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PRÁTICAS RELACIONADAS AO DIREITO AUTORAL NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO Equipe DAICO – Unidade de Produção Editorial Gestão de Tecnologias em Educação – Fundação Vanzolini Setembro/2018 AUTORIZAÇÕES A reprodução de qualquer trecho de obra que não esteja em domínio público requer licença. Em geral, as autorizações são concedidas para única utilização, levando-se em conta o projeto em que a obra será veiculada, a tiragem, os prazos e as plataformas de circulação (impressa, on-line e demais que possam surgir). AUTORIZAÇÕES Podem ser onerosas ou gratuitas. Em geral, a cada nova edição é necessário renovar o pedido de autorização. Exemplos de cartas de solicitação para uso on-line e impresso. FORNECEDORES Há diferentes maneiras de se obter uma licença para uso de obra autoral, dependendo de quem é o detentor do direito patrimonial. As principais são: oAutores (escritor, músico, compositor, artistas em geral) ou seus herdeiros e sucessores. FORNECEDORES oEditoras, agências literárias e autores para conteúdo literário. oGravadoras e editoras musicais para letras de música. oAgências de notícias, representantes de jornais e revistas para conteúdo jornalístico. FORNECEDORES oBancos de imagens, estúdios, fotógrafos e agências de produção fotográfica para conteúdo visual. oGalerias, agências de proteção de direitos visuais e artistas para obras de arte em geral. SUCESSORES E HERDEIROS No caso de autor falecido, cuja obra ainda não tenha caído em domínio público, os direitos autorais transmitem-se a seus herdeiros legítimos (filhos, esposa, netos e pessoas designadas), que se tornam os responsáveis pela autorização. SUCESSORES E HERDEIROS Se esse autor tiver dois, três ou mais herdeiros, todos devem estar de acordo com a autorização concedida, seja ela gratuita, seja ela onerosa. O sucessor é aquele designado para gerenciar o direito pós-morte. COPYRIGHT O termo copyright significa all rights reserved (“todos os direitos reservados”). Os conteúdos acompanhados desse símbolo, sejam eles de imagem, sejam eles de texto, incluindo aqueles inseridos em páginas na internet, são protegidos e, por isso, requerem autorização de uso. COPYLEFT O nome é uma brincadeira com o termo Copyright. Usado originalmente para licenças de softwares, indica que determinado conteúdo pode ser livremente reproduzido ou alterado, desde que o novo conteúdo seja distribuído seguindo essas mesmas condições. CREATIVE COMMONS Creative Commons é uma organização sem fins lucrativos que permite o compartilhamento e uso da criatividade e do conhecimento através de instrumentos jurídicos gratuitos. Fonte: https://br.creativecommons.org/sobre/. Acesso em: 30 jul. 2018. A diferença em relação ao Copyleft é que o Creative Commons permite ao autor estabelecer condições para a reprodução de sua obra, conforme algumas categorias. CREATIVE COMMONS Categorias mais usadas Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Licen%C3%A7as_Creative_Commons. Acesso em: 30 jul. 2018. RIGHTS MANAGED (RM) E ROYALTY-FREE (RF) São tipos de licença normalmente utilizadas para fotografias e ilustrações adquiridas por meio de bancos de imagens. Em ambos os casos, os direitos concedidos são pessoais e intransferíveis e há diferenciação entre uso editorial e comercial. RIGHTS MANAGED (RM) E ROYALTY-FREE (RF) A licença RM (direitos controlados) permite única utilização da imagem, em condições específicas, como limite de tamanho, posicionamento, duração da utilização e distribuição geográfica, e por um valor calculado de acordo com a forma de uso. RIGHTS MANAGED (RM) E ROYALTY-FREE (RF) Na licença RF (livre de royalties), cobra-se taxa única para uso da imagem sem limitação de forma, quantidade ou prazo, respeitando as regras estabelecidas pelo contrato. Mas alguns sites disponibilizam conteúdo RF sem taxa, exigindo apenas que seja dado crédito ao fotógrafo/ilustrador. Exemplos: https://pixabay.com/pt/ https://www.freepik.com/ (Acessos em: 15 ago. 2018.) DIREITO À IMAGEM E À PALAVRA É tratado no Código Civil, cap. II, art. 20: Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Modelo de licença de uso. EXCEÇÕES – LDA, ART. 46 Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: I – a reprodução: a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos; b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas de qualquer natureza; [...] EXCEÇÕES – LDA, ART. 46 d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatários; II – a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro; EXCEÇÕES – LDA, ART. 46 III – a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra; IV – o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a quem elas se dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização prévia e expressa de quem as ministrou; [...] EXCEÇÕES – LDA, ART. 46 VI – a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em qualquer caso intuito de lucro; [...] EXCEÇÕES – LDA, ART. 46 VIII – a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores. INTERPRETAÇÕES E JURISPRUDÊNCIA No Brasil, a Lei de Direitos Autorais dá margem a diferentes interpretações por parte dos juízes, dificultando seu entendimento e aplicação por parte dos interessados na utilização de conteúdo de terceiros. INTERPRETAÇÕES E JURISPRUDÊNCIA Mesmo quando há jurisprudência sobre determinado tema, existe a possibilidade de que uma ação gere uma nova interpretação, principalmente considerando que a lei não contempla as novas plataformas de veiculação de informação existentes hoje em dia. INTERPRETAÇÕES E JURISPRUDÊNCIA Isso acontece, por exemplo, quando consideramos o inciso da lei que trata de “pequenos trechos”. O cap. IV, art. 46, inciso VIII não define o que é pequeno trecho de uma obra, o que pode gerar polêmica quanto à sua interpretação. INTERPRETAÇÕES E JURISPRUDÊNCIA A lei também não deixa claro o que significa prejudicar a exploração normal da obra reproduzida ou prejuízo aos legítimos interesses dos autores. Diferentes interpretações podem ser vistas no mesmo processo legal. Exemplo: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/42983311/pro cesso-n-0016435-7520098260053-do-tjsp (Acesso em: 14 ago. 2018.) INTERPRETAÇÕES E JURISPRUDÊNCIA Como a lei não determina em porcentagem o que é pequenotrecho, é importante considerar que ele não pode contemplar a substância da obra. INTERPRETAÇÕES E JURISPRUDÊNCIA Microconto Matou o pedreiro e fugiu. Autor desconhecido. Livro Notícias do Planalto, livro de Mário Sérgio Conti, com 752 páginas, publicado pela Companhia das Letras em 1999. O que é pequeno trecho em cada caso? Fedorov Oleksiy/Shutterstock.com