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Física Experimental Professor: Edry Antonio Garcia Cisneros E-mail: edry1961cu@gmail.com Aula Tema . Introdução à Termodinâmica – Temperatura. Conceito de Temperatura . Lei zero da Termodinâmica . Termômetros e escalas de Temperatura . Dilatação Térmica. Leis da termodinâmica. INTRODUÇÃO A termodinâmica, assim como qualquer parte da Física, é regida por leis. Elas explicam, com exatidão e clareza, como ocorre, por exemplo, a variação de temperatura em um corpo e de que maneira o calor se comporta. Por meio dessas leis, é possível construir máquinas térmicas que realizam trabalho mecânico, ou outras que produzem tal trabalho, com o objetivo de gerar calor. Neste módulo, as conheceremos e entenderemos como esse tipo de conhecimento iluminou o caminho evolutivo da humanidade. LEI ZERO DA TERMODINÂMICA Também conhecida como princípio de Joule, a primeira lei da termodinâmica é a versão termodinâmica da lei de conservação da energia mecânica, pois ela assume que diversas formas de trabalho podem ser convertidas em outras formas de energia. De acordo com seus preceitos, a energia transferida na forma de calor (Q ) é igual à soma da variação da energia interna (∆U ) do sistema termodinâmico analisado com o trabalho (W ) por ele sofrido ou realizado. Podemos observar isso nesta fórmula: PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA A lei zero da termodinâmica estabelece que "se dois corpos A e B estão separadamente em equilíbrio térmico com um terceiro corpo C, então A e B estão em equilíbrio térmico entre si". ... O postulado ainda define a escala de temperatura, expressa em medidas como o Celsius, o Fahrenheit, o Kelvin.15 . PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA Também conhecida como princípio de Joule, a primeira lei da termodinâmica é a versão termodinâmica da lei de conservação da energia mecânica, pois ela assume que diversas formas de trabalho podem ser convertidas em outras formas de energia. De acordo com seus preceitos, a energia transferida na forma de calor (Q ) é igual à soma da variação da energia interna (∆U ) do sistema termodinâmico analisado com o trabalho (W ) por ele sofrido ou realizado. Podemos observar isso nesta fórmula: A primeira lei da termodinâmica foi estabelecida por Rudolf Clausius (1822-1888). O físico e matemático alemão é considerado um dos fundadores deste ramo da ciência: a termodinâmica. Quando o calor Q é medido em calorias, a energia interna e o trabalho também devem estar na unidade de calorias; no entanto, se Q estiver em Joules, a energia interna e o trabalho também deverão estar. ENTENDEMOS QUE O CALOR DE UM CORPO É OBTIDO PELA SOMA DE DUAS PARCELAS DE ENERGIA, MAS O QUE SIGNIFICA ESSA ENERGIA INTERNA? Ela é a soma de toda a energia mecânica das partículas que compõem o sistema, ou seja, trata-se do somatório de todas as parcelas de energia cinética das partículas com a energia potencial delas. A energia interna é considerada uma propriedade do sistema, pois depende somente dos estados inicial e final do processo termodinâmico. Tendo isso em vista, podemos fazer duas afirmações: 1. Quando Q é positivo, ou seja, Q > 0, o sistema está ganhando calor. 2. Quando Q é negativo, ou seja, Q < 0, ele o está cedendo. ENTENDEMOS QUE O CALOR DE UM CORPO É OBTIDO PELA SOMA DE DUAS PARCELAS DE ENERGIA, MAS O QUE SIGNIFICA ESSA ENERGIA INTERNA? Pela primeira lei da termodinâmica demonstrada na equação (8), ainda podemos fazer a seguinte afirmação: quanto maior for a energia interna de um sistema, maior será sua capacidade de realizar um trabalho. No entanto, trata-se de uma convenção a indicar que: Quando o sistema expande e realiza trabalho, W > 0; porém, neste caso, ele está perdendo energia para o meio ambiente. Quando se contrai e recebe trabalho, W < 0; no entanto, neste caso, o sistema está recebendo energia do meio ambiente. Em geral, estuda-se o sistema termodinâmico voltado para os gases. O trabalho de um gás é dependente de sua pressão (P) e da variação de seu volume (∆V ): Nesta equação, a pressão é dada em Pascal (Pa) e a variação do volume, em metros cúbicos (m³). A primeira lei da termodinâmica admite casos especiais que considerem o tipo de transformação termodinâmica que o sistema está sofrendo. Vamos analisá-los agora: ISOTÉRMICA: Condição termodinâmica em que a transformação ocorre a uma temperatura constante. ISOCÓRICA: Condição termodinâmica em que a transformação ocorre a um volume constante. ISOBÁRICA: Condição termodinâmica em que a transformação ocorre a uma pressão constante. ADIABÁTICA: Condição termodinâmica em que a transformação ocorre sem troca de calor com o ambiente externo. EXPANSÕES LIVRES: Expansão de um gás sem que haja um recipiente. Exemplo: vapor d’água expandindo livremente para o ar e se dissipando na atmosfera. EXEMPLO Um determinado gás está confinado em um recipiente de 1m³ a uma pressão de 1atm (105Pa), quando recebe uma quantidade de 2.654.789cal de energia na forma de calor e se expande para 3m3. Qual é sua variação de energia interna? 1. Sabemos que ocorre uma Transformação termodinâmica de um gás. 2. Trabalho: W= P* ΔV = 105 Pa ( 3-1)m3 = 2* 105 = Joules 3. Q= 2.654.789cal * 4.18 = 11097018,02 Joules 4. 1ra lei termodinâmica: Q = ΔU + W 5. ΔU = Q – W = 11097018,02 J – 200000 J = 10897018,02 J 6. ΔU = Q – W = 11097018,02 J – 200000 J = 10897018,02 J / 4,18 = 2606942,11 Cal Limitações da 1ra Lei da termodinâmica A 1ra Lei expressa a relação entre o trabalho e calor e nos permite definir a energia acumulada. Mas não nos permite predizer a extensão da conversão de energia, nem indicar se o processo de conversão é possível. SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA: O CONCEITO DE ENTROPIA A primeira lei da termodinâmica postula que há conservação de energia em qualquer transformação termodinâmica. A segunda lei, por sua vez, determina as condições necessárias para a ocorrência espontânea de transformações termodinâmicas. Ela foi inicialmente estabelecida como um conceito empírico. A partir disso, foi estabelecido o seguinte: para que haja um trabalho líquido em um sistema termodinâmico, ele precisa operar entre duas fontes térmicas mantidas a temperaturas distintas. A segunda lei da termodinâmica expressa, desse modo, que a quantidade de entropia de qualquer sistema termodinâmico isolado tende a aumentar com o passar do tempo até atingir um valor máximo. ISSO SIGNIFICA QUE, PARA UM SISTEMA ISOLADO, A ENTROPIA NUNCA DIMINUI. MAS O QUE É A ENTROPIA? Entropia é uma grandeza termodinâmica que mede o grau de liberdade molecular do sistema físico observado. Esse grau está associado à quantia de possibilidades com a qual as partículas podem se distribuir em níveis energéticos quantizados. Matematicamente, definimos a entropia (∆S) como a razão entre a variação da energia em forma de calor (∆Q) e a temperatura do (T): A unidade de medida da entropia no SI é o Joule por Kelvin (J/K); todavia, também é comum ela ser expressa em calorias por graus Celsius (cal/°C). Como dissemos, em um sistema isolado, a entropia aumenta com o passar do tempo. Desse modo, verificamos que: A figura a seguir ilustra a entropia e o aumento da desordem molecular: Com a equação (11), podemos afirmar que a entropia é um grau de desordem de um sistema físico termodinâmico. Vejamos de que forma ela se manifesta em dois tipos de sistema: Sistema isolado: essa desordem somente tende a aumentar com o passar do tempo; Sistema fechado: a entropia se mantém ou aumenta. Quando ela aumenta, essa transformação é irreversível. No entanto, se o sistema não for isolado, havendo, portanto, troca de calor com o meio ambiente, pode haver nele uma redução de entropia. EXEMPLO 1 1. Existe certa quantidade de água no interior de um calorímetro ideal, ou seja, um recipiente que impede a troca de calor com o meio externo. Inicialmente com uma temperatura de 20°C, ela recebe alguma quantidade de energia e fica com 70°C. Esse incremento na temperatura aumentou sua energia interna ∆U e, por sua vez, a entropia dela, pois as moléculas da águapassaram a ficar mais agitadas. Como o calorímetro é ideal, essa energia dada para a água nunca será cedida ao meio ambiente. O fato de a temperatura dela não poder diminuir garante que a entropia do sistema não vai baixar. EXEMPLO 1. 2. Em vez de em um calorímetro, a água está agora contida em um copo de vidro sobre uma mesa. Ao aquecer de 20°C para 70°C, a entropia vai aumentar. No entanto, como existe uma troca de calor com o meio ambiente, a água começa, com o tempo, a diminuir sua temperatura gradativamente até retornar àquela registrada inicialmente (20ºC). Essa redução da temperatura diminui a energia interna do sistema, o que também diminui a entropia do sistema. Observaremos agora outro exemplo com uma aplicação da teoria da segunda lei da termodinâmica: EXEMPLO 2 Isolado do meio externo, determinado sistema físico sofre uma variação de energia interna de 5.000.000J, se equilibrando em uma temperatura de 795K. Qual é a sua variação de entropia? De acordo com a equação (10), notamos que: Substituindo os valores, temos o seguinte: TERCEIRA LEI DA TERMODINÂMICA Desenvolvida pelo químico Walther Nernst, a terceira lei da termodinâmica postula que a entropia de um sistema no zero absoluto (0K) é constante. Essa afirmação se justifica pelo fato de que qualquer sistema termodinâmico a 0K (-273°C) existe em seu estado fundamental. A explicação para isso é que, a 0k, não existe vibração molecular. Dessa forma, não há energia interna. Sem ela, não se registra desordem — e, sem desordem, a entropia é nula. Matematicamente, a terceira lei da termodinâmica é descrita como: Todo corpo possui uma vibração molecular. Essa vibração é dependente da temperatura; com isso, quanto maior for a temperatura, maior será a vibração molecular e, por consequência, a desordem das moléculas. Contudo, o contrário também é valido: quanto menor for a temperatura, menores serão o desarranjo molecular e a entropia. 1. Um sistema não isolado está cedendo energia para o meio ambiente na forma de calor. Dessa maneira, podemos afirmar que: ____ Sua temperatura está aumentando. ____ Sua entropia está diminuindo. ____ Sua entropia se mantém constante. ____Sua temperatura se mantém constante. Rpta: Como o sistema está diminuindo sua temperatura, ele também diminui a energia interna dele. Suas moléculas estão se agitando menos; com isso, a desordem está diminuindo, assim como a entropia do sistema. 2. Sobre um processo termodinâmico que ocorre de forma isolada e sua entropia, classifique as alternativas abaixo como verdadeiras (V) ou falsas (F): ( ) Em um processo isolado, a entropia do sistema diminui com o tempo. ( ) Em um processo isolado, a temperatura do sistema aumenta com o passar do tempo. ( ) Em um processo isolado em que não há ganho de energia por fonte externa, a entropia se mantém. Rpta: F-F-V 3. Um gás sofre uma transformação isotérmica, porém se expande, saindo de seu recipiente para o meio externo. Diante disso, podemos afirmar que: ____A)O gás sofre trabalho sobre o meio externo. ____B)O gás libera calor e se contrai. ____C)O gás absorve calor e realiza trabalho sobre o meio externo, realizando um trabalho negativo. ------ D)O gás absorve calor e realiza trabalho sobre o meio externo, realizando um trabalho positivo. Rpta D 4. Em uma transformação adiabática, um gás se expande em 0,5m³ a uma pressão de 3atm. Sua variação de energia interna é igual a: A) -1,5 x105 J B) 1,5 x105 J C) -3,0 x105 J D) 3,0 x105 J Rpta A 5. 5. Em uma transformação isocórica, um gás de massa 5g e calor específico igual a 0,1cal/g°C altera sua temperatura em 256°C positivamente. A variação de energia interna dele é igual a: A) 535,04 J B) 525,24 J C) -535,04 J D) -525,24 J 6. Em uma transformação isobárica, um sistema perde 2.000cal para o meio ambiente e sofre uma variação de volume de 0,2 m³ a uma pressão de 105Pa. Neste caso, a variação da energia interna é igual a: Vimos que o trabalho realizado por um gás é obtido pelo produto entre a pressão e a variação de seu volume (W=P·∆V). No entanto, tal equação tem funcionalidade apenas para os casos em que a pressão é constante. Há muitos sistemas termodinâmicos em que o gás realiza um trabalho em uma condição na qual a pressão não é constante. Neste caso, para determinar o trabalho, é necessário montar um gráfico denominado diagrama PV (pressão por volume). Seu trabalho é determinado pelo cálculo da área da forma geométrica gerada pelas curvas de transformações térmicas Tendo isso em vista, consideraremos a seguinte situação: Determinado gás possui 3m³ de volume e está a uma pressão de 12Pa. De repente, ele sofre uma transformação: o estado final dele passa a ser de um volume de 10m³ e pressão de 6Pa. Indique o trabalho realizado por esse gás. Primeiramente, precisamos montar o gráfico PV da seguinte maneira: Em seguida, determinaremos a figura geométrica, a qual, ao se verificar a área sobre a curva, é montada da seguinte forma: Podemos observar que a área sobre a curva montou um trapézio de base maior 12Pa, base menor 6Pa e altura 7m³. Então, para o cálculo do trabalho, calcularemos a área desse trapézio: Neste caso, em que a transformação termodinâmica promove uma mudança de volume e pressão, o trabalho do gás foi determinado pela área sobre a curva do trabalho plotada em um gráfico PV. Tarefa: 1. Em uma transformação adiabática, um gás se expande em 5m³ a uma pressão de 1atm. Sua variação de energia interna é igual a: 2. Em uma transformação isocórica, um gás de massa 75g e calor específico equivalente a 12,0cal/g°C altera sua temperatura positivamente em 56°C. A variação de energia interna dele é igual a: Objetivo: Identificar a teoria termodinâmica por trás do funcionamento de máquinas térmicas e refrigeradores MÁQUINAS TÉRMICAS Uma máquina térmica trabalha absorvendo calor do meio ambiente à sua volta e convertendo-o em trabalho útil. Porém, para que tal conversão seja realizada, essa máquina depende de uma substância de trabalho (em geral, um fluido). Um exemplo simplório disso é o funcionamento de uma máquina que funciona a vapor d’água. Outro exemplo cotidiano é a máquina térmica que faz um automóvel se mover, ou seja, o motor de um automóvel. Neste tipo de motor, o líquido de trabalho é a mistura entre aquele utilizado para a combustão, como gasolina, etanol, GNV e diesel, e o ar. Uma máquina térmica precisa funcionar continuamente, sempre convertendo calor em trabalho mecânico (trabalho útil). Para que isso seja possível, tal máquina deve trabalhar em um ciclo fechado no qual ocorrem diversos processos termodinâmicos chamados de tempos. MÁQUINA DE CARNOT: CICLO DE CARNOT, O CICLO IDEAL Para aprofundar nosso conhecimento sobre as máquinas térmicas, é necessário recorrer à ciência da termodinâmica e verificar como suas leis podem nos ajudar a compreender mais sobre o funcionamento delas. Funcionamento Existem diversos tipos de motores; logo, há muitos tipos de máquinas térmicas. A máquina térmica de Carnot se baseia no ciclo de transformação termodinâmico de Carnot. Máquina térmica de Carnot O ciclo de Carnot foi desenvolvido antes do desenvolvimento das duas leis da Termodinâmica. É importante mencionar que a máquina de Carnot é uma máquina ideal, o que significa que nenhuma máquina térmica consegue alcançar a sua eficiência Esse ciclo mostra que a máquina térmica de Carnot é a mais eficiente para a conversão de calor em trabalho útil. Na figura a seguir, podemos observar um esquema representativo do funcionamento dessa máquina. Devemos explicar agora o que ocorre na figura : a fonte quente aquece o fluido, fornecendo-lhe calor; logo, esse fluido se expande e se movimenta. Ao se expandir, ele realiza um trabalho. No entanto, para que sua expansão ocorra e ele realize o trabalho, é necessário haver uma fonte fria, pois, caso contrário, o sistema entra em equilíbrio térmico e o fluido para de se movimentar. Durante a expansão do fluido e, consequentemente, sua movimentação, ele transfereparte do calor absorvido na fonte quente para a máquina, realizando um trabalho mecânico e fazendo-a se movimentar (como ilustra a figura ao lado). A máquina de Carnot funciona com duas fontes: Chamar uma fonte de quente e outra de fria é uma convenção apenas para afirmar que TQ > TF e, por sua vez, que QQ > QF. Contudo, a energia absorvida na fonte quente não é integralmente aproveitada para realizar o trabalho. Desse modo, em tal situação, a restante é retirada do fluido pela fonte fria. Ao despejá-la nessa fonte, o fluido de trabalho reinicia o ciclo para que o trabalho mecânico seja realizado constantemente. Devemos explicar agora o que ocorre na figura : a fonte quente aquece o fluido, fornecendo-lhe calor; logo, esse fluido se expande e se movimenta. Ao se expandir, ele realiza um trabalho. No entanto, para que sua expansão ocorra e ele realize o trabalho, é necessário haver uma fonte fria, pois, caso contrário, o sistema entra em equilíbrio térmico e o fluido para de se movimentar. Durante a expansão do fluido e, consequentemente, sua movimentação, ele transfere parte do calor absorvido na fonte quente para a máquina, realizando um trabalho mecânico e fazendo- a se movimentar (como ilustra a figura ao lado). Já a energia que transcorre pelo fluido na fonte quente, é a energia total que o fluido recebe. Assim, assumindo que não há perda de calor para o meio ambiente, podemos estabelecer que a retirada de energia nessa fonte é igual à soma entre o trabalho realizado pela máquina e a energia despejada na fonte fria: Observemos agora outra figura. Ela apresenta um diagrama pressão por volume (PV) do ciclo de Carnot. O sentido das transformações termodinâmicas do ciclo está indicado pelas setas. Podemos perceber que esse ciclo é percorrido no sentido horário. A figura acima também apresenta o funcionamento de um cilindro ideal, que, fabricado de material isolante, contém um fluido. Esse cilindro nos ajuda a compreender o funcionamento mecânico do ciclo de Carnot. Para isso, consideraremos que: •O fluido é um gás ideal; •O cilindro se encontra entre uma fonte quente e uma fria. No ponto 1 da figura, a fonte quente cede energia para o fluido de trabalho, havendo uma transformação isotérmica pelo fato de a temperatura da fonte quente ser constante. Completada a transformação, o fluido atinge o ponto 2 do diagrama PV: neste ponto, ele sofre uma transformação de expansão adiabática e, em seguida, realiza o trabalho sobre o cilindro, empurrando o êmbolo até a altura máxima que ele pode assumir no local (realiza trabalho mecânico sobre o cilindro (W). Em seguida, o fluido atinge o ponto 3 do diagrama. Ali, ele perde energia para a fonte fria: como a temperatura dessa fonte é constante, o fluido sofre uma compressão isotérmica e atinge o ponto 4 do diagrama. No último ponto, o êmbolo realiza um trabalho adiabático sobre o fluido, comprimindo-o. Isso faz o ciclo retornar para o ponto 1 e, daí em diante, se repetir indefinidamente. No ciclo termodinâmico da figura acima, o trabalho pode ser medido pelo cálculo da área no interior da curva formada pelo ciclo. Determinação da eficiência Em qualquer tipo de máquina, o maior interesse é converter o máximo possível de energia em trabalho útil. Essa conversão é chamada de rendimento (ε). Matematicamente, esse rendimento é determinado pela razão entre o trabalho realizado pela máquina (W) e a quantidade de energia total cedida a ela, o que, no caso de uma máquina térmica, corresponde ao calor fornecido pela fonte quente QQ. Diante disso, matematicamente temos: Mensurar o trabalho realizado é uma tarefa difícil. Por isso, precisaremos reescrever a equação (13) para podermos deixar o rendimento em função de parâmetros conhecidos: Reescrevendo (14), temos: Simplificando: Neste tipo de transformação, não há mudança de fase. Desse modo, podemos escrever QF e QQ em função da teoria de calor sensível: Neste tipo de transformação, não há mudança de fase. Desse modo, podemos escrever QF e QQ em função da teoria de calor sensível: Note que as equações do calor sensível foram descritas em função de TF e TQ – e não de DTF e DTQ. Afinal, as transformações são isotérmicas. Simplificando (16), verificamos que: Da equação (17), deduzimos que, conhecendo as temperaturas das fontes fria e quente, é possível determinar o rendimento dessa máquina térmica. Para esse cálculo, a temperatura deve ser convertida para Kelvin. Caso contrário, o rendimento calculado será fictício. Podemos escrever a equação (17) na forma porcentual da seguinte maneira: Como TF < TQ, a eficiência da máquina térmica é menor que 100%. A máquina térmica perfeita seria aquela cujo rendimento fosse de 100%. Contudo, sabemos que isso não é possível no mundo real. Na equação (17), observamos que o rendimento só seria assim se TF = 0 ou TQ = ∞. Exemplo Um motor a combustão possui fonte quente em 500°C e fria em 190°C. Qual é o seu rendimento? Para determinarmos o seu rendimento, primeiramente precisamos converter a temperatura de °C para K: Utilizando a equação (18), temos: Assim, a quantidade de energia perdida para a fonte fria é igual a: Apesar de o resultado do trabalho convertido ser de 40,10%, esse valor ainda é muito alto ao se tratar de uma máquina térmica real. Exemplo. Um motor de automóvel converte de 23% a 30% de toda a energia gerada em trabalho, sendo o restante perdido na forma de calor. REFRIGERADORES Naturalmente, o calor flui de uma fonte quente para uma fria. Porém, é possível fazê-lo fluir da fonte fria para quente utilizando uma máquina térmica chamada de refrigerador. Exemplo Geladeira e ar-condicionado. Para transferir calor do ambiente frio para o quente, o refrigerador utiliza o trabalho mecânico, contando, em geral, com o auxílio de um motor que possui um líquido de trabalho com um fluido pressurizado. Esse fluido tem como principal propriedade a capacidade de alterar seu estado físico — de gasoso para líquido — durante o ciclo dele. A figura a seguir apresenta um esquema do funcionamento de um refrigerador. Observe que ele funciona de maneira oposta à de uma máquina térmica. Isso demonstra que ele retira energia da fonte fria e a deposita na quente quando o ciclo recebe trabalho do motor (ou compressor). A eficiência do refrigerador é determinada pelo seu coeficiente de desempenho (K), o qual, por sua vez, é calculado pela razão entre a energia retirada da fonte fria (QF) e a consumida (W) no processo de refrigeração. Matematicamente, temos isto: No caso de um refrigerador ideal, ou seja, um refrigerador de Carnot, verificamos a seguinte representação: Fazendo W=QQ-QF, observamos: Fazendo Q = mcT, obtemos: Simplificando: Na indústria, o desempenho de um ar-condicionado doméstico é de K≈2,5 e o desempenho de uma geladeira doméstica é de K≈5. Imaginemos que um refrigerador se encontra em um local onde a temperatura da fonte quente é de 42°C. Para que sua eficiência seja de 2,5, qual deve ser a temperatura da fonte fria? Consideraremos um refrigerador de Carnot para essa solução. K = C+273 = 42 + 273 = 315 K 2,5 = Tf/ 3.5 – Tf 2,5( 315-Tf)= Tf 2,5*315 – 2Tf = Tf 787,5 = Tf +2,5 Tf 787,5 = 3,5 Tf Tf = 787,5/3,5 = 225 K C = K-273 = 225-273 = -48 0 C Qf= 0.98 (4000J )= 3920 J Resolva: 1. Uma maquina térmica recebe 4000 J de energia da fonte quente, mas utiliza somente 2 % dela. A energia transmitida para a fonte fria é igual a: Qq= Qf + W = 4330J + 2000 J = 6330 J 3. Uma maquina térmica tem sua fonte fria igual a 10 o C . Qual deve ser a temperatura da fonte quente para que seu rendimento seja de 5 %. A) 24,9 o C B) 24,18 o C C) 51,18 o C D) 51,36 o C Rendimento ε= 1- Tf/Tq Então: 0,05 = 1- (10+273) / Tq 0,05-1 = -(10+273) /Tq -0,95 = - 283/Tq Tq= -283/-0,95= 24,9 o C 5. O rendimento de uma máquina de Carnot é de 10%. Diante disso, assinale a opção que representa TF: A) 90% de TQ B) 30% de TQ C) 70 % de TQ D) 60% de TQ Ε =1- TF/TQ 0,1= 1- TF/TQ TF/TQ = 1-0,1 = 0,9 TF = 0,9 *TQ = 90 %TQ 6. Uma máquina térmica tem rendimento de 0,36. Sua fonte quente fornece 28.000cal de energia. A energia perdida para a fonte fria é igual a: A) 15201 cal B) 17920 cal C) 16551 cal D) 17800 cal Resolver 1. Uma máquina de Carnot opera com uma eficiência de 20%. Assinale a opção que represente a diferença de temperatura entre TQ e TF: A) 20 % de TQ B) 30 % de TQ C) 70 % TQ D) 70 % de TF CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, vimos que, na forma de calor, a energia pode ser transferida de um corpo para outro, dependendo apenas da diferença de temperatura entre eles. Verificamos ainda que há dois tipos de calor: o sensível, no qual o corpo muda a temperatura dele, embora preserve o estado físico da matéria, e o latente, em que essa variação cessa e a mudança de estado acontece. Observamos também leis termodinâmicas que descrevem não só como a troca de calor ocorre, mas também como ela gera impactos nos corpos envolvidos. Por fim, explicamos como a humanidade utilizou esse conhecimento para produzir máquinas térmicas e refrigeradores com o objetivo de gerar uma melhoria da qualidade de vida na sociedade.
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