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prova av2 Pratica de trabalho

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 99° VT DA CIDADE DE SÃO PAULO/SP
Processo n° ...
Banco Moeda do Brasil S/A., inscrita no CNPJ sob nº ..., com sede na cidade de São Paulo/SP, endereço, CEP....., vem, por seus procuradores infra-assinados, nos autos do processo em epígrafe conforme previsão dos arts. 841 da CLT c/c 335 do CPC/2015, vem apresentar sua
CONTESTAÇÃO
nos autos da Reclamação Trabalhista que, perante essa douta Vara e respectiva Secretaria, lhe é movida por ANA, o que faz consubstanciada nas razões de ordem fática e jurídica que articuladamente passa a expor, a fim de ver declarada a improcedência da ação.
PRELIMINARES 
INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA
Conforme recente entendimento jurisprudencial do STJ (IAC), é de competência da Justiça comum estadual o julgamento de ações que discutem o direito de ex-empregado, aposentada ou demitida sem justa causa, de permanecer em plano de saúde coletivo oferecido pela empresa empregadora aos trabalhadores ativos, na modalidade de autogestão, exceto quando o benefício for regulado em contrato de trabalho ou norma coletiva.
A Justiça competente para o exame e julgamento de feito (fundado nos artigos 30 e 31 da Lei 9.656/98) que discute direitos de ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa de permanecer em plano de saúde coletivo oferecido pela própria empresa empregadora aos trabalhadores ativos, na modalidade de autogestão, é a Justiça comum estadual, visto que a causa de pedir e o pedido se originam de relação autônoma nascida com a operadora de plano de saúde, a qual possui natureza eminentemente civil, envolvendo tão somente, de maneira indireta, os aspectos da relação de trabalho, razão pela qual requer a extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, IV, do CPC/2015.
Um dos argumentos utilizados pelo STJ foi no sentido de não haver integração do benefício (plano de saúdo) ao salário: art. 458, par. 2º, da CLT ( natureza jurídica: trata-se de mera UITLIDADE).
SÍNTESE DOS FATOS
Alega a reclamante que laborada no Banco Moeda do Brasil S/A e exercia o cargo de gerente geral de agência de pequeno porte, durante o período de 4 anos, tendo sido dispensada no dia 11/02/2019
Aduz que era responsável por controlar o desempenho profissional e a jornada de trabalho dos funcionários da agência, além do desempenho comercial desta, podendo inclusive, admitir e demitir empregados. 
Afirma que percebia remuneração no valor de R$12.000,00, já inclusa a gratificação da função e segue alegando que trabalhava de 08h às 20h, de segunda a sexta, com intervalo de 20 minutos para descanso e almoço. 
Outrossim, a autora requer a sua reintegração ao emprego, sob o argumento de que efetuou seu registro ao cargo de dirigente sindical, no curso do prazo do aviso prévio bem como a manutenção do plano de saúde que assinou no ato de sua admissão, mesmo sem previsão do benefício em norma coletiva. 
Por fim, requer a condenação da reclamada a multa prevista no art. 477 da CLT, pois foi notificada da dispensa em 11/02/2019 e a empresa só pagou as verbas rescisórias e efetuou a homologação da dispensa em 21/02/2019, um dia após o prazo
Assim, pleiteia: 
- Horas extras e reflexos;
- A reintegração ao emprego; 
 - A manutenção do plano de saúde
- Multa prevista no art. 477 da CLT
Todavia, a ação improcede
DO MÉRITO
DA JORNADA DE TRABALHO 
Alega a autora que faz jus ao recebimento de horas extras em virtude de sua carga horária ser de 08h às 20h, de segunda a sexta. 
A reclamada impugna a alegação da autora, visto que fora contratada para exercer cargo de confiança dentro da empresa. Com isso, a jornada de trabalho é considerada livre, não fazendo jus a reclamante de tais verbas extraordinárias nem ao limite de oito horas de labor por dia.
Vale ressaltar que a reclamada sempre cumpriu com a obrigação em pagar as devidas gratificações acrescidas de 40% dos respectivos valores, conforme fichas financeiras aconstadas aos autos.
À luz do art. 62, II da CLT não são abrangidos pelo regime previsto no capítulo da jornada de trabalho os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do referido artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial.
SÚMULA Nº 287 - JORNADA DE TRABALHO. GERENTE BANCÁRIO 
A jornada de trabalho do empregado de banco gerente de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto ao gerente-geral de agência bancária, presume-se o exercício de encargo de gestão, aplicando-se-lhe o art. 62 da CLT
Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Ora V. Exa, diante de todo o exposto, podemos concluir que a reclamante exercia funções podiam colocar em risco o empreendimento, seus interesses fundamentais, sua administração e segurança, bem como advinha de suas orientações as coordenadas essencias para o desenvolvimento de todo o banco. Caracterizando de forma cristalina todos os elementos necessários 
DO INTERVALO INTRAJORNADA
A reclamada impugna veementemente a alegação do reclamante de que usufruía no máximo 20 minutos de intervalo intrajornada. 
De imediato, a Reclamada afirma que razão não assiste ao obreiro, ao passo que havia determinação para que fosse gozado o intervalo regular de 01:00h para refeição e descanso. Assim, consubstanciada nessa determinação, a Reclamante, como os demais empregados, sempre gozavam do intervalo intrajornada.
Ad cautelam, se acaso em algum momento esse intervalo não foi gozado, isso se deu por única e exclusiva vontade do Autor, sem qualquer ingerência da Ré. 
A jurisprudência é pacífica quanto ao ônus que recai sobre o reclamante. 
Vejamos a ementa a seguir: 
Ementa 
INTERVALO INTRAJORNADA ÔNUS DA PROVA Cabia à 
reclamante provar que seu intervalo intrajornada era de 30 
minutos conforme alegado na inicial, por tratar-se de fato 
constitutivo de seu direito. Não se desincumbindo deste ônus, 
tem-se como verdadeira a alegação patronal neste particular. (TRT 
19ª R. RO 02509.1999.003.19.00.6 Rel. Juiz João Leite J. 
08.01.2002) 
Destaque-se, por oportuno, que a determinação da Reclamada era para que os colaboradores sempre gozassem do intervalo de 01 (uma) hora destinado para refeição e descanso. 
De toda sorte, em atenção ao princípio da eventualidade, cumpre impugnar as alegações autorais de supressão ou redução do intervalo intrajornada. Isso porque, todos os empregados da Reclamada usufruem regularmente do intervalo de 01 (uma) hora para alimentação e descanso, sendo inverídica a alegação autoral de que o intervalo intrajornada era suprimido. 
Em complemento, recorde-se que é de curial sabença que cabe a quem alega a comprovação dos fatos, conforme determina os artigos 818 da CLT e 333 I do CPC, bem como a jurisprudência, senão vejamos: 
187023292 INTERVALO INTRAJORNADA - Sem prova da 
supressão do intervalo intrajornada, não faz jus o recorrente ao pagamento desse tempo acrescido do adicional correspondente. (TRT 12ª R. RO-V 02364-2002-028-12-00-4 (00989/20043043/2003) Florianópolis 2ª T. Rel. Juiz José Luiz Moreira Cacciari J. 14.01.2004) 
Diante do exposto, impõe-se a improcedência do referido pedido, ou caso assim, não se proceda, o que somente se admite por amor ao debate, que seja a Reclamada condenada tão somente ao pagamento do adicional de 50% previsto no art. 71 Parágrafo 4º da CLT. 
DA REINTEGRAÇÃO AO EMPREGO 
 
Aduz a reclamante que deve ser reinserida ao quadros de funcionários da empresa, visto que se tornou dirigente sindical no curso de ser aviso prévio. 
Ocorre que à luz de nosso ordenamento jurídico, temos entendimento sumulado no TST de que o empregado que registra sua candidatura a dirigente sindical no gozo do aviso prévio, seja ele indenizado ou não, não faz jus ao direito da estabilidade prevista em nossa CLT. 
No caso em tela a autora está equivocada quanto a solicitação de reconhecimento de estabilidade e consequente reintegração ao seu cargo, pois não há previsão legal que a ampare, pelo contrário. 
Vejamos: 
Súmula nº 369 do TST - DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADEPROVISÓRIA (redação do item I alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 
V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho. 
Nota-se que de forma expressa temos em nossa CLT que o empregado eleito para o cargo de administração sindical só tem sua dispensa vedada a partir do momento em que registra sua candidatura. Ou seja, in casus a reclamante já havia sido dispensada antes mesmo de realizar o registro de sua candidatura, sento totalmente legal a sua dispensa. 
Art. 543 CLT - O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais. 
§ 3º - Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação.     
Diante dos expostos, requer a reclamada o indeferimento do pleito proposto pela reclamante, visto que tal deferimento geraria uma enorme insegurança jurídica e consequente esvaziamento do direito potestativo do empregador em promover a extinção do contrato de trabalho sem justa causa. 
DA MULTA PREVISTA DO ART. 477 DA CLT
A reclamante alega que foi notificada da dispensa em 11/02/2019 e a empresa só pagou as verbas rescisórias e efetuou a homologação da dispensa em 21/02/2019, com isso requer a indenização prevista no supramencionado artigo. 
Tais pleitos são totalmente improcedentes visto que a contagem para o prazo previsto no art. 477 da CLT se dá da seguinte forma:
Exclui-se o dia da notificação da dispensa e começa a se contar os 10 dias no dia seguinte da ciência do empregado. Sendo assim, caso o último dia do prazo caia em dias que não há expediente bancário, prorroga-se o vencimento para o próximo dia útil. 
Orientação Jurisprudencial 162/TST-SDI-I - Contrato de trabalho. Rescisão. Multa. CLT, art. 477. Início da contagem do prazo para quitação das verbas rescisórias. CCB/2002, art. 132 (antigo CCB/1916, art. 125). Aplicabilidade.
A contagem do prazo para quitação das verbas decorrentes da rescisão contratual prevista no art. 477 da CLT exclui necessariamente o dia da notificação da demissão e inclui o dia do vencimento, em obediência ao disposto no art. 132 do CC/2002 (CCB/1916, art. 125).
In casus, basta realizar uma simples conta aritmética para se chegar a conclusão de que a empresa em momento algum efetuou os devidos pagamentos e realizou a homologação fora do prazo legal, estando mais uma vez a reclamante equivocada em seus pleitos. 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Com fulcro no art. 791-A da CLT, requer a concessão de honorários de sucumbência a serem, fixados entre 5% a 15% sobre o valor que resultar da liquidação de sentença, nos moldes do art. 791-A, caput, da CLT.
REQUERIMENTO
Isto posto requer a Vossa Excelência:
1. O acolhimento da preliminar de incompetência absoluta, com extinção do processo com resolução de mérito, nos termos do art. 485, IV, do CPC
2. A improcedência dos pedidos;
3. A condenação do reclamante no pagamento de honorários advocatícios e custas processuais. 
PROVAS 
A reclamada protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito 
admitidos, especialmente o depoimento pessoal do reclamante, sob pena de confessão, oitiva de testemunhas, perícias (caso haja necessidade), juntada de novos documentos e todas as demais que se fizerem necessárias durante a instrução. 
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
São Paulo/SP, data.
Advogado ... OAB/UF ...

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