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E-Book 1 Processos de Coaching e Mentoring Adriana Bernardo NESTE E-BOOK: Introdução ������������������������3 os processos de desenvolvImento humano �����������4 Origens e definições de Coaching e Men- toring �������������������������������������5 Diferenças e aplicações do Coaching e do Mentoring ���������������������������������8 Os tipos de Coaching �������������������� 12 As principais ferramentas de Coaching e Mentoring ������������������������������� 14 A importância da escuta ativa e estrutura- da ��������������������������������������� 16 vIsão geral dos prIncIpaIs padrões comportamentaIs ���������� 18 A teoria DISC ���������������������������� 18 Comunicação assertiva com diferentes perfis ������������������������������������ 24 consIderações fInaIs ������������� 26 síntese ���������������������������27 Introdução Caro(a) estudante, Tenha certeza de que, ao absorver os conheci- mentos desta disciplina, você estará mais pre- parado para enfrentar os desafios do mercado de trabalho e desenvolver-se tanto no aspecto profissional quanto no pessoal. Os termos “coaching” e “mentoring” têm sido bastante utilizados, assim como seus processos tornaram-se comuns para aqueles que buscam aumentar o próprio desempenho ou de suas equipes, atingindo uma determinada meta, ou mesmo, buscando apoio em um importante mo- mento de decisão. Porém, por ser uma temática relativamente nova, ainda existem deturpações quanto aos seus conceitos e aplicações. Assim, o objetivo desta disciplina é desmistificar o que é o coaching e o mentoring, trazendo como base fontes internacionais de pesquisa, e ferra- mentas práticas que costumam ser utilizadas durantes esses processos. 3 os processos de desenvolvImento humano Você já imaginou uma empresa existindo sem pessoas? Por mais tecnológica que seja uma instituição, pública ou particular, ela só funciona se existem pessoas que façam seus processos e sistemas rodarem. São as pessoas que dão vida às organi- zações, mesmo que tenham o auxílio ou estejam detrás de máquinas e equipamentos. Com o avanço da tecnologia, buscar novas qua- lificações ou se reciclar é essencial para quem deseja se manter ativo no mercado de trabalho. Segundo uma pesquisa realizada pelo World Eco- nomic Forum (2016), os profissionais do futuro serão aqueles que terão desenvolvido mais as competências comportamentais do que técnicas. Dentre elas, podemos destacar: a resolução de problemas complexos, a inteligência emocional, a criatividade e a capacidade de liderar e gerir pessoas. 4 AS 10 HABILIDADES DOS PROFISSIONAIS DO FUTURO Será que você já possui as habilidades dos profissionais do futuro? É interessante notar que essas habilidades estão vinculadas mais com aspectos compor- tamentais do que apenas técnicos. Conheça quais são elas no link: https://www.weforum.org/reports/the-future- -of-jobs. E não há dúvidas de que as práticas de coaching e mentoring podem contribuir para o desenvolvi- mento de tais habilidades. Por isso, nos próximos tópicos você conhecerá as origens, definições, e principais ferramentas das práticas de desen- volvimento humano – mais especificamente, do coaching e do mentoring. Trataremos também sobre a importância da escuta ativa e estruturada, sendo este um dos elementos essenciais para que esses processos tenham sucesso. Origens e definições de Coaching e Mentoring Por ser uma temática relativamente nova no campo da pesquisa, ainda é possível encontrar algumas divergências sobre as definições do coaching e mentoring, principalmente no que diz SAIBA MAIS 5 https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs respeito ao primeiro. Contudo, podemos ressaltar que ambos servem como suporte para o desen- volvimento humano, sendo práticas utilizadas durante a busca de um objetivo profissional, ou mesmo, pessoal. A origem da palavra coach vem desde o século 15, em que na região da Hungria um meio de transporte chamado kocsi foi traduzido para o alemão kutsche, até chegar ao francês co- mo coache. Ou seja, o termo remete à ideia de transportar pessoas de um lugar para o outro (BLANCO apud CAMPOS; PINTO, 2012). Não é à toa que a ideia básica do coaching refere- -se ao processo no qual o coach (ou condutor) apoia o coachee (ou cliente) a sair do seu “estado atual” – também conhecido como Ponto A, para chegar ao “estado desejado” – ou Ponto B. A partir dos anos 1980, nos Estados Unidos, o termo começou a designar além de “líder esportivo” ou “treinador”, a pessoa que apoia o desenvolvimento de competências no ambiente organizacional (ENGELMAN; PERRONE, 2009). É comum ouvir pessoas trocando os termos ou não sabendo quando usar as palavras “coaching”, “coach” e “coachee”. Assim, vale destacar: FIQUE ATENTO 6 Coaching – é o processo de desenvolvimento pelo qual a pessoa passa para alcançar um determinado objetivo, seja no aspecto pessoal ou profissional. Coach – é a pessoa que conduz o processo de coaching. Coachee – é o cliente que passa pelo coaching e está buscando alcançar um objetivo. A primeira ideia sobre o mentoring surge na Grécia antiga, na Ilíada, escrita por Homero. Nessa epopeia, o autor narra a relação entre três personagens centrais: Mentor, Ulisses e seu filho, Telemachus; Mentor era uma espécie de conselheiro, tutor ou guia, ao qual foi dada a missão de cuidar do filho de Ulisses, Telemachus, enquanto seu pai foi lutar na guerra de Troia. Mentor aconselhava de maneira sábia e sensível com o intuito de preparar o jovem a tornar-se rei no futuro (XIMENES, 2014). Trazendo para os dias atuais, o processo de mentoring pode ser definido como um método pelo qual uma pessoa mais experiente e com maior sabedoria, acompanha, orienta e incenti- va alguém que está buscando conquistar algo similar ao que já passou para desenvolver-se no aspecto pessoal ou de carreira. Quando uma geração compreende o valor da outra e se propõe a apoiar para favorecer o apren- dizado, os resultados são superiores. Assim, o 7 mentoring também é uma estratégia inteligente para aproximar gerações e valorizar quem já teve uma bagagem, transmitido seus conhecimentos e deixando seu legado (LOTZ; GRAMMS, 2014). Diferenças e aplicações do Coaching e do Mentoring A linha que separa as práticas de coaching e men- toring é bastante tênue e, em alguns casos, um mentor pode utilizar a metodologia do coaching para auxiliar seu mentorado. Para clarificar tais temas, observe a tabela que explica os principais objetivos e diferenças entre as práticas de ambas no ambiente organizacional: QUESTÕES COACHING MENTORING Qual o foco? Apoiar e gerar clareza para o alcance de um determinado objetivo Transmitir orientações com base em uma prévia e sólida experiência Quem conduz? O coach - pode ser alguém fora da organização, não sendo obrigatório que tenha tido a vivência quanto ao objetivo almejado O mentor - geralmente alguém interno e que já tenha tido a vivência naquilo que se almeja desenvolver 8 QUESTÕES COACHING MENTORING Como funciona? O coach trabalha com perguntas visando a estimular uma mudança comportamental positiva para que o cliente (coachee) obtenha o resultado que foi estipulado no início do processo. O coach não deve dizer ao cliente o que deve ser feito, nem dar conselhos ou indicar os caminhos O mentor oferece suporte ao mentorado com base em suas vivências, orientando e compartilhando os caminhos que possam facilitar o desenvolvimento do mentorado Qual o prazo? Curto prazo (menos de 1 ano) Longo Prazo (sem prazo determinado) Principais Caracterís- ticas O coach mais escuta do que fala. No final de toda sessão, o cliente deve sair com um plano de ação. O processo de coaching, para ser válido, precisa gerar resultados que sejam mensuráveis e, por isso, é mais focado no desempenho do cliente e em seu monitoramento O mentor é quemfala mais, visando a orientar e tirar dúvidas, ou mesmo fornecer feedbacks ao mentorado. Não necessariamente existe a criação de planos de ação Postura Apoia e estimula Orienta e corrige Tabela 1: Objetivos e diferenças entre Coaching e Men- toring Fonte: Elaboração Própria. 9 Como mencionado anteriormente, a linha que separa tais práticas é bastante tênue, e ainda não existe uma definição consensual que limite de forma definitiva a distinção entre os termos. Pode ocorrer de um mentor usar em seu trabalho as técnicas e ferramentas do coaching. Assim como um coach pode ter a vivência naquilo que o cliente está buscando e, em determinado mo- mento, também atuar como mentor. Contudo, ambos auxiliam no processo de aprendizagem e autodescoberta para o desenvolvimento do potencial humano (SILVA, 2010). Por ser um mercado novo e em alta nos últimos anos, surgiu uma explosão de pessoas atuando como coaches e mentores. Tal fato ocorreu devido às baixas barreiras de entrada para a profissão, visto que ainda não existe uma regulamentação que unifique os deveres e direitos de quem atua e é atendido por esses profissionais. Ao mesmo passo, tal crescimento e a falta de regras claras que ordenem o que pode e não pode ser feito, e quais os resultados esperados, fez com que surgissem inúmeros casos de pessoas que misturam com outras práticas, deturpando, principalmente, a metodologia do coaching. Em algumas situações o coaching é associado com “Cura Quântica”, “Reprogramação do DNA” , “Hipnose”, e “Constelação”, que nada tem a ver com a ideia e o processo original, que teve como base os conhecimentos de Timothy Gallwey, treinador esportista, que lançou em 1974 o livro 10 O jogo interior do tênis, e ficou conhecido como “o pai do coaching”. Nesse livro, Gallwey fala da importância de nos observarmos internamente e, a partir disso, ter- mos mais consciência e autocontrole para atingir os resultados que esperamos. Esse conceito foi essencial para definir as bases da metodologia de coaching que, posteriormente, passou a ser usada no meio empresarial. Tendo em vista seu recente surgimento, o coa- ching ainda é pouco conhecido pela população em geral, abrindo espaço para que pessoas que agem de má-fé possam se aproveitar da situação e vender um processo de coaching sem de fato aplicar ou ter conhecimento da sua metodologia. Por isso, é importante buscar saber mais sobre a certificação do profissional, bem como suas experiências práticas e resultados obtidos. Esse tema causou tanta controvérsia que, no início de 2019, foi enviado ao Senado uma proposta sobre “Criminalização do Coaching”. O objetivo disso é regulamentar a profissão dos coaches, deixando mais claro quem pode ou não atuar na área, e de que modo, evitando que pessoas interessadas no processo de desenvolvimento pessoal ou profissio- nal sejam ludibriadas por quem age de má-fé, ou que sequer tenha uma formação. Por consequência, esta medida também trará benefícios a quem vem atuando de forma séria e usando a metodologia do coaching de maneira adequada. 11 Os tipos de Coaching Atualmente, verificamos uma grande gama em que o coaching é aplicado e, com isso, foram criados vários nichos de mercado. Existe, por exemplo, “coaching para emagrecimento”, “coa- ching de relacionamentos”, e mesmo “coaching automobilístico” (para quem tem como objetivo adquirir um carro). Essas variações podem até facilitar por uma questão de posicionamento ou divulgação dos serviços prestados, no entanto, a base e a me- todologia do processo é a mesma, sendo que todos os exemplos citados anteriormente se encaixam como o Coaching de Vida, também conhecido como “Life Coaching”. Segundo Sulivan França, presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching, qualquer meta relacionada ao aspecto pessoal – como emagre- cer, aumentar vínculos familiares, adquirir uma casa ou um carro, desenvolver espiritualidade, entre outros – se encaixam dentro do coaching de vida. Outra vertente do coaching é quando é utilizado para o desenvolvimento de competências no am- biente organizacional, assim, trata-se do Coaching Executivo, que também pode ser aplicado para líderes. Nesse tipo de coaching, é necessário que haja um vínculo com as estratégias da empresa, além de ser criado um mapa de competências a 12 serem desenvolvidas, de acordo com os objetivos organizacionais. E, por fim, podemos definir um terceiro estilo de coaching que pode mesclar ferramentas do Coaching de Vida e do Coaching Executivo – é o Coaching de Carreira, adequado para quem está buscando compreender qual sua vocação no aspecto profissional ou mesmo está pas- sando por um processo de transição em que deseja deixar o emprego fixo para empreender. Também é aplicado para quem deseja continuar na mesma carreira, visando a ocupar posições mais elevadas. Desse modo, vale destacar que as terminologias sobre os tipos de coaching podem variar, além de terem sido criadas outras ramificações para elas. Contudo, a base dos tipos caracteriza-se nessas três principais, que podem ser visualiza- das no diagrama a seguir: Coaching de Vida Coaching de Carreira Coaching Executivo Figura 1: Diagrama dos três principais tipos de coaching. Fonte: Elaboração Própria. 13 As principais ferramentas de Coaching e Mentoring As ferramentas dentro de um processo de coa- ching ou de mentoring são utilizadas com a função de gerar mais opções sobre os caminhos a serem trilhados pelo coachee ou mentorado, ou ainda, para proporcionar maior autoconhecimento e clareza durante o processo, criando uma relação de apoio e confiança entre as partes. Contudo, as ferramentas não devem substituir a essência ou a base de cada processo. Um coach que só usa ferramentas nas sessões e não sabe como fazer perguntas, provavelmente, não é um bom coach. Assim como um mentor que não tem a vivência naquilo que o mentorado está buscando, em termos pessoais ou profissionais, dificilmente conseguirá orientar de uma forma que atenda às expectativas. Em ambos os casos, e como comentado anterior- mente, há uma linha muito tênue quanto a essas práticas, e nada impede que uma determinada ferramenta seja utilizada nos dois processos. Como curiosidade, trazemos as principais fer- ramentas que são utilizadas nos processos de coaching e mentoring. Vale ressaltar que isso não é algo engessado, e vai depender da neces- sidade de cada indivíduo que está passando pelo processo de desenvolvimento, seja profissional ou pessoal. 14 • S.M.A.R.T - É uma ferramenta que tem como intuito delinear metas e validá-las. Por meio da S.M.A.R.T são provocadas reflexões acerca do objetivo a ser alcançado. Este deve ser Específico (do inglês Specific), Mensurável, Atraente, Realista e ter um Tempo determinado para ser alcançado. • Matriz de Perdas e Ganhos - é uma ferramenta utilizada para avaliação de alternativas. Por meio dessa ferramenta é possível gerar reflexões so- bre quais serão as perdas e os ganhos, ao ser tomada determinada decisão e, a partir disso, ponderar qual o melhor caminho a ser seguido. • Pirâmide do Sucesso - proporciona construir quais os pilares necessários para sustentar um objetivo. A ferramenta começa a ser construída do objetivo macro, geralmente de médio e longo prazo, e depois vai partindo para os objetivos mais específicos, até se desdobrar em ações que devem ser realizadas no curto prazo. • Roda de Competências - uma adaptação da conhecida Roda da Vida, utilizada geralmente nos processos de coaching de vida, a Roda de Competências se aplica mais aos processos de coaching empresarial e de carreira, podendo também ser adotada em um processo de men- toria. Aqui é realizada uma autoavaliação sobre as competências necessárias para alcançar o objetivo e, a partir disso, são desenvolvidas ações que podem contribuir para aumentar o índice de desempenho. 15 • Feedback 360º - este tipo de feedback constituiuma poderosa ferramenta para gerar autoconhe- cimento. Nele o coachee ou mentorado envia um e-mail ou mensagem, explicando para amigos, familiares, colegas, supervisores e subordinados que está passando por um processo de desen- volvimento e gostaria de ampliar sua percepção sobre sua personalidade, identificando quais pontos possui que podem ser considerados fortes, e quais são os pontos que ainda precisa melhorar, com base em situações que foram vivenciadas dentro dessas relações. A importância da escuta ativa e estruturada Para que um processo de desenvolvimento humano aconteça é necessário que, durante a interação ou diálogo, uma das partes exponha suas inquietudes e objetivos para que a outra – compreendendo com clareza a mensagem – consiga apoiá-la. Desse modo, uma das competências valiosas para o sucesso dos processos de coaching e mentoring é que o coach e o mentor saibam mais do que apenas ouvir, escutar de maneira ativa e estruturada. Já que ouvir é o que nossos ouvidos captam e nossa audição permite, enquanto es- cutar corresponde ao ato de ouvir com atenção e compreender o que está sendo dito. 16 A escuta ativa caracteriza-se pela atenção focada naquilo que o outro fala, sem deixar-se levar por pensamentos ou interferências externas que po- dem surgir durante o processo da comunicação. Assim, o foco deve estar no outro, mantendo uma postura de aceitação pelo o que é apresentado, mesmo que sua opinião pessoal seja divergente. Durante as formações de coaching, esse tipo de escuta também é conhecido como “fazer cara de caneca” (porque caneca não demonstra julgamentos ou expressões); no papel de coach, não podemos julgar o que nos é apresentado como certo ou errado. Aqui vale a regra 80-20, ou seja, 80% do tempo o cliente (ou coachee) fala, e em 20% o coach faz perguntas que levarão a pessoa ao processo de refletir, gerar opções, e criar ações para aproximar-se da sua meta. Contudo, num processo de mentoring essa regra pode ser alterada, já que quem falará mais será o mentor, pois ele contará sobre sua experiência com o objetivo de guiar o mentorado por meio de orientações e aconselhamentos. A escuta estruturada mostra-se essencial, tanto num processo de coaching como de mentoring. Isso exigirá de quem ouve a capacidade de en- corajar o outro a falar, solicitar que clarifique o que está sendo dito, além de sintetizar e levar quem fala a refletir sobre as próprias palavras. 17 vIsão geral dos prIncIpaIs padrões comportamentaIs A chave para o desenvolvimento humano começa pelo autoconhecimento, por isso, nos próximos tópicos você descobrirá quais são os principais padrões comportamentais, com base na teoria DISC. E aprenderá também a se comunicar me- lhor com cada um deles. A teoria DISC A teoria DISC teve como precursor William Mars- ton (1893–1947), que publicou, em 1928, o livro “Emotions of normal people” (As emoções das pessoas normais). O objetivo de Marston era estudar como, diante das situações adversas, poderíamos ser mais eficientes. Como curiosidade, o precursor da teoria DISC também foi inventor do polígrafo, conhecido como detector de mentiras, e cocriador da per- sonagem em quadrinhos da Mulher Maravilha. A teoria DISC gera uma autorreflexão sobre com- portamentos que estão vinculados à personali- dade. Vale destacar que a palavra personalidade vem do grego persona, e quer dizer, “máscara”. Ou seja, ela representa a máscara que utilizamos para nos expressar no mundo, sendo apresentada por meio de atitudes que deixamos perceptíveis 18 para outras pessoas através do nosso modo de pensar, sentir e agir. A personalidade também caracteriza comporta- mentos que temos de maneira mais constante, ou seja, você reconhece que alguém tem como característica marcante o “dinamismo” porque, no dia a dia, aquela é uma pessoa que tende a ser inquieta, gosta de estar em constante movi- mento e tem um ritmo mais acelerado. Em 1958, John G. Geier aprofundou os estudos de Marston e criou um sistema no qual o DISC tornou-se mensurável. Atualmente, a avaliação de perfil comportamental do DISC é utilizada no início de muitos processos de coaching para que, por meio da autorreflexão, o coachee possa entender quais suas tendências comportamentais e, inclusive, se estas serão forças que poderão sabotá-lo ou apoiá-lo em sua meta. As quatro dimensões do DISC estão relacionadas com os padrões: Dominância, Influência, eStabi- lidade (S do inglês Stability) e Cautela, conforme pode ser observado na imagem a seguir: 19 D C S I Dominância - Como uma pessoa lida com problemas e desafios. Influência - Como uma pessoa lida com pessoas e como as influencia. Cautela - Como uma pessoa lida com regras e procedimentos deter- minados por outros. eStabilidade - Como uma pessoa lida com mudanças, e dita o ritmo. As quatro dimensões do DISC Figura 2: Quatro dimensões do DISC Fonte: Adaptado de Allyn Cutts (2002( Em linhas gerais, podemos dizer que somos uma mistura de cada padrão comportamental; no entanto, existem geralmente dois tipos que apresentamos de forma mais predominante. Observe, na tabela abaixo, as principais carac- terísticas de cada perfil: 20 CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS PADRÕES COMPORTAMENTAIS PADRÃO DOMINANTE (Executor) • Competitivo(a) • Veloz • Decide rápido • Foco no resultado • Firme • Gosta de ousar • Faz muitas coisas ao mesmo tempo • Está sempre correndo contra o tempo • Se sente bem em assumir o comando • Gosta de controlar PADRÃO INFLUENTE (Comunicador) • Receptivo(a) • Facilidade em se expressar • Otimista • Extrovertido(a) • Espontâneo(a) • Entusiasta • Gosta de ser reconhecido(a) • Não se apega muito a detalhes • Tem dificuldade para dizer “não” • Tende a ser popular / carismático PADRÃO CAUTELOSO (Analista) • Gosta de dados precisos • Tende a ser mais racional • Analítico(a) • Cuidadoso(a) • Faz pesquisas para buscar fundamentos • Introspectivo(a) • Reservado(a) • Facilidade em concentrar-se • Prefere trabalhar no silêncio • Tende a ser perfeccionista PADRÃO ESTÁVEL (Apoiador) • Calmo(a) • Prestativo(a) • Paciente • Modesto • Descontraído(a) • Escuta mais do que fala • Evita mudanças muito radicais • Preza pela segurança e estabilidade • Indeciso(a) • Ritmo moderado Tabela 2: Características dos principais padrões com- portamentais. Fonte: Elaboração Própria. O DISC também é utilizado dentro das em- presas como forma de mapear as principais 21 características comportamentais da equipe para realizar uma melhor alocação das vagas, de acor- do com o padrão comportamental. Como exemplo, uma pessoa que tem mais características dos dois padrões: dominante/executor e influente/ comunicador, seria indicado para atuar numa posição que exija dinamismo, possibilidade de ampliar rede de contatos e de estar à frente de projetos que envolvam aplicar sua capacidade de persuasão ou de assumir riscos. Por outro lado, alguém com uma tendência vol- tada aos padrões: estável/ apoiador e cauteloso/ analista, provavelmente se sentiria melhor e mais confortável em posições de suporte, que envolvam rotinas, e na qual seja exigida maior atenção aos detalhes e cumprimento ou siste- matização de processos. É importantíssimo destacar que não podemos rotular as pessoas, uma vez que somos seres únicos, e que esses padrões se misturam para formar nossa personalidade. Não existem perfis comportamentais bons ou ruins, e sim apropriados a cada situação e lugar. Assim, conhecendo qual padrão comportamen- tal está mais presente na sua personalidade, e das pessoas a sua volta, você poderá am- pliar seu autoconhecimento e melhorar seus relacionamentos interpessoais. FIQUE ATENTO 22 Algumas linhas de pesquisa defendem que nas- cemos com um determinado padrão comporta- mental e caminharemos com ele até o fim da nossa vida, havendo a possibilidade de melhorias. Podemos nos adaptar de acordo com determinada situação, sem que isso represente o padrão quetemos de maneira mais constante, um exemplo, é uma pessoa que tem o perfil mais estável ser vista como influenciadora por estar ministrando uma palestra. Naquele momento, ela está saindo da zona de conforto para desenvolver habilidades que não fazem parte do seu “eu natural”. Do mesmo modo, uma pessoa que contrata uma assessoria financeira para auxiliá-la a se organizar financeiramente e ter mais controle, de forma sistemática, pode ser vista como do perfil cautela ou analista, no entanto, seu padrão natural é ser mais influente e comunicadora, e aquela situação é apenas um recorte de um mo- mento da sua vida, não indicando como tende a se comportar com mais frequência. O fundamental é gerarmos esse autoconheci- mento para nos tornarmos mais conscientes sobre nossos pontos fortes e pontos de melhoria, desse modo, vamos nos lapidando conforme o passar do tempo, tendo mais domínio da nossa personalidade, sem perder de vista quem real- mente somos. 23 “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o uni- verso e os deuses” Esta célebre frase estava inscrita na porta do Templo de Delfos, localizado na Grécia Antiga, berço de grandes filósofos – como Sócrates, Tales de Mileto e Pitágoras. As indagações acerca dos mistérios do Universo persistem, mesmo após milênios: Quem somos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? Algumas pessoas buscam respostas por meio da Ciência, outras pela Religião, e há quem consiga encontrar um sentido pela Arte, até mesmo pela Política, pois, essas são formas de acessarmos um ideal – que nos leve a algo verdadeiro, bom, belo e justo, como diria Platão. Desse modo, a Filosofia, ou o amor à sabedoria, é o ponto de encontro desses caminhos e cabe a cada um de nós a missão de decifrar esse mistério inscrito no templo de Delfos. Comunicação assertiva com diferentes perfis Por meio da comunicação assertiva é possível transmitir uma mensagem de maneira eficaz, sendo claro e mantendo o respeito, numa justa medida, sem ser passivo ou agressivo ao se comunicar. Essa competência é reflexo de uma inteligên- cia social que demonstra a capacidade de se REFLITA 24 relacionar com os outros. A partir do conheci- mento dos principais padrões comportamentais, você poderá adaptar sua maneira de se comuni- car para obter mais resultados. Assim, observe a tabela a seguir, que resume a postura mais adequada ao se comunicar, tendo em vista o perfil predominante do seu interlocutor: COMO SE COMUNICAR COM DIFERENTES PERFIS? Ao se comunicar com um perfil dominante / executor: • Seja mais objetivo e direto • Ao falar sobre algum problema já leve as soluções • Evite ser emocional • Não tente cortar a vez dele(a) falar • Tenha fatos e evidências para discordar • Diga: “Você tem razão, no entanto... (apresente seu ponto de vista)” • Estimule-o com um desafio Ao se comunicar com um perfil influente / comunicador: • Seja amigo e mais caloroso • Dê espaço para ele(a) falar, sendo um bom ouvinte • Elogie mais e dê reconhecimento • Tenha uma postura mais descontraída • Fale de pessoas e sentimentos • Esteja próximo • Sorria mais • Esteja aberto a se divertir • Estimule-o a colaborar Ao se comunicar com um perfil cauteloso / analista: • Mantenha o foco durante a conversa • Forneça fatos e evidências • Atente-se aos detalhes • Busque qualidade e profundidade • Evite tocar ou falar de assuntos pessoais • Tenha precisão nos dados • Aja com cautela • Estimule-o a criar Ao se comunicar com um perfil estável / apoiador: • Faça mais perguntas para entender o ponto de vista dele(a) • Tenha calma ao discordar • Seja compreensível • Explique o porquê de determinada mudança • Retome o que foi falado • Cumpra com o programado • Busque a harmonia • Estimule-o a apoiar Tabela 3: Comunicação com diferentes perfis. Fonte: Elaboração Própria. 25 consIderações fInaIs Considerando o mercado cada dia mais ágil e competitivo, o capital intelectual tornou-se um ati- vo importante, visto que, por meio da inteligência humana, os conhecimentos podem ser criados e sistematizados, possibilitando o surgimento de ideias inovadoras. Assim, as organizações que conseguirem investir mais fortemente em pessoas terão um maior desempenho e vanta- gem competitiva. Com base no conteúdo deste módulo, você pôde observar que os processos de coaching e men- toring atuam como métodos essenciais para o desenvolvimento humano nas organizações, sendo possível, também, compreender suas origens, definições, principais ferramentas e aplicações. Analisamos ainda que a escuta ativa e estrutu- rada é uma valiosa competência para o sucesso desses processos e que uma das chaves para o desenvolvimento pessoal ou profissional é o autoconhecimento. Por isso, este módulo também proporcionou maior suporte para o entendimento sobre os principais padrões comportamentais, com base na teoria DISC, e de como se comu- nicar de maneira mais eficaz com cada perfil. Por fim, espero que você continue aprofundando seus estudos, buscando maior aperfeiçoamento pessoal e profissional, para que faça diferença positiva no lugar em que estiver atuando! 26 FUNDAMENTOS DO COACHING E MENTORING E SUAS APLICAÇÕES OS PROFISSIONAIS DO FUTURO As práticas de coaching e mentoring podem contribuir para o desenvolvimento de novos comportamentos e competências que serão exigidas no futuro. ORIGEM E DEFINIÇÕES DO COACHING Surgiu na região da Hungria, no século 15, e remete à ideia de conduzir pessoas. A partir da década de 1980, começou a ser usado no ambiente corporativo com o intuito de ampliar o de- sempenho das pessoas. ORIGEM E DEFINIÇÕES DO MENTORING Surgiu na Grécia antiga, registrado na epopeia Ilíada, na qual o personagem Mentor – homem sábio e mais experiente – transmite seus conhecimentos ao filho de Ulisses. Atualmente, é uma prática utilizada no ambiente organizacional para facili- tar o processo de aprendizagem e orientação profissional. DIFERENÇAS E APLICAÇÕES DO COACHING E MENTORING O foco do coaching está em apoiar e gerar clareza para o alca- nce de um determinado objetivo. Já o mentoring trata da transmissão de orientações, com base em uma prévia e sólida experiência. Enquanto o coach tem como função principal apoiar e estimular a ação, o mentor tem a postura de orientar e, se necessário, corrigir. OS TIPOS DE COACHING 1) o Coaching de Vida; 2) O Coaching Executivo; 3) O Coaching de Carreira. AS PRINCIPAIS FERRAMENTAS DE COACHING E MENTORING As ferramentas utilizadas variam conforme a necessidade de cada indivíduo que está passando pelo processo – sendo algu- mas delas: S.M.A.R.T; Matriz de Perdas e Ganhos; Pirâmide do Sucesso; Roda de Competências e o Feedback 360°. A IMPORTÂNCIA DA ESCUTA ATIVA E ESTRUTURADA A escuta ativa caracteriza-se pela atenção focada naquilo que o outro fala, sem julgamentos. A escuta estruturada envolve a capacidade de encorajar, clarificar, sintetizar e levar quem fala a refletir sobre as próprias palavras. A TEORIA DISC As quatro dimensões do DISC estão relacionadas com os pa- drões: Dominância, Influência, eStabilidade (S do inglês Sta- bility) e Cautela. Atualmente, a avaliação de perfil comporta- mental do DISC é utilizada no início de muitos processos de coaching, e nas empresas para alocação das vagas de acordo com o padrão comportamental. Reconhecendo o padrão do outro, você pode adaptar sua ma- neira de se comunicar e obter mais resultados. Assim, com um perfil Dominante – seja mais direto, específico e ágil, evitando ser emocional e estimulando-o com desafios. Com um Influ- ente – seja mais amigável, deixe-o falar, elogie, reconheça, e tenha uma postura mais descontraída. Com um Estável – faça mais perguntas; aja com calma; explique o porquê; busque a harmonia e estimule-o a apoiar. E com um Cauteloso – man- tenho o foco; forneça fatos e evidências; evite tocar ou falar de assuntos pessoais e seja preciso quanto aos dados. síntese referêncIas BIBlIográfIcas & consultadas CAMPOS,Teodoro Malta; PINTO, Heloisa Maria Nunes. Coaching nas organizações: uma revisão bibliográfica. REUNA, v. 17, n. 2, pp.15-26, abr./ jun. 2012. CUTTS, Allyn. Getting everything you can out of behaviors. Cutts Group Inc.: 2002. ENGELMAN, Selda; PERRONE, Cláudia Maria. Coach: Uma ferramenta estratégica em Gestão de Pessoas. ENGPR II Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, Curitiba, No- vembro, pp.1-12, 2009. LOTZ, Erika Gisele; GRAMMS, Lorena. Coaching e Mentoring. Curitiba: Intersaberes, 2014. SILVA, C. Orientação Profissional, Mentoring, Coaching e Counseling: algumas singularidades e similaridades em práticas. Revista Brasileira de Orientação Profissional, v. 11, n. 2, pp. 299- 309, 2010. XIMENES, Carlos Artur. O mentoring como fer- ramenta de apoio à gestão de recursos huma- nos: um estudo de caso. Instituto Politécnico de Setúbal. Setúbal, 2014. Introdução Os processos de desenvolvimento humano Origens e definições de Coaching e Mentoring Diferenças e aplicações do Coaching e do Mentoring Os tipos de Coaching As principais ferramentas de Coaching e Mentoring A importância da escuta ativa e estruturada Visão geral dos principais padrões comportamentais A teoria DISC Comunicação assertiva com diferentes perfis Considerações finais Síntese bt_fwd 4:
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