Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PRÁTICA Nº:6 NOME: Ana Paula Simmer; Gabriel Teixeira Malacarne ; Tárcila M. N. da Silva e Thamires Lucia Lube de Melo. EXTRAÇÃO POR SOLVENTE QUIMICAMENTE ATIVO 1. OBJETIVO Utilizar a técnica de extração por solvente quimicamente ativo para separar o ácido benzóico e o naftaleno. 2. INTRODUÇÃO No dia a dia da química laboratorial a todo momento nos deparamos com técnicas de extração, separação ou purificação de um determinado produto. Segundo a literatura consultada, a extração deriva do processo de transferência de um soluto de um solvente para outro, ou mais precisamente, extração líquido-líquido. A extração realizada através do funil de separação, necessita, obrigatoriamente, que haja a formação de duas fases pois depende da diferença da distribuição dos componentes entre os líquidos imiscíveis (ENGEL, 2012). As condições de contato da mistura são de extrema importância para a formação das fases. Como sabido, ao agitarmos o funil de separação proporciona-se uma movimentação das moléculas, e com isso, um rearranjo de polaridade no âmbito da miscibilidade de cada soluto, migrando para o solvente mais semelhante quimicamente. O autor Constantino (2011) confirma o explicitado acima, segundo o mesmo, para extrairmos com solvente uma mistura líquida faz-se necessário um solvente que não seja miscível com o líquido da mistura. Temos assim a formação de duas fases líquidas, por exemplo uma fase aquosa e uma fase etérea. Na prática em questão os grãos de naftaleno estão em contato com os grãos de ácido benzóico e ambos diluídos em éter, como sabido, na química orgânica os produtos mantém-se na mesma solução até que acrescentemos outro solvente que lhe oferte mais benefícios do que o anterior (BRUICE, 2006). A extração por solvente quimicamente ativo é válida pois os dois solutos e o éter, se misturam muito bem, e como dito, o benefício que podemos oferecer para que a separação das fases aconteça, é a semelhança intermolecular entre soluto e solvente. Entretanto, naftaleno e ácido benzóico estão diluídos em éter, e para que tal INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - IFES CURSO : Licenciatura em Química DISCIPLINA : Química Orgânica Experimental I Professor(a): Ana Brígida Soares RELATÓRIO DE AULA EXPERIMENTAL semelhança aconteça, exige-se uma reação química, ácido-base, por exemplo, com o soluto mais reativo, transformando-o em sal, solúvel na fase aquosa e insolúvel na fase orgânica. Ao realizarmos a extração por solvente quimicamente ativo devemos nos atentar para a aplicabilidade do agente secante. Segundo Engel (2012) depois que um solvente orgânico é agitado com uma solução aquosa, ele ficará "úmido", isto é, terá dissolvido um pouco de água, mesmo no caso de sua solubilidade em água não ser grande. A quantidade de água presente, é variável, contudo para remover água da fase orgânica, utiliza-se um agente secante, um sal inorgânico anidro que adquire águas de hidratação quando exposto ao ar úmido ou a uma solução úmida. Ao adicionarmos o agente secante a fase orgânica, o mesmo deposita-se no fundo do recipiente, pois é insolúvel, e onde adsorve as moléculas de água que almejamos eliminar, tornando-se hidratado. A tabela 01 elenca os agentes secantes mais utilizados Tabela 01 - Agentes secantes mais utilizados Fonte - Engel, 2012. Segundo a literatura consultada, o agente escolhido para a prática em estudo, o sulfato de sódio anidro, tem grande capacidade de adsorção, além disso, o sulfato de sódio é brando e eficaz, sendo capaz de remover a água dos solventes mais comuns, deve ser utilizado à temperatura ambiente, para que seja efetivo; ele não pode ser usado com soluções em ebulição (ENGEL, 2012). 3. MATERIAIS E REAGENTES ● Balança analítica; ● Béquer; ● Espátula; ● Proveta; ● Funil de separação; ● Suporte universal; ● Garra tipo anel; ● Capela de exaustão; ● Erlenmeyer; ● Funil de vidro; ● Algodão; ● Chapa de aquecimento; ● Ácido clorídrico P.A ● Papel de filtro; ● Funil de Buchner; ● Rolha; ● Mangueira; ● Kitassato; ● Dessecador; ● Sulfato de sódio anidro (Na2SO4); ● Solução de bicarbonato de sódio 10% (NaHCO3); ● Cloreto de sódio (NaCl); ● Naftaleno; ● Ácido benzóico; ● Éter etílico; 4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 1. Fase Aquosa A princípio, em uma balança analítica pesou-se em um béquer de 50mL uma mistura de aproximadamente 0,5g de Naftaleno e 0,5g Ácido Benzóico. Para ocorrer a mistura das duas substâncias, adicionou-se 30mL de éter etílico, logo após transferiu-se para um funil de separação. Para suceder-se o aproveitamento de toda a mistura, lavou-se o béquer com mais 20 mL de éter. A fim de dar início a extração, foram adicionados ao funil de separação 10mL de uma solução de bicarbonato de sódio (NaHCO3) 10%. Em detrimento da enorme pressão exercida pela reação dos compostos, deve-se agitar o funil de separação delicadamente, para que haja a liberação dos gases presentes dentro do funil. Após a averiguar-se da existência das duas fases, realizou-se uma extração múltipla com três filtragens com 10mL de NaHCO3 para uma maior eficiência da retirada da camada aquosa. Após a realização da extração, a camada aquosa foi depositada em um béquer. A seguir, adicionou-se 0,5g de cloreto de sódio (NaCl) à solução filtrada anteriormente contida no béquer, e agitou-se para o dissolução do sal. Feito isso, levou-se o recipiente a capela para a adição de 10mL de HCl na mistura, a trivialmente o ácido clorídrico é de natureza volátil, desse modo foi-se necessário cautela ao manuseá-lo devido a sua concentração, após o procedimento resfriou-se em banho maria com água gelada por aproximadamente 15 minutos. Montou-se um sistema de filtração, em seguida, averiguou-se o peso do papel de filtro. Posteriormente, coletou-se o precipitado espesso de coloração branca (ácido benzóico sólido) presente no béquer e com auxílio de um papel de filtro devidamente cortado e um funil de Buchner. Transferiu-se o precipitado para o papel de filtro. A posteriori, realizou-se uma filtração a vácuo e utilizou-se água gelada para a lavagem do sistema de filtração, deixou-se no vácuo até a secagem de maior parte do sólido. Transferiu-se a amostra que estava no papel filtro para um dessecador e esperou-se o tempo necessário para a mesma perder toda umidade. Pesou-se papel de filtro vazio (antes de filtrá-lo) e a posteriori pesou-se novamente com o conteúdo seco, com tais dados torna-se possível a verificação do rendimento. 2. Fase Orgânica A fase orgânica restante presente no funil de separação, adicionou-se cerca de 10 mL da água destilada para lavar-se o mesmo, e não introduzirmos contaminantes na fase etérea. Após a adição, esperou-se a formação de duas fases, extraiu-se a fase aquosa e a descartou-se. Transferiu-se a fase orgânica para um erlenmeyer, e prontamente, adicionou-se duas espátulas de sulfato de sódio anidro (NaSO4). Deixou-se em repouso cerca de 10 minutos. Pesou-se a massa de um béquer para início a filtração da fase etérea. Com a assistência de um funil de haste curtacom um pequeno chumaço de algodão, em um béquer, pesou-se a massa da solução. Posteriormente, em uma chapa de aquecimento, foi-se colocado o béquer com a fase etérea, até a evaporação completa do éter etílico, deve-se ficar atento para não ocorrer a sublimação do naftaleno. Ao término desse procedimento, realizou-se uma nova pesagem para determinar o rendimento da recuperação do naftaleno. 5. RESULTADO E DISCUSSÃO A técnica de extração com solvente quimicamente ativo fundamenta-se inicialmente na utilização de um solvente com a capacidade de solubilizar ambas as substâncias que formam a mistura, e que, posteriormente, se deseja realizar a separação. Na prática em questão, utilizou-se o éter etílico para solubilizar a mistura de ácido benzóico e naftaleno. Para promover a dissolução da mistura, foram adicionados 30 mL de éter etílico, uma vez que ambas substâncias se mostram solúveis em éter, por apresentarem polaridades semelhantes. Em seguida, transferiu a solução para um funil de separação e acrescentou-se 10 mL de uma solução de NaHCO3, dando início ao processo de extração múltipla, agitando e liberando os vapores até que o ruído não seja mais ouvido e ocorra a separação entre as fases orgânica e aquosa. O NaHCO3 é o reagente quimicamente ativo, que ao ser adicionado à solução irá reagir com o ácido benzóico convertendo-o em um sal, e assim passará para a fase aquosa através da interação intermolecular íon-dipolo. Por ser uma reação ácido-base o NaHCO3 irá desprotonar o ácido formando como produtos da reação o benzoato de sódio (C6H5CO2Na) e o ácido carbônico, este por ser instável se dissocia em água e gás carbônico (CO2), como mostra a reação 01. Equação 01: Reação de neutralização do ácido benzóico com bicarbonato de sódio Após o processo de extração escoou-se o fase aquosa em um béquer, seguidamente foram adicionados 0,5g de cloreto de sódio (NaCl), promovendo o que chamamos de efeito salting out. O efeito salting out é observado após a adição de um eletrólito forte à solução, de forma a aumentar a força iônica da fase aquosa e, assim, reduzir a solubilidade de um composto orgânico. Rothmund (1925 apud. GITIRANA, 2007) afirmam que o equilíbrio líquido-líquido em sistemas aquosos é determinado por forças intermoleculares, predominantemente ligações de hidrogênio. A adição de um sal a tais sistemas introduz forças iônicas que alteram a estrutura dos líquidos em equilíbrio, o suceder de tal processo designa uma remoção efetiva das moléculas de água. Tal fator abstém as mesmas de seu papel como solvente, devido à orientação preferencial das moléculas de água em torno dos íons dos sais, formando íons hidratados. Como explicitado anteriormente, ao reagir com a bicarbonato de sódio, forma-se um sal solúvel em água, o benzoato de sódio, contudo devemos nos atentar que desejamos a extração do ácido benzóico, necessitando, portanto, de uma segunda reação química. Baseado na literatura consultada, quando há uma reação ácido-base formando um sal solúvel em água, este sal pode ser recuperado pela neutralização da solução por um ácido forte. Junto ao sal foram adicionados 10 mL de HCl concentrado que ao entrar em contato com a solução aquosa reage de forma imediata liberando energia (reação exotérmica), sendo perceptível devido a formação de um precipitado espesso de coloração branca, referente ao ácido benzóico, como mostra a reação 02. Reação 02: Reação de restauração do ácido benzóico. Além do conteúdo já contemplado anteriormente, a reação 02 faz-se necessária pois o efeito da adição de ácidos inorgânicos fortes inibem a dissociação do ácido fraco, aumentando, então, o seu rendimento de extração. Após a recuperação do ácido benzóico, foi realizado a filtração a vácuo da solução e em seguida armazenado por alguns dias no dessecador. Ao final deste processo obteve-se os seguintes dados, expostos na tabela 02, a fim de calcular o rendimento de ácido benzóico a partir da técnica de extração. Tabela 02: Dados obtidos na extração de ácido benzóico. No que diz respeito à fase orgânica, após a separação da fase aquosa, a solução foi tratada com 10 mL de água destilada a fim de extrair possíveis excessos de bicarbonato de sódio. Deste modo, como mencionado anteriormente, a fase etérea estará "úmida" pela dissolução de uma pequena quantidade de água e, para realizar a remoção da mesma utiliza-se um agente secante, que é um sal anidro capaz de adsorver as moléculas de água. O fenômeno de adsorção acontece quando há a adesão das moléculas de um material sobre a superfície de um sólido ou líquido que se está em contato. O agente secante utilizado foi o sulfato de sódio anidro (NaSO4) o qual é insolúvel e foi adicionado diretamente na solução, onde adquiriu moléculas de água e tornou-se hidratado. Se for utilizado agente secante suficiente, toda a água pode ser removida de uma solução úmida, tomando-a "seca", ou livre de água. Segundo Engel (2012), o sulfato de sódio anidro é o agente secante mais amplamente utilizado. A variedade granulada é recomendada porque é mais fácil de ser removida da solução seca que a variedade em pó. O sulfato de sódio é brando e eficaz, sendo capaz de remover a água dos solventes mais comuns. Após observar que o agente secante adicionado se movia livremente no fundo do erlenmeyer quando agitado, e não se "aglomerava", como uma massa sólida, foi realizado uma filtração simples a fim de removê-lo. Assim, obteve-se apenas o naftaleno dissolvido na fase etérea e, para finalizar o processo, a solução foi aquecida a 70ºC tomando os devidos cuidados para não ocorrer a sublimação do naftaleno , uma vez que o mesmo apresenta ponto de ebulição de 80,26ºC. Desse modo, o éter etílico que apresenta ponto de ebulição de 34,6ºC foi totalmente removido, e a partir dos dados obtidos presentes na tabela 03 foi possível determinar a porcentagem de rendimento final do naftaleno. Tabela 03: Dados obtidos na extração do naftaleno. Dessa forma, observa-se que em ambas as substâncias obteve-se perdas de massa durante a realização da técnica de extração por solvente quimicamente ativo, 36,92% em relação ao ácido benzóico e 31,53% em relação ao naftaleno. 6. CONCLUSÃO Massa inicial de ácido benzóico (g) Massa do papel de filtro (g) Massa do papel de filtro + ácido benzóico (g) Massa final de ácido benzóico (g) Rendimento % (Minicial/Mfinal)*100 0,5310 0,3350 0,7205 0,3350 63,08 Massa inicial de naftaleno (g) Massa do béquer vazio (g) Massa do béquer + naftaleno (g) Massa final de naftaleno (g) Rendimento % (Minicial/Mfinal)*100 0,5176 32,119 32,4734 0,3544 68,47 Após a realização da prática, em conjunto com o aprofundamento teórico necessário para execução do relatório, concretizou-se uma concepção mais adequada sobre a técnica de extração por solvente quimicamente ativo, destacando a importância para a utilização de um solvente mais reativo e do agente secante na recuperação da solução orgânica. Na esfera química-laboratorial, torna-se viável a utilizaçãodeste procedimento quando há dois solutos que se dissolvem muito bem em um determinado solvente orgânico. Dessa forma, há necessidade da utilização de uma solução que seja capaz de transformar o soluto desejado em sua forma salina. Respectivamente, utilizou-se NaHCO3 para transformar o ácido benzóico em benzoato de sódio. Acrescenta-se que o rendimento da recuperação do ácido benzóico e do naftaleno não obteve números tão expressivos, visto que durante as etapas ocorrem perdas nas reações químicas e no manuseio dos materiais. Respectivamente, constatou-se a porcentagem de recuperação de 63,08% do ácido benzoico e de 68,47% do naftaleno. Vide aporte teórico reportado, bem como as observações e discussões acerca da prática, conclui-se que a técnica de extração por solvente químico apresentou resultados pouco satisfatórios quanto ao rendimento e recuperação dos solutos. REFERÊNCIAS 1. ANTUNES, Evelyn C. E. da Silva; Recuperação De Ácido Succínico Através De Extração Líquido-líquido Usando Contactor De Membrana. Disponível em <http://portal.peq.coppe.ufrj.br/index.php/producao-academica/dissertacoes-de-mestra do/2018/564--130/file> Acesso em 27 out. 2020. 2. BRUICE, Paula Yurkanis. Química orgânica: volume 1. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. xxx, 590 p. ISBN 9788576050049 (broch.). 3. CONSTANTINO, Maurício Gomes; SILVA, Gil Valdo José da; DONATE, Paulo Marcos. Fundamentos de química experimental. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 2011. 4. ENGEL, Randall G. et al. Química orgânica experimental: técnicas de escala pequena. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. 5. GITIRANA, Luciana Lintomen.; Avaliação do processo de extração líquido-líquido com a adição de sais para recuperação e purificação de ácidos orgânicos. Campinas, SP: 2007. Disponível em <http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/266258/1/Gitirana_LucianaL intomen_D.pdf> Acesso em 28 out. 2020. http://portal.peq.coppe.ufrj.br/index.php/producao-academica/dissertacoes-de-mestrado/2018/564--130/file http://portal.peq.coppe.ufrj.br/index.php/producao-academica/dissertacoes-de-mestrado/2018/564--130/file http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/266258/1/Gitirana_LucianaLintomen_D.pdf http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/266258/1/Gitirana_LucianaLintomen_D.pdf
Compartilhar