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Hantavirose

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Amanda do Nascimento 
MED XXV 
 1 
INFECTOLOGIA: 
HANTAVIROSE 
 
INTRODUÇÃO: 
➔ Até 1993, era uma doença registrada principalmente em países da Ásia, África e Europa, sem registro nos países 
do Novo Mundo. A manifestação da doença até esta data era de acometimento renal com febre hemorrágica, 
com letalidade elevada, mas não tão significativa quanto à forma que se manifestou posteriormente no 
continente americano. 
➔ Após 1993, a Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus teve o seu primeiro registro nos EUA, apresentando 
altas taxas de óbito. 
o Four Corners → jovens da Nação Indígena Navajo: vírus ficou conhecido como Sin Nombre. 
➔ Outros vírus que também causam a hantavirose: 
o New York 
o Andes 
o Juquitiba → vírus presente em SP, Brasil. 
 
DEFINIÇÃO: 
➔ “Doença febril, com mialgias, acompanhada de calafrio, astenia, dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia 
intensa, insuficiência respiratória aguda de etiologia não determinada, ou edema pulmonar não cardiogênico 
na primeira semana da doença.” 
 
VIROLOGIA: 
➔ O hantavírus pertence à família Bunyavirus. 
➔ Mede 80-120 nm e tem formato esférico. 
➔ RNA vírus com genoma formado por 3 fitas simples de RNA: 
o L → Nucleocapsídeo. 
o M → Glicoproteínas (G1 e G2). 
o S → Trancriptase/replicase viral: responsável por codificar proteínas. 
. 
ECOLOGIA: 
➔ Os vírus que foram identificados no Brasil e são causadores da doença humana até o momento são: 
o Juquitiba (SP) 
o Araraquara (SP) 
o Castelo dos Sonhos (PA) 
➔ Santa Catarina: o vírus é o Juquitiba e o seu reservatório é o roedor Oligoryzomys nigripes. 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
➔ No Brasil, o primeiro surto foi detectado em SP, 1993 (Juquitiba). 
➔ De 1993 até maio de 2019, já foram registrados pela Secretária de Vigilância em Saúde (SVS) 2134 casos, 
envolvendo 16 Estados e o DF. Ou seja, acomete todo o Brasil. 
➔ De 1993 até maio de 2019, houve 853 óbitos. Há uma alta taxa de letalidade. 
➔ Em 1999, foi registrado o primeiro caso em Santa Catarina, na área rural de São Lourenço do Oeste (extremo 
oeste do estado). 
➔ Em maio de 2019, SC apresentou 357 casos, com 93 óbitos. 
➔ Maior número de casos em 2006 → 50 casos diagnosticados. 
 
TRANSMISSÃO: 
➔ Roedor para roedor: associado a competição por alimento. Permanecem como portadores crônicos e o maior 
período de eliminação de partículas virais acontece de 3 a 8 semanas pós-infecção 
➔ Transmissão para o homem: inalação de partículas virais aerossolizadas, presentes nos excrementos (em 
particular a urina) e saliva dos roedores. 
➔ Transmissão interpessoal: só existem 3 casos descritos na literatura, que ocorreram na Argentina e Chile 
(Hantavírus Andes). 
Amanda do Nascimento 
MED XXV 
 2 
Roedor infectadoRoedor infectado
( infecção inaparente )
Vírus presente Vírus presente em em aerossóisaerossóis
de de excretasexcretas, , principalmenteprincipalmente
urinaurina
Transmissão por agressão
Vírus também presente naVírus também presente na
saliva e saliva e nas fezesnas fezes
Transmissão da S C P H
Fonte: CDC/EUA
Não há vetor Não há vetor estabelecidoestabelecido
Período de Incubação: 4 - 42 diasPeríodo de Incubação: 4 - 42 dias
 
 
➔ O vírus está presente na saliva, urina e fezes do roedor infectado. Quando o homem entra em contato com os 
AEROSSOIS presentes nessas secreções, acaba se infectando. 
 
PATOFISIOLOGIA: 
➔ O mais importante é a forma como o organismo hospedeiro reage a infecção. 
➔ O mecanismo patogenético da doença parece originar-se de exagerada resposta imune a esses microrganismos. 
Estes não parecem levar à destruição das células que infectam e, por si só, não induzem ao aumento da 
permeabilidade vascular. 
➔ Inalação do vírus através de aerossóis. 
➔ Infecção das células endoteliais. 
➔ Antígenos virais se acumulam na microvasculatura pulmonar, iniciando cascata de eventos culminando em 
resposta imune pulmonar específica. 
➔ Dano aumenta a permeabilidade pulmonar e leva a edema pulmonar, o qual pode ser cardiogênico e não 
cardiogênico. 
o Síndrome cardiopulmonar por Hantavírus. 
o Na maioria dos casos, existe manifestação cardíaca associada. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
➔ Período de incubação: 9-33 dias. Mediana de 14-17 dias. 
➔ Síndrome cardiopulmonar por Hantavírus: apresenta 4 fases: 
o Prodrômica: febre e mialgia. 
o Cardiovascular: edema agudo de pulmão. 
o Diurética: aumento do débito urinário. 
o Convalescença: fase de recuperação. 
 
FASES CLÍNICAS: 
FEBRIL/PRODRÔMICA: 
➔ Presença de: 
o Febre 
o Mialgia: principalmente na região dorso-lombar. 
o Astenia 
o Cefaleia 
o Calafrios 
o Náuseas 
o Vômitos 
o Dor abdominal 
o Diarreia. 
Amanda do Nascimento 
MED XXV 
 3 
➔ Duração: 1-7 dias. 
➔ Paciente pode resolver a infecção nessa fase e não evoluir para um quadro cardiopulmonar. 
 
FASE CARDIOPULMONAR: 
➔ Tosse seca: posteriormente pode se tornar produtiva. 
➔ Dispneia com evolução para insuficiência respiratória grave 
➔ Choque circulatório. 
➔ Hemoconcentração → hematócrito ACIMA de 50%: importante diferença para a leptospirose. 
➔ Plaquetopenia → < 150.000: não é tão marcante quanto a da leptospirose e da dengue. 
➔ Leucocitose com desvio a esquerda → acima de 12.000 células/mm³: presença de neutrofilia acentuada e 
linfopenia com linfócitos atípicos. 
➔ Quadro radiológico de infiltrado intersticial bilateral difuso. 
o Há um quadro de congestão pulmonar importante: aparece principalmente nas bases pulmonares. Vai 
do centro para a periferia, como se fosse uma imagem em asa de borboleta. 
o Pode evoluir para um comprometimento pulmonar difuso. 
➔ Quando o paciente se encontra nessa fase, necessariamente passou pela fase prodrômica. 
 
 
 
FASE DIURÉTICA: 
➔ Diurese espontânea 
➔ Resolução da febre e choque. 
 
FASE DE CONVALESCENÇA: 
➔ Duração de 2 semanas ou mais, com melhora progressiva dos sinais e sintomas. 
➔ Recuperação plena do paciente. 
 
DIAGNÓSTICO: 
➔ Suspeita clínica: é a base do diagnóstico. A partir disso, solicita-se exames complementares. 
➔ Análise sorológica: ELISA IgM. 
o Um teste IgG pode ser usado em conjunto com IgM → soro da fase aguda e de convalescença pode 
refletir um acréscimo de 4 vezes o título de anticorpo IgG ou a presença de IgM no soro da fase aguda fará 
diagnóstico de hantavirose. 
➔ Imunohistoquímica dos tecidos fixados em formalina com anticorpos monoclonar e policlonais específicos: pode 
ser usado para detectar antígenos de hantavírus, e tem sido usado como método sensível de confirmação 
laboratorial para infecção por este vírus. 
➔ PCR: pode ser usada para detectar RNA de hantavírus em tecido congelado fresco, coágulos de sangue, ou 
células sanguíneas nucleadas. 
➔ Importante lembrar que a icterícia não é tão marcante na hantavirose. Isso pode ajudar a diferenciar da 
leptospirose também. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 
➔ Leptospirose 
➔ Viroses respiratórias 
Infiltrado intersticial bilateral difuso. 
Amanda do Nascimento 
MED XXV 
 4 
➔ Pneumonias atípicas 
➔ Febre Q 
➔ Peste septicêmica 
➔ Tularemia 
➔ Coccidioidomicose 
➔ Histoplasmose 
➔ Dengue hemorrágico 
➔ Pneumocistose 
➔ Infecções por CMV, Cryptococcus neoformans e Aspergillus fumigatus 
➔ Síndrome de Goodpasture 
➔ SARA (várias etiologias) 
➔ Edema Agudo Pulmonar 
➔ Estenose Mitral 
➔ IAM 
➔ Doença do colágeno 
➔ Pneumonite eosinofílica 
➔ Pneumonia por hipersensibilidade 
➔ Carcinoma bronquíolo Alveolar 
 
 
LEPTOSPIROSE X HANTAVIROSE: a diferenciação entre essas duas patologias é muito importante. 
 
LEPTOSPIROSE HANTAVIROSE 
Contato com excretas de roedores silvestres e urbanos. 
Envolve contato direto. 
Contato com excretas de roedores silvestres e aspiração 
de aerossóis 
Bacteriana: espiroquetas → Leptospira interrogans Virose: Hantavirus – família Bunyaviridae 
Quadro clínico: febre súbita, mialgia, calafrios, dor 
abdominal, cefaleia, dispneia, icterícia. 
Quadro clínico: febre súbita, mialgia, calafrios, cefaleia, 
dor abdominal, tosse e dispneia 
Laboratório: leucocitose/leucopenia, trombocitopenia,↑creatinina e ureia, ↑bilirrubinas 
Laboratório: leucocitose/leucopenia, 
hemoconcentração, trombocitopenia, hipocapnia 
Rx de Tórax: normal ou com infiltrado predominando 
nas bases e difuso 
Rx de Tórax: normal ou com infiltrado predominando 
nas bases e difuso. Predomina a congestão pulmonar 
Complicação pulmonar: hemorragia pulmonar maciça Complicação pulmonar: edema agudo de pulmão 
cardiogênico e hemorragia pulmonar difusa. 
Tratamento: hidratação vigorosa, VM, antibióticos, 
diálise precoce 
VM, hidratação criteriosa, uso de DVA (dobutamina). 
Corticoide? 
 
OBS: na leptospirose NÃO há hemoconcentração, podendo haver até mesmo uma discreta anemia. 
 
TRATAMENTO: 
➔ Não há tratamento específico. 
➔ Medidas gerais de suporte clínico: 
o Oxigenação e observação rigorosa 
o Inotrópicos 
o Drogas vasoativas 
o Ventilação Mecânica 
➔ Extremo cuidado com sobrecarga hídrica. 
➔ Precauções de contato e respiratórias: avental, luvas e máscaras dotadas de filtros N95, CDC questiona a 
transmissão entre humanos. 
Amanda do Nascimento 
MED XXV 
 5 
➔ Até o momento, não existe terapêutica antiviral comprovadamente eficaz contra a SCPH. São indicadas medidas 
gerais de suporte clínico para manutenção das funções vitais, com ênfase na oxigenação e observação rigorosa 
do paciente, desde o início do quadro respiratório, inclusive com uso de ventilação assistida. 
➔ A hipotensão deve ser controlada ministrando-se expansores plasmáticos, devendo-se ter extremo cuidado na 
sobrecarga hídrica. Os distúrbios hidroeletrolítico e ácido-básico devem ser corrigidos, inclusive com assistência 
em unidade de terapia intensiva nos casos mais graves. 
 
CASO CLÍNICO: 
✓ ELS, 36 anos, agricultor, planta milho, natural de São Lourenço, casado. 
✓ Queixa principal: febre e mialgia. 
✓ HDA: há 4 dias vem apresentando quadro de febre de até 38,7°C, associado a calafrios, cefaleia e mialgia. 
Procurou assistência médica e foi informado que se tratava de uma virose e foi orientado a fazer uso de 
sintomáticos. 
o 2 dias após iniciou quadro de tosse seca e que evoluiu com dificuldade respiratória. 
o Acionou o SAMU e foi transportado para o Hospital da região e, posteriormente, de helicóptero, 
para o hospital Regional de São José. 
✓ Exame: 
o Acordado, desidratado, corado, anictérico e com leve cianose de extremidades e labial. 
o PA = 90x50 mmHg. 
o FC = 140 bpm. 
o FR = 28 mrm. 
o SAT = 92% com máscara com reservatório a 10 L/minuto de O2. 
o AR = pulmões biventilados, roncos e estertores difusos. 
o ACV: RCR, 2T, BNF e taquicardia sinusal. 
o ABD: plano, difícil avaliação. Paciente ficou desconfortável e piorou saturação. 
o MMII: panturrilhas livres. 
✓ História epidemiológica: tem um silo onde armazena milho. Entra com frequência e tem observado 
aumento no número de roedores. Inclusive dentro do silo. Refere que é época da ratada. 
 
➔ História clínica e epidemiológica muito sugestiva de Hantavirose.

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