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Revisão Direito Tributário I vp2

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Revisão Direito Tributário I
Monitor: Patrício Cavalcante de Lima
Professor: Giuliano Meneses
1. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
As imunidades tributárias são limitações ao Poder de tributar do Estado. Segundo Amílcar de Araújo Falcão[footnoteRef:1] trata-se de “Uma forma qualificada ou especial de não incidência, por supressão, na Constituição, da competência impositiva ou do poder de tributar, quando se configurem certos pressupostos, situações ou circunstâncias previstas pelo estatuto supremo.” [1: FALCÃO, Amilcar de Araújo. Fato gerador da obrigação tributária, 6 ed., p. 64.] 
1.1 IMUNIDADE X ISENÇÃO
A imunidade reveste-se de dispensa constitucional do tributo, ao passo que as isenções são dispensas legais do tributo. Ou seja, não ocorrerá na imunidade a incidência legal, já na ISENÇÃO, ocorrerá o fato gerador e nascerá a obrigação tributária, contudo não haverá o lançamento do crédito tributário. 
1.2 CRIAÇÃO, REGULAMENTAÇÃO e INTERPRETAÇÃO.
As imunidades tributárias por se tratarem de direitos e garantias individuais do contribuinte (Art. 60 § 4º IV, CF), ou seja, cláusulas pétreas, devem ser criadas obrigatoriamente por norma constitucional. Já as isenções, por se tratarem de causa de exclusão do crédito tributário (art. 175 CTN), deverão ser criadas por meio de lei ordinária.
Quanto a regulamentação, dispõe o artigo 146 da CF que caberá a lei complementar a regulamentação das limitações constitucionais ao poder de tributar, ou seja, independentemente de se tratar de imunidade ou isenção sua regulamentação ocorrerá por meio de lei complementar.
Quanto a intepretação, o STF possui o entendimento de que se é admitido a interpretação extensiva das imunidades, já as isenções por força do artigo 111 do CTN devem ser interpretadas literalmente.
	
	IMUNIDADE
	ISENÇÃO
	CRIAÇÃO
	Texto Constitucional
	Lei Ordinária
	REGULAMENTAÇÃO
	Lei Complementar
	Lei Complementar
	INTERPRETAÇÃO
	Extensiva
	Literal
1.3 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
As imunidades tributárias e isenções somente alcançaram as obrigações principais, não alcançando as obrigações acessórias que deverão ser realizadas pelo contribuinte.
Exemplo:
A instituição religiosa “A”, sem fins lucrativos, possui imunidade sobre patrimônio renda e serviços, desde que todo o dinheiro auferido seja revestido na finalidade da instituição. Contudo, em que pese tal imunidade, a instituição religiosa não se eximirá da obrigação acessória de emissão de notas ficais e registro nos livros contábeis. 
1.4 IMUNIDADES PREVISTA NO ART. 150, VI, CF.
O artigo 150 da Constituição Federal prevê imunidade de IMPOSTOS. Deve-se ler o referido dispositivo com cautela, pois a leitura desatenta levar a acredita que se trata de todos os tributos.
Vejamos uma questão pegadinha
(CESPE/2018/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Acerca de crédito tributário, competência tributária e Sistema Tributário Nacional, julgue o próximo item. Os estados e os municípios estão imunes à instituição de contribuições sociais, pela União, sobre os seus serviços. ERRADA
No mesmo sentido, não se aplica as contribuições de melhoria, contribuições sociais, empréstimos compulsórios ou taxas.
1.4.1 IMUNIDADE RECIPROCA – UNIÃO, ESTADO, DF e MUNICÍPIO.
A primeira imunidade é a instituição de impostos sobre: patrimônio, renda ou serviço, de um ente sobre os demais. Seu fundamento é a adoção do princípio federativo e sua convivência harmônica (art. 150,VI, a CF)
Assim, não ocorrerá a incidência dos impostos sobre patrimônio (IPTU, ITR, IPVA, ITCMD, ITBI), sobre a renda (IR) e sobre serviços (ISS).
 ATENÇÃO, a imunidade reciproca não será aplicada nos impostos de comércio (II e IE) e sobre produção e circulação (ICMS e IPI)
1.4.1.1 AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, AGÊNCIAS REGULADOREAS E EXECUTIVAS.
Dispõe o § 2º do Art. 150, CF, que a imunidade dos entes é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a sua finalidade essenciais ou às delas decorrentes.
Ou seja, em que pese a aplicação extensiva da imunidade, deverá ser comprovado que estão exercendo atividade que tenha como escopo finalidade essencial para qual foram criadas.
NÃO SE EXTENDE O BENEFÍCIO AS EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA, pois as empresas públicas e as sociedades de economia mista não podem gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado (Art.173 § 2º, CF)
1.4.2 IMUNIDADE SOBRE TEMPLOS
A segunda imunidade prevista no Rol do Art. 150 da CF é a imunidade de impostos sobre patrimônio, renda ou serviços de templos do qualquer culto (art. 150 VI, b e § 4º), desde que seja revestido integralmente na sua finalidade. 
Em caso de não ocorrer a reversão integral, a autoridade competente poderá suspender a aplicação do benefício (art. 14 § 1º, CTN).
 Atenção, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido que é necessário que seja professada alguma religião (hierarquizada, com princípios e crenças) para conceção do benefício constitucional.
A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer culto religioso, não se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião. RE 562.351, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 4-9-2012, 1ª T, DJE de 14-12-2012
1.4.2.1 DE OLHO NAS SÚMULAS
Existem duas súmulas fundamentais sobre este ponto, são elas: Súmula Vinculante 52 do STF e súmula 724 do STF com teor semelhante, contudo menos abrangente. 
Súmula vinculante 52-STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.
Vejamos um exemplo de questão
(IBFC/2018/PREFEITURA DE DIVINÓPOLIS-MG/FISCAL DE RENDAS) A Igreja XYZ alugou parte de uma de suas instalações para uma escola particular pelo valor de R$ 1.500,00 por mês. O produto do aluguel é todo destinado para a manutenção das atividades religiosas da Igreja XYZ. A prefeitura do município onde se localiza a Igreja XYZ, notificou-a para que fosse promovido o pagamento do imposto predial e territorial urbano da área locada. A cobrança de IPTU nesse caso é? ILEGAL
1.4.3 IMUNIDADE SOBRE PATRIMÔNIO RENDA E SERVIÇOS 
A segunda imunidade prevista no Rol do Art. 150 da CF é a imunidade de impostos sobre patrimônio, renda ou serviços de partidos políticos, entidades sindicais dos trabalhadores, instituições de educação e de assistência social.
Deve-se observar que a imunidade das entidades sindicais somente alcança as entidades de defesa dos trabalhadores, não abrangendo a classe patronal.
 Ex: Sindicato da Escolas Particulares ou o Sindicato dos Professores? Somente o sindicato dos professores.
Quanto as instituições de educação, deverão fazer o requerimento aos órgãos públicos informando sua condição (sem fins lucrativos). Entretanto, caso não o faça no primeiro momento, poderão requerer posteriormente de forma retroativa, desde que comprovem a reversão total do dinheiro na finalidade.
Súmula n. 612 do STJ: O certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS), no prazo de sua validade, possui natureza declaratória para fins tributários, retroagindo seus efeitos à data em que demonstrado o cumprimento dos requisitos estabelecidos por lei complementar para a fruição da imunidade.
Quanto as instituições de assistência social sem fins lucrativos, somente terá direito a imunidade quando se tratar de entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários
Súmula n. 730 do STF: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários
1.4.4 IMUNIDADE DE IMPRENSA OU CULTURAL.
A quarta imunidade prevista no Rol do Art. 150 da CF é a imunidade de impostos sobre livros, jornais, periódicos eo papel destinado à sua impressão.
Sobre o tema, O STF também possui precedentes na qual a imunidade alcança os álbuns de figurinha e revistas em quadrinho.
ATENÇÃO, o STF decidiu que livros eletrônicos e os suportes próprios para sua leitura são alcançados pela imunidade tributária.
Tema 593. A imunidade tributária constante do art.  150, VI, d, da CF/1988 aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo
1.4.4.1 DE OLHO NAS SUMULAS
O STF possui entendimento sumulado quanto ao alcance da imunidade, devendo nesta imunidade ser interpretado restritivamente.
Súmula n. 657 do STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos
Assim, não alcança a imunidade, importação de insumos gráficos, tintas, maquinários e peças de produção e afins.
1.4.5 IMUNIDADE MUSICAL
A quinta imunidade prevista no Rol do Art. 150 da CF é a imunidade de impostos sobre fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham.
Sobre esta imunidade, faz-se a ressalva que a referida imunidade não atinge a reprodução, somente atingindo a produção da mídia original.
1.4.6 IMUNIDADE ESPECÍFICA DE ITR
Algumas imunidades estão fora do artigo 150 da CF, uma delas é imunidade sobre pequenas glebas rurais quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel. Sua previsão legal está no artigo 153, § 4º, II, da Constituição.
Quanto ao conceito de pequena gleba rural, sua previsão é regulamentada pelo artigo 2º da Lei n. 93.939 de 1996.
Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto não incide sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel. Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os imóveis com área igual ou inferior a:
 I – 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense; 
II – 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental; 
III – 30 ha, se localizado em qualquer outro município. 
1.4.7 IMUNIDADE ESPECIFICA DE ITBI
Outra imunidade específica é a imunidade de imposto sobre a transmissão de bens imóveis diante de algumas situações específicas.
Dispõe o artigo 156, § 2º, I, da Constituição que será imune de ITBI nos casos de integralização e aumento do capital social de empresas, fusão, incorporação, cisão, extinção ou desincorporação salvo se a atividade preponderante da empresa for relacionada a compra, venda e locação de tais bens.
No mesmo sentido o artigo 36 do CTN disciplina que não ocorrerá incidência de ITBI quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma pessoa jurídica por outra ou com outra e bens e de direitos adquiridos em decorrência da sua desincorporação do patrimônio da pessoa jurídica a que foram conferidos
2. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
O tributo é gênero a qual comporta 5 espécies de tributo. Estas espécies por sua vez estão divididas em cinco grupos:
- Imposto
- Taxas
- Contribuição por melhoria
- Empréstimos compulsórios 
- Contribuições sociais, interventivas econômicas e interventivas profissionais
A divisão pentapartite encontra seu fundamento no artigo 5º do Código Tributário Nacional e nos artigos 147-148 da Constituição Federal/1988.
Ao analisar de forma isolada o artigo 5º do CTN, é possível perceber a adoção de divisão tripartite, sendo esta: impostos, taxas e contribuições de melhoria. Contudo, o STJ já exarou seu posicionamento sobre a adoção constitucional pentapartite.
JULGAMENTO STF: ADI 447, rel. min. Octavio Gallotti, voto do min. Carlos Velloso, j. 5-6- 1991, P, DJ de 5-3-1993: As diversas espécies tributárias, determinadas pela hipótese de incidência ou pelo fato gerador da respectiva obrigação (CTN, art. 4º), são a) os impostos (CF, art. 145, I; arts. 153, 154, 155 e 156), b) as taxas (CF, art. 145, II), c) as contribuições, que são c.1) de melhoria (CF, art. 145, III), c.2) sociais (CF, art. 149), que, por sua vez, podem ser c.2.1) de seguridade social (CF, art. 195; CF, 195, § 4º) e c.2.2) salário educação (CF, art. 212, § 5º) e c.3) especiais: c.3.1) de intervenção no domínio econômico (CF, art. 149) e c.3.2) de interesse de categorias profissionais ou econômicas (CF, art. 149). Constituem, ainda, espécie tributária, d) os empréstimos compulsórios (CF, art. 148).
2.1 IMPOSTO
Espécie tributária prevista no texto constitucional, art. 145, I, com definição expressa no art. 16 do Código Tributário Nacional: “Imposto é a modalidade de tributo que tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal.”
Sobre está espécie, cabe destacar que a Constituição Federal explicita que os impostos são tributos os quais não podem ter suas receitas vinculadas a qualquer despesa, conforme rege o art. 167, IV. 
	FEDERAIS
	ESTADUAIS/DF
	MUNICIPAIS/DF
	Art. 153 da CF
	Art. 155 da CF
	Art. 156 da CF
	I – II
	I – ITCMD
	I – IPTU
	II – IE
	II – ICMS
	II – ITBI III
	III – IR
	III – IPVA
	III – ISS
	IV – IPI
	
	
	V – IOF
	
	
	VI – ITR
	
	
	VII – IGF
	
	
	 I – Imposto Residual
	
	
	Art. 154 II – Imposto Extraordinário
	
	
Quanto a incidência do imposto, ocorrerá de forma direta quando o tributo for suportado diretamente pelo sujeito que pratica o fato gerado. Como exemplo temos o IR (Imposto de Renda).
Já na forma indireta, ocorrerá quando o valor do imposto for embutido no valor do produto ou serviço. Neste caso como exemplo temos o ICMS (imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
2.2 TAXA
Espécie tributária prevista no texto constitucional, 145, II, da Constituição e nos artigos 77 a 80 do Código Tributário Nacional, esta espécie é de competência comum, ou seja, poderá ser exercida a cobrança pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, revestindo-se do direito de cobrança aquele quem tenha prestado o serviço público ou exercido o poder de polícia.
Dispõe o artigo. 145 da Constituição Federal:
Art. 145 da CF: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: 
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.
Quanto a legalidade, deverá ser instituída por meio de lei ordinária ou medida provisória e deverá observar os da anterioridade anual (art. 150, III, “b”, da CF) e nonagesimal (art. 150, III, “c”, da CF)
Esta espécie possui como fato gerador atuação estatal especifica no exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição, (art. 77 e 78 CTN).
Sua característica principal e a atividade estatal contraprestacional.
2.2.1 REQUISITOS DE VALIDADE DA TAXA DE SERVIÇO PÚBLICO
Para que seja válida a cobrança da taxa é preciso analisar os critérios de validade, artigo 77 CTN.
· Serviço específico – são aqueles que possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas.
· Serviço divisível – são aqueles suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.
· Utilização efetiva OU potencial – será passível de cobrança de taxa quando usufruído pelo contribuinte ou quando postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento.
Ex: O Estado y coloca à disposição de um bairro o serviço de coleta e remoção de lixo domiciliar. Patrício, morador da região, decide construir nos fundos de sua residência um equipamento para reciclagem do seu lixo doméstico e, por essa razão, não utiliza os serviços prestados peloEstado. Pergunta-se: Patrício poderá deixar de efetuar o pagamento da taxa, já que não está usufruindo diretamente do serviço prestado pelo Estado? Não, pois o serviço está potencialmente à disposição de Patrício.
Tais exigências diferenciam a taxa do imposto. O imposto financia a prestação estatal de maneira universal, ou seja, indivisível. Vejamos o quadro.
	TAXA
	IMPOSTO
	Divisível
	Indivisível
	inter partes
	Erga omnes
	Singular
	Universal
2.2.1.1 DE OLHO NAS SÚMULAS. 
O Supremo editou a Súmula n. 670 e sumula vinculante 41, dispondo sobre a impossibilidade de remuneração do serviço de iluminação pública mediante taxa. Vejamos
Súmula n. 670 do STF: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. Taxa de iluminação pública. (…) Tributo de exação inviável, posto ter por fato gerador serviço inespecífico, não mensurável, indivisível e insuscetível de ser referido a determinado contribuinte, a ser custeado por meio do produto da arrecadação dos impostos gerais. RE 233.332, rel. min. Ilmar Galvão, j. 10-3-1999, P, DJ de 14-5-1999. AI 479.587 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 3-3-2009, 2ª T, DJE de 20-3-2009
Súmula Vinculante n. 41: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
Decisão esta não poderia ser outra, pois não é possível dividir a cobrança entre os sujeitos que utilizam as vias públicas.
Em sentido contrário, o supremo editou a súmula vinculante n.19 reconhecendo a possibilidade de cobrança de taxa serviços públicos de coleta de lixo residencial, quando estes serviços estiverem desvinculados de qualquer serviço de limpeza pública.
Súmula Vinculante n. 19 A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.
O Ministro Relator Ricardo Lewandowski em seu voto no RE 576.321 destacou que a Corte entende como específicos e divisíveis os serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, desde que essas atividades sejam completamente dissociadas de outros serviços públicos de limpeza realizados em benefício da população em geral (uti universi) e de forma indivisível, tais como os de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos (praças, calçadas, vias, ruas, bueiros).
Destaca-se ainda a súmula n. 545 do STF na qual se pacificou a diferença entre preço público e taxas.
Súmula n. 545 do STF Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu. 
A ministra Relatora Cármen Lúcia em seu voto do RE 556.854 destacou que Taxa e preço público diferem quanto à compulsoriedade de seu pagamento. A taxa é cobrada em razão de uma obrigação legal enquanto o preço público é de pagamento facultativo por quem pretende se beneficiar de um serviço prestado.
2.2.2 REQUISITOS DE VALIDADE DA TAXA DE PODER DE POLÍCIA. 
O segundo fato gerador da taxa, é o exercício do poder de polícia, que se reveste na faculdade que tem o Estado de limitar e condicionar o exercício dos direitos individuais.
Seu fundamento está expressamente previsto no artigo 78 do CNT:
Art. 78 do CTN: Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
Quanto sua cobrança, o Supremo Tribunal Federal já se posicionou no sentido que taxa de poder de polícia, para ser constitucional, precisa apenas de comprovação da existência dos órgãos de fiscalização.
Oportuno destacar que as taxas não podem ter fato gerador ou base de cálculo próprios de impostos, sob pena de bis in idem.
2.2.2.2 DE OLHO NAS SÚMULAS 
O Supremo editou a Súmula vinculante n 29, dispondo sobre a constitucionalidade do uso de um dos elementos base de cálculo própria de determinado imposto. Vejamos:
Súmula Vinculante n. 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra
2.3 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA.
Espécie tributária prevista no texto constitucional artigo 145, III, nos artigos 81 e 82 do Código Tributário Nacional e no Decreto-lei n. 195, de 1967. 
Esta espécie é de competência comum, ou seja, poderá ser exercida a cobrança pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, revestindo-se do direito de cobrança o ente que tenha realizado obra pública e gerado valorização do imóvel particular.
Art. 1º do DL n. 195/1967: A Contribuição de Melhoria, prevista na Constituição Federal tem como fato gerador o acréscimo do valor do imóvel localizado nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente por obras públicas.
Art. 3º do DL n. 195/1967: A Contribuição de Melhoria a ser exigida pela União, Estado, Distrito Federal e Municípios para fazer face ao custo das obras públicas, será cobrada pela Unidade Administrativa que as realizar, adotando-se como critério o benefício resultante da obra, calculado através de índices cadastrais das respectivas zonas de influência, a serem fixados em regulamentação deste Decreto-lei.
O fato gerador da contribuição de melhoria é o acréscimo do valor do imóvel localizado nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente por obras públicas.
Para que seja realizada a cobrança é necessário que o ente federativo publique edital o qual conste: 1) a delimitação da zona beneficiada direta ou indiretamente com a obra, relação dos imóveis nelas compreendidos; 2) memorial descritivo do projeto; 3) orçamento total ou parcial do custo das obras; 4) determinação da parcela do custo das obras a ser ressarcida pela contribuição; e 5) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas.
Quanto a legalidade, deverá ser instituída por meio de lei ordinária ou medida provisória e deverá observar os da anterioridade anual (art. 150, III, “b”, da CF) e nonagesimal (art. 150, III, “c”, da CF)
2.3.1 DE OLHO NOS JULGADOS.
A título exemplificativo, vejamos julgado no qual não se realizou a publicação do edital e por consequência ocorreu a inadmissibilidade da cobrança:
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA - Loteamento urbano. Pavimentação asfáltica e colocação de guias e sarjetas. Incidência da contribuição de melhoria na hipótese de valorização do imóvel. Lançamento que desconsidera este critério e não fixa alíquota percentual correspondente à valorização. Base de cálculo exclusivamente fixada no rateio do custo da obra em proporção à metragem linear da respectiva testada dos imóveis beneficiados. Inadmissibilidade. Violação do Código Tributário Nacional, arts. 81 e 82. Lançamento ajuizado de ofício. Re-exame necessário não provido. (1º TACSP - AP 0913031-8 - (42772) - São João da Boa Vista - 2ª C.Fér. - Rel. Juiz Amado de Faria - J. 03.04.2002) 
No exemplo a seguir a administração pública não demonstrou a valorização decorrente da obra pública.
TRIBUTO - CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA - FATO GERADOR - VALORIZAÇÃO DO IMÓVEL - ART. 81/CTN - PRECEDENTES DO STF E STJ - 1. A Contribuição de Melhoria tem como fato gerador a valorização do imóvel que lhe acarreta real benefício, não servindo como base de cálculo, tão-só o custo da obra pública realizada. 2.Recurso Especial conhecido e provido. (STJ - RESP 280248 - SP - 2ª T. - Rel. Min. Francisco Peçanha Martins - DJU 28.10.2002).
2.4 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO.
Espécie tributária prevista no texto constitucional, art. 148. Esta espécie, é de competência exclusiva da União, instituída por meio de lei complementar, e possui como fato gerador despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência e investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Vejamos:
Art. 148 da CF: A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: 
I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
 II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”.
Quanto a observância aos princípios da anterioridade anual (art. 150, III, “b”, da CF) e nonagesimal (art. 150, III, “c”, da CF) algumas ressalvas devem ser realizadas.
 Quando instituído o empréstimo compulsório para atender despesas de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência, sua cobrança poderá ser imediata. Entretanto, quando a instituição ocorrer em razão de investimento público de relevante interesse nacional a regra é a observância a ambos os princípios.
	EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
	PRINCÍPIOS DA ANTERIORIDADE ANUAL E NONAGESIMA
	Guerra ou iminência
	Exceção a ambos os princípios, pode ser cobrado de imediato
	Calamidade pública
	
	Investimento público de relevante interesse nacional
	Obedece ambas anterioridades 
Oportuno destacar, que por disposição expressa do artigo 148, paragrafo único, os recursos serão vinculados as despesas que o fundamentou. Destaca-se ainda que o empréstimo compulsório é um tributo com clausula de restituição integral, ou seja, com o término da situação que deflagrou a ocorrência do fato gerador, a União, atendidos os limites e as condições previstos em lei complementar, conforme preconiza o parágrafo único do artigo 15 do CTN.
Art. 15 parágrafo único do CTN: A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.
Por fim, cabe demonstrar a diferença entre o empréstimo compulsório e o imposto extraordinário:
	EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
	IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO
	Art. 148 da CF
	Art. 154, II, da CF
	Competência - União. 
	Competência - União.
	Instituição - Lei complementar.
	Instituição - Lei ordinária
	Situação deflagadoras do FG
	Situação deflagadoras do FG
	– Guerra ou iminência e calamidade (cobrança imediata) 
– investimento público (regra de anterioridade e de noventena).
	– Guerra ou iminência (cobrança imediata)
	Término do FG - devolução integral do valor arrecadado em no máximo 5 anos.
	Término do FG: supressão gradual do imposto no prazo máximo de 5 anos
2.5 CONSTRIBUIÇÕES SOCIAIS, INTERVENTIVAS ECONÔMICAS, INTERVENÇÕES PROFISSIONAIS E CONTRIBUIÇÕES PARA CUSTEIO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA. 
 As contribuições especiais, encontram-se previstas no artigo 149 da Constituição Federal e 149 - A, tendo como critério de identificação a finalidade de criação do tributo.
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
Verifica-se, portanto, que as contribuições especiais estão divididas em 4 subespécies, sendo elas: as contribuições sociais em sentido estrito, as contribuições para intervenção no domínio econômico, as contribuições de interesse de categorias profissionais e a contribuição para custeio do serviço de iluminação pública. 
	EXCLUSIVA DA UNIÃO - Art. 149
	UNIÃO, ESTADOS, DF e MUNICÍPIOS 
Art. 149 §1
	MUNICÍPIOS e DF
Art. 149 - A
	Contribuições sociais
	Contribuições previdenciárias de seus servidores
	Contribuição para o custeio da Iluminação pública 
	Contribuições de intervenção no domínio econômico
	
	
	Contribuições de interesse de categoria profissional e econômicas
	
	
Destaca-se ainda, que as contribuições possuem receita com destinação específica e em regra são instituídas por meio de lei ordinária, sendo excetuado as contribuições sociais não previstas na constituição, artigo. 195 § 4º. (residual)
2.5.1 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal as contribuições sociais são classificadas em 3 espécies:
A primeira corresponde as contribuições sociais: nos termos do artigo 194 da CF, esta contribuição tem como objetivo assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
A segunda classificação seriam as outras contribuições: possuindo como fundamento o artigo 195 § 4º, corresponde as contribuições decorrentes do exercício da competência residual
Por último, as contribuições sociais gerais: estas por sua vez, correspondem a atuação da união na área social, como salário educação (art.212 § 5) e sistema “S” (art. 240 da CF).
 A seguridade social será financiada por toda a sociedade nos termos do artigo 195 da CF, vejamos alguns exemplos: PIS (Programa de Integração Social), COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e a CSLL. (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)
Excetua-se a regra o § 7 do artigo 195, o qual será isenta (imunidade) de contribuições para seguridade social as entidades beneficentes de assistência social, que atendam às exigências estabelecidas em lei. 
Quanto a exigência, as contribuições para seguridade social só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que a houver instituído ou majorado – art. 195 §6. Podendo, contudo, ser cobrado no mesmo exercício.
2.5.2 CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE)
As Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico, possuem natureza de extrafiscal, ou seja, apesar de promover arrecadação ao Estado esta não é sua finalidade. Busca-se promover uma intervenção de ordem social ou econômica.
Ex: CIDE combustíveis 
Art. 177 - § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos:
I - a alíquota da contribuição poderá ser
a) diferenciada por produto ou uso
b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b (anterioridade)
2.5.2.1 DE OLHO NOS JULGADOS
O Supremo Tribunal Federal considera como CIDE, a contribuição para o SEBRAE. 
A contribuição do Sebrae – Lei 8.029/90, art. 8º, §3º, redação das leis 8.154/90 e 10.668/2003 – é contribuição de intervenção no domínio econômico, não obstante a lei se referir como adicional as alíquotas das contribuições sociais gerais relativas às entidades de que trata o artigo 18 do Decreto-Lei 2.318/86, SESI, SENAI, SESC, SENAC. Não se inclui, portanto, a contribuição do Sebrae, no rol do artigo. 240, CF.
Atenção regras específicas para Contribuições Sociais e CIDE
I - Não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação.
II - Incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços
2.5.3 CONTRIBUIÇÕES DE INTERESSE DE CATEGORIA PROFESSIONAL E ECONÔMICA
	As contribuições de interesse de categoria profissional e econômica, tem como finalidade a obtenção de recursos para financiar atividades de interesse das instituições representativas, fiscalizatórias ou econômica. Ex: CRM, CREA
2.5.4. CONTRIBUIÇÃO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA.
 A contribuição de Iluminação Pública foi introduzida pela EmendaConstitucional nº 39 (artigo 149-A). Sua criação se deu em razão da declaração de inconstitucionalidade promovida pelo STF. 
O Fundamento da declaração de inconstitucionalidade foi a não observância aos requisitos de especificidade e divisibilidade.

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