisto 16 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto ✓ Pregas vocais → a lesão costuma se localizar no plano subepitelial ou submucoso (entre o epitélio e o ligamento/músculo vocal) ✓ Se original de fonotrauma repetido, causando microfissuras e, posteriormente, favorecendo a invaginação do epitélio para o interior das pregas vocais ✓ Também pode ser congênito → no qual o núcleo de inclusão epidermóide anômalo sofre processo de evolução cística ➢ FISIOPATOLOGIA: • A lesão cística epidermóide provoca enrijecimento da lâmina própria da mucosa. O fechamento glótico se apresenta completo ou com fenda, dependendo das dimensões do cisto ➢ ETIOLOGIA → é controversa, com estudos interrogando se ela é: • Congênita → por células ectópicas na camada subepitelial • Adquirida → por traumas pelo abuso vocal ➢ EXAMES COMPLEMENTARES: • Lesão típica do cisto vocal → esfera de coloração amarela esbranquiçada localizada em plano submucoso, provocando abaulamento na borda da prega vocal, que pode ser visualizada por transparência do epitélio mucoso • Características da lesão: ▪ Amarelo-esbranquiçada ▪ No 1/3 médio da prega vocal (geralmente) ▪ Unilateral ▪ Há reação contralateral à lesão (com espessamento) • O diagnóstico é difícil de ser dado ambulatorialmente • Laringoestroboscopia → auxilia no diagnóstico diferencial, pois os cistos podem ser confundidos com outras patologias da laringe ➢ QUADRO CLÍNICO: • A depender do tamanho do cisto: ▪ Cistos pequenos → voz normal ▪ Cisto maior → voz rouca, áspera e bitonal ✓ Bitonal → pois o cisto é unilateral, fazendo peso em uma prega vocal. Assim, quando as pregas vocais coactam, elas o fazem em uma altura diferente, fazendo com que a voz do paciente varie a frequência, apresentando uma voz grave e uma voz aguda em uma mesma fala • A voz pode apresentar: ▪ Com pitch rebaixado ▪ Dificuldade para regular a intensidade ▪ Tensão ▪ Aspereza ▪ Soprosidade ▪ Instabilidade vocal mediante demanda vocal ➢ TRATAMENTO: • Depende de vários fatores, como: ▪ Tamanho da lesão ▪ Grau de disfonia ▪ Demanda vocal ▪ Expectativa do paciente • De acordo com o tamanho do cisto: ▪ Cisto pequeno → Fonoterapia ▪ Cisto maior → cirurgia • Fonoterapia: ▪ Pois normalmente o cisto vocal vem acompanhado de postura vocal inadequada ▪ É indicada em todos os casos, mas principalmente quando a lesão é pequena o suficiente par anão comprometer o fechamento glótico ou deformar a borda livre da prega vocal ▪ A fonoterapia ajuda a diminuir o trauma local, reduzindo o processo inflamatório ao retor do cisto, e diminui o edema ao retor do cisto, melhorando a voz do paciente • Tratamento Cirúrgico: ▪ Indicações: ✓ Quando há falha na fonoterapia ✓ Quando o cisto é volumoso ▪ Objetivo → retirada completa do cisto com agressão mínima à mucosa sadia ▪ Pós-operatório: ✓ Fonoterapia → após 20 dias da cirurgia, com exercícios vibratórios de língua e lábios PAPILOMAS (PAPILOMATOSE LARÍNGEA) ➢ DEFINIÇÃO → afeta a membrana mucosa do trato respiratório, caracterizando-se por papilomas escamosos múltiplos e recorrentes • Também chamada de Papilomatose Respiratória Recorrente (PRR) • É uma neoplasia benigna da laringe, mas tem potencial para a malignização • Tem crescimento rápido, progressivo e recidivante • Localizações: ▪ Laringe → é o sítio mais comum de papilomatose, sendo as pregas vocais e a subglote os locais mais acometidos ▪ Nasofaringe e epitélio traqueobrônquico ▪ Parênquima pulmonar → pode ser invadido por epitélio escamoso, colunas ou transicional, podendo ocorrer na forma agressiva da doença, que invade localmente sem metástases à distância, referida como papilomatose invasiva ou agressivaPapilomatose Laríngea 17 LARINGITES E LESÕES BENIGNAS DA LARINGE Gizelle Felinto • Forma de apresentação mais comum → lesões múltiplas confluentes em pregas vocais e comissura anterior ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Acomete principalmente: ▪ Crianças → a maior incidência de papilomatose laríngea é entre 1 e 3 anos de idade ▪ Adultos até 30 anos de idade • Mas também pode acometer qualquer faixa etária ➢ ETIOPATOGENIA: • Tem Etiologia Viral → Papilomavírus Humano (HPV) ▪ O HPV é a causa mais comum de tumores laríngeos benignos ▪ Forma de transmissão em crianças; ✓ Transmissão vertical (é a mais comum) → no canal do parto o Por isso que em mulheres com lesões condilomatosas indica-se o parto cesariano ✓ Infecção pós-natal por contato com indivíduos infectados (é mais raro) ▪ Subtipos HPV-6 e o HPV-11: ✓ São os mais comuns ✓ Relacionam-se à expansão e severidade da doença ✓ Estão relacionados também com o acometimento da traqueia e dos pulmões ➢ HISTOLOGIA: • Cortes histológicos → demonstram lesões com projeções papilares e tecido conectivo hipervascularizado, cobertas por epitélio escamoso hiperplásico • Atipia Celular → é comum de ocorrer ▪ Devido a essa atipia, é comum de ocorrer erro diagnóstico com carcinoma in situ ou carcinoma de célula escamosa invasivo ▪ A presença de atipia está relacionada à transformação maligna do papiloma ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas mais comuns: ▪ Rouquidão ▪ Disfonia ▪ Estridor laríngeo (pelo estreitamento da laringe) • FORMA JUVENIL: ▪ Há comprometimento difuso da laringe em crianças ▪ É frequentemente muito agressiva e resistente ao tratamento ▪ Uma minoria dos casos tem regressão espontânea na puberdade ▪ Sinais e sintomas: ✓ Disfonia → é o sintoma inicial mais comum ✓ Rouquidão e estridor ✓ Obstrução da via aérea ✓ Dificuldade respiratória ✓ Papilomatose pulmonar → é rara, mas pode cursar com: o Hemorragia o Formação de abscesso ▪ Localização: ✓ Sítios laríngeos mais comuns → Subglote e Pregas Vocais ✓ Nasofaringe, subglote, traquéia e brônquios → podem ser resultado de contaminação a partir de lesões papilomatosas glóticas e supraglóticas ✓ Contaminação de vias aéreas baixas → é vista mais comumente após traqueostomia, que deve ser evitada tanto quanto possível, principalmente em crianças, para permitir o desenvolvimento de boa fonação, além de preservar a estrutura e função das pregas vocais ▪ Laringoscopia → observa-se: ✓ Tecido exuberante, em “cachos de uvas”, cos aspecto multinodular, séssil ou exofítico, principalmente na porção anterior das pregas vocais, bandas ventriculares e epiglote ✓ Pode ocorrer obstrução completa da laringe • FORMA ADULTA: ▪ A lesão é única ou pelo menos mais localizada ▪ É menos agressiva e, às vezes, a remoção é suficiente para a cura ▪ Pode ocorrer forma papilomatosa mais agressiva em adultos ▪ Gravidez → pode ocorrer aumento importante do granuloma com perda da patência das vias aéreas devido a alterações hormonais ▪ Degeneração maligna é rara, e associa-se ao tabagismo ➢ TRATAMENTO: • Atenção → deve-se fazer a BIÓPSIA em todos os casos de papilomatose antes da retirada da lesão • Tratamento Cirúrgico: ▪ Ablação por Laser de CO2: ✓ É o tratamento mais aceito para lesões na laringe, sendo mais efetivo principalmente na forma juvenil, aumentando os intervalos cirúrgicos das recidivas ✓ Procedimento → o laser vaporiza a lesão com pouco sangramento e baixos riscos de danos às pregas vocais ▪ De acordo com o formato e a localização do papiloma: ✓ Papiloma Pedunculado → deve ser removido com pinças frias e técnica conservadora ✓ Papiloma sobre as pregas vocais → vaporização com Laser de CO2, até que se alcance a mucosa sadia, evitando-se entrar no espaço de Reinke ou expor o ligamento vocal ✓ Lesões sobre a comissura anterior → vaporizar com Laser de CO2 cuidadosamente, para evitar a formação de fenda ▪ Crianças → a excisão deve ser realizada sempre que houver recidivas para evitar obstrução respiratória e permitir o desenvolvimento adequado da fonação, evitando-se traqueostomia para preservar a estrutura e função das pregas vocais
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